Comissão Europeia vê Portugal a crescer 3,3% no segundo trimestre, mas alerta para impacto de novas restrições

As novas previsões de verão estimam que Portugal vá crescer 3,3% no segundo trimestre, face ao primeiro trimestre. A Comissão Europeia alerta que as novas restrições terão impacto no ritmo da retoma.

A Comissão Europeia considera que a economia portuguesa está a caminho de uma “sólida recuperação”. Contudo, o ritmo da retoma foi “afetado” pela reintrodução de restrições por causa da deterioração da situação epidemiológica. Nas previsões de verão divulgadas esta quarta-feira, Bruxelas estima um crescimento de 3,3% em cadeia no segundo trimestre, acelerando para 3,6% no terceiro trimestre.

“Quase todos os Estados-membros registaram uma descida das novas infeções, mas a emergência da variante Delta está a aumentar a preocupação”, avisa a Comissão Europeia no relatório divulgado esta quarta-feira, dando o exemplo de Portugal que registou um “aumento acentuado” de novos casos por causa da propagação dessa variante. “Ainda que a níveis relativamente baixos comparativamente com os recordes alcançados entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, o número de novas infeções confirmadas no país quase triplicou desde meio de maio”, nota.

Esta situação epidemiológica mais complicada em Portugal vai “afetar” o ritmo da retoma dado que houve uma “reintrodução parcial e temporária das restrições em junho”. Ainda assim, o PIB deverá crescer 3,3% no segundo trimestre, face ao trimestre anterior, após uma queda de 3,2% no início do ano por causa do segundo confinamento.

Na conferência de imprensa, o comissário europeu para a economia, Paolo Gentiloni, deixou claro que a razão para não rever em alta o crescimento de Portugal passa pelo aumento de casos que já se observava antes do fecho destas previsões no final do mês passado, o que irá criar “dificuldades no turismo”. É uma visão “menos otimista” e “mais realista”, classificou Gentiloni, explicando que a diferença face às previsões do Banco de Portugal está na situação epidemiológica diferente que se vivia quando foram divulgadas as previsões que, no caso do banco central, ocorreu antes do aumento das infeções.

“É esperada uma aceleração do crescimento no terceiro trimestre quando o turismo estrangeiro em Portugal deverá aumentar, ajudado pela campanha de vacinação na Europa e a implementação do certificado digital Covid-19 da UE”, antecipa a Comissão Europeia, estimando um crescimento em cadeia de 3,6% entre julho e setembro. Ainda assim, as exportações de serviços deverão manter-se em níveis baixos face ao pré-pandemia.

O principal motor do crescimento deverá ser a procura interna, tal como nos restantes Estados-membros, tanto em 2021 como em 2022, graças à normalização da atividade económica, o aumento do consumo privado e a aceleração do investimento privado e público à boleia do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Outro dos motores, que já se verifica, é o desempenho das exportações de bens que têm crescido significativamente, superando os níveis pré-crise.

Crescimento do PIB e as contribuições de cada componente:

Fonte: Comissão Europeia

No conjunto do ano, os técnicos da Comissão Europeia estimam um crescimento de 3,9%, uma previsão igual à de maio. Esta decisão de não rever em alta a expansão da economia portuguesa em 2021 contrasta com a revisão em alta do Banco de Portugal em junho para um crescimento do PIB de 4,8%. O próprio Governo já admite um crescimento próximo de 5% este ano.

Em 2022, a economia portuguesa deverá crescer 5,1%, na expectativa da Comissão Europeia, superando a média europeia. O PIB português deverá atingir o nível pré-pandemia a meio do próximo ano, cerca de meio ano depois de a média da Zona Euro e da União Europeia atingir esse nível, o que acontecerá já no final de 2021.

(Notícia atualizada às 10h50 com as declarações de Paolo Gentiloni)

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