Nestlé: Como a digitalização está a mudar o perfil dos colaboradores a recrutar

Companhia recruta nas mais diversas áreas, do marketing, a F&C, passando pelo eBusiness e por data analysis, estando também a investir em perfis ligados à sustentabilidade e project management.

A Nestlé está a digitalizar cada vez mais as operações e isso está a mudar o perfil dos colaboradores que procuram na hora de recrutar. O foco é nas competências digitais e soft skills para reforçar a “capacidade de ‘ver mais além’ e de connect the dots” das equipas. A multinacional tem em curso a segunda edição do projeto de ensino dual, com a Escola Profissional de Aveiro, para ensino de alunos do secundário, nas fábricas no Porto e Avanca, cujo novo ano letivo arranca em meados de setembro.

“Há já algum tempo que na Nestlé tínhamos vindo a evoluir os perfis que procuramos no mercado. Temos uma especial atenção naturalmente às competências digitais e analíticas dos candidatos, mas igualmente focamo-nos ainda mais (se o posso dizer) nas soft skills, como sejam a colaboração, capacidade de interagir em contextos multiculturais, curiosidade, etc.”, adianta Maria do Rosário Vilhena, diretora de Recursos Humanos da Nestlé à Pessoas.

“A transformação digital requer de todos nós que repensemos profundamente a forma como trabalhamos, e asseguremos que temos nas nossas equipas a total diversidade de perfis que o mundo atual nos exige. Precisamos de fortalecer as equipas com a capacidade de ‘ver mais além’, de connect the dots, de tomar decisões em contextos de incerteza, e de assegurar as necessárias competências de liderança para o futuro. Importa assegurar a proximidade, o ‘toque humano’, a empatia, num mundo cada vez mais virtual”, continua a responsável.

Escritórios da Nestlé em Carnaxide - 15JUN21

“O próprio processo de recrutamento e de atração de candidatos tem ele também de evoluir e de se transformar, alavancando não só as novas tecnologias, mas também assegurando que nos permite captar o melhor talento num mundo cada vez mais global”, refere a líder de RH da multinacional.

A companhia recruta nas mais diversas áreas funcionais e de atividade, desde ao marketing, a F&C, passando pelo eBusiness e por data analysis. “Estamos também a investir em perfis ligados à sustentabilidade e project management. Especificamente para as fábricas, a nossa procura centra-se atualmente em candidatos com formação técnica, por exemplo, automação, eletromecânica, eletrónica”, adianta.

Processo transversal à empresa

Desde 2016 — altura em que a companhia avançou com o Digital Acceleration Team (DAT) — que a Nestlé tem vindo a levar a cabo um processo de digitalização transversal à empresa.

“Com a informação recolhida por esta equipa começámos a avançar para a fase da personalização onde, de acordo com a informação dada pelos diversos tipos de consumidor, conseguimos construir comunicação, produtos e serviços mais adequados àquelas que sabemos serem as suas necessidades, nutricionais, organoléticas e de conveniência”, explica Maria do Rosário Vilhena.

“Este caminho tem-nos ajudado a compreender a eficácia de cada interação com a marca, a gerar eficiências com uma melhoria na alocação de recursos, a identificar oportunidades de inovação e ampliação de novos lançamentos e a maximizar o valor dos nossos investimentos estratégicos direcionados ao consumidor”, reforça.

Escritórios da Nestlé em Carnaxide - 15JUN21

Desde a fundação do DAT, a Nestlé tem vindo a recolher grandes blocos de data que começaram o ano passado a codificar com a contratação de novas funções como data scientists. “Temos procurado pessoas que combinam o lado da gestão, uma vez que entendem a lógica comercial que está por trás da data, com o lado da estatística e engenharia informática, que tecnicamente está habilitado para trabalhar essa informação, através de capacidades técnicas de codificação informática e matemática”, diz.

Um processo que se estende a toda a área operacional onde estão “a implementar soluções digitais flexíveis e com possibilidade de ganhos de escala ​​para melhorar a nossa capacidade de resposta face a todo o conhecimento que temos do consumidor”, bem como às fábricas que a Nestlé tem em Portugal: a de torrefação de café, no Porto, e dos cereais — onde são produzidos, por exemplo, o Nestum ou a Cerelac —, em Avanca.

“É fundamental que a montante, quer a nossa produção nas fábricas, quer a nossa distribuição estejam também dotadas das mesmas capacidades tecnológicas, para que a companhia avance como um todo e à mesma velocidade. Estamos já a fazer uso de tecnologias como a inteligência artificial, a análise preditiva e a robótica colaborativa para dar suporte à automação de fábrica e à personalização de fim de linha”, adianta.

“A utilização destas tecnologias está também a funcionar como um facilitador da nossa agenda de sustentabilidade. Estamos a intensificar os nossos esforços para construir sistemas e ferramentas que nos permitirão calcular com maior precisão e acompanhar o progresso em áreas como as embalagens sustentáveis, a redução das emissões de carbono e a gestão do recurso água”, destaca ainda.

Ensino dual nas fábricas

A aposta estende-se também à formação para o pessoal da fábrica. No âmbito da iniciativa “Nestlé Needs Youth”, a multinacional está a realizar a segunda edição do projeto de ensino dual que tem com a Escola Profissional de Aveiro (EPA), através do qual “mais de uma dezena de jovens concluem os seus estudos secundários com aprendizagem prática nas Fábricas de Avanca e Porto e no Centro de Distribuição em Avanca, em contexto real de trabalho. O novo ano letivo da segunda edição tem arranque previsto para meados de setembro.

Unidade de produção de café da fábrica Nestlé, Porto - 26OUT20

“Nesta edição, os cursos técnico-profissionais abrangem as áreas de eletrónica, automação e comando, eletrónica e telecomunicações, instalações elétricas, manutenção industrial, áreas nas quais o contexto destas Fábricas e Centro de Distribuição é muito proficiente. Este curso contemplará ainda uma bolsa de reconhecimento atribuída aos alunos pela sua assiduidade, desempenho e comportamento, quer na componente teórica, quer na componente prática”, adianta a responsável de RH.

Ainda ao nível da formação, a Nestlé lançou, em 2019, uma parceria com a Microsoft permitindo que os estagiários em formação nas fábricas obtivessem uma certificação em competências digitais.

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