Clássicos saem da garagem e dão “boleia” a 40 mil no Porto

Após uma edição cancelada pela pandemia, a AutoClássico está de volta à Exponor. Maior mostra ibérica de veículos clássicos e de colecionador junta mais de 250 expositores e espera 40 mil visitantes.

A AutoClássico Porto arranca este sábado na Exponor. Ao longo de dois dias, a XVIII edição da maior mostra ibérica de veículos clássicos e de colecionador vai reunir mais de 250 expositores e são esperados cerca de 40 mil visitantes. É considerada a verdadeira “meca” para os aficionados dos clássicos.

Os primeiros exemplares da Jeep, Renault 4L, Jaguar E-type ou Ford Felcom são apenas alguns dos automóveis clássicos que vão estar expostos em Matosinhos durante este fim de semana. As duas rodas também vão marcar presença. Desde a BMW R 850 GS até à Suzuki GSX 1100 EF, vários ícones das motas vão marcar presença nesta montra.

Pedro Filipe, representante da Eventos Motor, conta ao ECO que esta iniciativa “é um mundo para os entusiastas de clássicos”, acreditando que os apreciadores deste tipo de automóveis, motos e peças estão “desejosos de retomar o seu hobby e a atividade, quer na compra, quer na venda, já que no ano passado [a feira] não se realizou devido à pandemia”.

O evento celebra este ano algumas datas marcantes para o universo motorizado. A começar pelos 135 anos do automóvel, os 50 anos do Fiat 127 — icónico modelo italiano dos anos 1970 e que em Portugal vendeu mais de 3,8 milhões de unidades –, os 35 anos do BMW M3, os 80 anos do primeiro exemplar da Jeep (produzido no período da Segunda Guerra Mundial pelo governo americano para transportar os soldados), os 60 anos da Renault 4L ou os 60 anos do Jaguar E-type, verdadeiro ícone dos anos 1960.

Nas motos clássicas, Mário Campos, 60 anos, vai levar ao AutoClássico Porto cerca de 20 exemplares e algumas miniaturas. Suzuki GSX 1100 EF, Honda little, Aprilia Af1 125, BMW R 850 GS são algumas motas que o vendedor de Vila Nova de Gaia vai expor no evento. Dos mil aos 25 mil euros, tem motos para todos os gostos e carteiras.

Mário Campos sublinha que antes de a pandemia chegar, o mundo das motos antigas estava em “perfeita explosão” e o setor assistia a um boom ao nível da procura. Em jeito de brincadeira, assinala que para quem gosta muito de motos clássicas e só pode ter uma, então o Santo Graal é a Honda CB 750 four, das décadas de 1960/70.

Ligado ao mundo das motos há 45 anos e às clássicas desde 2006, Mário Campos confessa o entusiasmado com este evento, que será uma boa forma de voltar a estabelecer contactos. “Depois de um ano e meio parado, finalmente vamos conseguir ver carros e motos antigas. As pessoas já sente faltam disto”, realça o empresário gaiense.

O Clube de Automóveis Antigos de Castelo Branco (CAACB) também está no AutoClássico Porto. Márcio Fernandinho, presidente do Clube que tem quase 500 sócios efetivos, frisa ao ECO que “este tipo de eventos de cariz nacional e internacional é uma boa montra para o trabalho” que desenvolvem.

No stand do Clube de Automóveis Antigos de Castelo Branco, os visitantes vão ter a oportunidade de ver algumas relíquias, como o primeiro automóvel de corridas de fabrico português — o Falcon de 1929 — e a IndianBoardTrack, uma moto de corridas de 1927.

“Temos um stand para expor automóveis e motociclos e vamos aproveitar para divulgar o CAACB e o Grande Prémio Histórico de Castelo Branco – Circuito Corrida da Rampa, que não se realizou devido à Covid-19. É uma “prova dedicada a automóveis pré-guerra, de fabrico até 1939”, conta Márcio Fernandinho, ligado ao clube albicastrense desde a fundação, em 1998, e filho de um dos sócios fundadores.

José António Santos vai expor motos antigas e artigos de automobília. Do portefólio fazem parte peças novas e usadas para carros, de decoração, como letreiros luminosos de marcas de automóveis, lubrificantes ou clássicos em miniatura. Vende este tipo de artigos como hobby e tem uma garagem em casa onde confessa passar muitas horas.

Aos 62 anos, diz que está ligado aos clássicos “desde sempre” e é um apaixonado por carros clássicos. “Os carros novos não me dizem nada“, salienta. Na garagem tem um Peugeot 504 de 1974 e um Peugeot 104 de 1980.

Pandemia “desenterrou” alguns clássicos

O confinamento e o teletrabalho levaram os consumidores a alterar hábitos de consumo, a reformular espaços e até a aproveitar para fazer restauros de clássicos que estavam parados na garagem, à espera de tempo e dedicação.

Pedro Filipe, representante da Eventos Motor, confirma a tendência. “As pessoas acabaram por se entreter a restaurar os seus clássicos. Foram desenterrar uma mota velha do avô que tinham em casa e estava parada há anos, por exemplo, e como tinham de estar confinados, avançaram com alguns restauros”.

O presidente do Clube de Automóveis Antigos de Castelo Branco, Márcio Fernandino, corrobora a ideia. As pessoas “[despertaram] para terminar projetos que estavam parados” e a pandemia acabou mesmo por ajudar alguns clássicos a ‘sair da garagem’. No entanto, lembra o outro lado da moeda: estiveram “estagnados” e não conseguiram desenvolver normalmente a atividade.

Mário Campos, que vende motos clássicas, não concorda. Antes da pandemia vendia entre 70 a 80 motos clássicas por ano; em 2020 vendeu apenas uma. “As pessoas pararam, desmotivaram, atemorizaram-se. Foi horrível. Aqueles que vendem, que restauram, todos perderam durante um ano e meio”, argumenta.

José António Santos, vendedor de artigos de automobília, alinha mais nesta última tese, tendo sentido “uma quebra na procura” por este tipo de produtos. Mesmo reconhecendo que, ao contrário do seu caso, algumas pessoas possam ter aproveitado a pandemia causada pelo coronavírus para restaurar clássicos.

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