Colapso do fundo financeiro Archegos já custou mais de 10 mil milhões de dólares

  • Lusa
  • 28 Abril 2021

O Archegos tinha assumido posições extremamente arriscadas, através de intermediários como o Nomura, mas também como o Credit Suisse ou o Goldman Sachs.

A falência do fundo Archegos, no final de março, já custou mais de 10 mil milhões de dólares (8,3 mil milhões de euros) à banca, depois de conhecidos os anúncios de terça-feira relativos ao Nomura e à UBS. O conglomerado financeiro japonês Nomura anunciou esta quarta-feira que registou perdas extraordinárias de 2,3 mil milhões de dólares nas suas contas do último trimestre do exercício 2020/21, encerrado em 31 de março.

O Nomura, que nunca menciona o Archegos, optando por mencionar “um cliente (norte-)americano”, tinha estimado, no final de março, o impacto dos problemas deste em dois mil milhões de dólares. E, outra má surpresa, o Nomura acrescentou que espera um impacto adicional de 570 milhões de dólares no exercício 2021/22.

O conglomerado financeiro japonês é uma das maiores vítimas conhecidas até agora da falência do fundo de investimento nova-iorquino, que geria a fortuna do seu fundador, o multimilionário sul-coreano Bill Hwang. O Archegos tinha assumido posições extremamente arriscadas, através de intermediários como o Nomura, mas também como o Credit Suisse, o Goldman Sachs ou ainda o Morgan Stanley.

Na semana passada, o Credit Suisse anunciou um impacto nas suas contas da implosão do Archegos de 4,4 mil milhões de francos suíços (quatro mil milhões de euros) nas suas contas, que provocaram a apresentação de resultados líquidos negativos no primeiro trimestre de 2021.

O outro grande banco de negócios helvético, UBS, anunciou esta quarta-feira uma perda de 774 milhões de dólares devido ao Archegos. Esta perda é “mais importante do que previsto”, sublinhou Andreas Venditti, analista da Vontobel.

Através de produtos derivados, o Archegos tinha comprado, através de intermediários, ações em bolsa. O rendimento líquido dos títulos ia para o fundo e os corretores recebiam uma comissão pré-determinada. Mas como o Archegos multiplicou secretamente os acordos com vários intermediários, estes ignoravam a exposição total do fundo.

No final de março, quando o valor das ações na carteira do Archegos baixou fortemente, os seus diferentes intermediários exigiram que lhes cobrisse os prejuízos. Mas o fundo foi incapaz de o fazer, o que desencadeou uma série de vendas pelos intermediários para procurarem limitar os prejuízos. Além do Nomura, duas outras instituições japonesas foram envolvidas, mas a uma escala muito menor.

O banco Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFJ) anunciou no final de março uma perda de 270 milhões de dólares e o Mizuho, segundo a imprensa nipónica, poderia ter perdido 90 milhões de dólares.

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