AIG reporta 6000 milhões de prejuízos e muda CEO já em março

O American International Group (AIG), grupo segurador que figura entre as 11 maiores companhias não Vida dos EUA (por volume de prémios de seguro direto em 2019), contabilizou 5,97 mil milhões de dólares de prejuízo em 2020, a comparar com lucros de 3,32 mil milhões em 2019.

As perdas reportadas são explicadas com o efeito da venda da Fortitude Group Holdings, em junho de 2020 e ajustamentos financeiros. Excluindo estes elementos não recorrentes, o resultado operacional cifrou-se em 2,2 mil milhões de dólares, contra 4,08 mil milhões em 2019, detalha um comunicado da AIG.

Já na primeira metade do exercício, quando apresentou perdas de 7,9 mil milhões, a companhia assumiu que a desconsolidação da subsidiária de legacy (Fortitude) significava peso considerável nas contas.

Além de perdas de capital, por aplicação de atualizações de justo valor (fair value) em derivados e anuidades, o declínio do resultado anual reflete, ainda, mais de 1000 milhões de dólares de custos associados com a pandemia de Covid-19, e encargos acrescidos com a cobertura de outros eventos catastróficos.

A AIG terminou o quarto trimestre com o resultado de seguros gerais a alcançar 809 milhões e a crescer 4%, em termos homólogos, enquanto o negócio Vida e pensões – que a AIG anunciou em outubro intenção de separar sem, contudo, precisar em que termos planeia fazer esse split-off – progrediu 20%, para cerca de 1,03 mil milhões de dólares.

Os indicadores de eficiência em seguros gerais, no final do último trimestre do exercício, agravaram-se com o rácio combinado a passar de 99,8% (em dezembro de 2019), para 102,8% a 31 de dezembro de 2020. Esta evolução reflete sobretudo a deterioração dos rácios em linhas comerciais e seguros pessoais na América do Norte, enquanto a atividade internacional melhorou indicadores de eficiência.

Citado no comunicado, Brian Duperrault, Chief Executive Officer (CEO), comentou os resultados: “Os resultados operacionais do quarto trimestre demonstram progresso continuado que estamos a realizar para posicionar a AIG no caminho de um crescimento sustentado e lucrativo no longo prazo. Efetivamente, temos gerido os impactos da Covid-19 e de catástrofes, mantendo a companhia bem capitalizada no atual contexto de incerteza sem precedentes.”

Zaffino substitui Duperrault no cargo de CEO

Dias antes do anúncio dos resultados trimestrais e do conjunto de 2020, a AIG designou Peter Zaffino, atualmente presidente e Chief Operating Officer (COO), para exercer funções de CEO, uma mudança anunciada em outubro de 2020, que agora se concretiza. Com efeitos a partir de 1 de março de 2021, Zaffino substitui Duperrault, que antecipa o fim do seu mandato um ano antes do seu termo, previsto para dezembro de 2022.

Com a transmissão de funções para Zaffino, cujo percurso na AIG parece ter sido apadrinhado pelo CEO cessante, Brian Duperrault será transitoriamente, presidente do conselho de administração do grupo até final de 2021. Após essa data, o ainda CEO irá manter-se funcionário da AIG mas sem qualquer responsabilidade executiva, prestando colaboração necessária ao novo presidente executivo, até à sua aposentação no final de 2022.

As condições contratuais de Zaffino e Duperrault com a AIG foram revistas e noticiadas na segunda semana de fevereiro, pondo em marcha o processo de transição. Incluindo incentivos por objetivos (4 milhões de dólares), incentivos de longo prazo (11,5 milhões) e salário anual base (1,5 milhões), Zaffino, de 53 anos, poderá embolsar compensação direta em torno de 17 milhões de dólares por ano.

Por seu lado, Duperrault poderá contar com até 12,75 milhões no final de 2021, uma soma que compreende salário base (um milhão de dólares), incentivo variável de até 750 mil e mais 11 milhões de dólares em títulos da companhia (ações especiais e preferenciais). Além destas compensações, enquanto for presidente do conselho de administração mantém-se como elegível para todos os benefícios assegurados aos executivos seniores da AIG.