Fitch melhora perspetiva do rating de Portugal

  • Joana Abrantes Gomes
  • 6 Maio 2022

A agência norte-americana reviu para positiva a perspetiva da notação da dívida portuguesa, com o rating a manter-se no nível de investimento 'BBB'.

A agência de notação financeira Fitch reviu em alta o outlook da notação da dívida soberana portuguesa, mantendo o rating em nível de investimento ‘BBB’. Apesar da escalada dos preços da energia e do crescimento da Zona Euro resultante da guerra na Ucrânia, a Fitch estima um crescimento da economia portuguesa de 4,3% em 2022.

A inflação elevada e os estrangulamentos na cadeia de abastecimento levaram a agência norte-americana a rever em baixa a previsão para 2022 em 1,1 ponto percentual desde novembro passado, mês em que divulgou a última revisão, na qual descartava riscos no curto prazo relacionados com o “chumbo” do Orçamento do Estado, mas admitia incertezas para lá de 2022.

Esperamos algum enfraquecimento no consumo privado e na atividade de investimento. Preços de importação mais elevados afetarão os termos de troca, os rendimentos reais, e a procura interna e externa”, afirma a agência, que considera que o ambiente externo incerto “representa um risco descendente para Portugal” no segundo semestre do ano. Porém, sublinha, as perspetivas a médio prazo para a economia “permanecem largamente positivas”.

Na sua avaliação, a Fitch afirma ainda que a implementação efetiva da vaga de fundos europeus “pode contribuir para aumentar os níveis de produção portuguesa em 3,0%-3,5% até 2026”, ressalvando que tal depende do sucesso do Governo “em atingir marcos e metas (incluindo a reforma estrutural) associadas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”.

A Fitch desvaloriza também o impacto que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode ter em Portugal no caso de um corte do fornecimento de gás russo, até porque a Rússia só representa 4,9% das necessidades energéticas portuguesas. Ainda assim, nota a agência, os preços globais de energia mais elevados podem representar “um travão significativo no crescimento de Portugal”.

Já quanto à dívida portuguesa, ainda que em queda, continua a ser “a terceira maior da Europa e está muito acima” de outros Estados que têm o rating em ‘BBB’ da Fitch. Entre os riscos para o orçamento, a agência norte-americana destaca as garantias estatais, estimadas em 9% do PIB, além da TAP e do Novobanco, que se mantêm “passivos contingentes para a soberania”.

A agência norte-americana assinala também que a proposta ibérica para impor um teto ao preço do gás “pode contribuir para reduzir os custos da eletricidade”, embora seja “incerta a extensão”. O facto de Portugal continuar a ter importações significativas de bens alimentares e produtos industriais deixa a inflação “vulnerável” a disrupções no abastecimento e dos preços das commodities. Logo, avisa a agência de rating, o risco de pressões inflacionistas domésticas pode encolher o mercado laboral e a recuperação do setor dos serviços.

Em reação à decisão da Fitch, o Ministério das Finanças lembra que, “depois da DBRS, esta é a segunda agência a melhorar este ano a perspetiva para a dívida do país, o que acontece num contexto de elevada incerteza na economia global”.

O ministro Fernando Medina, citado no comunicado, refere que a melhoria da perspetiva da dívida “reforça a credibilidade financeira de Portugal” e confirma a importância de continuar a implementar políticas “que combinem a recuperação da economia, a sustentabilidade das contas públicas e uma estratégia de redução da dívida pública”.

A Fitch deve voltar a pronunciar-se sobre o rating do país a 28 de outubro. A próxima agência a reavaliar a dívida portuguesa deve ser a Moody’s, a dia 20 de maio.

(Notícia atualizada às 22h42)

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