Empresário de Viseu garante que proposta de dez milhões pela Dielmar “mantém-se firme e inalterada”

Cláudio Nunes confirma ao ECO que a proposta milionária de dez milhões pela fábrica de Alcains "mantém-se firme e inalterada". Empresário nega estar envolvido em crimes de burla e falsificação.

A um dia da assembleia de credores, que possivelmente irá ditar o futuro da empresa de vestuário de Alcains, o empresário de Viseu que ofereceu dez milhões de euros pela Dielmar, garante ao ECO que a proposta “mantém-se firme e inalterada” e que “poderá ser discutida na próxima assembleia de credores marcada para 10 de novembro”, adianta ao ECO, Cláudio Nunes.

Com o surgimento desta proposta milionária, 25 vezes superior à proposta do proprietário da Outfit21 (410 mil euros, acrescido de um valor para o pagamento dos salários de outubro), a última assembleia de credores de 26 de outubro acabou por ficar suspensa para que “os credores conseguissem analisar as duas propostas que estavam em cima da mesa”.

Cláudio Nunes explica que, contrariamente ao que tem sido veiculado, “a suspensão da última assembleia de credores não se prendeu com a proposta que apresentou, mas sim com a pendência de financiamento da proposta apresentada pela Outfit21″, que está oficialmente fora da corrida depois de ver recusado o empréstimo de que dependia a proposta de compra.

O empresário de Viseu prometeu transferir no dia seguinte à assembleia de credores, sem contrapartidas, dois milhões de euros à massa insolvente com o objetivo de pagar os salários de outubro dos 242 trabalhadores. e mais oito milhões aquando da tramitação legal.

Duas semanas depois, Cláudio Nunes não fez o prometido. O empresário de Viseu justifica que “não poderia realizar o depósito, uma vez que, perante a lei vigente não se tratando de uma compra, não poderá haver lugar a caução/sinal a favor da massa insolvente”.

Cláudio Nunes garante que “a documentação legal que materializa a proposta apresentada, será entregue atempadamente ao administrador de insolvência que certamente a divulgará junto dos representantes dos credores”.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa, Marisa Tavares, adianta ao ECO que esta terça-feira está marcado outro encontro com os trabalhadores e que enviaram um abaixo-assinado para o Ministério da Economia a “exigir o pagamento dos salários do mês de outubro”.

O Jornal de Notícias noticiou que o” Governo está a trabalhar numa situação de última hora. Segundo o presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, “ainda existe uma luz ao fundo do túnel”.

Uma fonte ligada às negociações confirmou ao mesmo jornal que o “Governo está em contacto com um empresário que poderá apresentar uma proposta na derradeira assembleia de credores. Se não for nesse dia, poderá fazê-lo depois, propondo retomar a empresa e ir contratar alguns trabalhadores, que poderão ser menos, ao desemprego. Enquanto isso, está a ser trabalhado num plano que agilize os pagamentos pelo Fundo de Garantia Salarial a todos aqueles trabalhadores se a fábrica fechar”.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa diz que o Fundo de Garantia Salarial “não é nenhuma salvaguarda, nem nenhum trunfo para os trabalhadores, mas sim um direito. Os trabalhadores têm direito ao Fundo de Garantia Salarial num processo definitivo, como teriam em qualquer outro processo de insolvência”, sublinha Marisa Tavares.

Empresário nega estar envolvido em crimes de burla e falsificação

O Público noticiou que o autor da alegada proposta milionária está acusado pelo Ministério Público, em abril deste ano, de crimes de burla e falsificação, citando fontes a declarar que o jovem “nada tem” em dinheiro ou outros ativos, “vive com a avó e conduz um Twingo vermelho”.

Questionado se quer comentar os processos judiciais que está envolvido, o empresário de Viseu justifica que a notícia publicada a 30 de outubro, relativa a alegados crimes de burla e falsificação, “não corresponde à verdade dos factos”.

A nível empresarial, Cláudio Nunes conta que tem negócios na área da moda, que vão desde a criação ao desenvolvimento e fabrico de marcas próprias. O empresário de Viseu diz ainda estar ligado a consultoria ao nível da cibersegurança e ao desenvolvimento de soluções tecnológicas para empresas.

“Conheço a cadeia de abastecimento e logística, bem como, o valor acrescentado quer dos canais retalhistas, quer os de distribuição grossista nacionais e internacionais”, conclui Cláudio Nunes.

Esta quarta-feira decorre a assembleia de credores da Dielmar. Com a Outfit 21 fora da corrida e os salários do mês de outubro em atraso, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa, Marisa Tavares, admitiu ao ECO, que “não havendo propostas para viabilizar a empresa, o único caminho é o encerramento definitivo”.

O anúncio de insolvência da Dielmar foi publicado no final de julho após quebras nas vendas devido à pandemia. Até março, a empresa liderada por Ana Paula Rafael faturou pouco mais de 700 mil euros, quando no ano anterior tinha registado um volume de negócios da ordem dos cinco milhões de euros.

A Dielmar era uma das maiores empregadoras da região da Beira Baixa e deixou uma dívida ao Estado de oito milhões de euros, à banca de cerca de seis milhões e ainda 2,5 milhões a fornecedores e 1,7 milhões à Segurança Social. O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse mesmo que o dinheiro público não serve para salvar empresários” e reconheceu que “se calhar” o Estado não vai recuperar o montante que tinha concedido à empresa.

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