BioJam já vendeu mais de 25 mil testes à Covid a partir de amostras de saliva este ano
Ao ECO, o CEO da BioJam revelou que já foram vendidos mais de 25 mil testes rápidos a partir de amostras de saliva desde o início de 2021. Capacidade de fornecimento ascende a um milhão por semana.
A pandemia do novo coronavírus levou a que várias empresas alterassem os seus modelos de negócio e investissem em produtos para ajudar a travar a pandemia. Nesse sentido, há cada vez mais farmacêuticas a venderem testes rápidos de despiste ao Sars-CoV-2, numa altura em que a massificação da testagem é vista como a alternativa ao confinamento. É o caso da Biojam que, apesar de assegurar que não é “definitivamente uma empresa de testes à Covid”, lançou desde setembro do ano passado três tipos de testes antigénio. Ao ECO, a farmacêutica revela que já vendeu mais de 25 mil testes rápidos a partir de amostras de saliva desde o início do ano, mas garante que tem capacidade para fornecer um milhão de testes por semana.
Na semana passada entrou em vigor uma nova estratégia de testagem à Covid-19, que alarga o rastreio a todos os contactos dos infetados, bem como, a um conjunto de setores de atividade, como a trabalhadores das fábricas e da construção civil. No entanto, esta norma ainda está apenas no “papel”, já que nos últimos dias os testes de despiste têm diminuído.
O Governo tem estado a preparar a forma de aplicar esta norma no terreno, pelo que esta terça-feira a medida deverá entrar em vigor, segundo avançou a SIC Notícias. Esta atualização surgiu depois de na penúltima reunião do Infarmed vários especialistas terem alertado para a importância de fazer mais testes como forma de combate à propagação do novo coronavírus, sendo esta abordagem vista como uma alternativa ao desconfinamento. E há quem defenda que os testes rápidos podem fazer parte da solução.
“Há países que estão a sair desta pandemia de forma menos penosa que outros e foram países que introduziram estes métodos de testagem rápida desde o início”, assinala Carlos Monteiro, CEO da Biojam, ao ECO, congratulando-se pelo facto de tanto “o poder político como o poder científico” assumirem que a massificação da testagem é parte da solução para a pandemia. “No início da segunda vaga, já devíamos ter iniciado este tipo de medida de testagem massiva“, atira.
Com 20 colaboradores diretos e fundada desde 2015, a BioJam é uma farmacêutica portuguesa que opera na Península Ibérica maioritariamente no mercado hospitalar nas áreas de oncologia pediátrica, anestesiologia e cuidados intensivos. Não obstante e apesar de Carlos Monteiro admitir que não é “definitivamente uma empresa de testes à Covid”, a farmacêutica já lançou desde setembro três produtos diferentes nesse âmbito.
O último lançamento aconteceu a 30 de dezembro e diz respeito aos testes ao novo coronavírus a partir de amostras de saliva, fabricados na Coreia do Sul, e que permitem detetar em apenas 15 minutos possíveis casos positivos. “Posso assegurar que se fizeram mais de 25 mil testes desde o início de janeiro”, revela o CEO da BioJam, acrescentando que a capacidade máxima de fornecimento é de “um milhão por semana”.
Com “uma adesão enorme”, estes testes são maioritariamente procurados pela população em geral, mas também “o setor empresarial está muito atento a este tipo de abordagem de testagem”, bem como “o setor educativo”, já que se trata de um método não invasivo e, por isso, “mais simples”.
Quanto aos testes rápidos via zaragatoa, lançados em setembro, e que também permitem resultados em 15 minutos, foram vendidos “mais de 200 mil testes” desde setembro, sublinhando que neste caso a capacidade de fornecimento é de “um milhão de duas em duas semanas”. Menos aceitação tiveram os testes rápidos Duo, que permitem diagnosticar possíveis casos de Covid-19 e gripe, também a partir de uma amostra recolhida por via zaragatoa. Deste tipo foram vendidos “três a quatro mil testes”, dado que “não houve um surto de gripe que permitisse que o teste fosse mais usado”, explica o responsável.
Biojam defende venda de testes rápidos à saliva nas farmácias
Estes testes custam entre 18 a 27 euros ao cliente final, sendo que neste momento apenas laboratórios e clínicas estão autorizadas a disponibilizar este serviço. Contudo, o CEO da Biojam admite que os preços possam baixar, caso a testagem aumente e estes testes rápidos possam ser vendidos noutros locais. Nesse contexto, Carlos Monteiro defende que os testes rápidos ao novo coronavírus a partir de amostras de saliva possam ser vendidos nas farmácias, ao contrário do que acontece com os testes via zaragatoa que exigem “mais cuidados”.
“A classe farmacêutica é uma classe que está habilitada do ponto de vista académico a fazer análises clínicas, testes de diabetes, testes de gravidez”, enumera, explicando que a realização destes testes “não é mais do que um serviço” e que poderá ser a solução para as populações que estão mais isoladas. “A farmácia é o recurso major da parte científica local. Alguns destes sítios só têm o centro de saúde e alguns nem sequer têm. Têm que fazer quilómetros, mas uma farmácia têm de certeza absoluta. A pandemia não é uma pandemia das zonas urbanas é uma pandemia planetária“, alerta.
Este envolvimento das farmácias na testagem em massa foi também abordado pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), que diz acreditar que o Governo vai avançar com uma linha de testagem rápida nestes estabelecimentos. Em entrevista ao Jornal de Negócios/Antena 1, Paulo Cleto Duarte disse que as farmácias têm capacidade para realizar “25 a 30 mil testes diários”.
Certo é que o Governo está a avaliar se os testes rápidos podem passar a fazer parte da solução para a testagem em massa, estando já a contactar algumas empresas nesse sentido. “Os Serviço Partilhados do Ministério da Saúde estão a abordar alguns players na área dos testes rápidos para que possam eventualmente vir a ser fornecedores deste tipo de produtos“, revela ao ECO, Carlos Monteiro. Relativamente à Biojam a abordagem foi para sondar os preços praticados pela farmacêutica, bem como, a “disponibilidade de produto para o mercado nacional”, não existindo, ainda quaisquer, conversações formais.
Segundo a consultado ECO do portal Base, a Biojam já assinou, pelo menos, 20 contratos públicos com o Estado português relacionados com a Covid-19, dos quais sete por ajuste direto, num montante global de 122.280 euros, desde o início da pandemia. A maioria destes contratos diz respeito ao fornecimento do medicamento Labetalol, que ajuda no tratamento de pacientes com hipertensão severa a moderada e que estão internados nos cuidados intensivos devido ao vírus. Contudo, há também alguns contratos para a aquisição de testes rápidos de antigénio assinados com autarquias, bem como, um com a Região Autónoma da Madeira. De sublinhar que este balanço se trata de uma aproximação, já há que alguns contratos de âmbito mais genérico, pelo que não é possível identificar os medicamentos.
Questionado sobre se não compensaria fabricar estes testes rápidos em Portugal, dado que são fabricados na Coreia do Sul e Alemanha, o CEO da Biojam assegura que o país “não tem capacidade instalada” para o fazer, nem tecnologia pronta nesse sentido. “É preciso que exista capacidade instalada para o fazermos. Não é muito fácil instalar uma produção de testes em Portugal e depois estarmos disponíveis para fornecer um milhão de testes por semana ou dois milhões por mês”, sinaliza Carlos Monteiro. Pelo contrário, no que diz respeito aos dispositivos médicos e equipamentos de proteção individual, Portugal tem capacidade para investir nesse ramo.
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