Do combustível à comida. KLM estreia voo sustentável entre Porto e Amesterdão

KLM ensaia este sábado os primeiros "voos sustentáveis", que incluem combustíveis menos poluentes, rotas mais eficientes, malas transportadas em carros elétricos ou refeições vegetarianas.

Se o futuro é sustentável, na aviação isso não será exceção. A KLM faz este sábado os seus dois primeiros voos sustentáveis e um deles entre o Porto e Amesterdão (Países Baixos), que envolvem um combustível menos poluente, mais veículos elétricos, produtos biodegradáveis e até refeições vegetarianas. O resultado? Uma redução drástica nas emissões de gases poluentes, colocando o grupo “cada vez mais perto de alcançar as zero emissões de CO2”, explicou o diretor-geral da Air France-KLM para a Europa, em entrevista ao ECO.

A ideia nasceu “há cerca de um ano” dentro da própria KLM, numa espécie de brainstorming entre os colaboradores. “Não queríamos trazer simplesmente ideias, mas sim boas ideias”, explica Barry ter Voert. “Uma boa ideia é inovadora e muda realmente a indústria”, acrescenta o gestor. Foi a partir daí que chegou o desafio de tornar a KLM numa empresa mais sustentável. “Não podemos ser uma boa companhia aérea se não formos sustentáveis no futuro”, argumenta.

Foi então criado o Sustainable Flight Challenge, desafiando outras 15 transportadoras de aviação a dar os primeiros passos no mundo da sustentabilidade. “Ao competirmos com outras companhias aéreas, elevamos os limites e puxamos uns pelos outros“, sublinha o diretor-geral da Air France-KLM para a Europa. A KLM realiza este sábado dois voos sustentáveis, sendo o outro rumo ao Canadá. Mas o que é, afinal, um voo sustentável?

Um voo completamente sustentável é, claro, um voo com zero emissões. Isso é impossível agora, mas é o que temos de conseguir no futuro. Temos de tornar o voo mais sustentável e reduzir o máximo possível as emissões de CO2″, explica Barry ter Voert, em entrevista ao ECO, em Amesterdão. “E há muito que já conseguimos fazer, que nos vai levar cada vez mais perto de alcançar as zero emissões de CO2”, completa.

Um voo completamente sustentável é um voo com zero emissões. Isso é impossível agora, mas é o que temos de conseguir no futuro.

Barry ter Voert

Diretor-geral da Air France-KLM para a Europa

Assim, este sábado, quem voar entre o Porto e Amesterdão (ou entre Edmonton, no Canadá, e a cidade holandesa) através da KLM, estará a voar num voo sustentável. A companhia implementou uma série de mudanças para mostrar aos passageiros como é possível, no futuro, alcançar a sustentabilidade na aviação. E as principais mudanças passam pelo combustível e pelo tipo de aeronave usado.

“O combustível é uma parte muito importante das emissões de uma companhia e, por isso, temos de usar a aeronave mais eficiente que temos”, diz o responsável. Para se alcançar as zero emissões de CO2, as companhias aéreas precisam de substituir o atual combustível por SAF – Sustainable Aviation Fuel. “Com o SAF reduzimos em 80% as emissões de CO2”, diz Barry ter Voert.

“Temos os nossos pilotos conscientes de que podemos voar de forma o mais sustentável possível. Eles sabem que devem usar o menos possível de kerosine [combustível normal]. Além disso, podemos voar pela rota mais eficiente ou optar por desvios”, explica o responsável, notando, contudo, que isso representa mais custos para a companhia aérea e, consequentemente, para os passageiros.

Outra das mudanças tem a ver com o handling, ou seja, com os serviços prestados em terra para apoio às aeronaves, como por exemplo o transporte das malas. Neste domínio, a KLM vai recorrer apenas a veículos elétricos e, quando estes não possam ser elétricos, usarão biocombustível. O processo de transporte da bagagem será totalmente elétrico, garante a empresa de aviação.

A sustentabilidade vem com um preço, não é de graça. É uma escolha que se faz enquanto companhia aérea e enquanto indústria. Voar será mais caro no futuro.

Berry ter Voert

Diretor-geral da Air France-KLM para a Europa

Dentro do avião também haverá novidades. Os aviões serão desinfetados com produtos biológicos e a bordo serão servidas apenas refeições vegetarianas, cujas embalagens serão biodegradáveis. “A bordo, em termos de catering, teremos uma maior gestão do desperdício”, diz Barry ter Voert. Além disso, os passageiros serão aconselhados pela KLM a levarem consigo a menor quantidade possível de bagagem.

Mas todas estas mudanças têm um custo, que será refletido nos passageiros. “A sustentabilidade vem com um preço, não é de graça”, afirma o responsável. “É uma escolha que se faz enquanto companhia aérea e enquanto indústria. Voar será mais caro no futuro”, avisa Berry ter Voert, contabilizando que “não será [um aumento] de 1% ou 2%”. “O preço dos bilhetes pode mais do que duplicar”, reconhece.

Apesar disso, o responsável acredita que os passageiros não se irão importar de, no futuro, pagar mais por um voo sustentável. “Os clientes vão fazer trocas na escolha das companhias aéreas e vão escolher a mais sustentável, mesmo que para isso tenham de pagar um preço mais alto”, acredita Barry ter Voert.

(A jornalista viajou para Amesterdão a convite da KLM)

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