Índia compra petróleo russo e rejeita “politizar” questões de energia

  • Lusa
  • 18 Março 2022

A Índia é o terceiro maior consumidor mundial de crude. "As transações energéticas legítimas da Índia não devem ser politizadas", segundo fontes do governo indiano.

Responsáveis do governo indiano defenderam esta sexta-feira a compra de petróleo russo, argumentando que os países europeus continuam a comprar hidrocarbonetos a Moscovo e que os preços do crude deixam pouca escolha.

“As transações energéticas legítimas da Índia não devem ser politizadas”, afirmaram fontes do governo indiano, sublinhando que o país “depende fortemente das importações para satisfazer as suas necessidades energéticas”.

Nos últimos dias, as refinarias de petróleo indianas terão, segundo a imprensa, comprado vários milhões de barris de petróleo russo a preços de desconto. “Os desenvolvimentos geopolíticos colocaram desafios significativos à nossa segurança energética. Por razões óbvias, tivemos de deixar de nos abastecer no Irão e na Venezuela. As fontes alternativas têm vindo muitas vezes a um custo mais elevado”, disse um responsável governamental, sob condição de anonimato.

De acordo com os meios de comunicação locais, Nova Deli tem estado a trabalhar num mecanismo de conversão entre rublos e rupias, para ajudar a financiar as importações de petróleo, evitando ao mesmo tempo denominar as transações em dólares norte-americanos, numa altura em que a Rússia está sujeita a fortes sanções dos Estados Unidos e outros países ocidentais.

Funcionários do governo indiano disseram à France-Presse que a Índia importa quase 85% das suas necessidades de crude, com o petróleo russo a representar uma quota “marginal” de menos de 1%. A Índia é o terceiro maior consumidor mundial de crude.

“Os países autossuficientes em petróleo ou os que importam da Rússia não podem defender de forma credível as restrições comerciais”, acrescentou a mesma fonte, referindo-se respetivamente aos Estados Unidos e aos países europeus.

A Casa Branca disse esta semana que a compra de petróleo por parte da Índia não parecia constituir uma violação das sanções norte-americanas. Os preços do petróleo já tinham subido acentuadamente antes da invasão da Ucrânia, afetando os consumidores indianos.

Somos um país relativamente pobre e os preços do petróleo importam muito: eleitoralmente, politicalmente, socialmente e de outras formas”, sublinhou Lydia Powell, especialista em política energética da Observer Research Foundation (ORF), um grupo de reflexão sediado em Nova Deli.

A Índia instou a Rússia e a Ucrânia a cessaram hostilidades, mas não condenou explicitamente a ofensiva russa, nem a apelidou de invasão. Nova Deli e Moscovo mantêm laços estreitos desde a Guerra Fria e a Rússia continua a ser o maior fornecedor de armas da Índia.

Para além de petróleo e armas, a Índia importa fertilizantes e diamantes em bruto da Rússia. No outro sentido, os indianos exportam produtos farmacêuticos, chá e café para a Rússia.

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