Lloyd’s e Marsh vão segurar cereais no Mar Negro até 50 milhões por carga

  • ECO Seguros
  • 31 Julho 2022

Os seguros para os navios ainda estão em negociação, mas a corretora Marsh encontrou forma para, através da Lloyd’s, proteger os cereais transportados até 50 milhões para cada carga.

Quem vai segurar os portos, os navios e as cargas depois de na semana passada ONU, Turquia, Rússia e Ucrânia terem assinado o acordo para reabrir três portos do Mar Negro na região de Odessa na semana passada, foi agora parcialmente resolvido no mercado segurador de Londres, através de uma operação montada pela corretora Marsh e pela seguradora britânica Ascot, através da Lloyd’s.

Sob o protocolo “de carga e guerra marinha”, a seguradora Ascot fornecerá cobertura de até 49 milhões de euros por danos aos cereais que cada navio transporta. Qualquer dano nos próprios navios – por exemplo, de um ataque de míssil russo ou uma mina marítima – vai ser coberto por uma apólice de seguro separada, operação que também está a ser montada, de acordo com um porta-voz da Ascot.

Este avanço confirma que armadores e seguradoras vão mesmo retomar as operações no Mar Negro. Neil Roberts, responsável pelas áreas de marinha e aviação na Lloyd’s foi citado afirmando que “algumas entidades abandonaram a região ou tiveram seu ação limitada por restrições de resseguro, mas houve apoio a esta iniciativa entre especialistas em seguros, por se tratar de uma operação claramente humanitária”, concluiu.

Antes da invasão pela Rússia russa, a Ucrânia exportava 5 a 6 milhões de toneladas de cereais por mês, enquanto atualmente apenas consegue escoar cerca de 1 a 1,5 milhão de toneladas através dos portos do rio Danúbio. Neste momento estima-se em 22 milhões de toneladas os cereais retidos na Ucrânia a aguardar exportação e o presidente ucraniano Zelensky já afirmou que o volume pode aumentar para 75 milhões de toneladas após a colheita anual de 2022.

Prémios de seguros multiplicaram por 200 desde o início da guerra

Os prémios de seguros para os navios que operam na área do Mar Negro estão agora muitas vezes mais elevados do que estavam antes do início da guerra, com algumas estimativas a sugerir que os prémios aumentaram de uma média de 0,025% do valor de cada navio, para cerca de 5%, um custo 200 vezes superior. Um navio graneleiro pode em atingir valores entre 25 e os 60 milhões de dólares e navega com uma tripulação de 20 a 30 pessoas, outro risco que as seguradoras terão se suportar. Para além dos marítimos, também se teme pelos trabalhadores dos portos de Yuzhne, Chornomorsk e Odessa, que escoaram 65% das exportações ucranianas de cereais nos últimos cinco anos.

No entanto, “o fornecimento de seguro – bem como o acordo geral de exportação – ainda corre o risco de fracassar devido à contínua agressão da Rússia na Ucrânia”, avisou Bruce Carnegie-Brown, Chairman da Lloyd’s . Segundo Carnegie -Brown as seguradoras “podem lidar com as minas plantadas no Mar Negro, mas não conseguiriam lidar com violações sérias do acordo”, concluiu.

Os transportes poderão eventualmente começar esta 2ª feira.

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Desejo de viajar dos portugueses está acima da média global

  • Joana Abrantes Gomes
  • 31 Julho 2022

Estudo revela que 61% dos portugueses considera as viagens um "interesse pessoal", um valor superior à média global de 46%. Relação custo-benefício é o fator mais importante na escolha do destino.

Este ano, o desejo de viajar dos portugueses está acima da média global: 61% dos portugueses considera as viagens como um “interesse pessoal”, face à média global de 46%, de acordo com um estudo realizado em 28 países e encomendado pela Travel Lifestyle Network (TLN), uma rede de agências de comunicação especializadas no setor do turismo e das viagens. A relação custo-benefício é o principal fator para os portugueses na escolha de um destino de férias.

Entre os fatores que mais influenciam os portugueses na hora de decidir o local para onde viajar, a relação custo-benefício surge com 54%, o que compara com 26% da média global. Seguem-se a meteorologia / época do ano (36%), a procura por uma experiência cultural (22%), o desejo de relaxar (18%) e a vontade de viver uma experiência única (17%).

Costa Esmeralda, Sardenha (Itália)

No universo de 2.354 portugueses inquiridos, há ainda 15% que tem em conta as boas infraestruturas para crianças e famílias e poder visitar amigos ou família, enquanto 13% procuram ofertas especiais ou promoções.

Segundo Rúben Obadia, CEO da agência Message in a Bottle e membro da TLN, estes resultados refletem um “claro desejo de viajar, o que é natural neste clima pós-Covid“.Mas os resultados alertam para a necessidade de ter em conta a relação custo-benefício, que em 2022 se tornou um fator de escolha determinante para 54% dos inquiridos nacionais”, salienta.

Portugueses vão “mais para fora cá dentro”

No primeiro semestre de 2022, 11% dos inquiridos a nível global adquiriu férias para o estrangeiro e 24% preferiu comprar uma oferta para ficar dentro do próprio país. Em Portugal, 12% dos inquiridos adquiriu férias para o estrangeiro, subindo para 25% a percentagem dos que optaram por fazer férias dentro do país, o que reforça a tendência crescente de turismo doméstico.

Até ao final do ano, 20% dos portugueses planeia adquirir férias no estrangeiro e 29% tenciona em território nacional, enquanto na perspetiva global a aquisição de férias domésticas nos meses que ainda faltam de 2022 é de 24% e a de férias em territórios internacionais é de apenas 13%, de acordo com o relatório.

Além de Portugal, também em Espanha, França, Itália, Suécia e Reino Unido a proporção que planeia adquirir férias internacionais é inferior à que planeia adquirir férias domésticas. Ainda assim, a nível regional, a Europa parece estar a recuperar mais rapidamente do que outras regiões no que diz respeito às viagens ao estrangeiro, com quase um quarto dos inquiridos (23%) a planear férias internacionais.

Porém, é necessário ter em conta que o impacto da pandemia de Covid-19 na indústria das viagens na Europa representou um declínio de 21% na percentagem da compra de férias no estrangeiro (entre 2019 e 2021), mais do que em qualquer outra região.

Para este estudo sobre intenções de viagens, desenvolvido pelo think tank britânico Thrive e pela empresa de market intelligence AudienceNet, foram inquiridas cerca de 179.446 pessoas em 28 países durante o primeiro trimestre de 2022. A amostra em Portugal foi constituída por 2.354 inquiridos.

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Pedro Sánchez garante coligação no Governo até ao fim

Primeiro-ministro de Espanha quer evitar crise política apesar da oposição do partido Unidas Podemos à subida dos gastos militares, na sequência da cimeira da NATO.

Pedro Sánchez garante que a coligação que sustém o Governo de Espanha é para durar até ao fim. O líder do executivo espanhol pretende evitar um cenário de instabilidade política e conta terminar o mandato apenas em dezembro de 2023, para quando estão previstas as próximas eleições legislativas.

“Temos que continuar a avançar e é bom que as esquerdas se entendam e consertem medidas”, salientou Pedro Sánchez aos jornalistas à margem da visita à Bósnia. Atualmente, o Governo de Espanha é liderado pelo Partido Socialista (PSOE), em conjunto com o partido Unidas Podemos.

Não se trata de chegarmos juntos [até ao final da legislatura] só porque sim mas porque o Governo tem uma importante tarefa pela frente para proteger as classes médias e trabalhadoras e transformar Espanha”, acrescentou o chefe de Governo em declarações citadas pelo El País e La Vanguardia.

Ao levar o Governo até ao fim, Pedro Sánchez também pretende evitar o cenário de instabilidade “em que o PP [Partido Popular] meteu a Espanha em 2015”. Entre o final de 2015 e o final de 2019, houve quatro eleições legislativas em Espanha por não ter sido formado um Governo estável.

As palavras de Pedro Sánchez surgem semanas depois de terem sido divulgadas divergências dentro do Governo por causa do aumento das despesas militares, na sequência das recentes decisões da cimeira da NATO.

Além disso, uma das vice-primeiras-ministras de Espanha, Yolanda Díaz, está a liderar o movimento Sumar, que pretende agregar partidos e outras forças à esquerda.

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Explosão em base naval russa na Crimeia faz seis feridos

  • Lusa
  • 31 Julho 2022

A pequena escala do ataque e o método improvisado levam as autoridades a acreditar que terão sido obra de rebeldes ucranianos.

Um pequeno engenho explosivo, transportado por um drone, explodiu neste domingo na base naval russa do mar Negro, na península da Crimeia, ferindo seis pessoas e levando ao cancelamento das cerimónias da marinha da Rússia, noticia a AP.

A explosão ocorreu na cidade portuária de Sevastopol, na Crimeia, anexada pela Rússia à Ucrânia em 2014, e ocorre no dia das celebrações do Dia da Marinha russa, não existindo para já qualquer tipo de reivindicação do ataque.

Contudo, a pequena escala do ataque e o método improvisado levam as autoridades a acreditar que terão sido obra de rebeldes ucranianos, que tentam expulsar as forças russas.

Na sequência desta explosão, as autoridades da Crimeia elevaram o nível de ameaça de terrorismo para a região para “amarelo”, o segundo nível mais alto.

No entanto, uma legisladora russa da Crimeia, Olga Kovitidi, disse à agência de notícias estatal russa RIA-Novosti que não se poderá retirar conclusões até que a investigação esteja concluída.

Entretanto, um dos homens mais ricos da Ucrânia, um comerciante de cereais, e a sua mulher foram mortos hoje durante um bombardeamento russo à cidade de Mykolaiv, no sul do país.

As autoridades ucranianas dizem que o ataque de mísseis russo “foi curiosamente direcionado à sua casa”.

Também hoje o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, estabeleceu novas linhas vermelhas ao Ocidente nos mares Negro, Báltico e Ártico, ao aprovar uma nova doutrina naval que é influenciada pelas mudanças geopolíticas originadas pela guerra na Ucrânia.

A Rússia lançou em fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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João Galamba: Subida de preços por causa de mecanismo ibérico “é uma impossibilidade”

  • Lusa
  • 31 Julho 2022

Secretário de Estado da Energia defende que os preços da eletricidade com o mecanismo ibérico para limitar preços do gás "serão sempre mais baixos do que sem ele"

O secretário de Estado da Energia afirmou neste domingo ser impossível verificar-se uma subida de 40% na fatura da energia através do mecanismo ibérico, apontada pelo presidente da Endesa, remetendo para as ofertas comerciais das próprias empresas.

“Ao contrário do que disse o presidente da Endesa, não há nenhuma subida de 40%. Se está a falar sobre ofertas comerciais da própria empresa, só o próprio poderá dizer”, afirmou João Galamba, em declarações à Lusa.

O presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, disse, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que a eletricidade vai sofrer um aumento de cerca de 40% já nas faturas de julho.

“Em particular, a partir do final de agosto, mas já nas faturas do consumo elétrico de julho, as pessoas vão ter uma desagradável surpresa. […] Estamos a falar de qualquer coisa na ordem dos 40% ou mais, relativamente àquilo que as pessoas pagavam”, disse Nuno Ribeiro da Silva.

Segundo a elétrica, em causa está o pagamento do “travão do gás”.

Este travão, criado para Portugal e Espanha, levou a um desconto nos preços do gás natural utilizado para a produção de eletricidade.

Para o Governo, estas declarações, no que ao mecanismo ibérico dizem respeito, “não correspondem à verdade”, uma vez que “os preços com o mecanismo serão sempre mais baixos do que sem ele”.

Assim, conforme notou João Galamba, associar uma subida de preços ao mecanismo “não faz qualquer sentido, é uma impossibilidade”.

O governante referiu também que não existe um défice tarifário associado ao mecanismo, tendo em conta que os custos são “integralmente pagos” pelos beneficiários do mesmo.

“Importa também dizer que o mercado de comercialização de eletricidade é altamente competitivo, com muitas ofertas. Não é possível dizer qual a subida ou descida dos preços, depende da oferta comercial de qualquer empresa. Há muitas. A única coisa que podemos dizer é que seja qual for a oferta, seria pior sem o mecanismo”, acrescentou.

João Galamba destacou também que a tarifa regulada desceu, em julho, 2,6%, mantendo-se em vigor, pelo menos, até ao final do ano.

“As empresas são responsáveis pelas ofertas comerciais que fazem. Há muitas ofertas comerciais, o mercado é concorrencial, mas tem o refúgio, que é a tarifa regulada. O mecanismo tem tido os efeitos que se pretendiam. Todos os dias, mesmo adicionando o custo, os preços na Península Ibérica estão muito mais baixos do que no resto da Europa”, concluiu.

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Governo admite “congestionamento” mas recusa falha do SIRESP

  • Lusa
  • 31 Julho 2022

"A rede não falhou, estamos a falar de um congestionamento nas chamadas que foram feitas ao mesmo tempo e chamadas", alega ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, admitiu neste domingo, em Pedrógão Grande, que houve “picos de congestionamento” nas chamadas mas recusou que o SIRESP tenha falhado nos incêndios de Leiria.

“A rede SIRESP não falhou. Convém sermos muito claros. Houve picos de congestionamento. Significa que naquele período houve mais de meio milhão de chamadas e a média do tempo de espera em relação a esse pico foi de 3,20 segundos. Aquela que demorou mais tempo, pouco passou de um minuto. A rede não falhou, estamos a falar de um congestionamento nas chamadas que foram feitas ao mesmo tempo e chamadas, sobretudo, a demorarem muito tempo e, por isso, bloquearam outras na entrada no sistema”, a explicação foi avançada pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

O governante socialista falava à margem do 75.º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, salientando que, à semelhança das declarações da secretária de Estado da Proteção Civil, as suas afirmações baseiam-se na “informação que lhe prestaram as autoridades técnicas”, pois são elas “que podem validar as matérias de natureza técnica”.

“O poder político não se pode pronunciar sem o suporte técnico. É com base num suporte técnico que a senhora secretária de Estado se pronunciou e eu próprio me estou a pronunciar”, reforçou.

Confrontado com o facto da informação técnica ser dada por uma das “partes interessada”, José Luís Carneiro referiu que “há um registo de todas as chamadas e há prova desse registo”.

O governante disse ainda que no momento do “congestionamento”, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil tomou a decisão de “mobilizar duas unidades de comunicações móveis, uma que ficou na Freixianda [Ourém] e outra nos Bombeiros de Ansião”, para haver redundância capaz de garantir “que todas as comunicações estavam em sistema de funcionamento”.

“Foram mobilizados os meios para garantir a redundância elétrica, de forma a que se algo pudesse acontecer também estivesse salvaguardada a redundância de funcionamento de energia”, acrescentou.

O ministro adiantou ainda que “por vezes, nem sempre o uso [SIRESP] é feito nos termos em que deve ser”.

Por isso, “deve ainda continuar a ser feita formação aos diferentes utilizadores do SIRESP”.

“A mim ninguém me contou. Estive no teatro de operações em Ansião. Estive a acompanhar comandantes no terreno e várias vezes tentaram a comunicação através do SIRESP e não conseguiram. A forma de reportar os pontos de situação foi via telemóvel”, disse o presidente da Federação dos Bombeiros de Leiria, Rui Rocha.

Segundo relatou, o comandante dos Bombeiros de Alvaiázere “registou na fita do tempo a dificuldade ou a impossibilidade de utilizar esse sistema de comunicações”.

“O que foi dito pela secretária de Estado e pelo senhor ministro não me tranquiliza. Aquilo que esperamos de um sistema como o SIRESP, que é um sistema para estar disponível em prontidão, em emergência e em carga forte, é que funcione em muitas comunicações”, frisou.

Rui Rocha discordou que haja “falta formação” de quem “utiliza o SIRESP”. “Isso é um pouco arrojado”.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) esclareceu que a rede de comunicações SIRESP teve “constrangimentos pontuais” durante os incêndios em Leiria este mês, que foram “colmatados” rapidamente.

“No período temporal em que ocorreram três incêndios de grande dimensão no distrito de Leiria, foram reportados à ANEPC constrangimentos pontuais na rede SIRESP, motivados por uma sobrecarga da rede devido a uma deficiente utilização da mesma, e não associados a qualquer problema da estrutura da rede”, diz a ANEPC numa informação enviada à Agência Lusa.

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Da quebra de 11% ao salto de 153%. O que se passa com os lucros das energéticas nacionais?

Apesar de a maioria das energéticas nacionais terem melhorado os resultados financeiros, e nenhuma ter apresentado prejuízo, os ganhos foram diferenciados, e houve mesmo uma a baixar o desempenho.

Galp, EDP Renováveis, REN e EDP: por esta ordem, estas quatro empresas nacionais do setor da energia apresentaram resultados esta semana, relativos aos primeiros seis meses do ano. Todas contaram com lucros mas, enquanto a Galp liderou o salto, ao aumentá-los em 153% face ao mesmo período do ano anterior, a EDP notou uma quebra de 11%. As restantes também conseguiram melhorar os respetivos resultados, mas a passos diferentes: os lucros na EDP Renováveis dispararam 87%, enquanto os da REN ficaram por uma subida de 16%.

Um setor que está debaixo de fogo depois de Espanha ter declarado que na energia, a par da banca, irá aplicar taxas adicionais sobre as empresas. Em Portugal, a haver novidades, serão avançadas apenas em setembro e outubro, juntamente com os pacotes de apoio às famílias e às empresas, indicou o Governo, esta quinta-feira. Em média, o aumento registado nos lucros das energéticas nacionais que apresentaram contas esta semana foi de 50%.

Mas como é que as energéticas justificam a respetiva evolução dos lucros? A Galp indicou em comunicado que subiu à boleia das “condições de mercado favoráveis”, sobretudo devido ao aumento dos preços do petróleo e das margens de refinação. Estas últimas passaram de 2,1 dólares por barril de petróleo equivalente (boe) na primeira metade do ano passado para 14,8 dólares por boe na primeira metade deste ano. De julho a dezembro de 2022, a Galp espera margens maiores, de 15 dólares por boe. Tanto os ganhos por ação como as receitas desta cotada supera as estimativas dos analistas, indica a XTB.

A EDP Renováveis seguiu-se, e justificou o aumento de 87% nos lucros com “resultados sólidos”, devido sobretudo ao “aumento do preço médio de venda e de produção”. O preço médio de venda subiu 27% face ao período homólogo, “maioritariamente devido aos preços de mercado na Europa”, mas também devido a uma atualização do quadro regulatório em Espanha.

Na quinta-feira chegaram os números da REN e da EDP. A REN afirma que a evolução positiva em 16% nos seus lucros é maioritariamente explicada pelo aumento no EBITDA, relacionado com o aumento da receita regulada da atividade de Transporte de Energia Elétrica no setor da Eletricidade, com a introdução de um modelo de remuneração que tem por base uma renda anual fixa definida pelo regulador, consoante a receita estimada para o período regulatório de 2022-2025. Também destaca o “bom desempenho” do resultado financeiro, refletindo a redução da dívida líquida em 17% para 2.099,4 milhões ) e o aumento de dividendos de empresas participadas. No negócio internacional, no Chile, o EBITDA cresceu na ordem dos 60%.

Por fim, a EDP. A elétrica contrariou a tendência de melhoria do setor, com resultados no semestre 11% abaixo dos homólogos. Os resultados “foram marcados pela positiva, pelo forte desempenho das renováveis em termos globais e das redes de eletricidade no Brasil”, no entanto, “foi também fortemente penalizado pela seca extrema em Portugal num período de elevados preços de eletricidade no mercado grossista, o que resultou num resultado líquido negativo [prejuízo] de 111 milhões de euros em Portugal”, descreveu a empresa.

Matérias-primas vão ditar futuros resultados

Num olhar sobre estes resultados, Mário Martins, analista da ActiveTrades, afirma que a Galp se destaca pela positiva, pelo “aumento inusitado” nos lucros, mas também pela negativa, dada a “reduzida importância das renováveis no seu negócio, com investimentos muito reduzidos quando comparado com a sua capacidade financeira, para uma empresa que quer estar no topo na energia verde no médio-prazo”. Já da parte da XTB, Henrique Tomé destaca a EDP Renováveis como “a mais bem posicionada” das quatro energéticas.

Daqui para a frente, o analista da ActiveTrades acredita que os resultados da generalidade destas empresas “irá depender essencialmente do caminho que os preços do petróleo e gás natural fizerem até ao final do ano”: se os preços das matérias-primas subirem, é de esperar uma valorização dos títulos da Galp e EDP, esta última devido essencialmente ao contributo da EDPR, estima.

No entanto, “a Galp terá dificuldade em melhorar substancialmente os seus resultados, uma vez que o preço do petróleo está em níveis já elevados, com pouca perspetiva para subirem muito mais”, continua. No caso da petrolífera, “o bom desempenho das ações da empresa poderá ficar exposto a períodos de maior volatilidade assim que o mercado das matérias-primas energéticas começar a corrigir, devido aos receios em torno do risco de recessão à escala mundial”, alerta a XTB.

Já a EDPR “poderá ter mais margem de progressão, caso por exemplo desenvolva uma estratégia agressiva de aumento da capacidade instalada”, indica Mário Martins. Por seu lado, Henrique Tomé aponta que a empresa de energias limpas “está também vulnerável aos riscos relacionados com uma potencial correção em baixa do preço dos produtos energéticos, contudo, o facto de a empresa estar num setor onde a aposta é elevada, poderá fazer com que parte dos riscos sejam mitigados”.

Lá fora, um cenário equivalente

“O comportamento financeiro [das energéticas nacionais] está em linha com a concorrência internacional específica de cada uma”, resume Mário Martins.

A francesa TotalEnergies contabilizou lucros de 18,9 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2022, quase o triplo dos 6,6 mil milhões obtidos na primeira metade do ano passado. Os lucros do grupo Shell multiplicaram-se por cinco, atingindo os 18 mil milhões de dólares. A Repsol obteve um lucro líquido de 2.539 milhões de euros no primeiro semestre de 2022, o dobro (mais 105,6%) do que no mesmo período de 2021, impulsionado pelo aumento dos preços das matérias-primas nos mercados mundiais.

Ainda em Espanha, a Endesa obteve um lucro líquido ordinário de 734 milhões de euros entre janeiro e junho, menos 12% que no período homólogo. Uma quebra que justifica com um “ambiente macroeconómico e energético em deterioração”, ao mesmo tempo que ligou a subida leve do EBITDA, de 4%, à melhoria do negócio de produção, mas afetado pelo “ambiente de preços desafiante que afeta o negócio de retalho”.

Já o grupo Iberdrola ganhou no primeiro semestre do ano 2.075 milhões de euros, mais 35,5% do que em igual período do ano passado, embora o lucro líquido em Espanha tenha caído 26%, afetado principalmente pelos altos preços da energia que não foram transferidos para ​​os clientes com contratos de preço fixo, explicou a empresa, em comunicado.

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Putin aprova nova doutrina naval para marcar linhas vermelhas ao Ocidente

  • Lusa
  • 31 Julho 2022

O chefe de Estado russo disse ainda que a Marinha russa irá receber nos próximos meses novos mísseis de cruzeiro hipersónicos “Tsirkon”, que irão equipar a fragata “Almirante Gorshkov”.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, estabeleceu neste domingo novas linhas vermelhas ao Ocidente nos mares Negro, Báltico e Ártico, ao aprovar uma nova doutrina naval que é influenciada pelas mudanças geopolíticas originadas pela guerra na Ucrânia.

“Estabelecemos abertamente as fronteiras e as zonas que representam os interesses nacionais da Rússia, tanto económicos como estratégicos. Aqueles que são vitais”, afirmou o líder russo, citado pela agência Efe, durante uma intervenção do Dia da Marinha, em São Petersburgo.

Vladimir Putin explicou que se trata da zona ártica, das águas do mar Negro (Atlântico), de Ojotsk (Pacífico) e de Bering (Pacífico) e nos estreitos do Báltico e das Ilhas Curilas.

“Iremos garantir a nossa defesa, de forma firme e recorrendo a todos os meios”, assegurou.

O chefe de Estado russo disse ainda que a Marinha russa irá receber nos próximos meses novos mísseis de cruzeiro hipersónicos “Tsirkon”, que irão equipar a fragata “Almirante Gorshkov”.

Vladimir Putin tinha anunciado em 2018 um novo programa de rearmamento com armamento hipersónico, tendo na altura destacado que o “Tsirkon” não tem “comparação no mundo com outros “e que o alcance destes mísseis era “praticamente ilimitado”.

“A frota cumpre com sucesso e honra as missões estratégicas nas fronteiras do nosso país e em qualquer lugar do oceano. Está constantemente a ser aperfeiçoado”, sublinhou.

A cerimónia de assinatura da nova doutrina naval teve lugar na Fortaleza de São Pedro e São Paulo, em São Peterburgo, depois do Presidente russo ter dado início à parada naval na antiga capital czarista e na ilha de Krostadt.

De acordo com o Kremlin, estão a participar no desfile naval de hoje mais de 40 navios, submarinos e lanchas, 42 aviões e mais de 3.500 soldados, embora ações similares se estejam a celebrar noutros portos, como é o caso do enclave báltico de Kaliningrado.

A frota russa tem desempenhado um papel ativo desde o início da invasão da Ucrânia.

No entanto, em abril a Rússia sofreu o seu maior revés, com o naufrágio, provocado pelas tropas ucranianas, do navio ‘Moskva’, na sequência do qual terão morrido cerca de trinta marinheiros.

A Rússia lançou em fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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Pilotos da Lufthansa abrem porta a greve

  • Lusa
  • 31 Julho 2022

Paralisação depende do resultado das negociações entre sindicato Vereinigung Cockpit e a companhia aérea alemã. Nas seis rondas anteriores de diálogo não houve avanços.

Pilotos da Lufthansa que reclamam aumentos salariais votaram este domingo a favor de uma possível greve na companhia aérea alemã, anunciou um sindicato, considerando a decisão um “sinal inconfundível” para a empresa da determinação daqueles profissionais.

A estrutura sindical, denominada Vereinigung Cockpit e que defende aumentos salariais de 5,5% este ano e um ajustamento automático dos vencimentos à taxa de inflação a partir de 2023, afirmou, no entanto, que a paralisação ainda pode ser evitada pela companhia aérea, nas negociações que estão a decorrer.

De acordo com fonte sindical, em comunicado citado pela Associated Press (AP), a Lufthansa “ainda não fez uma oferta negociável” aos pilotos em seis rondas de negociações já realizadas.

O sindicato sublinhou que 97,6% dos pilotos da companhia aérea alemã aprovou a convocação da paralisação, mas que a votação “ainda não leva necessariamente à greve, mas é um sinal inequívoco para a Lufthansa levar a sério as necessidades das tripulações”.

As disputas salariais na Lufthansa levaram, na passada quarta-feira, a uma greve de um dia do pessoal de terra da companhia alemã, convocada por outro sindicato, que resultou no cancelamento de mais de um milhar de voos.

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Turquia prevê saída de primeiro navio de cereais esta segunda-feira

  • Lusa
  • 31 Julho 2022

Os rebocadores ucranianos levarão comboios marítimos ao longo de uma rota sem perigo, livres de minas flutuantes, e os navios da marinha turca farão a escolta até Bósforo.

O Governo turco anunciou neste domingo que o primeiro navio carregado de cereais ucranianos deverá sair esta segunda-feira do porto, no âmbito do acordo de um corredor para a exportação dos grãos da Ucrânia.

“Os navios estão carregados. Está tudo pronto. Há algumas complicações menores. O primeiro navio pode sair amanhã [segunda-feira] de manhã”, disse o porta-voz da presidência turca, Ibrahim Kalin, durante uma entrevista à emissora turca Canal 7.

Graças à mediação da Turquia, Moscovo e Kiev assinaram em Istambul, em 22 de julho, um acordo que prevê a exportação de cerca de 22 milhões de toneladas de cereais de três portos ucranianos: Odessa, Pivdennyi e Chornomorsk.

Os rebocadores ucranianos levarão comboios marítimos ao longo de uma rota sem perigo, livres de minas flutuantes, e os navios da marinha turca farão a escolta até Bósforo.

Desde a assinatura do acordo que funciona em Istambul um centro de coordenação e supervisão desta rota marítima, com 20 representantes, tanto civis como militares, enviados pela Rússia, Ucrânia, Turquia e Nações Unidas.

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Conta da luz vai subir 40%? Governo alega que mercado tem alternativas

Presidente da Endesa disse que fatura pode subir 40% ou mais a partir de agosto por conta do mecanismo ibérico para limitar preço do gás. Ministério do Ambiente fala em "alarmismo".

A conta da luz vai aumentar até 40% por causa do mecanismo ibérico para limitar os preços do gás. O número foi lançado pelo presidente executivo da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, em excerto divulgado neste domingo de uma entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1. Em reação, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática fala em alarmismo.

Comecemos pelas palavras do líder da Endesa. “Nas faturas de consumo elétrico de julho, as pessoas vão ter uma desagradável surpresa: estamos a falar de qualquer coisa na ordem dos 40% ou mais. Não tem nada a ver com as empresas elétricas. Aparecerá nas faturas, numa linha específica, a dizer que o mecanismo coberto do diploma x do teto sobre os preços do gás cabe-lhe a si, feliz contribuinte — ou infeliz contribuinte — contribuir com x para lá do que tinha no seu contrato.”

Perante o cenário, o gabinete de Duarte Cordeiro “rejeita estas declarações alarmistas do Presidente da Endesa e não vê qualquer justificação no aumento de preços que foi comunicado”.

No entanto, sem negar que possa haver aumentar expressivos no mercado liberalizado, o mesmo gabinete diz que “o mercado livre tem outros comercializadores e os consumidores poderão sempre procurar melhores preços“. Sugere-se ainda a adesão à tarifa regulada, “que foi reduzida em 2,6% no segundo semestre deste ano”.

O mecanismo ibérico para a limitação os preços no mercado ibérico de eletricidade (Mibel) entrou em vigor em 15 de junho e pretende fixar um preço médio de 50 euros por megawatt-hora (MWh) para o gás natural no mercado grossista, por um período de 12 meses, iniciando com um limite de 40 euros por MWh.

A solução apenas beneficia Espanha, alega o presidente da Endesa. “A medida foi boa para Espanha, porque é um país que tem um problema complexo relacionado com uma tarifa populista que o Governo espanhol criou há cerca de três anos e que é utilizada por 11 milhões de lares. […] Sem este mecanismo-travão, essas pessoas estariam a pagar mais de 300 euros por MWh (cerca de 5 euros o kWh nas suas casas)”, referiu o mesmo gestor num outro excerto da entrevista.

O Ministério do Ambiente e da Ação Climática defende que os preços de Portugal e de Espanha “têm ficado consistentemente abaixo de países como França ou Itália“. Neste domingo, o preço do Mibel é de 199,08 euros/MWh. Sem mecanismo, seria 253,16 eruos/MWh. Em França e Itália, as cotações são de 319,51 euros/MWh e 385,71 euros/MWh, respetivamente, diz o Governo.

O líder da Endesa alega ainda que a medida, por causa da diferença “entre o verdadeiro preço do gás e o desconto gerou um défice tarifário que, segundo as regras de Bruxelas, não pode ser acumulado nem empurrado para o futuro e terá de ser pago pelos consumidores”. O Governo nega que a medida gere défice tarifário.

(Notícia atualizada às 13h07 com mais informação)

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Irmãos de Anadia constroem em bambu bicicletas à medida

  • Lusa
  • 31 Julho 2022

Bicicleta “retro contemporânea” pesa 13,5 quilogramas, tem um custo de cerca de 2.500 euros e uma garantia de 10 anos. Montagem demora cerca de 40 horas.

Dois irmãos de Anadia decidiram investigar e explorar as propriedades do bambu, uma matéria-prima natural que lhes permitiu construir uma bicicleta “retro contemporânea”, na qual a natureza é combinada com a tecnologia e através da qual se promove a mobilidade sustentável.

Joana Saavedra e Tiago Saavedra vivem na Curia, no concelho de Anadia, e foi a curiosidade que os levou a dar os primeiros passos na investigação de uma matéria-prima natural, que viria a ser a chave de uma ‘startup’ – a Bambu Bicycles -, que nasceu há pouco mais de um ano.

É precisamente neste concelho do distrito de Aveiro, apelidado por muitos de “capital das duas rodas”, que os dois irmãos pensam, desenham e produzem, com as próprias mãos, bicicletas com o “quadro feito em bambu”, uma fibra natural que têm vindo a estudar depois de terem vivido na China.

“Vivi seis anos na China e apaixonei-me pelo bambu. A dada altura, desafiei o meu irmão Tiago, que tem o curso de Design de Produto, a fazer um ‘workshop’ de bambu e ele adorou”, recordou à agência Lusa Joana Saavedra, uma jovem de 36 anos licenciada em Economia pela Universidade do Porto.

Tiago Saavedra, de 31 anos, aproveitou para estudar as características desta fibra natural e, apesar de inicialmente ter tido algumas renitências sobre a sua utilização em bicicletas, acabou rendido a este tipo de material, sustentável e elegante.

“Somos os dois muito curiosos e não começámos nisto como ideia de negócio. Fui adquirindo competências e trabalhando com diferentes tipos de bambu, até que lhe comecei a tomar o gosto”, destacou.

Depois de alguns protótipos, chegaram a um modelo que decidiram experimentar numa viagem que os levou do Porto até Santiago de Compostela, em 2019.

Ao longo de três dias e meio de viagem e cerca de 300 quilómetros de percurso, Joana, Tiago e o irmão mais novo do clã Saavedra experimentaram três bicicletas, que tinham sido acabadas de construir de véspera.

As bicicletas “portaram-se lindamente” ao longo de todo o percurso, revelando-se como único obstáculo a inevitável dor de pernas, a acusar a pouca preparação física.

“Em 2020, candidatámo-nos ao Acredita Portugal, escrevendo o projeto que tínhamos na cabeça e, em 10 mil candidatos, chegámos aos 21 finalistas. Mas, foi em maio ou junho de 2021, quando decidi regressar a Portugal, que começámos a fazer isto a ‘full time’”, referiu Joana Saavedra.

Os dois jovens passaram a construir as próprias bicicletas de bambu, sendo os primeiros a criá-las em Portugal.

Joana Saavedra e Tiago Saavedra, do concelho de Anadia, estão a desenvolver bicicleta com quadro de bambu.José Coelho/Lusa

Depois de algumas “criações”, afinadas ao longo dos meses, é com bambu vindo da Indonésia que constroem um “quadro elegante, que pode ser personalizado consoante a vontade do cliente”.

Tiago Saavedra consegue montar uma bicicleta em aproximadamente 40 horas de trabalho, que pelo meio exigem muita paciência, entre os diferentes passos e aplicação de produtos.

No entanto, como “é tudo muito manual”, a entrega de uma bicicleta personalizada ao cliente pode demorar dois a três meses.

“Não vendemos apenas uma bicicleta, mas todo um conceito, todo um estilo de vida. Decidimos usar o bambu para promover a mobilidade sustentável e inspirar as pessoas a viverem uma vida mais verde e mais sustentável, incentivando o uso de energias limpas e a redução da pegada de carbono”, sustentou a irmã mais velha.

Atualmente, vão passando por algumas feiras nacionais e internacionais, onde expõem os seus modelos, o que lhes tem permitido realizar algumas vendas.

Para o futuro, estes entusiastas do bambu não esperam chegar a um negócio “megalómano”, mas pretendem continuar a trabalhar esta fibra natural com o ‘know-how’ que têm vindo a adquirir, tornando todo o processo de fabrico mais rápido.

As características do bambu são únicas. São resistentes, garantem um conforto extra, com absorção de vibrações e impactos, sendo mais flexível”, descreveu Tiago Saavedra, que informou ainda que esta bicicleta “retro contemporânea” pesa 13,5 quilogramas, tem um custo de cerca de 2.500 euros e uma garantia de 10 anos.

Para além das bicicletas, a fibra do bambu foi ainda utilizada para criar um par de meias, lançado no mercado em junho, que se diferencia “pelo conforto, pela regulação do odor e ser antitranspirante”.

Em curso têm ainda o desenvolvimento de um suporte de parede para bicicletas, também ele construído em bambu.

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