Portugal obtém 1.500 milhões com juro negativo recorde no prazo a 12 meses

Portugal continua a financiar-se com taxas abaixo de zero na dívida de curto prazo. Num duplo leilão de dívida a seis e 12 meses, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) captou 1.500 milhões de euros, com um novo recorde negativo nos títulos com o prazo mais longo. A taxa foi de -0,527%.

De acordo com dados da Reuters, o IGCP colocou 1.000 milhões no prazo a 12 meses, obtendo outros 500 milhões na maturidade mais curta. Em ambos os casos, a procura foi superior à registada nos leilões anteriores para as mesmas maturidades, o que ajudou a manter as taxas em níveis mínimos.

No prazo a 12 meses, a agência liderada por Cristina Casalinho conseguiu mesmo um novo recorde. Depois de ter alcançado um juro de -0,522% na última operação comparável, a taxa caiu agora para -0,527%.

Já no caso da dívida a seis meses, o juro de -0,552%, praticamente idêntico ao de -0,554% registado na última operação em que recorreu a esta maturidade dos bilhetes do Tesouro.

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Este novo mínimo histórico nos juros da dívida de curto prazo mostra que o “suporte que o BCE continua a dar é fundamental para manter os níveis atuais e uma subida das taxas iria agravar ainda mais a recuperação económica europeia, que continua a um ritmo muito baixo”, diz Filipe Silva, salientando que “os confinamentos que vão surgindo em cada país não ajudam e só atrasam este processo”.

Recorde-se que na semana passada Christine Lagarde reiterou o compromisso com as compras de dívida, prometendo mesmo acelerar essas operações, o que tem vindo a fazer baixar as taxas nos mercados.

“Continuaremos a ter taxas negativas, pelo menos até termos sinais de crescimento na economia real e só nesta fase do ciclo económico é que se poderá começar a falar num alívio das medidas de apoio por parte dos bancos centrais”, nota o diretor de investimentos do Banco Carregosa.

(Notícia atualizada às 10h50 com mais informação)