Lei do Clima da UE “fica aquém” e Cimeira de Líderes é “primeiro passo”, dizem ambientalistas

"A UE pode congratular-se na conferência do presidente Biden, mas não está a responder ao que a ciência mostra que temos que fazer para impedir o descontrolo das alterações climáticas", diz a WWF.

A luta global contra as alterações climáticas parece estar no bom caminho: esta quarta-feira a União Europeia chegou a um acordo histórico sobre a Lei Europeia do Clima, que poderá ser aprovada por unanimidade já dentro de duas semanas e no dia seguinte, esta quinta-feira, data em que se assinala o Dia da Terra, o presidente dos Estados Unidos promove a mega conferência “Leaders Climate Summit”, uma espécie de pré-COP-26 de Glasgow com a presença de 40 líderes mundiais.

No entanto, os ambientalistas não estão otimistas. “A União Europeia tem uma Lei do Clima, mas ainda não consegue concretizar uma muito necessária ambição climática de curto prazo. A União Europeia continua a ser um bloco líder no combate às alterações climáticas, mas fica aquém do necessário. Nos trílogos sobre Lei Europeia do Clima, entre o Parlamento, a Comissão e o Conselho, os legisladores apressaram-se em chegar a um acordo sobre a lei e não conseguiram cumprir o que poderia ter sido uma estrutura de governança climática ambiciosa, incluindo uma mais forte meta de redução de emissões para 2030″, argumentaram os responsáveis da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, em comunicado.

Os ambientalistas reconhecem que a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia conseguiu finalizar as negociações ainda antes da Cimeira de Líderes promovida por Biden, que tem lugar esta quinta-feira, mas “sem no entanto ter conseguido ultrapassar o bloqueio de vários países que impediram uma maior ambição”.

“O resultado das negociações da Lei Europeia do Clima, apesar de mudanças de última hora que acabam por assegurar à partida uma redução em termos absolutos de 52,8% das emissões entre 1990 e 2030, não traz quaisquer reduções adicionais de emissões além das que o Conselho Europeu já havia acordado em dezembro de 2020, tendo o Parlamento Europeu, que preconizava uma meta de 60%, ficado aquém do seu objetivo”, sublinham.

Mas nem tudo é mau. Numa nota mais positiva, diz a Zero, a Lei Europeia do Clima inclui o estabelecimento de um órgão consultivo especializado que aconselhará os decisores da União Europeia sobre os orçamentos de emissões, metas e trajetória, e sobre a consistência das políticas climáticas.

Por seu lado, a associação ANP|WWF e o escritório de políticas europeias da WWF sobre a Lei do Clima da UE consideram que o acordo alcançado “reflete a luta política, e não a ciência”. Isto porque o documento contém uma meta climática para 2030 de redução de pelo menos 55% das emissões líquidas, de acordo com a orientação do Conselho Europeu de dezembro de 2020 – “muito abaixo da meta de 65% que a ciência afirma ser necessária, e a posição do Parlamento Europeu de 60%”.

“Apenas dois meses antes da data prevista para a apresentação do pacote climático e energético da UE para 2030, ‘Preparados para os 55%’, e em véspera da reunião dos líderes mundiais na conferência do clima do presidente Biden que decorre esta semana, a UE irá estar presente tendo acabado de acordar uma lei climática desoladora que pouco fará para combater a crise planetária”, disse a ANP|WWF em comunicado, acrescentando que a redução real das emissões na UE será de apenas 52,8% até 2030.

Além disso, argumentam ainda, o Parlamento Europeu não conseguiu garantir nas negociações muitas das suas principais exigências: eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis e exigir que todos os Estados-Membros atinjam a neutralidade climática até 2050.

“As tentativas do Parlamento da UE de resgatar uma meta pouco ambiciosa da Comissão para 2030 e obter compromissos do Conselho da UE foram em vão. A UE pode tentar congratular-se na conferência do presidente Biden, mas a realidade é que não está a responder adequadamente ao que a ciência mostra que temos que fazer na próxima década para impedir o descontrolo das alterações climáticas”, dise Imke Lübbeke, chefe de clima do WWF European Policy Office, citada em comunicado.

Biden e 40 líderes mundiais falam sobre Clima no Dia da Terra

Neste Dia da Terra, 22 de abril, o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, convidou 40 líderes mundiais para a Cimeira de Líderes sobre Clima 2021. “Ao reunir chefes de estado de países-chave, esta é uma iniciativa extremamente importante como primeiro passo do governo dos EUA para se concentrar na ação climática, anunciar os seus esforços e mostrar que os EUA estão de volta ao palco internacional” defende a Zero, sublinhando que a cimeira tem lugar num momento crítico, com o último relatório relativo à
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Alterações Climáticas a afirmar que as promessas coletivas de ação climática estão longe dos objetivos previstos no Acordo de Paris, principalmente no que respeita aos esforços para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Os Estados Unidos ainda não apresentaram o seu novo compromissos às Nações Unidas, tal como a China, que apenas apresentou uma intenção mas não um compromisso formal. “É de lamentar que vários países relevantes, como a Austrália, Brasil, Japão, Federação Russa, México, Nova Zelândia, Coreia do Sul ou Suíça, já tenham submetido as suas novas metas sem aumentarem o seu grau de ambição no quadro das negociações que deverão ser finalizadas em Glasgow em novembro deste ano”, defende a Zero.

Quando assinaram o Acordo de Paris (do qual saíram com Trump e ao qual já voltaram, com Biden), os Estados Unidos da América comprometeram-se em reduzir as suas emissões entre 26 e 28% até 2025 em relação a 2005. No ano 2020, as emissões dos EUA reduziram-se em 21,5% face a 2005, sendo a pandemia a grande responsável pela descida. Análises recentes sugerem que um corte de 50% nas emissões entre 2005 e 2030 é viável. No entanto, várias organizações não-governamentais de ambiente norte-americanas têm defendido um corte mais elevado, na ordem dos 70% em relação a 2005, já que os valores em causa representam uma redução de emissões de 40% entre 1990 e 2030.

Quanto à China, é atualmente o país com maior contribuição de emissões à escala mundial (cerca de 28%). Em setembro de 2020, o Presidente Xi Jinping anunciou que a China atingiria o pico das emissões de dióxido de carbono “antes de 2030” (uma melhoria em relação ao compromisso anterior), bem como assumiria uma meta de “neutralidade de carbono” “antes de 2060”. A China deverá ainda adicionar uma quinta meta a outras já estabelecidas, comprometendo-se em aumentar a capacidade instalada de energia eólica e solar para 1.200 GW até 2030.

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Insolvente Coelima com passivo de cerca de 30 milhões

  • ECO
  • 22 Abril 2021

Já existem interessados na aquisição da Coelima. Futuro da empresa pode passar pelas mãos de investidores locais.

A empresa têxtil Coelima, agora insolvente, tem um passivo de 29,5 milhões de euros, avança esta quinta-feira o Público (acesso condicionado). Dívidas à banca, a fornecedores e até a empresas irmãs do grupo Moretextile, do qual faz parte, estão por detrás desse montante. O pedido de insolvência, que identifica 250 credores, não foi ainda aceite pelo Tribunal de Guimarães.

Ao que tudo indica, o futuro da empresa pode passar, agora, por uma aquisição por empresários locais, havendo já interessados. Nesse sentido, a Coelima propôs a nomeação de Pedro Pidwell (nome ligado a processos de grandes empresas, como é o caso da Soares da Costa) como gestor da insolvência, com o objetivo de apresentar um plano de recuperação.

Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, disse que é “fundamental” que a empresa têxtil seja capaz de sobreviver a esta crise, tendo mesmo transmitido esta sua preocupação ao Governo. Na quarta-feira, os 253 trabalhadores da empresa reuniram-se em plenário com dirigentes sindicais, os quais estão mandatados a “fazer tudo o que é possível que garanta a continuidade da empresa”.

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Carrinhas comerciais voltam a pagar ISV

  • ECO
  • 22 Abril 2021

O Governo decidiu acabar com este benefício fiscal por ir contra os princípios ambientais. Em reação, o setor diz que a alteração acontece numa má altura de crise.

Um tipo específico de carrinhas comerciais que, até ao momento, beneficiava de isenção de Imposto Sobre Veículos (ISV) vai deixar de a ter a partir do segundo semestre deste ano. O objetivo da medida é retirar os incentivos à aquisição de veículos que prejudicam o meio ambiente uma vez que a própria fórmula de cálculo do ISV prejudica os mais poluentes, mas foi recebida com surpresa pelo setor.

O Jornal de Negócios, que cita contas da ACAP, refere que este tipo de veículo — automóveis ligeiros de mercadorias, de caixa aberta, sem caixa ou de caixa fechada que não apresentem cabina integrada na carroçaria, com peso bruto de 3.500 kg e sem tração às quatro rodas — representa 11% das vendas de carrinhas comerciais. Esta medida do Governo resulta de uma avaliação feita a vários benefícios fiscais que estavam a acabar.

Não se percebe uma medida destas, numa altura de crise económica, em que as empresas enfrentam já tantas dificuldades, não faz sentido uma revogação destas“, reage Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, referindo que não foi previamente informado desta alteração e que esta medida vai agravar a despesa fiscal de empresas, que são quem compra este tipo de veículo. “Uma boa parte destes veículos são fabricados em Portugal, o que significa que também por aí poderá haver empresas diretamente afetadas por esta medida”, acrescenta.

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Hoje nas notícias: PRR, burlas e Coelima

  • ECO
  • 22 Abril 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os jornais dão destaque esta quinta-feira ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no dia em que este é entregue, notando os investimentos previstos na área da cultura. Nota para a posição de Ferro Rodrigues sobre o enriquecimento ilícito, apoiando as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa. E a isenção de ISV que vai acabar para um certo tipo de carrinha comercial.

Carrinhas comerciais voltam a pagar ISV

Um tipo específico de carrinhas comerciais que, até ao momento, beneficiava de isenção de Imposto Sobre Veículos (ISV) vai deixar de a ter a partir do segundo semestre deste ano. De acordo com contas da ACAP, este tipo de veículo — automóveis ligeiros de mercadorias, de caixa aberta, sem caixa ou de caixa fechada que não apresentem cabina integrada na carroçaria, com peso bruto de 3.500 kg e sem tração às quatro rodas — representa 11% das vendas de carrinhas comerciais. Esta medida do Governo resulta de uma avaliação feita a vários benefícios fiscais que estavam a acabar.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

PRR prevê 150 milhões para obras em 46 museus e monumentos

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vai aplicar 150 milhões de euros para a valorização do património cultural do país. Um total de 46 monumentos e museus serão alvo de obras de conservação e restauro entre 2022 e 2025. O mesmo acontecerá com três teatros nacionais. Por sua vez, outros dois milhões de euros serão destinados à constituição da Associação Saber Fazer, com o objetivo de promover a salvaguarda e reconhecimento das artes e ofícios tradicionais. Os restantes 91 milhões do PRR serão aplicados na transição digital das redes culturais.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Ferro Rodrigues apoia Marcelo no enriquecimento ilícito

O atual presidente da Assembleia da República diz estar “perfeitamente de acordo” com o Presidente da República: é preciso “melhorar” a legislação de forma a criminalizar o enriquecimento ilícito, tal como sugeriu Marcelo Rebelo de Sousa numa declaração esta semana. A solução escolhida pelo Parlamento não pode colocar em causa “a presunção de inocência e a inversão do ónus da prova”, alerta. Em entrevista à Rádio Renascença e ao Público, Ferro Rodrigues diz ainda que a atual lei sobre as declarações de património e rendimento para altos cargos públicos e políticos pode ser “melhorada” também.

Leia a notícia completa na Rádio Renascença (acesso livre)

Burlas com serviços financeiros aumentam na pandemia

Desde que a pandemia chegou a Portugal registou-se um aumento no número de burlas relacionadas com serviços financeiros. Em apenas quatro meses, o Banco de Portugal reportou 27 casos à Procuradoria-Geral da República, mais do que o registado em 2019. Esta quinta-feira, serão discutidas no Parlamento questões relacionadas com a oferta ilegal de crédito rápido e com os investimentos em bolsa sem regulação.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Passivo da insolvente Coelima ronda os 30 milhões

A empresa Coelima, agora insolvente, tem um passivo que ascende aos 29,5 milhões de euros. Dívidas à banca, a fornecedores e até a empresas irmãs do grupo Moretextile, do qual faz parte, estão por detrás desse montante. O pedido de insolvência, que identifica 250 credores, não foi ainda aceite pelo Tribunal de Guimarães. A Coelima propôs ainda a nomeação de Pedro Pidwell (nome ligado a processos de grandes empresas) como gestor da insolvência, com o objetivo de apresentar um plano de recuperação. O futuro da empresa pode passar, agora, por uma aquisição por empresários locais.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

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PRR já foi entregue em Bruxelas. Portugal foi o primeiro

Portugal foi o primeiro Estado-membro a submeter a versão final do documento.

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já foi entregue à Comissão Europeia, através da plataforma informática oficial, tal como o primeiro-ministro anunciou na quarta-feira. Portugal é assim o primeiro Estado-membro a submeter a versão final do documento.

“Disse que seria esta semana, mas tive uma boa notícia. Há pouco ligou-me o senhor ministro do Planeamento [Nelson de Souza], dizendo que amanhã [quinta-feira] de manhã teremos o nosso Plano de Recuperação e Resiliência entregue formalmente à Comissão”, afirmou António Costa, em declarações transmitidas pela RTP3 a partir de Andorra, na quarta-feira. A confirmação oficial foi dada em comunicado enviado às redações pelo Ministério do Planeamento.

O primeiro-ministro já se congratulou no Twitter com o facto de Portugal ter sido o primeiro Estado-membro a entregar oficialmente o documento. António Costa sublinhou que este é um Plano para ser executado de forma descentralizada e em parceria, com regiões e autarquias, empresas e instituições do ensino superior, cientistas e agentes culturais e instituições da economia solidária e social. O PRR “exige celeridade, rigor e escrutínio na execução. Fiscalização política pelo Parlamento, acompanhamento pela sociedade na Comissão de Acompanhamento, fiscalização pelo Tribunal de Contas e Ministério Público”, acrescentou.

A presidente da Comissão Europeia já saudou o facto de de o PRR português ter sido o primeiro a ser oficialmente entregue à Comissão. “A entrega marca o início de uma nova fase no processo de implementação do Fundo de Recuperação e Resiliência”, disse Ursula von der Leyen. A responsável sublinhou que o objetivo “continua a ser aprovar todos os planos até ao verão”. A Comissão tem agora dois meses para avaliar o Programa português, com base nos 11 critérios definidos. O objetivo é perceber se o PRR português contribui efetivamente para lidar com os desafios identificados nas recomendações específicas feitas a Portugal no contexto do semestre europeu.

A primeira versão do plano foi entregue em Bruxelas a 15 de outubro e foi colocada a consulta pública tendo recebido centenas de contributo. Inicialmente a entrega esteve prevista para uma semana após o fim da consulta pública, mas tendo em conta a complexidade das negociações com Bruxelas que não aceitava o financiamento de estradas e de uma parte do projeto da barragem do Pisão, a data foi resvalando. No final das reuniões com os partidos, o próprio ministro Nelson Souza avançou que o PRR seria entregue em Bruxelas esta segunda-feira, mas a data final acabou por ser esta quinta com menos estradas e sem o projeto para instalar painéis fotovoltaicos.

“O PRR agora oficialmente entregue integra o trabalho conjunto com a Comissão Europeia e os contributos resultantes da consulta pública. Segue-se o período de decisão sobre o documento pela Comissão Europeia e pelo Conselho EcoFin. O Governo espera que a decisão possa ocorrer durante a Presidência Portuguesa da União Europeia”, explica o Ministério do Planeamento em comunicado.

Pode ler a versão final do PRR aqui.

(Atualizada às 8h18 com mais informação)

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Do cheque de 1,2 mil milhões em apoio público, a TAP já só tinha 518,8 milhões no fim do ano

Companhia aérea precisa de ter aprovação da Comissão Europeia ao plano de reestruturação para desbloquear novas tranches de apoio público. No final de 2020, ainda havia 518,8 milhões em caixa.

A TAP tinha mais de 500 milhões de euros em caixa no final do ano passado. Este dinheiro foi conseguido graças ao cheque de 1,2 mil milhões de euros em apoio público concedido no ano passado, mas que tem de chegar até que a Comissão Europeia aprove o plano de reestruturação da companhia aérea.

“A TAP atuou com agilidade e rapidez aos primeiros sinais de impacto da pandemia, assim como às diversas restrições de mobilidade e de fronteiras que foram sendo impostas ao longo do ano, garantindo sempre a continuidade territorial no país, adequando a sua oferta de capacidade, minimizando assim custos operacionais variáveis e preservando caixa. Estas medidas permitiram à TAP manter liquidez suficiente até à formalização do auxílio de Estado“, garante a companhia aérea no relatório dos resultados de 2020, comunicado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O financiamento concedido pelo Estado português à TAP, no valor de 1.200 milhões de euros, foi entregue em tranches, sendo que a primeira foi recebida a 17 de julho de 2020. “As tranches subsequentes deste financiamento foram recebidas até 31 de dezembro de 2020, o que levou a companhia a terminar o ano de 2020 com uma forte posição de liquidez de 518,8 milhões de euros“, explica. Considerando o montante disponível em recebíveis de cartões de crédito no Brasil 27,2 milhões de euros, o total de liquidez no final do período era de 546 milhões.

O apoio foi condicionado a um plano de reestruturação, cuja proposta foi enviada a 10 de dezembro e que o Governo só espera que tenha aprovação em maio. Enquanto não acontecer, não há mais dinheiro para TAP, que poderá receber no total, até 2024, até um máximo de 3,7 mil milhões de euros. Para acelerar o processo, o Governo português anunciou há um mês que apresentou à Comissão Europeia uma notificação para concessão de um auxílio intercalar à TAP.

Apesar de os detalhes só ficarem fechados quando tiverem o ‘ok’ de Bruxelas, as linhas gerais são conhecidas e implicam cortes de custos com massa salarial e operação. “Este plano apresenta os pilares e as linhas estratégias que asseguram a sustentabilidade e rentabilidade da TAP em função do novo cenário de procura esperado, desde a adequação do plano de pessoal, rotas e frota, assim como adaptação do produto TAP à realidade atual e pós Covid-19″.

O plano de reestruturação prevê que a TAP — que registou prejuízos de 1.230 milhões de euros em 2020 — atinja um resultado operacional equilibrado até 2023, assegurando uma situação que permita fazer face aos compromissos financeiros nas suas maturidades. “Nesta data, aguarda-se a conclusão das negociações em curso com a Comissão Europeia para aprovação do plano de reestruturação que deverão concluir-se brevemente“, acrescenta a empresa.

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Frota da TAP reduzida em nove aviões em 2020

Ao longo de 2020, entraram em operação sete aviões de nova geração Airbus e saíram de operação 16 aviões. Em termos líquidos, há assim uma redução de nove aeronaves face ao ano passado.

A TAP fechou 2020 com menos de 100 aviões na frota, que está a ser alvo de redução no âmbito do plano de reestruturação. Além de renegociar os prazos de entrega de aeronaves que tinha encomendadas, a companhia aérea está também a vender aviões antigos. Assim, apesar de ter recebido aviões novos, o balanço líquido é negativo.

“A frota da TAP sofreu um ajustamento significativo ao longo de 2020, tendo em conta a nova realidade do setor e da empresa”, anunciou a companhia aérea, no comunicado de apresentação de resultados enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A frota operacional era de 96 aviões em dezembro, um decréscimo líquido de nove aviões quando comparado com o final do ano de 2019, quando a empresa apresentava uma frota operacional de 105 aviões. Ao longo de 2020, entraram em operação sete aviões de nova geração Airbus (dois A330neo, dois A321neo LR, dois A321neo e um A320neo) e saíram de operação 16 aviões (10 A319, três A320, um A321 e dois A332).

“As adições à frota operacional estão alinhadas com a aposta da empresa em aviões de menor dimensão, com custos por viagem menores, e que permitem à TAP adaptar a sua operação de acordo com o ritmo da recuperação da procura”, aponta. Com o mesmo objetivo de adaptar o negócio, foram convertidos dois A332 em aviões de carga, no segundo semestre do ano, dado o aumento de procura neste segmento.

Após ter pedido ajuda pública, sujeita a um plano de reestruturação que vai condicionar a atividade até 2025, a companhia aérea anunciou a venda de oito aviões Airbus 320. Essa é uma das medidas de poupança de fluxo de caixa que a TAP apresentou à Comissão Europeia e poderá abranger 11 aeronaves.

As vendas estão a ser acompanhadas de outras medidas de redução da frota. A TAP cancelou encomendas que tinham sido feitas, negociou a devolução de alguns aviões e acordou com a Airbus adiar a entrega de 15 novos aviões para 2022, empurrando encargos de mil milhões de dólares. No fim do período da reestruturação, é esperado que a frota seja composta por 99 aviões.

Fonte: Resultados da TAP de 2020

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TAP perdeu 900 trabalhadores em 2020. Poupou 258,9 milhões com pessoal

Plano de reestruturação tem como um dos pilares a redução da massa salarial. A quebra no ano passado está em linha com a meta de poupança anual prometida a Bruxelas.

Em processo de reestruturação, a TAP tem vindo a cortar custos com pessoal e, ao longo do ano passado, conseguiu poupar mais de 250 milhões de euros. Em 2020, as principais medidas foram o recurso ao lay-off e a não renovação de contratos a prazo, mas mesmo assim o quadro de efetivos perdeu 900 pessoas.

O quadro do pessoal ativo no final do período situava-se em 8.106 pessoas, menos 900 (ou 10%) do que os 9.006 trabalhadores no final de 2019, segundo revelam os resultados da empresa, publicados esta quinta-feira na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Os custos com o pessoal situaram-se em 419,7 milhões de euros em 2020, o que significa uma diminuição de 258,9 milhões de euros face a 2019. Esta quebra é “resultado da menor atividade da empresa” e da “redução do quadro de trabalhadores pela não renovação de contratos a termo, da aplicação da medida de lay-off simplificado e, mais recentemente, da aplicação do regime de apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade”, explica.

As dificuldades financeiras devido às restrições impostas pelos países para controlar a pandemia de Covid-19 levaram a TAP a pedir apoio público. Recebeu, no ano passado, 1,2 mil milhões de euros, condicionados a um plano de reestruturação, que tem como um dos pilares a redução da massa salarial. A quebra no ano passado está em linha com a meta de poupança de cerca de 230 a 300 milhões de euros por ano que a TAP considera ser necessária para ser competitiva. No total do período entre 2020 e 2025 — período temporal desse plano — é apontada uma poupança de 1,4 mil milhões de euros.

Se no ano passado os cortes com custos relacionados com pessoal foram conseguidos principalmente com lay-off e fim de contratos a prazo, em 2021 já há novas medidas a serem adotadas. A TAP e os sindicatos acordaram uma série de medidas voluntárias — rescisões por mútuo acordo, reformas antecipadas, pré-reformas, trabalho a tempo parcial e licenças sem vencimento –, cuja adesão já levou à saída de 760 pessoas, estando prevista ainda a saída de outros 400 a 500.

Em simultâneo, há desde março também uma redução salarial que (para a generalidade dos trabalhadores) de 25% em 2021 a partir de uma garantia mínima de 1.330 euros. Para pilotos, por exemplo, é de 50%, enquanto os membros do conselho de administração recebem menos 30%. A equipa de gestão já o sentiu no salário de fevereiro e os restantes funcionários irão senti-lo no fim deste mês.

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TAP agrava prejuízos para 1.230 milhões em ano de pandemia

Quebras no número de passageiros e na carga transportados atiraram a companhia para os piores resultados de sempre. A redução de 38% nos gastos operacionais ajudou a travar as perdas.

A TAP perdeu mais de 1.200 milhões de euros em ano de pandemia. Os resultados são os mais negativos de sempre para a empresa, que na última década teve lucros apenas num ano. Apesar dos cortes de custos (incluindo os associados ao plano de reestruturação), as contas de 2020 foram especialmente penalizadas pela Covid-19 que levou a uma forte quebra nos passageiros e na carga transportados.

“O resultado líquido do ano foi negativo em 1.230,3 milhões de euros“, anunciou a TAP, em comunicado enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O prejuízo é mais de 12 vezes superior ao resultado negativo de 95,6 milhões de euros registado em 2019. O resultado operacional (EBIT) passou de positivo a negativo de 964,8 milhões em 2020, enquanto o EBITDA caiu para -273,7 milhões.

“Tal como em todo o setor da aviação a operação e resultados de 2020 foram severamente impactados pela quebra de atividade em resultado da pandemia de Covid-19, apesar da rápida e eficiente reação da TAP”, justifica a empresa interinamente liderada por Ramiro Sequeira.

O número de passageiros transportados teve uma quebra de 72,7%, invertendo a tendência de crescimento que vivia há quatro anos, e as receitas de passagens caíram 70,9%. Já no segmento de carga — que recebeu um impulso no arranque de 2021 devido ao transporte de vacinas –, a TAP Air Cargo registou um decréscimo de 8,5% totalizando 125,7 milhões de euros de receitas.

Os rendimentos operacionais totais atingiram 1.060,2 milhões de euros, um decréscimo de 67,9% face a 2019, “que se ficou a dever sobretudo ao decréscimo dos rendimentos de passagens em 2.065 milhões de euros (-70,9%) e da atividade de manutenção para terceiros que registou um decréscimo de 143,4 milhões de euros (-67,9%) face ao período homólogo do ano anterior”, explica.

O overhedge de combustível jet fuel teve um impacto negativo de 165,3 milhões de euros, em resultado da quebra de atividade sofrida pela Covid-19. Em sentido contrário, nas diferenças cambiais, houve um impacto positivo de 162,1 milhões relacionadas com a apreciação do euro face ao dólar, que mais do que compensou a penalização sofrida pela desvalorização do real brasileiro face ao euro.

2008 tinha sido o pior ano até agora

Fonte: relatórios e contas da TAP

Massa salarial, lessors e combustíveis ajudam a cortar custos

Em dificuldades há um ano devido às restrições impostas pelos países para controlar a pandemia de Covid-19, a TAP recebeu, no ano passado, 1,2 mil milhões de euros em apoio público e está em processo de reestruturação. Apesar de ainda aguardar resposta da Comissão Europeia ao plano proposto pelas autoridades portuguesas, a companhia aérea avançou com medidas que permitiram já cortar custos.

“Os gastos operacionais totais ascenderam a 2.024,9 milhões de euros no ano de 2020, um decréscimo de 1.226,6 milhões de euros (-37,7%) face ao período homólogo do ano anterior, maioritariamente explicado pela redução significativa dos custos variáveis indexados ao decréscimo da operação, em função da rápida decisão da empresa em ajustar a capacidade e das negociações havidas com fornecedores e lessors, assim como a redução dos custos com pessoal”, refere a TAP.

Um dos pilares do plano é a redução da massa salarial. No ano passado, a diminuição de custos com o pessoal foi de 258,9 milhões de euros devido à menor atividade da empresa, da não renovação de contratos a termo, da aplicação da medida de layoff simplificado e, mais recentemente, da aplicação do regime de apoio extraordinário à retoma progressiva. Já os gastos com combustíveis caíram 529,2 milhões de euros.

Para 2021, a TAP sublinha que o negócio irá depender da evolução da pandemia e do plano de vacinação “que ditará a velocidade da recuperação económica doméstica e internacional, principalmente nos países que são os principais mercados da TAP”. O plano de restruturação prevê uma “recuperação lenta” da atividade da empresa, “tentando acomodar a maior incerteza do setor no ano de 2021, tal como projetado pelos organismos o setor”.

Ainda assim, a companhia aérea está confiante face à implementação da reestruturação. “O plano de reestruturação prevê que a TAP atinja um resultado operacional equilibrado até 2023, assegurando uma situação que permita fazer face aos compromissos financeiros nas suas maturidades. Nesta data, aguarda-se a conclusão das negociações em curso com a Comissão Europeia para aprovação do Plano de Reestruturação que deverão concluir-se brevemente”, acrescenta.

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Global Media perde mais de 16 milhões em 2020

O grupo que detém o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias e a TSF, entre outros, registou prejuízos de mais de 16 milhões de euros em 2020. E vai avançar para cortes de horários e de salários.

A Global Media registou prejuízos de cerca de 16,4 milhões de euros no ano da pandemia, um agravamento face aos prejuízos do ano anterior. Os resultados de 2020 a que o ECO teve acesso ainda são provisórios, mas mostram a frágil situação financeira da Global Media, dona de títulos como Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo. A empresa já estava em dificuldades antes da chegada do coronavírus, mas a Covid-19 acentuou as dificuldades do grupo, que anunciou esta quarta-feira a adesão ao plano de apoio à retoma, com redução de horários e cortes salariais.

No final do ano passado, o grupo avançou com um despedimento coletivo de 81 trabalhadores, entre os quais 17 jornalistas. Esta quarta-feira, comunicou a adesão ao apoio à retoma progressiva, reduzindo horários e os salários acima de 2.000 euros brutos. Até este valor, o Estado compensa o corte salarial até 100% do ordenado.

De acordo com os números apurados pelo ECO, o grupo de media registou no ano passado, um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA contabilístico) negativo em 12,7 milhões de euros. As receitas (vendas e serviços prestados) recuaram de 45,6 milhões em 2019 para 33,3 milhões, havendo ainda 2,7 milhões em outros rendimentos e ganhos.

Os gastos com pessoal têm caído desde 2018 e fixaram-se, em 2020, nos 22,7 milhões de euros. Houve ainda mais de dois milhões de euros em outros gastos e perdas. Contas feitas, o resultado operacional foi negativo em 15,2 milhões de euros.

O histórico de resultados do grupo na última década foi sempre de prejuízos. Em 2009, a Global Media faturava na ordem dos 100 milhões de euros, que passaram a cerca de 33 milhões em 2020, mas já nesse ano os prejuízos passaram os seis milhões de euros.

Marco Galinha, dono do grupo Bel, entrou no capital da Global Media no final do ano passado. Assumiu o cargo de chairman da empresa no início deste ano, com um mandato até 2024.

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UE já tem regras para decidir o que são investimentos “verdes”, mantém tabu sobre gás e nuclear

  • Capital Verde
  • 22 Abril 2021

Na prática, trata-se de uma espécie de guia de normas para classificar quais são, e não são, os investimentos "verdes" em vários setores, da indústria aos transportes.

A Comissão Europeia anunciou esta quarta-feira a adoção de um “ambicioso e abrangente pacote de medidas destinadas a melhorar o fluxo de fundos para atividades sustentáveis em toda a União Europeia”. No centro deste pacote está o chamado “ato delegado relativo à taxonomia da UE no domínio climático”, que visa apoiar o investimento sustentável ao esclarecer quais são as atividades económicas que mais contribuem para a realização dos objetivos ambientais da UE.

Na prática, trata-se de uma espécie de guia de normas para classificar quais são, e não são, os investimentos “verdes” em vários setores, da indústria aos transportes e, assim, tentar combater o greenwashing. No entanto, ficaram ainda por tomar decisões-chave sobre rotular a energia nuclear e as centrais elétricas a gás natural como “verdes”.

O vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, responsável pela pasta “Uma Economia ao serviço das Pessoas”, declarou: “Damos um salto em frente, com a apresentação pela primeira vez de uma taxonomia no domínio climático que ajudará as empresas e os investidores a saberem se os seus investimentos e atividades são realmente ecológicos, o que será essencial para mobilizar o investimento privado em atividades sustentáveis e assegurar a neutralidade climática da Europa até 2050. Trata-se de um passo revolucionário”.

Por seu lado, Mairead McGuinness, comissária responsável pelos Serviços Financeiros, pela Estabilidade Financeira e pela União dos Mercados de Capitais, defendeu que “o sistema financeiro desempenha um papel crucial na concretização do Pacto Ecológico da UE, uma vez que os investimentos necessários para tornar a nossa economia mais ecológica serão significativos”.

“Precisamos que todas as empresas desempenhem o seu papel, tanto as que já avançaram no sentido de tornar as suas atividades mais ecológicas como aquelas que ainda precisam de avançar mais para assegurar a sustentabilidade. As novas regras adotadas serão um fator de mudança no domínio das finanças. Intensificámos a nossa ambição em matéria de finanças sustentáveis. Chegou o momento de passar das palavras à ação e de investir de forma sustentável”.

Estas novas regras da UE, conhecidas como “taxonomia das finanças sustentáveis”, são uma lista de atividades económicas e as normas que estas devem cumprir para serem consideradas “verdes”. Já a partir do próximo ano, este conjunto de regras decidirá quais as atividades podem ou não ser rotuladas como um investimento sustentável na UE.

“Ao permitir que os investidores reorientem os seus investimentos para tecnologias e empresas mais sustentáveis, as medidas adotadas serão fundamentais para assegurar a neutralidade climática da Europa até 2050. Colocarão a UE num papel de liderança a nível mundial na definição de normas para as finanças sustentáveis”, disse a Comissão Europeia em comunicado.

A Comissão publicou critérios climáticos para “investimentos verdes” que vão desde reabilitação de edifícios ao fabrico de cimento, aço e baterias, entre muitos outros setores. Para obter um selo de sustentabilidade, uma atividade económica deve dar uma contribuição para um dos seis objetivos ambientais da taxonomia e não impedir os outros cinco. As regras publicadas esta quarta-feira cobrem dois desses seis objetivos – combater as mudanças climáticas e adaptar-se aos seus impactos.

o gás natural será abordado num segundo conjunto de critérios, previsto para o final deste ano. A energia nuclear também está a ser analisada separadamente, disse a UE.

O que inclui o novo pacote de medidas da UE para melhorar o fluxo de fundos para atividades sustentáveis?

  1. O ato delegado relativo à taxonomia da UE no domínio climático. O Colégio de Comissários chegou a um acordo político sobre o texto e o mesmo será formalmente adotado no final de maio, assim que estiverem disponíveis as traduções em todas as línguas da UE.Este documento introduz pela primeira vez um conjunto de critérios técnicos de avaliação para definir quais são as atividades que contribuem de forma substancial para dois dos objetivos ambientais da Taxonomia: a adaptação às alterações climáticas e a atenuação dos seus efeitos. Abrangerá as atividades económicas de cerca de 40 % das empresas cotadas, em setores que são responsáveis por quase 80 % das emissões diretas de gases com efeito de estufa na Europa. Inclui setores como a energia, a silvicultura, a indústria transformadora, os transportes e os edifícios. Os critérios serão objeto de revisão periódica. Esse processo assegurará que novos setores e atividades, incluindo atividades transitórias e outras atividades facilitadoras, possam ser acrescentados ao âmbito de aplicação ao longo do tempo.
  2. Uma proposta de diretiva relativa à comunicação de informações sobre a sustentabilidade pelas empresas (CSRD). Esta proposta visa melhorar o fluxo de informações sobre a sustentabilidade no mundo empresarial. Visa criar um conjunto de regras que, ao longo do tempo, colocarão os relatórios sobre a sustentabilidade em pé de igualdade com os relatórios financeiros. Tornará mais coerente a comunicação de informações sobre a sustentabilidade por parte das empresas, de modo a que as empresas financeiras, os investidores e o público em geral possam utilizar informações comparáveis e fiáveis.Cerca de 50 000 empresas terão agora de seguir normas pormenorizadas da UE em matéria de comunicação de informações sobre a sustentabilidade, o que representa um aumento em relação às 11 000 empresas que estão atualmente sujeitas aos requisitos em vigor. A Comissão propõe o desenvolvimento de normas para as grandes empresas e, separadamente, de normas mais proporcionadas para as PME, que as PME não cotadas poderão utilizar voluntariamente.
  3. Seis atos delegados modificativos, respeitantes aos deveres fiduciários, à consultoria para investimento e ao aconselhamento em matéria de seguros, assegurarão que as empresas financeiras, incluindo os consultores, gestores de ativos ou seguradoras, incluam a sustentabilidade nos seus procedimentos e na sua consultoria de investimento aos clientes. Estas alterações incentivam o sistema financeiro a apoiar as empresas na via para a sustentabilidade, bem como as empresas sustentáveis já existentes. Além disso, reforçarão a luta da UE contra o “branqueamento ecológico”, ou greenwashing.

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5 coisas que vão marcar o dia

O Banco Central Europeu vai reunir-se, esta quinta-feira, para discutir a sua Política Monetária. No mesmo dia em que se inicia a Cimeira do Clima organizada pelos Estados Unidos.

Esta quinta-feira fica marcada pelo Conselho de Ministro temático onde o Governo irá aprovar o estatuto dos profissionais da cultura, um dia depois dos trabalhadores deste setor terem realizado um protesto junto à Assembleia da República. No Parlamento continuam as audições da Comissão de inquérito ao Novo Banco com a audição de Ramiro Teixeira Gomes, presidente da Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários. Já o Banco de Portugal irá revelar os dados relativos ao indicador de atividade económica da semana terminada a 18 de abril.

Banco Central Europeu reúne-se para discutir a sua Política Monetária

Numa altura em que vários países europeus estão obrigados a aplicar inúmeras restrições à sua atividade de modo a controlarem a propagação da pandemia, o que tem consequências para a economia do bloco, o Banco Central Europeu (BCE) volta a discutir a sua política monetária. Na última reunião desta natureza, o banco central anunciou que ia acelerar as aquisições de dívida para um “ritmo significativamente mais elevado”, no segundo trimestre do ano, por causa do agravamento das taxas de juro que se registou nos países da Zona Euro em março.

Governo prepara-se para aprovar estatuto dos profissionais da cultura

Num Conselho de Ministros temático a decorrer esta quinta-feira, o Governo vai aprovar o estatuto dos profissionais da cultura, o qual surgiu com o objetivo de considerar a especificidade laboral dos trabalhadores deste setor, dando-lhes acesso a medidas de proteção social. No dia anterior a esta reunião, profissionais do setor protestaram junto à Assembleia da República, reivindicando a falta de apoios que tiveram durante a pandemia. Isto depois das associações representantes do setor terem já demonstrado o seu descontentamento com as propostas do Governo para o referido estatuto.

Começa a Cimeira do Clima organizada pelos EUA

Entre quinta e sexta-feira, decorrerá uma cimeira internacional dedicada ao clima, organizada pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Deste modo, 40 líderes mundiais vão reunir-se por videoconferência, entre os quais se destaca o nome do presidente chinês, Xi Jinping. Isto numa altura em que as relação entre os dois países passa por um período de tensão, embora tenham também ambos reiterado estarem disponíveis para cooperar no combate às alterações climáticas.

Prosseguem as audições de inquérito ao Novo Banco

As audições do inquérito ao Novo Banco continuam, dedicadas às perdas registadas pela instituição bancária e que foram imputadas ao Fundo de Resolução. Esta quinta-feira será a vez de o Parlamento ouvir Ramiro Teixeira Gomes, presidente da Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários, pelas 15h30.

Banco de Portugal mostra evolução da economia portuguesa

A instituição liderada por Mário Centeno vai revelar os dados relativos ao indicador de atividade económica respeitantes à semana terminada a 18 de abril. A anterior atualização do Banco de Portugal veio mostrar que a segunda fase de desconfinamento, marcada pela reabertura das esplanadas, puxou em larga medida pela atividade económica em Portugal.

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