Quase 43% dos inativos que estavam à procura de trabalho desistiram

O INE indica que, dos portugueses que estavam à procura de trabalho ou disponíveis para trabalhar, quase 43% desistiram, no início de 2021, mas quase 10% encontraram um posto de trabalho.

Quase 43% dos portugueses que estavam à procura ativamente de emprego ou estavam disponíveis para começar a trabalhar, no final de 2020, desistiram de o fazer ou de ter essa disponibilidade, no arranque de 2021. Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) são relativos ao primeiro trimestre do ano, período que ficou marcado por um agravamento da pandemia e, consequentemente, pelo endurecimento das restrições e suspensão temporária de algumas atividades económicas, o que poderá ter dificultado a procura por novos postos de trabalho.

Segundo a nota estatística, 42,6% dos portugueses que estavam na chamada força de trabalho potencial — isto é, inativos que ou estavam a procurar ativamento emprego ou estavam disponíveis para começar a trabalhar — transitaram para a “outra inatividade”, o implica que “deixaram de procurar ativamente emprego ou de ter disponibilidade para começar a trabalhar”. O INE sublinha que tal é sinónimo de um agravamento do afastamento destas pessoas em relação ao mercado de trabalho.

Por outro lado, 16,4% das pessoas dessa força de trabalho potencial transitaram para o desemprego, o que significa que passaram a cumprir cumulativamente os critérios de procura ativa de trabalho e de disponibilidade para trabalhar, nas duas semanas seguintes. Além disso, e numa nota mais positiva, 9,9% dos portugueses da força de trabalho potencial transitaram para o emprego.

O INE acrescenta que 14,3% dos portugueses que estavam desempregados, no último trimestre de 2020, passaram a integrar a chamada força de trabalho potencial, nos primeiros três meses de 2021, o que significa que deixaram de preencher cumulativamente os critérios já referidos. E outros 7,2% dos desempregados transitaram para a “outra inatividade”, o que implica que passaram a nem procurar de modo ativo uma nova ocupação, nem estar disponíveis para trabalhar.

Por outro lado, 2,6% dos portugueses que, no final de 2020, estavam na “outra inatividade” conseguiram encontrar emprego, no início do ano atual. Isto enquanto 2,3% das pessoas desse grupo transitou para a força de trabalho potencial e 0,9% para o desemprego, o que reflete uma aproximação desses indivíduos ao mercado de trabalho.

Tudo somado, o INE adianta que, entre o quarto trimestre de 2020 e o primeiro de 2021, 92,1 mil portugueses passaram do emprego para o desemprego e 154,6 mil do emprego diretamente para a inatividade. Em sentido inverso, 89,6 mil passaram do desemprego para o emprego e 109,2 mil da inatividade para o emprego. Tal significa que, em ambos os casos, os saldos de emprego foram negativos, uma vez que passaram mais pessoas para o desemprego e inatividade do que para o emprego. “Assim, o total de pessoas que deixaram de estar empregadas, no espaço de um trimestre, foi 246,7 mil“, detalha o INE.

Há notar ainda que 80,2 mil portugueses transitaram do desemprego para a inatividade, enquanto 64,6 mil deixaram de ser considerados desempregados para serem tomados como inativos.

De acordo com o INE, no primeiro trimestre do ano, a taxa de emprego fixou-se em 7,1%, menos 0,2 p.p. do que no trimestre anterior. Isto apesar do impacto do confinamento nos empregadores e no emprego. Ainda assim, o período de janeiro a março foi também sinónimo de uma redução da população empregada (menos 1%, na variação em cadeia), o que é explicado pelos fluxos do mercado de trabalho já referidos.

Entre a população empregada, o arranque de 2021 ficou marcado pelo aumento das ausências do trabalho, o que se justifica com a adesão significativa aos regimes de lay-off e resultou numa redução das horas trabalhadas. Além disso, o início do ano trouxe a adoção obrigatória do teletrabalho em todo o país, tendo quase 968 mil trabalhadores portugueses estado nessa situação, de acordo com o INE. Ainda assim, o número de teletrabalhadores foi mais reduzido do que no segundo trimestre de 2020.

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