Painel de Riscos ASF: Guerra na Ucrânia põe macroeconomia e mercado no vermelho

  • ECO Seguros
  • 4 Abril 2022

Incerteza sobre conflito armado iniciado pela Rússia e respetivo impacto sobre atividade económica refletiu-se num aumento da volatilidade dos mercados financeiros, avisa Supervisão de seguros.

No primeiro trimestre de 2022, a avaliação dos principais riscos do setor segurador nacional “encontra-se fortemente influenciada pelo conflito” armado entre a Rússia e a Ucrânia, que conduziu à subida dos preços globais da energia e de outros bens, “agravando as tensões inflacionistas e aumentando as incertezas quanto à condução da política monetária e à recuperação económica em curso,” introduz o relatório trimestral de riscos alertando para elevado grau de riscos macroeconómicos (atividade económica, desemprego, inflação, dívida pública e taxas de juro) e de mercado (obrigacionista, acionista e imobiliário).

Paralelamente, a pandemia de Covid-19 tem vindo a assumir um “impacto contido sobre a esfera económica”, permanecendo, ainda assim, o risco de surgimento de novas estirpes, que poderão causar um retrocesso nos processos de desconfinamento. Neste quadro e devido ao atual cenário geopolítico, “os riscos macroeconómicos prosseguem classificados no nível alto e com tendência ascendente”.
A incerteza quanto à evolução do conflito armado e ao respetivo impacto sobre a atividade económica refletiu-se num aumento da volatilidade dos mercados financeiros, “motivando a revisão dos riscos de mercado para o nível alto”. Paralelamente, os prémios de risco permaneceram em níveis contidos – mantendo-se, assim, a classificação da classe de riscos de crédito em médio-baixo – “apesar de se terem observado, no período mais recente, ligeiras correções no sentido ascendente”. Não obstante, “fruto da sobreavaliação de alguns segmentos dos mercados financeiros e do aumento da incerteza por parte dos investidores quanto à evolução dos preços, acentuam-se os riscos de uma reavaliação abrupta dos prémios de risco,” passível de materialização “de forma abrupta na sequência de choques externos,” refere o documento da Supervisão.

Ao nível da rendibilidade do setor segurador nacional, no final de 2021, o resultado líquido global provisório manteve-se positivo, tendo registado um aumento em termos homólogos. Por sua vez, o rácio global de solvência registou um decréscimo de 8,5 pontos percentuais, na variação trimestral em cadeia, para 206,6%, permanecendo, ainda assim, num nível superior ao registado no final de 2020. Desta forma, “a categoria de riscos de rendibilidade e solvabilidade permanece classificada em médio-baixo“, pode ler-se no relatório da ASF.

No que respeita aos riscos específicos de seguros Vida e Não Vida, a respetiva avaliação permanece classificada em médio-alto, tendo-se assistido à manutenção da tendência de crescimento da produção em ambos os segmentos. Neste âmbito, o ramo Vida “merece particular destaque, dado registar, em 2021, um crescimento homólogo de 73% face ao ano transato, estreitamente relacionado com a evolução observada nos seguros de vida ligados”, desenvolve a autoridade prudencial. No entanto, nota a ASF, no contexto dos riscos do setor segurador, “as pressões inflacionistas poderão condicionar a rendibilidade das linhas de negócio mais expostas à inflação por via dos custos com sinistros, especialmente nos segmentos Não Vida”. No que concerne aos riscos de liquidez e de interligações, “não se observaram variações de relevo”.

O painel de riscos do setor segurador é uma das ferramentas utilizadas pela autoridade de supervisão prudencial para “identificação e mensuração dos riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira”, baseia-se num conjunto de indicadores considerando seis categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade, interligações, específicos de seguros de Vida e específicos de seguros não Vida.

A presente edição da publicação trimestral da ASF considera informação das variáveis financeiras relativa a 15 de março de 2022, conjugada com dados reportados pelas empresas de seguros com referência a 31 de dezembro de 2021. O Painel de Riscos do 1ºT de 2022 está disponível aqui

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