Prestação da casa dispara até 50% em novembro

Juros do crédito à habitação não dão tréguas às famílias. Contratos revistos no próximo mês vão registar agravamentos entre 15% e 50%. Governo anuncia esta semana medidas para aliviar impacto.

Prestação da casa continua a subir.ECO

A prestação da casa vai dar um novo salto em novembro. Os contratos que foram revistos no próximo mês vão registar agravamentos entre 15% e 50%, de acordo com as simulações realizadas pelo ECO. Com os juros do crédito à habitação ainda sem darem sinais de tréguas, o Governo prepara-se para anunciar esta semana medidas para aliviar o bolso das famílias que estão a ser mais afetadas pelo aumento dos encargos com o empréstimo da casa.

Mês após mês, as taxas Euribor têm registado subidas impressionantes num curto espaço de tempo, refletindo o aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE) num esforço para fazer vergar a escalada da inflação.

Para as famílias que estão a pagar o crédito da casa ao banco, esta situação está a traduzir-se num aumento dramático (em alguns casos) da prestação da casa, isto enquanto também sentem a pressão da subida generalizada dos preços – a inflação superou os 10% em setembro.

É o seu caso? Então, vamos às contas. Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%, se o contrato tem como indexante:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 585 euros, mais de 76 euros (+14,88%) em relação à prestação que pagava desde agosto;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá subir para mais de 630 euros, um aumento de cerca de 158,62 euros (+33%) em relação à prestação que pagava desde maio;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para 650 euros, quase mais 234 euros (51,9%) em relação à prestação que pagou no último ano.

Em Portugal, mais de 1,3 milhões de contratos da casa estão indexados à taxa variável, representando mais de 90% do mercado, sendo que são estes os que estão expostos às variações das Euribor – a taxa de juro usada pelos bancos nos empréstimos que fazem entre si.

O impacto da subida destas taxas vai ser maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos era de 61.089 euros em setembro, o que significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor vai ser mais baixo do que aquele que mostra a simulação do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

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Governo prepara mais medidas de alívio

Face à subida dos juros, o Governo prepara-se para anunciar mais medidas para aliviar as finanças das famílias que estão as ser mais afetadas pelo agravamento dos encargos do empréstimo da habitação. Alternativamente, pode sempre tentar negociar diretamente com o seu banco no sentido de rever a prestação da casa.

O Executivo já anunciou uma medida de apoio à liquidez das famílias no âmbito do Orçamento do Estado para o próximo ano, propondo que os contribuintes com crédito à habitação, e que sejam trabalhadores por conta de outrem, passem a ser tributados num escalão inferior em 2023. Mas não vai ficar por aqui.

Vêm aí alterações no regime de prevenção do incumprimento dos clientes (PARI), que determina que os bancos proponham soluções para mitigar o aumento da prestação mensal.

A proposta em cima da mesa prevê que uma taxa de esforço (peso da prestação em relação aos rendimentos) superior a 40% e uma evolução nesses mesmos encargos de cinco pontos percentuais, no último ano de financiamento, sejam condições essenciais para que os bancos avancem com a renegociação dos empréstimos à habitação, de acordo com o Jornal de Negócios.

Para os casos mais graves, uma taxa de esforço de 50% ditará a renegociação sem que seja necessário cumprir o critério da rapidez no agravamento das condições financeiras.

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