Reserva de cereais é “suficiente para alimentar Portugal”

Ministra da Agricultura garante que o país tem reservas de cereais para um mês e que já foram encontradas alternativas à Ucrânia para continuar a fornecer o mercado nacional.

A guerra na Ucrânia está a provocar uma pressão adicional sobre as quantidades e os preços dos cereais, mas a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, assegurou este sábado que “Portugal está fornecido” e não há razão para alarme.

Em declarações transmitidas pela CNN Portugal a partir de Leiria, onde esteve esta manhã a inaugurar o mercado municipal, a governante sublinhou que, “se não houver nenhuma alteração àquilo que está previsto e com o cumprimento dos contratos, [há] condições para poder garantir que não haverá falhas no abastecimento”.

“A reserva, que antes era para 15 dias, neste momento está para um mês. E não só aquilo que está em stock [isto é, armazenado nos silos do país]. Também os navios que estão a chegar e os contratos de fornecimento são os necessários para garantir que esta reserva é suficiente para alimentar Portugal”, notou Maria do Céu Antunes.

A ministra detalhou que, além da “reserva estratégica [ser] maior do que a que tinha no início desta guerra e desta crise dos cereais”, o país tem também “a possibilidade de acompanhar (…) todos os contratos que estão feitos”. E beneficia dos “mercados alternativos que os importadores foram encontrando [no continente americano e na África do Sul] para substituir, nomeadamente, o mercado da Ucrânia na aquisição do milho”.

Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, durante a visita a um campo de trigo duro, em BejaNUNO VEIGA/LUSA 30 maio, 2022

Cerca de 40% do milho consumido em Portugal era até agora importado da Ucrânia. Já no caso do trigo, calculou Maria do Céu Antunes, o abastecimento é feito sobretudo a partir de França. Esta semana, titular da pasta já tinha assinalado que “a única coisa de diferente que, infelizmente, está a acontecer tem a ver com o preço” dos cereais.

Portugal produz atualmente 18% dos cereais que consome. E apesar de o país “não ter condições naturais, de solo e de clima para poder ser competitivo com outras geografias, até ao nível da Europa”, reconhece, citada pela Lusa, lembra que há um plano para aumentar a autossuficiência até aos 38%. Como? Através de incentivos financeiros aos produtores para que invistam, “seja do ponto de vista da inovação, do desenvolvimento tecnológico, para melhorar a qualidade dos solos, que são pobres; seja para a disponibilização de água” para haver “cereais regados”.

Já a meio da tarde, em declarações aos jornalistas à margem da Feira Nacional da Agricultura, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que “durante muito tempo deixou de se falar dos cereais e neste novo ciclo volta a falar-se – e bem – e percebemos que é um potencial a explorar”. “Porque temos condições para isso e porque há um contexto envolvente. É uma boa notícia”, completou o Presidente da República.

Diplomacia para desbloquear cereais

Antes da guerra, a Ucrânia era um dos maiores exportadores mundiais de cereais e fertilizantes agrícolas, sendo os bens alimentares ali produzidos (trigo, milho, girassol, soja, colza ou cevada) considerados cruciais para a segurança alimentar de áreas como o Médio Oriente e o norte de África. A maioria destas mercadorias era expedida da antiga república soviética para o resto do mundo através dos portos do Mar Negro.

É com o objetivo de abrir uma passagem marítima nestes portos para a saída de cereais da Ucrânia que Martin Griffiths, responsável pela ajuda humanitária das Nações Unidas, foi esta semana a Moscovo. Na sexta-feira, durante uma entrevista televisiva, Vladimir Putin disse que essa exportação “não é um problema”, sugerindo que o melhor seria fazê-lo através da Bielorrússia, levantando as sanções ocidentais a este país.

Na reunião realizada esta semana em Bruxelas, como resumiu o primeiro-ministro português, António Costa, o Conselho Europeu “manifestou todo o apoio para os esforços que as Nações Unidas e o seu secretário-geral [António Guterres] têm vindo a desenvolver tendo em vista poder assegurar-se a reabertura dos portos da Ucrânia e encontrar rotas de escoamento destas produções agrícolas, de forma a termos uma resposta global a esta situação”.

(Notícia atualizada às 16h40 com declarações do Presidente da República)

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