Sobrevalorização dos preços das casas pode ser “menor” do que o estimado, admite supervisor europeu

Comité Europeu do Risco Sistémico (ESRB) diz que há duas variáveis que não são tidas em conta nos cálculos dos preços das casas e que, por isso, a sobrevalorização poderá ser menor do que o estimado.

Não é de agora que se diz que os preços das casas estão sobrevalorizados. Mas, tal como o Banco de Portugal (BdP) já tinha alertado no final de 2020, também o Comité Europeu do Risco Sistémico (ESRB) considera que esta sobrevalorização poderá ser “menor” do que a estimada. Isto porque há duas variáveis que não são tidas em conta nos cálculos: a procura de casas por estrangeiros e a procura de casas para efeitos de alojamento local.

“Os preços da habitação em Portugal têm vindo a crescer significativamente a médio prazo, estimando-se atualmente que estejam sobrevalorizados”, refere o banco central, no relatório “Vulnerabilidades no setor imobiliário residencial nos países da Zona Euro”, divulgado esta sexta-feira por aquele supervisor europeu. Desde 2016 que a evolução dos preços tem apresentado uma “tendência ascendente”, com subidas entre os 6% e os 11%.

Em 2018, as estimativas do BdP indicavam que os preços da habitação tinha voltado a sobrevalorizar — um aumento de 33% entre o segundo trimestre de 2013 e o segundo trimestre de 2018. Contudo, as estimativas feitas com base nos modelos do Banco Central Europeu (BCE) sugerem que essa sobrevalorização desceu para 6% no quarto trimestre de 2020 e no primeiro trimestre de 2021.

Mas, fica o alerta. “Ambas as estimativas estão sujeitas a uma incerteza considerável”, lê-se no relatório. E isto porque as estimativas “não têm em conta alguns dos impulsionadores dos preços da habitação, como a procura de não residentes e a procura por imóveis para atividades turísticas”. E, “assumindo que essa procura se mantém”, isso “significaria que a atual sobrevalorização [dos preços] é menor”.

Ainda assim, aquele Comité alerta que “esse pressuposto precisa de ser encarado com cautela, principalmente no atual contexto de pandemia e das implicações para o turismo internacional, apesar da sua recuperação gradual”.

Em dezembro de 2020, o BdP já tinha alertado para o mesmo, ao afirmar que os cálculos não tinham em conta procura de casas para fins turísticos (alojamento local) e a procura de estrangeiros. “Os preços do imobiliário residencial mostraram resiliência, mas persistem riscos de uma correção em baixa“, escreveu a instituição no Relatório de Estabilidade Financeira publicado há cerca de um ano.

No relatório divulgado esta sexta-feira, o ESRB avisa ainda o BdP que apertar as regras no crédito à habitação não é “eficiente” e trará “custos injustificados”, tanto para os bancos, como para as famílias. Recorde-se que, recentemente, o BdP anunciou que, a partir de 1 de abril, quem tem mais de 30 anos terá os créditos com maturidades mais curtas.

O ESRB é composto por entidades como o BCE, Comissão Europeia, Autoridade Bancária Europeia, da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados, Comité Económico e Financeiro, reguladores nacionais, entre outras.

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