“Prosseguir indefinidamente” subida de juros “pode ter consequências complicadas”, alerta Marcelo

"Este é o ponto em que os decisores vão ter de parar para e ver se estão a combater bem a inflação e se não há o risco de empobrecer as economias", afirma Marcelo Rebelo de Sousa.

Prosseguir indefinidamente” uma política de subida das taxas de juro desta dimensão “pode ter consequências complicadas”, alertou esta quinta-feira o Presidente da República, no dia em que o Banco Central Europeu (BCE) decidiu voltar a aumentar as taxas de juro em 75 pontos base para o nível mais alto desde 2008.

“Esta mudança do BCE do 8 para o 80 a prosseguir de forma indefinida pode ter consequências complicadas, portanto, vale a pena pensar o mais próximo possível se é de continuar este galope porque não ser a maneira correta de resolver o problema da inflação nem do crescimento”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência da Ordem dos Economistas.

O Chefe de Estado fez ainda referência aos alertas lançados pelo antigo vice-presidente do BCE para os riscos recessivos de uma subida excessiva das taxas diretoras. Vítor Constâncio sugeriu numa intervenção que os bancos centrais devem fazer uma pausa e avaliar os impactos das duas decisões.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a análise de Vítor Constâncio: “Pessimista, realiste e diferente do que temos ouvido por razões políticas”, disse o Chefe de Estado, considerando que a “mensagem é insuspeita”. O Presidente da República recordou que no campo oposto há quem defenda que “a recessão pode ser só instantânea”, mas questionou se aqueles que por razões políticas arriscam “deixar a recessão despontar e depois travá-la em 2023” irão a tempo de fazê-lo.

Vai chegar um momento em que os decisores vão ter de parar para ver se estão a combater bem a inflação e se não há o risco de a inflação continuar presente e ao mesmo tempo haver um empobrecimento das economias, uma recessão”, disse o Chefe de Estado.

Vítor Constâncio, tendo em conta a experiência que teve durante a troika, “deixou muita gente a pensar se esta subida em galope das taxas de juro não tem de ser ponderado se é o caminho adequado”, acrescentou.

Quanto às medidas lançadas pelo Executivo para ajudar as famílias a enfrentar a subida das taxas e juro, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu para depois da aprovação da proposta de Orçamento do Estado para 2023. “O primeiro-ministro já disse que durante o debate na especialidade há folga para reponderar aquilo que foi anunciado. É esperar um mês”, disse.

Os trabalhadores dependentes com salários até 2.700 euros por mês e titulares de crédito à habitação podem pedir a redução da taxa do escalão de IRS, de acordo com a proposta do OE. Dessa forma, alcançam uma maior liquidez mensal em função de os seus rendimentos serem tributados a uma taxa mais reduzida.

Mas, ontem no Parlamento, António Costa anunciou que Conselho de Ministros irá “aprovar um diploma que ajuda a proteger as famílias, obrigando os bancos a renegociar os créditos quando os juros subam para além do teste de ‘stress’ a que as famílias foram sujeitas aquando do momento da contratação do crédito”.

(Notícia atualizada com mais informação)

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