Guterres e Marcelo apelam a reforço do financiamento em projetos dos oceanos

Perante um cenário de "emergência oceânica", o secretário-geral da ONU e o Presidente da República apelaram para que seja aumentado o financiamento de projetos dos oceanos.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considera que estão a “soar os alarmes” para se fazer pressão sobre os governos, municípios, empresas e comunidades de forma a acelerar os compromissos que visam proteger e resgatar os oceanos, defendendo a necessidade para que seja reforçado o financiamento de projetos ligados ao mar, uma mensagem passada também pelo presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Para salvar os oceanos, precisamos das pessoas”, disse António Guterres, esta segunda-feira, durante uma conferência de imprensa, no âmbito da Conferência dos Oceanos que decorre, até sexta-feira, no Altice Arena. No mesmo momento, o secretário-geral apelou para que seja feita “pressão para garantir que estamos no caminho certo”.

“Infelizmente, não damos valor ao oceano e hoje enfrentamos o que eu chamaria de ‘emergência oceânica'”, disse Guterres na conferência, urgindo que seja “virada a maré”.

No mesmo momento, o secretário-geral frisou haver uma urgência para que sejam desenvolvidos modelos de negócios simbióticos que possam ajudar o oceano a produzir mais alimentos e gerar mais energia renovável. No entanto, ressalvou, isso implica novos níveis de financiamento a longo prazo”.

Por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa, também presente na conferência de imprensa, assinalou o multilateralismo entre os Estados-membros, agradecendo a presença dos membros da ONU presentes na conferência que acontece depois de ter ficado suspensa por dois anos, devido à pandemia da covid-19.

“[A conferência] é muito promissora numa altura de muita preocupação em relação aos oceanos e a ação climática. Lisboa pode ser o ponto de partida. Financiar e responder às preocupações das pessoas, permite que criemos um caminho para o futuro“, disse o Presidente da República perante os jornalistas.

O evento, que é organizado em parceria com o Quénia, mereceu também um momento de agradecimento por parte do presidente Uhuru Kenyatta que admitiu ter esperança que de continuar a “construir” aquilo que se começou em 2017, altura em que decorreu a primeira conferência para os oceanos.

“Não podemos continuar com palavras vazias. Sabemos o mal que estamos a fazer aos nossos oceanos e se não começaremos a reverter isso, arriscamo-nos a um colapso global. É uma luta que vai exigir o esforço de todos”, referiu o chefe de Estado.

Ministro garante água para consumo para dois anos, mas alerta que “seca é estrutural”

Durante a sua intervenção no Simpósio sobre a Água, o ministro do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) alertou que a situação de seca severa e extrema no país tem vindo a agravar-se nos últimos meses e que devido à conjugação entre os baixos níveis de precipitação e as altas temperaturas os níveis de água nas barragens diminuíram “drasticamente”.

“Nos últimos 20 ano, a precipitação diminuiu cerca de 15%. Os mais recentes estudos mostram que até ao final do século, a chuva se reduzirá ainda mais, entre 10% a 25%. Tal terá o efeito na quantidade de água nas barragens, aquíferos, principais reservatórios para abastecimento humano e agricultura com uma redução de 20% a 50%”, referiu o ministro durante a sua intervenção.

Apesar do cenário alarmante de “seca estrutural” no país, que atinge agora “regiões em que no passado o recurso não escasseava”, Duarte Cordeiro garantiu que “graças a uma gestão criteriosa da água” Portugal tem reservas para consumo doméstico suficientes para os próximos dois anos. No entanto, deixou a ressalva: “Temos que saber viver com restrições, com elevados custos em certas zonas do país para assegurar disponibilidade em certos reservatórios ou em certos períodos de rega”, disse.

No mesmo momento, explicou para que a “água de elevada qualidade estivesse disponível” para consumo foram investidos, em 25 anos, cerca de 13 mil milhões de euros.

Assim, perante um “cenário de emergência climática”, Duarte Cordeiro defendeu uma melhoria na governança deste recurso a nível local, regional e nacional, considerando-o como “um dos nossos maiores desafios”.

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