Bloco e PCP atacam maioria absoluta do PS. PAN abre a porta a entrar no Governo

BE e PCP dizem que PS está focado na maioria absoluta e, tal como em 2019, atacam os socialistas por o ambicionarem. Já o PAN mostra disponibilidade para negociar e fazer parte do próximo Governo.

A entrevista do primeiro-ministro à RTP esta segunda-feira foi a primeira desde que o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) foi chumbado e o Presidente da República decidiu convocar eleições legislativas antecipadas para 30 de janeiro, dissolvendo a Assembleia da República no final deste mês. As reações às palavras de António Costa não tardaram a chegar: do lado do PCP e do Bloco, vieram acusações ao PS de querer uma maioria absoluta em vez de negociar e dialogar à esquerda; do lado do PAN, que se absteve na votação do Orçamento, há abertura para negociar com quem ganhar as eleições e para ir para o Governo.

Maioria absoluta do PS aumenta “recusa das medidas” que o país precisa

O líder parlamentar do PCP aponta que as declarações de António Costa são “a confirmação de que o PS não queria de facto ter Orçamento”, mas antes ir a eleições “para alcançar uma maioria absoluta”. Para João Oliveira, o primeiro-ministro não explicou “porque é que o Governo não saiu da mesma posição” em relação a algumas propostas dos comunistas, elencando o salário mínimo, a habitação e o SNS, como exemplos.

Nesse sentido, o partido avisa que “o reforço na votação do PS será um sinal à esquerda para que não reivindique aquilo que tinham andado a reivindicar”. “Se houver maioria absoluta o que isso significará é muito mais força à resistência e à recusa das medidas e da propostas de que o país precisa”, sinalizou João Oliveira.

Os comunistas negam que tenham colocado a “fasquia muito alta” na negociação do Orçamento do Estado e reiteram que não defenderam “nada que fosse irrealizável”. Por fim, o PCP diz ainda que nas eleições, marcadas para 30 de janeiro, os portugueses “têm de fazer uma opção muito clara” do caminho que querem que o país siga.

BE acusa PS de estar “mais preocupado” com maioria absoluta do que em dialogar

O Bloco de Esquerda acusou esta terça-feira o PS de estar “mais preocupado” em alcançar uma maioria absoluta do que em resolver os problemas do país, mas reiterou a disponibilidade para dialogar, centrando-se mais no conteúdo do que na forma. “Já dissemos e repito essa nossa disponibilidade de diálogo sob qualquer chapéu que lhe queiramos dar, sob qualquer nome de batismo”, afirmou o líder parlamentar bloquista.

O dirigente do BE alertou, no entanto, que “mais do que discutir a forma, é importante discutir o conteúdo”. E apontou que o seu partido colocou “em cima da mesa matérias importantes que o Governo não responde com a seriedade da sua análise, com os números que deveria responder”.

Na ótica do BE, o Governo está mais concentrado em “criar confronto político com os partidos à esquerda, mais preocupado em ambições políticas, mais preocupado em maiorias absolutas do que a resolver os verdadeiros problemas do país”.

PAN diz que novo Governo alemão é um “bom exemplo”

O partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN) elogiou esta terça-feira as negociações de formação do Governo na Alemanha entre o SPD (sociais-democratas), os Verdes e os Liberais. “É um bom exemplo” ter vários partidos no Governo, é “mais democrático”, disse Nelson Silva, deputado do PAN, garantindo que o partido continuará com uma “capacidade muito grande negociar” e com uma “postura de diálogo e de construção de pontes”. Estas declarações foram transmitidas pela RTP3 a partir do Parlamento onde o PAN reagia à entrevista do primeiro-ministro desta segunda-feira.

O deputado notou que o partido sabe “ceder quando temos de ceder” e que se apresentará às eleições de 30 de janeiro com uma “solução alternativa e viável”. Essa alternativa tem de ser “ecologista, humanista e animalista” e com o compromisso de “dialogar com qualquer partido do espetro democrático”, consoante os resultados das eleições. “Os portugueses perceberam que somos um partido responsável e que fazemos política de forma diferente“, disse o deputado.

Relativamente à ida para o Governo caso o PS vença as eleições sem maiorias, Nelson Silva garante que “isso não está em cima da mesa de todo” neste momento e que uma eventual decisão cabe à comissão política nacional. Mas, a acontecer, essa coligação pós-eleitoral teria de ser “bem negociada”, notou. Este domingo o Observador noticiou que o PAN rejeita coligações pré-eleitorais, mas admite integrar um Governo do PS ou PSD, colocando a linha vermelha nos “partidos não democráticos” ou “esquerda radical”, ou seja, Chega, Bloco e PCP.

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