Património das famílias cresceu 20% para 200 mil euros em três anos

A riqueza das famílias portuguesas cresceu cerca de 20% nos últimos três anos. Já o valor médio das dívidas manteve-se em cerca de 25,1 mil euros, de acordo com o INE.

Entre 2017 e 2020, mesmo com uma pandemia pelo meio, a riqueza líquida das famílias — medida pela diferença entre o valor dos ativos e das dívidas — cresceu. Durante aqueles três anos, o aumento foi de 19,9% para uma média de 200,4 mil euros de património líquido, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Já o valor médio das dívidas das famílias manteve-se em cerca de 25,1 mil euros.

Se a riqueza líquida média por família aumentou 19,9% em termos reais, a riqueza mediana aumentou 31,3%, para 101,2 mil euros, mostra o Inquérito à Situação Financeira das Famílias de 2020, publicado esta quarta-feira. Os ativos reais e financeiros contribuíram para esta evolução, “que é consistente com o aumento dos preços no mercado imobiliário e o aumento dos depósitos das famílias, especialmente acentuados desde a pandemia”, diz o INE.

Inquérito à Situação Financeira das Famílias 2020

Fonte: INE

Nos ativos reais, a “assimetria é menos acentuada no caso da residência principal do que no caso dos outros imóveis e restantes ativos reais”. As famílias da classe de riqueza mais elevada são proprietárias de 82,4% do valor total dos outros imóveis (que não a residência principal) e restantes ativos reais, e de 44,3% do valor das residências principais.

A residência principal é o ativo mais importante da riqueza real das famílias em todas as classes de riqueza líquida, exceto na mais elevada. Nesta classe, os ativos reais são mais diversificados e a residência principal, os outros imóveis e os negócios por conta própria representam individualmente cerca de um terço do património.

“As famílias portuguesas têm uma clara preferência por ser proprietárias da sua residência”, afirma o INE. Das famílias que vivem em casa própria (70% das famílias), apenas 2% preferiam ter arrendado. Das famílias que vivem numa casa arrendada, 63,5% preferiam ter comprado e não o fizeram por não terem condições financeiras.

Para o conjunto de todos os agregados, o valor mediano da residência é de cerca de 120 mil euros. Em todas as classes, exceto na de maior riqueza, o valor mediano da residência é bastante mais elevado do que o dos outros ativos reais. Na classe de maior riqueza o valor mediano da residência principal, dos outros imóveis e dos negócios por conta própria são semelhantes (cerca de 250 mil euros).

46,6% das famílias tinham algum tipo de dívida

O valor médio da dívida, considerando as famílias com e sem dívida, manteve-se em cerca de 25,1 mil euros, enquanto o valor mediano da dívida permaneceu nulo, uma vez que a percentagem de famílias sem dívida é superior a 50%.

As dívidas distribuem-se pelas famílias das diferentes classes de riqueza líquida de uma forma menos assimétrica do que os ativos, exceto no caso das hipotecas de outros imóveis que não a residência principal, lê-se nas conclusões do inquérito. Nas hipotecas da residência principal, com exceção da classe de riqueza mais baixa, que detém menos de 6% do valor da dívida, as restantes classes repartem o valor em proporções semelhantes, de cerca de 24%.

Em 2020, 46,6% das famílias residentes em Portugal tinham algum tipo de dívida, aponta o INE. A percentagem de famílias com dívida era próxima de 50% em todas as classes de riqueza, exceto na de riqueza líquida mais baixa, na qual a percentagem era de 31,7%. No conjunto das famílias, o tipo de dívida mais comum são as hipotecas da residência principal (30,5% das famílias).

Em todas as classes de riqueza, com exceção da mais baixa, a percentagem de famílias com empréstimos garantidos pela residência é superior a 30%, atingindo a percentagem mais elevada na classe entre o percentil 40 e 60. Na classe de riqueza mais baixa, em que a percentagem de proprietários da residência principal era 8,3%, apenas 5,4% das famílias tinham uma hipoteca da residência principal.

Os empréstimos não garantidos por imóveis são o segundo tipo de dívida mais comum (21,5% das famílias). A percentagem de famílias com este tipo de empréstimos varia entre 25,9% na classe de riqueza mais baixa e 12,3% na classe mais elevada.

O valor mediano da dívida para as famílias com dívida situou-se em 38,5 mil euros. As famílias da classe de riqueza líquida mais baixa tinham um montante mediano de dívida muito mais reduzido do que as restantes, o que reflete, em grande parte, o facto de nesta classe a percentagem de famílias com empréstimos garantidos por imóveis ser muito mais reduzida. Em todas as classes de riqueza os montantes medianos das dívidas garantidas por imóveis são muito mais elevados do que os montantes medianos das restantes dívidas.

(Notícia atualizada às 12h03 com mais informação)

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