Sem contar com stocks, investimento já recuperou da Covid-19

O investimento foi a componente do PIB que melhor resistiu ao impacto da pandemia. Sem contar com os inventários das empresas, o investimento já recuperou do efeito da Covid-19.

Sem contar com a variação dos stocks, o investimento em Portugal já recuperou da pandemia. No segundo trimestre de 2021, o investimento privado e público acelerou para um crescimento homólogo de 12,5%, depois de no primeiro trimestre ter crescido 4,2% apesar do segundo confinamento. O principal responsável por este desempenho é o investimento no setor da construção.

A formação bruta de capital fixo (FBCF) é o indicador usado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para aferir o investimento existente na economia: são ativos fixos como máquinas, equipamentos, meios de transportes, edifícios, propriedade intelectual, entre outros. Este indicador não inclui a variação de existências (stock das empresas) como matérias-primas ou bens destinados à revenda.

Focando a análise da FBCF, esta componente do PIB começou logo por cair no primeiro trimestre de 2020 (-0,3%), mas foi no segundo trimestre que deu a sua grande queda de 8,6%. Apesar de expressiva, esta contração homóloga no pior trimestre da pandemia foi quase metade da variação do PIB nesse período (16,4%). Desde então, o investimento em Portugal esteve sempre a recuperar.

No terceiro trimestre de 2020 cresceu 0,7% em termos homólogos, 1% no quarto trimestre, 4,2% no primeiro trimestre de 2021 e 12,5% no segundo trimestre, de acordo com os dados divulgados pelo gabinete de estatística (INE) esta terça-feira.

Esta recuperação já mais do que compensou a queda provocada pela Covid-19. Comparando o ano de 2019 com o ano terminado no segundo trimestre de 2021, o valor atual já supera o nível pré-pandémico: 36.043,8 milhões de euros comparam com os atuais 36.801,7 milhões de euros, mais 757,9 milhões de euros (+2,1%).

Construção é o motor da retoma do investimento

Mais de metade do investimento é no setor da construção e é este — que praticamente nunca parou durante a pandemia e manteve o dinamismo — que justifica o crescimento do investimento neste período: passou de 17.558,4 milhões de euros no ano de 2019 para 18.853,3 milhões de euros no ano terminado no segundo trimestre de 2021. É uma diferença de 1.294,9 milhões de euro, graças a um crescimento de 7,37% do investimento em construção no último ano.

A ajudar também está o investimento na categoria “outras máquinas e equipamentos e sistemas de armamento” que recuperou totalmente e já apresenta um crescimento de 228 milhões de euros (+2,52%). As restantes categorias ainda não recuperaram do efeito da Covid-19: o caso mais significativo é o do equipamento de transporte (carros, por exemplo), cujo investimento ainda apresenta uma queda de 742,5 milhões de euros (-23,86%).

Nos dados do INE não é possível separar o investimento feito pelo setor privado e pelo setor público pelo que não é possível dizer qual dos dois mais contribuiu para a resiliência desta componente do PIB durante a pandemia.

Contando com os inventários das empresas, o investimento (formação bruta de capital) ainda não recuperou da pandemia, ficando a uma distância de 535,7 milhões de euros (-1,43%). Tal deve-se ao facto de as empresas — seja pela diminuição da procura durante o ano pandémica, seja pelas dificuldades recentes nas cadeias de valor (o exemplo maior é o dos chips) — não terem reforçado os stocks tanto quanto tinham feito em 2019.

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