Portugal financia-se em 1.251 milhões a curto prazo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Abril 2022

Portugal foi aos mercados de dívida financiar-se a três e 11 meses pela primeira vez desde que o novo Governo apresentou a proposta de Orçamento do Estado para 2022.

Na primeira ida aos mercados financeiros desde que o Governo apresentou a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) emitiu esta quarta-feira 1.251 milhões de euros de dívida pública a três e 11 meses, um milhão de euros acima do teto máximo indicado. O duplo leilão manteve os juros negativos, mas verificou-se uma subida na taxa do prazo mais longo.

De acordo com os dados da Reuters, nos títulos com maturidade a três meses, o IGCP financiou-se em 451 milhões de euros, com uma taxa média negativa de -0,655%, ligeiramente abaixo da taxa de -0,610% paga no último leilão, no dia 16 de fevereiro, em que foram colocados 292 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro (BT).

Nos títulos com maturidade a 11 meses, ou seja, até 17 de março de 2023, o financiamento do IGCP fixou-se em 800 milhões de euros, com uma taxa de juro média negativa de -0,314%, face a -0,555% no leilão anterior.

A procura atingiu 1.695 milhões de euros para os BT a 11 meses, correspondendo a 2,12 vezes o montante de oferta, que supera o registo de há dois meses (1,74 vezes), enquanto nos BT a três meses a procura foi de 1.379 milhões de euros, 3,06 vezes a oferta (menos do que o rácio de 3,69 do leilão anterior).

Este duplo leilão é o segundo deste ano em BT com estas maturidades, depois de o IGCP ter cancelado a realização de outros dois leilões de BT a três e 11 meses previstos para 18 de agosto do ano passado e de só ter realizado um leilão de BT a doze meses no segundo semestre de 2021.

Num comentário ao leilão, o diretor de investimentos do Banco Carregosa aponta que as diferenças entre as duas maturidades refletem o movimento que se tem observado nas curvas de taxas de juro das dívidas soberanas mundialmente.

Para Filipe Silva, o impacto da guerra na Ucrânia na evolução das economias tem sido maior na Europa, onde se assiste “a uma revisão em alta das previsões das taxas de inflação para 2022, por força de preços de energia e matérias-primas mais elevados, e a revisões em baixa das perspetivas de crescimento globais, motivos que têm feito os Bancos Centrais a ajustarem as suas políticas monetárias mais rapidamente do que inicialmente se assumia”.

São estes fatores que, no seu entender, estão a fazer subir as taxas de juro, prevendo-se ainda uma subida das taxas por parte do Banco Central Europeu no final do ano. “Portugal começa a sentir os efeitos deste movimento e, apesar de nestes leilões de curto prazo ainda estarmos com taxas negativas, parece ser uma realidade com os dias contados“, sublinha.

(Notícia atualizada às 11h54)

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