Ambientalistas pedem à UE que acelere design ecológico nos têxteis

  • Capital Verde
  • 25 Abril 2021

Para a Zero e a ECOS é urgente integrar requisitos mínimos de ecodesign nos têxteis, em toda a União Europeia, similares aos existentes para os equipamentos elétricos e eletrónicos.

A data está marcada. Segundo a Diretiva europeia para os Resíduos, já transposta para a lei nacional através do Decreto Lei 102D/2020 de 12 de dezembro, daqui a pouco mais de três anos, a partir de 1 de janeiro de 2025, a recolha seletiva de têxteis passará a ser obrigatória em todos os países da União Europeia. Ou seja, além de um ecoponto para o vidro, o papel e o plástico, poderá passar a existir também um outro para depositar as roupas que já não usa, para que possam seguir obrigatoriamente para reciclagem.

Na visão da associação ambientalista Zero, e da ONG internacional ECOS – Environmental Coalition on Standards, que integra, “tal representa uma excelente oportunidade para, através da aplicação da responsabilidade alargada do produtor, ser definido um enquadramento que incentive as marcas a investir na durabilidade, reutilização, reparabilidade, não toxicidade, redução da libertação de microfibras e reciclabilidade dos seus produtos e penalize fortemente aquelas que insistam no modelo linear atual”.

Segundo um estudo realizado pela ECOS, organizaçao composta por uma rede de membros e peritos defensores de padrões técnicos, políticas e leis ambientais, é urgente integrar requisitos mínimos de conceção ecológica (ecodesign) nos têxteis, em toda a União Europeia, similares aos existentes para os equipamentos elétricos e eletrónicos.

Esta intervenção não só é urgente como tem um enorme potencial de eficácia, uma vez que 80% dos impactos ambientais resultantes dos produtos têxteis são estabelecidos na fase de conceção.

Assim, defendem as duas organizações, os novos requisitos de design ecológico devem focar-se em:

  • Desenhar os produtos e os sistemas para vidas mais longas, informando o consumidor do tempo de vida expectável; fabricar produtos têxteis que sejam duráveis, reutilizáveis, facilmente reparáveis e recicláveis;
  • Assegurar que os produtos são livres de tóxicos e que os materiais usados provêm de fontes sustentáveis e éticas;
  • Desenvolver normas sobre a libertação de microfibras (fibras sintéticas);
  • Aplicação da responsabilidade alargada do produtor, que promova prioritariamente a redução e a reutilização/durabilidade/ reparação.

“Esta proposta visa contribuir para a transição necessária do atual modelo linear e insustentável (compras constantes; tempo de utilização reduzido; descarte) para um modelo circular (compra apenas do essencial;
utilização a longo prazo – pelo próprio ou por outros, fomentando a venda em 2ª mão – reciclagem em upcycling – transformando as fibras recicladas em produtos de qualidade)”, explica a Zero em comunicado.

Os ambientalistas apelam à Comissão Europeia para aplicar os princípios da conceção ecológica aos produtos têxteis, segundo o modelo dos equipamentos elétricos e eletrónicos, regulados pela Diretiva Etiquetas e normas atuais não integram critérios chave para garantir uma produção sustentável da Conceção Ecológica (Ecodesign), expandindo o seu âmbito como parte da planeada Iniciativa Política para os Produtos Sustentáveis.

A nível europeu, o setor têxtil está identificado como um dos setores prioritários no âmbito do Plano de Ação da UE para a Economia Circular, estando prevista a publicação de uma Estratégia Europeia para a Sustentabilidade dos Têxteis.

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