Crédito Agrícola mantém “Rei dos frangos” à frente da caixa da Lourinhã

José António dos Santos é presidente não executivo da Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã há 30 anos. Vai continuar no cargo apesar das suspeitas, assegura o banco liderado por Licínio Pina.

Detido (mas libertado mediante caução de dois milhões de euros) e arguido na Operação Cartão Vermelho, José António dos Santos, também conhecido como “Rei dos frangos”, vai manter-se no cargo de presidente do conselho de administração da Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã, funções que já desempenha há cerca de três décadas. Isto apesar das suspeitas, que também colocam aquela caixa regional no centro de polémica.

A Caixa Central do Crédito Agrícola, liderada por Licínio Pina e que é a cúpula de uma rede de cerca de 80 caixas regionais, adiantou ao ECO que está atenta aos desenvolvimentos deste processo e assegurou que irá tomar medidas, incluindo uma reavaliação da posição de José António dos Santos como chairman da caixa lourinhanense, se for necessário. Mas deixa as investigações para as autoridades nesta fase.

“O caso em apreço está a ser investigado pelas entidades competentes. A Caixa Central continuará naturalmente atenta ao seu desenvolvimento. E exercerá os deveres que tem em função da gravidade eventualmente detetada incluindo a reavaliação superveniente, se necessário”, frisou fonte oficial da Caixa Central do Crédito Agrícola.

Também lembrou outro detalhe: “A sua reeleição e nomeação mereceram a apreciação do Banco de Portugal ao abrigo do fit & proper para esse efeito”. Com o mandato a terminar no final deste ano, José António dos Santos foi reeleito para mais três anos no final de 2018, mostram os registos societários desta caixa.

José António dos Santos foi detido na passada quarta-feira no âmbito da Operação Cartão Vermelho, juntamente com Luís Filipe Vieira e o filho deste, Tiago Vieira, e ainda o empresário Bruno Macedo.

O Ministério Público acredita que o fundador do grupo alimentar Valouro e amigo de longa data de Luís Filipe Vieira foi um testa-de-ferro do presidente do Benfica em vários negócios que lesaram o Benfica, o Novo Banco e o Estado.

No despacho para a realização de buscas, os procuradores suspeitam que a Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã terá servido para José António dos Santos e advogado André Mateus, também ligado à administração desta caixa, montarem operações de crédito no sentido de esconderem o envolvimento de Vieira em várias transações duvidosas.

Entre outros negócios, o Ministério Público dá conta de apoios financeiros de José António dos Santos para comprar a dívida da Imosteps ao fundo americano Davidson Kempner, num negócio que terá prejudicado o Novo Banco. Também a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a investigar as transações de ações de José António dos Santos com vários acionistas da SAD do Benfica, e ainda um acordo para vender uma posição de 25% da sociedade encarnada a um empresário norte-americano.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Crédito Agrícola mantém “Rei dos frangos” à frente da caixa da Lourinhã

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião