30% dos profissionais planeiam mudar de emprego nos próximos dois anos

Segurança, remuneração e relação com os colegas são os principais motivos que levam as pessoas a ficar numa empresa. Reforma, flexibilidade e progressão de carreira são prioridades nos benefícios.

Desde 2019 que o bem-estar financeiro dos colaboradores europeus se tem vindo a deteriorar. Cerca de 30% dos profissionais planeiam mudar de emprego nos próximos dois anos e outros 18% fá-lo-iam se tivessem essa oportunidade. Uma situação que se agrava entre os colaboradores com os níveis de bem-estar financeiro mais baixos. Segurança, remuneração e relação com os colegas são as principais razões que levam os profissionais a permanecer na mesma empresa. Já em matéria de bónus, a reforma, flexibilidade e desenvolvimento de carreira são temas que deveriam estar no radar das lideranças. No que toca à saúde mental, fica um alerta: os colaboradores mais novos são os que reportam mais queixas, dá conta o inquérito “2022 Global Benefits Attitudes Survey“, da WTW.

“O ‘2022 Global Benefits Attitudes Survey’ é claro no que respeita às prioridades dos colaboradores europeus, que continuam a privilegiar ter um emprego seguro, a remuneração e a flexibilidade. Estas prioridades são ainda mais relevantes no contexto que vivemos, com a acentuada subida da inflação a ter inevitavelmente efeitos negativos no bem-estar geral e, acima de tudo, financeiro, dos colaboradores, que já tem vindo a piorar nos últimos anos”, comenta Patrícia Macedo, senior associateretirement da WTW Portugal, em comunicado.

De acordo com o inquérito, que englobou 13.385 colaboradores europeus de empregadores de média e grande dimensão do setor privado, houve uma diminuição no número de inquiridos que admitem viver de salário em salário (33%, em 2022 versus. 37%, em 2019). Contudo, o número de colaboradores que afirmam ter problemas financeiros que impactam negativamente a sua vida aumentou, tendo passado de 25%, em 2019, para 28%, em 2022.

Questionados sobre se planeiam mudar de emprego, 30% dos colaboradores europeus afirmaram que o pretendem fazer nos próximos dois anos e 18% revelaram que se sentem estagnados no atual local de trabalho, pelo que mudariam se tivessem essa oportunidade. Apenas 52% dos inquiridos não têm planos para mudar a curto prazo. Números que demonstram as crescentes dificuldades que as empresas enfrentam na retenção de talentos.

As prioridades dos colaboradores europeus continuam a privilegiar ter um emprego seguro, a remuneração e a flexibilidade. Estas prioridades são ainda mais relevantes no contexto que vivemos, com a acentuada subida da inflação a ter inevitavelmente efeitos negativos no bem-estar geral e, acima de tudo, financeiro, dos colaboradores, que já tem vindo a piorar nos últimos anos.

Patrícia Macedo

Senior associate – retirement da WTW Portugal

As principais razões que levam os trabalhadores a permanecer no mesmo emprego são a segurança, a remuneração e bónus, bem como e a relação com os colegas. Já os fatores mais importantes para quem procura um novo empregador incluem, também, a flexibilidade do trabalho.

Reforma e flexibilidade. Prioridades no pacote de benefícios

A perceção dos colaboradores face ao seu pacote de benefícios tem evoluído favoravelmente, com 50% dos inquiridos a referirem que o que lhes é oferecido vai ao encontro das suas expectativas (face aos 43% registados em 2019). As organizações deveriam focar-se, sobretudo, nos benefícios que dizem respeito à reforma, à flexibilidade do trabalho e ao desenvolvimento de carreira, aponta o relatório. Além disso, 39% dos colaboradores inquiridos acredita que aplicações e ferramentas financeiras devem fazer parte do pacote de benefícios das empresas.

O inquérito refere, ainda, que a flexibilidade na escolha dos benefícios melhora a apreciação destas vantagens, e que 46% dos trabalhadores acreditam que a sua empresa consegue obter melhores condições em benefícios do que os trabalhadores conseguiriam por si próprios.

O “2022 Global Benefits Attitudes Survey” debruçou-se, também, sobre os benefícios relacionados com a reforma, indicando que 57% dos colaboradores acreditam que o plano de pensões de que usufruem satisfaz as suas necessidades. Ainda assim, 67% acreditam que não estão a poupar suficiente para a sua reforma.

Os colaboradores que utilizam aplicações são mais positivos quanto ao seu plano de pensões, com 89% dos inquiridos que estão satisfeitos com o seu plano a revelarem que usam regularmente aplicações que lhes permitem controlar as poupanças destinadas à reforma.

Saúde mental com mais queixas entre os colaboradores mais novos

Já sobre o bem-estar, apenas dois em cada cinco colaboradores são positivos relativamente aos esforços do seu empregador neste âmbito e um em cada oito trabalhadores diz ter problemas em todas as dimensões do bem-estar. Em termos de saúde, os colaboradores mais novos são os que reportam mais queixas a nível mental (51% dos trabalhadores com menos de 40 anos contra 23% dos que têm mais de 50 anos). Os empregados mais velhos, por sua vez, queixam-se mais da saúde física (27% dos colaboradores com mais de 50 anos e 15% dos que têm menos de 40 anos).

Entre os inquiridos, 67% referem que os planos de saúde oferecidos pelos empregadores correspondem às suas necessidades, mas apenas 33% afirmam que as iniciativas e os recursos oferecidos os motivaram a ter um estilo de vida mais saudável.

O “2022 Global Benefits Attitudes Survey” conclui, ainda, que os cuidados de saúde virtuais são uma forma chave para os empregados receberem cuidados (41%) e que as consultas virtuais são comparativamente favoráveis face às presenciais por serem mais convenientes (42%), terem um menor tempo de espera (47%) e serem igualmente eficientes (47%).

Trabalho remoto. Não há volta atrás, mas há um alerta

Já o trabalho remoto — sem grandes surpresas — continua a desempenhar um papel importante na sociedade europeia, com 30% dos inquiridos a quererem trabalhar mais remotamente no futuro e apenas 7% a escolherem o regime presencial. Entre os colaboradores, 63% afirmaram que condições de trabalho no que respeita o remoto estão de acordo com as suas expectativas.

Contudo, e apesar de 63% dos trabalhadores afirmarem que o trabalho remoto permitiu melhorar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, 49% sentem-se mais desligados da equipa e 33% demonstra preocupações com um impacto negativo na sua carreira.

O “2022 Global Benefits Attitudes Survey” foi realizado durante os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022, online, e englobou 13.385 colaboradores europeus que trabalham para empregadores do setor privado de média ou grande dimensão, escolhidos aleatoriamente.

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