Produção de eletricidade retomada na barragem do Alto Lindoso

  • Lusa
  • 18 Novembro 2022

A barragem ainda não atingiu a cota mínima para a produção de eletricidade, 329 metros, mas a previsão meteorológica para os próximos dias aponta para “bastante precipitação”.

A produção de eletricidade na barragem do Alto Lindoso, Ponte da Barca, suspensa desde outubro, foi retomada dia 12, por estar “a 70% da sua capacidade de armazenagem” e face à previsão de precipitação para os próximos dias.

“A informação que temos é a de que a barragem do Alto Lindoso está a cerca de 70% da sua capacidade de armazenamento de água. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) deu autorização para o arranque da produção de energia na última sexta-feira que a EDP iniciou, no dia seguinte”, afirmou esta sexta-feira Augusto Marinho.

Em declarações à agência Lusa, o autarca social-democrata adiantou que a autorização da APA, apesar de não ter sido atingida a cota mínima para a produção de eletricidade, 329 metros, foi justificada com a previsão meteorológica para os próximos dias, que aponta para “bastante precipitação”.

No dia 1 de outubro, a APA suspendeu, temporariamente, a produção hidroelétrica em 15 barragens, entre elas a do Alto Lindoso e Touvedo, no concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, até que serem alcançadas as cotas mínimas da sua capacidade útil.

Antes, em finais de janeiro, a EDP tomou a iniciativa, atendendo à situação de seca severa que afetava a região, de suspender a produção de energia elétrica, dias antes do Governo restringir o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola.

A barragem do Alto Lindoso e Touvedo foi uma das quatro cuja água só podia ser usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, garantindo valores mínimos para a manutenção do sistema de abastecimento de água para consumo humano. Augusto Marinho adiantou que apesar da chuva intensa que se tem feito sentir a barragem tem demorado a encher, estando ainda com bastante capacidade de armazenamento disponível”.

“É um cenário bem mais animador”, disse, adiantando que o município está “apreensivo” quando ao “efeito que a chuva tem tido nas linhas de água do concelho”.

“Verificamos que há muitos resíduos e matéria orgânica na água, consequência dos fogos florestais. Estas chuvas, com a força com que vieram dificultam a sua penetração nos solos. Isso verifica-se nas linhas de água que temos na zona das albufeiras, mais concretamente na barragem de Touvedo, mas também noutros locais onde tivemos fogos florestais e que levou à intervenção da proteção civil. A quantidade de água que tem caído é muita e a capacidade de retenção dos terrenos é muito reduzida”, disse.

O autarca alertou para “a necessidade de uma intervenção mais rápida e mais acentuada”, logo após os fogos florestais. “Se não houver celeridade na intervenção após os fogos florestais poderemos ter problemas mais sérios, como derrocadas ou outros efeitos, como os que já estamos a sentir ao nível das linhas de água”, avisou. Relativamente ao setor agrícola, Augusto Marinho disse que o município “não tem nenhum feedback negativo”, decorrente da “chuva intensa e prolongada que tem atingido o distrito de Viana do Castelo.

“Não nos chegaram dados de que a precipitação esteja a causar danos significativos nalguma colheita. A água fazia falta, portanto, ainda bem que veio para repor o equilíbrio que estava em défice”, especificou. Quantos aos “benefícios” decorrentes da pluviosidade intensa que se tem feito sentir na região referiu “serem há muito esperados e desejados”.

“A chuva veio trazer um novo equilíbrio às nossas serras, aos campos agrícolas e às pastagens que agora estão verdejantes e ricas. Estão como é natural estarem”, concluiu. A albufeira da barragem hidroelétrica do Alto Lindoso situa-se no rio Lima, entre as freguesias de Lindoso e Soajo (concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, respetivamente), dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).

A barragem foi projetada em 1983 e concluída em 1992. Inaugurada em março de 1993 pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, a sua utilidade é a produção de energia elétrica.

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