Galp anuncia parceria com suecos da gigante Northvolt para o lítio

A nova refinaria de lítio em Portugal deverá ser construída no complexo de Sines (local não está 100% fechado) em parceria os britânicos da Savannah, tal como está no projeto entregue ao Governo.

A Galp vai finalmente anunciar uma parceria com os suecos da gigante Northvolth para a cadeia de valor das baterias de lítio. Ao fim de conversações que duram há mais de um ano, a empresa convocou os jornalistas para a apresentação pública esta terça-feira do projeto industrial da Galp na Cadeia de Valor da Baterias para veículos elétricos, que inclui a construção de uma refinaria de lítio em Portugal.

O Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, participará no “evento de apresentação do anúncio de parceria entre a Galp e a Northvolt”, revela uma nota de agenda enviada esta segunda-feira.

De acordo com os projetos Agenda CVB – Cadeia de Valor das Baterias de Lítio, entregue pela Petrogal aos fundos do PRR e às agendas mobilizadoras do Ministério da Economia, com um investimento total de 980 milhões de euros, o mesmo é liderado pela Galp, mas inclui muitas outras empresas.

Entre elas a Savannah Lithium (123,7 milhões de euros) e ainda a Aurora Lithium (387 milhões de euros), sendo esta formada então pelos suecos da Northvolt e pelos canadianos da Nemaska Lithium.

Co-financiada pela União europeia, a Aurora Lithium AB é um player industrial integrado no fabrico de baterias em grande escala. “O objetivo da empresas é promover o desenvolvimento de uma cadeia de valor europeia de baterias começando na extração de matérias-primas. Além disso, Aurora Lithium promoverá I&D, transferência de tecnologia, desenvolvimento de habilidades, bem como um ecossistema de PMEs e empresas do setor de matérias-primas”, pode ler-se do site do organismo europeu EIT RawMaterials.

Já a Northvolt foi fundada em 2015 e financiada pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) em 350 milhões de euros e tem planos para construir as maiores fábricas de baterias de lítio da Europa, para automóveis elétricos e armazenamento de energia, que deverão atingir plena capacidade em 2023.

A Northvolt quer rivalizar com a norte-americana Tesla e está ativamente à procura de fornecedores de níquel, cobalto e lítio.

Depois de muito mistério, o projeto entregue ao Ministério da Economia revela que Sines foi afinal o local escolhido pela petrolífera portuguesa Galp e pela mineira britânica Savannah Resources para “implementar uma refinaria sustentável de processamento de lítio em Portugal, que produza entre 25 a 35 mil toneladas por ano de lítio refinado de elevada qualidade (battery grade), suficiente para a produção de mais de 1 milhão de veículos elétricos por ano na UE”.

Para isso, garantem manter a “coesão territorial nos locais de implementação da mina e refinaria, respetivamente Boticas e Sines”, de acordo com a síntese do projeto divulgada aos jornalistas pelo Ministério da Economia, e que foi entregue pela mão das próprias empresas às Agendas Mobilizadoras para a Reindustrialização e Agendas Verdes para a Inovação Empresarial.

Contactada pelo ECO/Capital Verde, fonte oficial da Galp confirmou que avançou de facto com a localização de Sines na candidatura aos fundos do PRR, mas continua a dizer que o local de construção da refinaria de lítio não está ainda 100% fechado. A refinaria de Matosinhos, mais a norte, chegou a ser falada como uma opção, após o seu fecho, mas essa hipótese foi sempre negada pela Galp.

O projeto da Galp, tal como foi como apresentado, já está pré-selecionado e entre os 64 finalistas, sendo um dos 12 escolhidas também para as Agendas Verdes) e propõe-se a investir 980,5 milhões de euros para estabelecer uma operação mineira sustentável em Portugal, que produza entre 170 a 200 mil toneladas por ano de espodumena.

Mas também implementar uma refinaria sustentável de processamento de lítio. O único entrave à sustentabilidade neste plano, é que o lítio terá de viajar quase 600 km desde a mina do Barrroso da Savannah, em Boticas (onde é extraído e concentrado), até Sines, onde será então refinado, aumentando a pegada carbónica de toda a operação. Nos planos que envolvem a Savannah está previsto também potenciar a assemblagem e reciclagem de baterias de lítio em Portugal.

“A Agenda Cadeia de Valor das Baterias de Lítio em Portugal encontra-se estruturada em sete Work Packages: 1. Mineração, 2. Refinação, 3. Baterias, 4. Economia Circular, 5. Qualificação e Competências, 6. Promoção e Divulgação e 7. Gestão da Agenda”, pode ler-se na síntese de projeto do Ministério da Economia.

O ECO/Capital Verde tinha já avançado em outubro que iria finalmente ser construída uma refinaria de lítio em Portugal, com o Governo a ter conhecimento do projeto e o mesmo a ser submetido às Agendas/Alianças Mobilizadoras para a Reindustrialização e Verdes para a Inovação Empresarial que foram abertas no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência, disse em entrevista o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.

“Vai haver certamente uma refinaria de lítio em Portugal. Ainda não existe nenhuma na Europa mas sabemos — não me cabe a mim divulgá-lo — mas sim foi-me apresentado um projeto por empresas (sim, o Governo reúne com empresas, para espanto de muitos) e sabemos que concorreu às agendas mobilizadora para a indústria um projeto para a construção de uma refinaria de lítio em Portugal”, disso o ministro em entrevista ao ECO/Capital Verde.

O ministro anunciou ainda que o concurso para a prospeção de lítio em áreas já selecionadas e submetidas a avaliação ambiental vai ser lançado “no início do próximo ano”.

“Vamos ter certamente exploração de lítio e feita de forma justa”. Não será é tão cedo quanto desejado, anuncia. “Nós queremos muito lançar o concurso para a prospeção, mas já não vai ser este ano, porque a consulta pública acaba a 10 de dezembro. Vai ser no início do próximo ano”.

Mais cedo, espera o ministro, arrancará no terreno a extração e produção de lítio na mina de Boticas, da Savannah. “Temos também uma forte expectativa do que será a decisão da Avaliação de Impacto Ambiental da mina do Barroso, em Boticas. Por isso acreditamos que essa sim é aquela que está mais perto (se tiver uma DIA positiva e espero que venha a acontecer) de avançar o quanto antes. E aí já estamos a falar de produção e não só prospeção”, rematou o ministro.

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