Patrões censuram “juízo moral” de Costa nas críticas à Galp

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) não gostou de ouvir o secretário-geral do PS, António Costa, a “caracterizar as decisões empresariais com base num suposto juízo moral” sobre o encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos.

Questionado pelo ECO durante a apresentação de um barómetro empresarial realizado em parceria com o ISCTE, o membro da comissão executiva da CIP, Óscar Gaspar, fez “votos para que não haja aqui um discurso sistemático de anátema em relação à iniciativa privada”.

“Recordo que são as empresas que criam valor, que aguentaram o emprego no último ano e meio, que são as empresas que criam a atratividade e a competitividade do país. Lamentamos que, ao longo dos anos, a atividade económica não seja mais acarinhada”, acrescentou o gestor.

No domingo, o secretário-geral do PS lançou ontem fortes críticas à petrolífera, dizendo ser “difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade” como neste caso. E prometeu até dar uma “lição exemplar” à empresa.

"As decisões dos agentes económicos pautam-se, basicamente, por um racional económico e movem-se de acordo com o enquadramento legislativo, financeiro e fiscal.”

Óscar Gaspar

Membro da direção da CIP

Nesta conferência de imprensa, Óscar Gaspar lembrou o também primeiro-ministro de que “as decisões dos agentes económicos pautam-se, basicamente, por um racional económico e movem-se de acordo com o enquadramento legislativo, financeiro e fiscal”.

“É isso que está em causa. Não há aqui, com toda a certeza, nenhum juízo de valor em relação a este tipo de comportamentos”, finalizou o porta-voz da CIP, lembrando a importância do problema da transição climática, cujo “reconhecimento” está refletido na orgânica do governo, numa referência à designação do Ministério do Ambiente e Ação Climática.

As declarações do líder socialista, proferidas durante uma iniciativa da campanha eleitoral para as autárquicas em Matosinhos, estão a ser criticadas pelos partidos da oposição, da esquerda à direita, e pelos próprios representantes dos trabalhadores da empresa, que acusam António Costa de nada ter feito para travar a decisão tomada em dezembro do ano passado pela empresa de energia, em que o Estado detém uma participação de 7%, através da Parpública.

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