Gentiloni e presidente do Eurogrupo avisam governos que medidas de apoio devem ser direcionadas

Presidente do Eurogrupo salienta necessidade de equilíbrio certo para reduzir inflação e apoiar crescimento. A par com o comissário europeu da Economia, defende medidas direcionadas.

É necessário avançar com medidas de apoio mais direcionadas e focadas, ao mesmo tempo que prosseguem os “esforços para evitar aumentar as pressões inflacionistas”. Esta foi a mensagem deixada esta sexta-feira no final da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, que decorreu em Praga. Apesar de reconhecer o risco de recessão, o presidente do Eurogrupo sinaliza que este cenário “não é inevitável”.

“Os ministros das Finanças da Zona Euro estão muito conscientes das preocupações das famílias e empresas com a crise energética. A forma como podemos responder é uma área importante de atenção”, começou por salientar Paschal Donohoe, presidente do Eurogrupo, em conferência após o encontro dos responsáveis. Assim, os governos estão a tentar coordenar esforços na resposta aos desafios que se apresentam, nomeadamente a inflação, que fazem questão de salientar que resulta da guerra na Ucrânia.

Donohoe assegurou assim que as “intervenções serão coordenadas com a política monetária do Banco Central Europeu“, garantindo que farão “todos os esforços para evitar aumentar as pressões inflacionistas”. Como responder à crise? O presidente do Eurogrupo salientou que as intervenções se deviam focar em transferências excecionais e de emergência, mas também direcionadas a grupos específicos.

Aviso que foi feito também por Paolo Gentiloni, comissário europeu para a Economia, que salientou que “há espaço para as medidas serem mais focadas“, algo que tem sido recomendado aos Estados-membros, mas admitindo que “nem sempre é fácil de implementar”. A aposta em apoios às camadas da população mais carenciadas face aos efeitos da inflação também tem sido recomendada aos governos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Apesar destes avisos, em Portugal a opção foi abranger também a classe média nas medidas apresentadas, com uma das “bandeiras” do novo pacote anti-inflação a ser um cheque de 125 euros atribuídos aos cidadãos com rendimentos de até 2.700 euros brutos por mês.

Os responsáveis destacam também a necessidade de atingir o equilíbrio certo “para reduzir inflação e apoiar crescimento”, como alertou Donohoe. A presidente do Banco Central Europeu (BCE) também esteve presente na reunião para informar das medidas tomadas pelo banco central, que determinaram a subida das taxas de juro em 75 pontos base.

Christine Lagarde reiterou que a inflação é mesmo a “grande preocupação” neste momento, defendendo que o conselho de governadores está “determinado e unido na decisão”. Destacou também que seria positivo que os Estados-membros apoiem uma abordagem coletiva na resposta aos problemas atuais.

"Reconhecemos o risco de recessão, mas tal não é inevitável e estamos comprometidos a ter equilíbrio nas medidas

Paschal Donohoe

Presidente do Eurogrupo

O presidente do Eurogrupo sublinhou que os ministros reconheceram que é preciso reduzir inflação, bem como a “necessidade de ter uma política monetária apropriada quando as circunstâncias mudam muito”. Mesmo assim, apesar de reconhecer o risco de recessão, mostrou-se confiante de que tal “não é inevitável”.

“O consenso [das previsões económicas] ainda é de crescimento baixo, em oposição a recessão inevitável”, reiterou Donohoe, depois de transmitir que estão “confiantes na resiliência e na capacidade da Zona Euro de colocar políticas em vigor para manter a força” da economia do bloco.

Esta nota mais positiva também foi partilhada por Klaus Regling, diretor-executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, que salientou que esta situação é muito diferente das últimas crises, nomeadamente da crise do Euro, quando foi necessário lutar e fazer “ajustamentos difíceis”. “Não vemos isso, nem a perda de competitividade”, disse, destacando também que foram criadas novas instituições, nomeadamente de supervisão, o que significa que “o setor da banca é mais forte agora que há dez anos”.

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