Cheias na Alemanha: Associação seguros calcula prejuízo histórico

  • ECO Seguros
  • 18 Julho 2021

O diretor da GDV, associação de seguradoras, assume que 2021 já é um dos anos de maior prejuízo na Alemanha. Os estragos dos recentes extremos climáticos somam milhares de milhões de euros.

A destruição provocada pelas tempestades que devastaram as regiões da Renânia do Norte-Vestefália e do Palatinado sugere que “os danos serão enormes,” assume Jörg Asmussen, diretor executivo da associação alemã de seguros, citado num comunicado da GDV (Die Deutschen Versicherer).

As chuvas fortes que causaram cheias na Alemanha ocidental, afetando também Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo e Suíça, elevam balanço provisório a, pelo menos, 150 mortos e número ainda indeterminado de pessoas desaparecidas em resultado da catástrofe natural. Na Alemanha, “Está a tornar-se evidente que este ano será um dos mais prejudiciais desde 2013 em resultado de tempestades, inundações, chuvas fortes e granizo.” Já em junho, num período de aproximadamente 10 dias, chuvas fortes e granizo causaram “perdas seguradas estimadas em 1,7 mil milhões de euros,” referiu Asmussen, com base em cálculos provisórios das seguradoras.

Este ano, de 18 a 30 junho, período em que se registou uma das séries de eventos meteorológicos mais devastadores de sempre na Alemanha, a estimativa de danos segurados distribui-se em 1 000 milhões de euros por seguros de propriedade, envolvendo habitações danificadas, bens domésticos, empresas comerciais e industriais. Estimados cerca de 275.000 sinistros com custo arredondado de 700 milhões de euros, as seguradoras do ramo automóvel foram particularmente atingidas por danos causados por granizo. Enquanto as perdas para seguros de propriedades representam o maior prejuízo desde 2002, o ramo automóvel confronta -se com as maiores perdas desde a tempestade de granizo de 1984, em Munique, o mais caro do ramo, com mais de dois mil milhões de euros em perdas de seguros, comparou a GDV.

“No futuro, devemos estar preparados para um aumento na frequência e intensidade deste tipo de eventos,” advertia o representante da indústria seguradora uma semana antes de novos temporais que inundaram parte do território alemão.

Prevenindo sobre as chuvas convectivas que se abateram sobre a Alemanha, entre 14 e 15 de julho, os organismos locais tinham emitido avisos de alerta vermelho para zonas de maior risco de cheias. Dois dias de tempestade de chuva com níveis de precipitação (acima dos 180 litros por metro quadrado) bastante superior aos normais, o site do serviço alemão de emergência e proteção civil mostrava o mapa das zonas mais afetadas, sobressaindo as cidades de Erftstadt e Colónia e arredores.

Fonte: Bundesamt fur Bevolkerungsschutz und Katastrophenhilfe (BBK)

 

Num relatório que detalha ocorrências na Europa central e ocidental, América do norte e Escandinávia, o site da Organização Mundial de Meteorologia (agência da ONU) descreve um “verão de extremos, inundações, calor e fogo.”

Com um metro de solo ainda completamente saturado do mau tempo de junho, o novo extremo meteorológico registado na Alemanha acrescentou, em apenas dois dias, um volume de precipitação equivalente a 2 meses consecutivos de chuva. A tempestade que se abateu sobre a Alemanha neste julho fez transbordar o rio Erft e o Ahr (afluente do Reno) agravando o diagnóstico que vinha do mês anterior nas cotas mais baixas e zonas onde passam linhas de água na região mais ocidental do país. No dia seguinte à catástrofe, Asmussen adiantou: “Esperamos ter uma estimativa atualizada das perdas na próxima semana.”

Na história recente da Alemanha, o registo das maiores inundações (2002 e 2013) está associado à subida de caudais de rios. Considerando os desastres naturais mais ou menos recentes e de custo mais elevado na Alemanha, as cheias de agosto de 2002, também precedidas de um mês muito chuvoso, geraram prejuízos próximo dos 12 mil milhões de euros. Outro evento extremo de chuvas intensas, em junho de 2013, fez subir os caudais dos rios Elba e Danúbio, com cheias de ampla extensão geográfica. Os danos foram estimados em torno dos 9 mil milhões de euros.

Sobre o evento extremo da última semana, o jornal The Guardian realçou que a “dimensão das cheias surpreendeu cientistas.” Fonte da Aon aponta para milhares de milhões de prejuízos para o setor segurador em resultado destes desastres naturais na Europa. Tempestades causadoras de prejuízos ‘multi-billion-dollar’ não são muito comuns na Europa, mas são possíveis “e acontecem,” afirmou Michal Lörinc, analista sénior da equipa Impact Forecasting (Aon).

Recuando às chuvas de junho, o tempo severo que se fez sentir na Europa terá gerado perdas seguradas em torno dos 4 mil milhões de dólares, segundo a líder global em corretagem de (re)sseguro, refere o site especializado Reinsurance news.

Ernst Rauch, geocientista e responsável de temas climáticos na Munich Re, explicou que tempestades como as que causaram as cheias na Alemanha “muito provavelmente associadas às alterações climáticas,” deverão aumentar em intensidade e frequência.

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