Nova agência quer angariar investimento para o setor cultural nacional

A ReCenter Culture, um projeto fundado pela experimentadesign e pela empresa de auditoria e consultoria DFK, quer estabelecer "uma ligação entre o mundo empresarial e os agentes culturais”.

O setor cultural foi um dos mais afetados pela chegada do Covid-19 a Portugal. Os espaços culturais, os mais atingidos pelas regras de confinamento no último ano, viram-se impedidos de receber público ou de ter a casa cheia. Foi neste contexto que surgiu a ReCenter Culture, uma agência que tem a missão de angariar investimento para o setor cultural português e que foi apresentada esta quinta-feira.

O projeto foi fundado pela experimentadesign, associação cultural sem fins lucrativos, e pela empresa de auditoria e consultoria DFK. O objetivo? Apoiar o tecido cultural português, ajudando-o a captar investimento financeiro nacional, europeu e internacional, naquele que é um momento particularmente difícil para o setor. Mas não só. A ideia passa por também conferir novas competências na área da gestão, economia e comunicação aos negócios deste setor, angariando-lhes também novas áreas de intervenção.

Estamos perante um setor que tem clara fragilidades a nível financeiro e, nas palavras de Guta Moura Guedes, presidente da experimentadesign, a pandemia veio apenas “evidenciar” as “fragilidades” do setor. “O setor colapsou, houve muita gente a ficar sem emprego, e pensámos que devíamos fazer algo contra isso”, referiu, durante o evento de apresentação do projeto.

A ideia passa, assim, por encontrar novos caminhos para a cultura, numa altura em que “há uma certa incapacidade de olhar para o setor”, diz Vítor Santos, Audit Partner da DFK, uma das empresas fundadoras. Isto porque as “empresas não olham para a cultura” porque esta não representa, para eles, “projetos interessantes, bem remunerados”. O projeto vai assim surgir de forma a estabelecer “uma ligação entre o mundo empresarial e os agentes culturais”.

A ReCenter Culture surge com o intuito de colmatar estas lacunas. Como explicado por Guta Moura Guedes, a ideia passa por apoiar as empresas e agentes que constituem o tecido social português a acederem mais facilmente a financiamento nacional e internacional. É por isso que surge, também, a linha SOS Cultura 21, destinada a apoiar agentes culturais nacionais neste âmbito.

Esta trata-se de uma linha pro bono destinada especificamente a apoiar o tecido cultural no âmbito do contexto pandémico, de forma a ajudar a relançar o setor. Como explicado em comunicado de imprensa, a linha “propõe-se a maximizar oportunidades de co-financiamento europeu e nacional”.

Como esclarece ao ECO Vítor Santos, os projetos culturais interessados deverão dirigir-se à ReCenter Culture de forma a pedir o apoio da agência. Numa primeira fase, a experimentadesign irá apoiar os projetos a construírem as candidaturas para a aquisição de investimentos específicos. Depois, caberá à DFK trabalhar num outro âmbito: na “realização de um estudo de viabilidade de procura de financiadores”. O papel da DFK é, assim, ao nível de uma “consultoria de gestão, financeira, fiscal e ao nível dos incentivos”.

Nas palavras do representante da DFK, “os fundos comunitários para a cultura são escassos e não chegam para as necessidades que o mercado precisa” e, por isso, é importante que as empresas possam entrar em contacto com “ideias excelentes e inovadoras”, para que possam “apoiar” estes projetos e “suportar alguns dos projetos” que o tecido social possa criar.

Para que tudo isto seja possível, os fundadores contam com uma rede de parceiros. As empresas KPMG e COTEC serão os parceiros cross-borders deste projeto, que como esclarece a presidente da experimentadesign, tem em vista “projetos” de investimento “mais alargados”. Também a AMP, a Ivity e a Into The Light Field fazem parte deste projeto, desempenhando o papel de apoiar as empresas do setor nos âmbitos da comunicação. Mas também “parceiros de conhecimento” serão considerados, papel que é detido pelo ISEG, 42 Lisboa, Casa da Arquitetura e ESAD.

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