Banco Montepio põe à venda carteira de malparado de 300 milhões

Banco está a estudar transferência de de 1.000 milhões em ativos problemáticos para um veículo. Enquanto operação não avança, pôs à venda uma carteira de malparado de 300 milhões, apurou o ECO.

Novo Banco, BCP, Caixa Geral de Depósitos e agora… Montepio. O banco liderado por Pedro Leitão também está no mercado para vender uma carteira de malparado com o valor contabilístico bruto de 300 milhões de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

Em causa está o chamado “Projeto Gerês”, uma carteira de crédito em incumprimento granular, cujo processo está a ser gerido pela KPMG, adiantaram duas fontes do mercado ao ECO. O montante de 300 milhões diz respeito ao valor dos créditos em termos brutos, isto é, não inclui as imparidades registadas pelo banco para este conjunto de contratos de empréstimos.

São vários os bancos com carteiras de ativos problemáticos no mercado, em alguns casos em fases mais avançadas, numa altura em que se preparam para o impacto do fim das moratórias bancárias. Mas esta operação reveste-se de especial importância para o Banco Montepio, que tem um dos rácios de ativos tóxicos mais elevados do sistema português.

A instituição financeira, controlada pela Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), chegou a junho com um rácio de NPE (non performing exposure) de 9,3%, segundo as contas do segundo trimestre. Isto quando o sistema bancário apresenta um rácio de NPL (nonperformingloans) de 4,3% na mesma data, abaixo dos 5% exigidos pelas autoridades europeias.

Na semana passada, os analistas da Fitch destacaram que o elevado nível de ativos problemáticos deixa o Montepio em posição de maior vulnerabilidade em relação aos outros bancos na transição para o fim das moratórias.

Contactado pelo ECO sobre esta operação, o banco não quis fazer qualquer comentário.

O banco avança para esta transação numa altura em que, juntamente com o acionista AMMG, se encontra a estudar a transferência de uma carteira de malparado e imobiliário entre os mil milhões e os dois mil milhões de euros para um veículo financeiro especializado, conforme o ECO revelou em primeira mão em março.

O objetivo passa por desconsolidar uma carteira de ativos tóxicos (carve-out) de forma a libertar capital no banco.

Esta solução ainda se encontra em estudo, sendo que o presidente da mutualista, Virgílio Lima, adiantou ao Jornal de Negócios (acesso pago) que o veículo estará pronto até final do ano, mas a operação ainda está dependente da “luz verde” do Banco de Portugal, que tem pressionado o grupo a encontrar uma solução estrutural para o problema do malparado.

“Conceptualmente está tratado. É um trabalho que se prolongou mais do que esperávamos inicialmente, mas há aqui que fazer avaliações exaustivas de muitos imóveis, do seu valor atual e potencial também destes créditos. (…) Mas antes de podermos implementar seja o que for, tudo isto tem de ser sancionado pelos supervisores do banco, sendo que os supervisores do grupo também estão a acompanhar esta situação”, disse Virgílio Lima em entrevista ao jornal.

O banco, que tem em curso um plano de reestruturação que está a implicar a saída de centenas de trabalhadores e o fecho de dezenas de agências, registou prejuízos de 33 milhões de euros no primeiro semestre. Virgílio Lima antecipou que a instituição financeira vai fechar o ano com prejuízos de “dezenas de milhões de euros”.

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