Painel de Riscos ASF: Ómicron põe macroeconomia sob risco máximo

  • ECO Seguros
  • 28 Dezembro 2021

Propagação das infeções pela nova variante do coronavírus SARS-CoV-2 acrescenta incerteza, elevando níveis de volatilidade nos mercados. Sinistralidade com cenário gravoso em alguns ramos de seguro.

A avaliação dos principais riscos do setor segurador nacional permanece condicionada pela incerteza decorrente dos impactos da pandemia de COVID-19, mantendo-se os riscos macroeconómico no nível alto e tendência constante, segundo o mais recente Painel de Riscos do Setor Segurador da Autoridade de Supervisão (ASF) elaborado com variáveis financeiras até 15 de dezembro e indicadores da indústria seguradora reunidos no final do 3º trimestre 2021.

"persiste um clima de incerteza significativa no seio da esfera macroeconómica, o que justifica a manutenção da categoria de riscos macroeconómicos em nível alto”

Painel de Riscos do Setor Segurador

ASF

O controlo da pandemia e o aumento gradual dos níveis de vacinação da população refletiu-se na recuperação da atividade económica a nível doméstico e internacional. Porém, o mais recente aumento de casos de infeção, bem como o surgimento da nova variante Ómicron, motivou a reintrodução de medidas restritivas, “aumentando a incerteza quanto à evolução da pandemia, e consequente impacto no processo de retoma económica,” lê-se no último painel de riscos deste ano.

Avaliação dos Riscos

O nível dos riscos é representado pelas cores: vermelho – alto; laranja – médio-alto; amarelo – médio-baixo; e, verde – baixo. A tendência de evolução dos riscos refere-se à alteração face ao último trimestre e é representada pelas setas: ascendente – aumento significativo do risco; inclinada ascendente – aumento do risco; lateral – constante; inclinada descendente – diminuição do risco. Fonte: ASF.

Adicionalmente, refere a ASF na introdução ao último relatório trimestral Painel de Riscos, “mantêm-se as preocupações sobre a capacidade dos agentes económicos de suportarem a gradual reversão das medidas de apoio, agravadas pelo impacto das pressões inflacionistas” resultantes da rápida reabertura da economia e do aumento dos preços dos produtos energéticos. Assim, “persiste um clima de incerteza significativa no seio da esfera macroeconómica, o que justifica a manutenção da categoria de riscos macroeconómicos em nível alto“.

Em relação aos riscos de mercado, única categoria com seta de tendência ascendente no painel, “assistiu-se a um aumento dos níveis de volatilidade nos mercados obrigacionistas e acionistas,” indica o documento produzido pelo Departamento de Análise de Riscos e Solvência da ASF.

"o rácio global de solvência excluindo o efeito da Medida Transitória sobre as Provisões Técnicas (MTPT) fixou-se em 181,9%”

Painel de RIscos do Setor Segurador

ASF

Entre os meses de setembro e dezembro os níveis de volatilidade nos mercados obrigacionistas “aumentaram de forma expressiva”, com os prémios de risco da dívida “a registarem variações, ainda que comedidas, de valor positivo,” justificando-se, segundo a Supervisão, manutenção da avaliação das categorias de riscos de crédito e mercado em médio-baixo e médio-alto, respetivamente, apresentado a última uma “tendência no sentido ascendente”.

Ao nível dos riscos de liquidez, destaca-se o ligeiro decréscimo registado no rácio de liquidez dos ativos, enquanto o rácio de entradas sobre saídas manteve uma trajetória ascendente. Quanto à solvabilidade do setor segurador nacional, esta também evoluiu favoravelmente no terceiro trimestre do ano. Assim, a avaliação de ambas as categorias referidas, permaneceu no nível médio-baixo.

Na análise detalhada do par Riscos de Rendibilidade e Solvabilidade, o rácio entre o ativo e o passivo das empresas de seguros também prosseguiu no sentido ascendente, fixando-se em 114,8%. A solvabilidade do setor segurador nacional também evoluiu favoravelmente no terceiro trimestre de 2021, com o rácio global de solvência a registar um valor de 215,1%, mais quatro pontos percentuais que no trimestre anterior, enquanto o rácio global de solvência excluindo o efeito da Medida Transitória sobre as Provisões Técnicas (MTPT) fixou-se em 181,9%.

Nos riscos específicos do ramo Vida, assistiu-se a uma “desaceleração notória” da produção, face ao trimestre anterior, verificando-se “aumento do valor anualizado dos prémios brutos emitidos de 12,7%, menos 21,2 pontos percentuais em relação.” Ainda assim, o crescimento mantém um “nível apreciável, influenciado pelo crescimento dos seguros de Vida Ligados”. Por outro lado, persistem importantes vulnerabilidades neste ramo, decorrentes dos desafios colocados pelo ambiente de taxas de juro muito baixas.

Quanto aos ramos Não Vida, a produção anualizada aumentou 2,2% no terceiro trimestre de 2021. A taxa de sinistralidade anualizada aumentou ligeiramente nos ramos Doença e Incêndio e Outros Danos, enquanto nos restantes principais segmentos não se verificaram variações de relevo. Não obstante, “o atual contexto económico e social antecipa um cenário de normalização, tendencialmente mais gravoso para a evolução da sinistralidade para algumas linhas de negócio“, na sequência do levantamento das medidas de restrição e da retoma económica. Assim, continua autoridade, “justifica-se a manutenção de ambas estas categorias de riscos em médio-alto”.

No que concerne aos riscos de interligações, a “exposição à dívida soberana nacional manteve-se em 17,2% do total das carteiras de investimento,” a ASF não observou “variações de relevo” nesta categoria de risco, mantendo-se a respetiva avaliação em médio-alto.

O atual painel considera variáveis financeiras relativa a 15 de dezembro de 2021, conjugada com os dados reportados pelas empresas de seguros com referência a 30 de setembro de 2021.

O Painel de Riscos, publicação trimestral, é uma das ferramentas utilizadas pela ASF para a identificação e mensuração dos riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira, tendo por base um conjunto de indicadores, e considerando 6 categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade, interligações, específicos de seguros Vida e específicos de não Vida.

O Painel de Riscos de Setor Segurador – dezembro de 2021, na íntegra, está acessível aqui

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