MNE abre concurso para embaixadas e consulados. Em duas vagas salário é inferior a 200 euros brutos

Apesar de admitir que já foi alcançado um acordo com o Governo na maioria dos países, o STCDE exige melhores salários em ainda 22 países. Sem reunião agendada com o Executivo, não descarta a greve.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) abriu um novo processo de recrutamento de funcionários para os Serviços Periféricos Externos (SPE) do ministério, com o objetivo de reforçar as embaixadas, postos consulares, missões e representações. São mais de 40 posições em aberto para as categorias de assistente técnico, assistente operacional e técnico superior. Em seis das vagas o salário é inferior ao Salário Mínimo Nacional (SMN). O Sindicato dos Trabalhadores Consulares e Missões Diplomáticas (STCDE) exige melhores salários em ainda 22 países e admite avançar com greve. Governo diz que os valores praticados estão de acordo com a lei e garante que tem mantido uma “posição de abertura e diálogo com vista à valorização das carreiras dos funcionários”.

À espera, desde 31 de janeiro, da resposta do Executivo à contraposta de revisão salarial apresentada, o STCDE não descarta avançar com greve. “Já informamos o ministro, em 9 de fevereiro, que exigimos reunir até final de fevereiro, sem o que iremos recorrer à greve, pois todo o nosso esforço de resolução por via do diálogo está a esbarrar na ausência de resposta”, afirma Rosa Teixeira Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, Missões Diplomáticas e Serviços Centrais, em declarações à ECO Pessoas.

Uma ausência de resposta do MNE que a responsável sindical classifica de “incongruente face à urgência da situação”. É que as negociações decorrem “num momento em que são publicitados os avisos de concurso, muitos deles com remunerações indignas”, reforça.

O MNE garante que tem mantido uma posição de abertura e diálogo.Encontram-se em curso negociações, tendo em vista a atualização das tabelas salariais. O Ministério dos Negócios Estrangeiros tem mantido uma posição de abertura e diálogo com vista à valorização das carreiras dos funcionários que prestam serviço nas missões diplomáticas e consulares“, afirma, sem avançar, contudo, um horizonte temporal para voltar a reunir com o sindicato.

As negociações entre sindicato e Governo decorrem numa altura em que o MNE abriu concurso para o preenchimento de mais de 40 vagas, mas em seis dos casos a remuneração proposta está abaixo do SMN e, em dois deles, abaixo dos 200 euros. Por exemplo, para a posição de assistente de residência na Embaixada de Portugal em Nairobi, a capital do Quénia, o MNE oferece um salário mensal de 130,32 euros brutos. E para a mesma posição na Embaixada de Portugal em Dakar, capital do Senegal, o vencimento mensal ilíquido fixa-se nos 195,14 euros.

Sindicato exige SMN para 22 países

Ainda que, no caso do Senegal, o STCDE adiante que foi alcançado um acordo, “perto do salário mínimo português”, o mesmo não aconteceu no Quénia, nem noutros 21 países. Entre eles está o Cazaquistão, Colômbia, Moçambique, Argentina ou Ucrânia. Neste país em guerra, o salário mínimo dos funcionários é de pouco mais de 600 euros.

“[O Governo] apresentou uma proposta de revisão, país por país, a 20 de dezembro de 2022, antes, portanto, do período natalício. Tivemos uma reunião, para entendimento dos critérios adotados pelo Governo a 11 de janeiro de 2023. Tivemos nova reunião a 16 de janeiro de 2023, em que o STCDE apresentou uma contraproposta, registando o facto de concordarmos com 70% dos valores, mas discordando relativamente aos propostos para alguns dos restantes países, em que é proposto um valor inferior ao salário mínimo na Administração Pública (761,58 euros)”, detalha Rosa Teixeira Ribeiro.

Os casos mais gritantes surgem no Cazaquistão (143,6 euros), no Paquistão (186,66 euros), no Quénia (187,89 euros), em S. Tomé (195,37 euros) e na Etiópia (199,92 euros).

O STCDE propôs que fosse determinado o salário mínimo para estes 22 países, pois trata-se de “trabalhadores, em regime de contrato de trabalho em funções públicas, a trabalhar em território nacional, já que uma embaixada ou um consulado são uma extensão do território nacional”.

Mais, argumentam, as remunerações devem possibilitar a candidatura de nacionais portugueses. “Quem irá candidatar-se com uma remuneração base de 143,60 euros, como no Cazaquistão?”, questiona a secretária-geral do STCDE.

“Relativamente a este país, repare-se que o Governo fixou, em fevereiro de 2017, a remuneração inicial em 900 euros e, agora, vem diminuí-la para 143,60 euros, após se ter verificado naquele país, entre 2017 e 2022, uma inflação de 57%”, acrescenta. “Sem pretender comparar situações incomparáveis, choca-nos que o mesmo ministério tenha fixado em 2022 o abono de habitação de um Secretário de Embaixada, diplomata, portanto, em 1.885,54 euros, portanto em mais de dez vezes a remuneração base que agora propõe, e o abono de representação em 5.967,17 euros, ou seja 41 vezes mais.”

Seis vagas com salários abaixo dos 760 euros

No atual concurso que ainda está a decorrer, pelo menos para algumas das vagas publicadas, há seis postos de trabalho com salários abaixo dos 760 euros. É o caso dos já mencionados para assistente de residência na Embaixada de Portugal em Nairobi e para a mesma posição na Embaixada de Portugal em Dakar.

Em Nairobi (Quénia), o assistente de residência contratado, que irá exercer funções de jardineiro na embaixada de Portugal, irá auferir a remuneração mensal ilíquida de 130,32 euros, sendo o valor anual global bruto de 1.824,48 euros, ao qual acresce o montante de 4,86 euros, correspondente ao subsídio de refeição por dia efetivo de trabalho. Terá um contrato em funções públicas por tempo indeterminado, com um período experimental de 90 dias, lê-se na descrição da vaga.

o assistente de residência contratado para a Embaixada de Portugal em Dakar vai receber 195,14 euros, o que corresponde a um valor anual bruto de 2.731,96 euros, ao qual acrescem 4,36 euros de subsídio de refeição por dia efetivo de trabalho.

Mas há também algumas vagas para a categoria de assistente técnico e técnico superior cujos ordenados não chegam ao patamar do SMN, precisamente nas mesmas embaixadas.

Em Nairobi, foram abertos dois postos de trabalho, na categoria de assistente técnico, com salários na ordem dos 491,44 euros brutos (6.880,16 euros anuais brutos). A este valor acrescem 4,86 euros de subsídio de alimentação. Entre os requisitos para a função está “conhecimento aprofundado da língua inglesa”, “domínio do português e do swahili”, e “ser titular do 12.º ano de escolaridade ou de curso que lhe seja equiparado”, lê-se na descrição da oferta de trabalho.

Já na Embaixada de Portugal em Dakar estão em causa duas vagas — uma para técnico superior e outra para assistente técnico — cujos vencimentos são de 744,45 euros e 450,56 euros brutos por mês, respetivamente. Ambos com um subsídio de refeição no valor de 4,36 euros e exigência do domínio da língua portuguesa e francesa. No caso da oferta para técnico superior é ainda requisito possuir uma licenciatura ou equivalente.

Com negociações paradas, greve volta a estar em cima da mesa

As negociações com o Governo arrancaram a 5 de dezembro, depois de o sindicato dos trabalhadores dos consulados e embaixadas ter avançado com um pré-aviso de greve de um mês e meio, com início previsto precisamente nesse dia, exigindo a negociação das novas tabelas salariais, bem como a publicação dos acordos que foram feitos com o Governo. Com o início das negociações, a greve foi desconvocada.

Contudo, sem reunião agendada até final de fevereiro, a paralisação dos serviços volta a estar em cima da mesa. “Já informamos o ministro, em 9 de fevereiro, que exigimos reunir até final de fevereiro, sem o que iremos recorrer à greve, pois todo o nosso esforço de resolução por via do diálogo está a esbarrar na ausência de resposta. O que nos parece absolutamente caricato, uma vez que já existe acordo em relação a uma maioria dos países, e os restantes não implicam acréscimo orçamental incomportável”, afirma a dirigente do STCDE.

Rosa Teixeira Ribeiro defende ainda que fazer propostas “desta ordem de grandeza” vai contra a criação de uma carreira atrativa. “Temos de pensar que somos ao todo, neste momento, menos de 1.300 trabalhadores em todo o mundo, uma gota de água na Administração Pública portuguesa”, refere.

Já informamos o ministro, em 9 de fevereiro, que exigimos reunir até final de fevereiro, sem o que iremos recorrer à greve, pois todo o nosso esforço de resolução por via do diálogo está a esbarrar na ausência de resposta.

Rosa Teixeira Ribeiro

Secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, Missões Diplomáticas e Serviços Centrais

Por outro lado, muitos dos países em questão envolvem alguma precaução redobrada em questões de segurança. Sobre o Quénia, por exemplo, o Portal Diplomático alerta para risco de ataques terroristas e recomenda aos viajantes que “evitem lugares de manifestações ou demonstrações públicas, avaliem as suas deslocações no país e se mantenham atentos, em especial na estrada e em locais públicos”.

Recomenda-se ainda que a circulação em automóvel seja sempre feita com as janelas fechadas e as portas trancadas, evitar ficar sozinho em áreas isoladas ou ostentar joias e equipamentos eletrónicos de valor, assim como andar pelas ruas das principais cidades à noite, devido aos risco de assaltos e outras formas de violência “Em Nairobi, recomenda-se precaução em deslocações a bairros como Kibera e Mathare“, adverte o próprio ministério no site, na zona de “Conselhos aos Viajantes”.

Também na Argélia, outro dos países onde o sindicato exige novas tabelas salariais, o Portal Diplomático alerta para a ameaça terrorista no país. “Apesar da melhoria da situação, continua a registar-se atividade terrorista no país, sobretudo em áreas rurais. (…) A ameaça de sequestros no sul do país e nas áreas de fronteira é alta. Existem precedentes para o sequestro de estrangeiros. A posição do governo argelino em relação aos sequestros é a de não fazer concessões aos sequestradores e não pagar resgates. (…) Para além da ameaça terrorista tem-se assistido na Argélia ao aumento de delinquência comum.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mota-Engil aumenta lucros em 69% para 41 milhões em 2022

  • Lusa
  • 1 Março 2023

Construtora viu lucros subirem para 41 milhões em 2022, ano em que a atividade cresceu 47% para um "patamar inédito de faturação de 3,8 mil milhões", que só previa alcançar em 2026.

O grupo Mota-Engil obteve um lucro de 41 milhões de euros em 2022, um aumento de 69% face ao período homólogo, segundo os resultados da empresa divulgados esta quarta-feira. Os resultados de 2022 foram influenciados por um período marcado pelo crescimento de 47% da atividade “para um patamar inédito de faturação de 3,8 mil milhões de euros, valor previsto de ser alcançado no Plano Estratégico em vigor apenas em 2026″.

“Os contratos recentemente adjudicados e que se iniciaram este ano tornaram possível antecipar o objetivo, num registo que foi fortemente impactado pelo crescimento de 69% registado no segundo semestre do ano”, explica a Mota-Engil, empresa a quem foi adjudicada a construção do altar-palco para a Jornada Mundial da Juventude.

O valor de EBITDA (lucros antes de impostos, taxas e amortizações) foi de 541 milhões de euros, superando pela primeira vez o marco de 500 milhões de euros, refere a construtora.

O cash-flow proveniente das operações aumentou 47% em termos homólogos para 608 milhões de euros, o que, segundo o grupo, “contribuiu decisivamente para a redução de 17% da dívida líquida (-186 milhões de euros), que se situava em dezembro em 939 milhões de euros”.

O grupo apresentou no final de 2022 “uma melhoria do rácio de Dívida Líquida / EBITDA para 1,7x, objetivo previsto de ser alcançado em 2026 numa trajetória que se pretende de evolução contínua para um crescimento que se pretende gradual e sustentável conforme os objetivos estabelecidos para 2026″, indica a empresa.

A empresa destaca ainda que em 2022 registou “o melhor desempenho comercial da sua história, ao atingir níveis recorde de angariação comercial”, com destaque para México e Angola, atingindo 12,6 mil milhões na carteira de encomendas, mais do dobro face a 2020.

Por área de negócio, o grupo realça o crescimento anual de 57% no negócio de engenharia e construção, impactado pelo crescimento em África e América Latina.

Ao nível financeiro, o grupo Mota-Engil concretizou o seu plano de investimentos (CAPEX) com 351 milhões de euros, tendo reduzido a dívida líquida para 939 milhões, o menor valor consolidado nos últimos cinco anos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ivo Rosa e João Ranito são mesmos os únicos candidatos a procurador europeu

A garantia foi dada pelo presidente e vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, Henrique Araújo e José Lameira, numa sessão de balanço dos últimos três anos de mandato do vice.

Afinal, os únicos candidatos ao cargo de Procurador Europeu são mesmo só o magistrado Ivo Rosa e o procurador João Ranito. A garantia foi dada pelo presidente e vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, Henrique Araújo e José Lameira, numa sessão de balanço dos últimos três anos de mandato do vice, que termina em maio deste ano.

Em meados de fevereiro, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) veio dizer que têm de existir no mínimo três candidatos para o cargo, acrescentando que o número ideal seria de seis, conforme adiantou o Observador.

Segundo este parecer, os Conselhos Superiores da Magistratura (CSM) e do Ministério Público (CSMP) teriam de nomear mais dois nomes, cada um. Em dezembro de 2022, a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, tinha pedido um parecer urgente ao Conselho Consultivo da PGR para saber se era legal apresentar apenas dois candidatos.

No caso da magistratura judicial, o único nome que acaba por ficar na corrida é Ivo Rosa, que enfrenta atualmente dois processos disciplinares no mesmo CSM. Razão pela qual a sua promoção a desembargador na Relação se encontra suspensa. “Não houve mais nenhum candidato, a verdade é essa”, explicou o juiz conselheiro Henrique Araújo.

Já no caso da magistratura do MP, fonte do CSMP já tinha adiantado que a abertura de novo concurso foi “rejeitada por unanimidade” numa reunião presidida pela procuradora-geral da República, Lucília Gago.

“O CSMP deliberou que já executou todas as diligências previstas na lei relativamente ao procedimento de seleção do procurador europeu”, adiantou a mesma fonte, sendo este o argumento para recusar a abertura de novo concurso. De lembrar que os pareceres do Conselho Consultivo da PGR não têm caráter vinculativo. O procurador José Ranito é, assim, o único candidato indicado pelo CSMP para o cargo.

Do lado da magistratura judicial, o CSM já tinha adiantado à Lusa – há duas semanas – que foram abertos “dois procedimentos de recrutamento de magistrados judiciais para seleção e designação dos candidatos nacionais a procurador europeu, um em 20 de maio de 2022 e o segundo em 17 de outubro de 2022”.

O CSM apenas validou a candidatura do juiz Ivo Rosa, até há pouco tempo juiz de instrução no Tribunal Central de Investigação Criminal (TCIC). Segundo o esclarecimento do CSM, esse foi o nome indicado pelo conselho superior ao Ministério da Justiça, dado que a candidatura do juiz de direito Filipe César Vilarinho Marques “foi rejeitada, em ambos os procedimentos por não se verificar o critério de elegibilidade relativo à experiência mínima de 20 anos de exercício efetivo como magistrado judicial”.

O magistrado português José Guerra – que exerceu o cargo até agora – foi indicado pelo Governo para o cargo de procurador europeu depois de ter sido selecionado em primeiro lugar pelo CSMP, mas após um comité europeu de peritos ter considerado como melhor candidata para o cargo Ana Carla Almeida.

O Governo esteve desde então – ainda no mandato da ex-ministra a Justiça, Francisca Van Dunem – no centro de uma polémica, sobretudo por ter transmitido dados errados numa nota ao Conselho da União Europeia apensa ao currículo de José Guerra, ainda que a estrutura tenha corroborado a posição do executivo português de que os “lapsos” relativos à proposta de nomeação do magistrado para procurador europeu não interferiram com a decisão da sua nomeação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

É cliente da Vodafone? Preços sobem a partir desta quarta-feira

Operadora segue os concorrentes Meo e Nos e aumenta os preços dos produtos e serviços ao nível da inflação registada no ano passado. Tarifas sobem até 7,8%.

A Vodafone Portugal sobe em até 7,8% os preços dos produtos e serviços esta quarta-feira, 1 de março, um mês depois de os principais concorrentes terem realizado aumentos da mesma dimensão. A atualização resulta da inflação elevada que se registou no ano passado.

“A Vodafone Portugal irá atualizar o preço dos serviços de telecomunicações prestados aos seus clientes a partir de 1 de março de 2023, com um aumento máximo de 7,8% no valor global da fatura, conforme os serviços subscritos e de acordo com os termos e condições previstos no respetivo contrato”, anunciou a empresa em janeiro.

A taxa de 7,8% é equivalente à taxa média anual de inflação registada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2022, um valor atípico que esteve relacionado com o choque económico provocado pela guerra na Ucrânia e pelas sanções à Rússia. À semelhança da Meo e da Nos, que subiram os preços na mesma ordem no passado dia 1 de fevereiro, o grosso dos clientes da Vodafone estão expostos a este aumento por via de uma cláusula contratual.

Segundo a Vodafone, esta quarta-feira sobem “os valores das mensalidades dos produtos e serviços” da empresa, “bem como a generalidade das tarifas de serviço”. “Não serão atualizados os valores relativos a canais premium, serviços de streaming e outros serviços adicionais de televisão que possa ter subscrito (ex: Sport TV, Benfica TV, Eleven, HBO Max, Netflix, Disney+, filmes de videoclube)”, nem os valores de equipamentos da Vodafone incluídos no serviço e tarifas de âmbito regulatório.

“O setor das telecomunicações tem sido fortemente afetado pelo atual contexto macroeconómico e geopolítico, do qual resultaram aumentos significativos nos preços da energia e das matérias-primas. Este facto, associado à subida da taxa de inflação, resulta em aumentos expressivos nos custos operacionais e de manutenção e gestão da rede de suporte à prestação dos nossos serviços”, justifica a Vodafone Portugal.

Em fevereiro, o aumento anunciado pelas três principais operadoras portuguesas levou a Anacom a propor ao Governo a limitação a seis meses do período máximo de fidelização associado aos pacotes de telecomunicações (atualmente é de dois anos).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Correio fica mais caro. CTT sobem preços em 6,58% esta quarta-feira

CTT aumenta esta quarta-feira em 6,58% os preços do cabaz de serviços de correspondências, correio editorial e encomendas, em linha com a fórmula combinada com Anacom e Direção-Geral do Consumidor.

Os preços do correio aumentam esta quarta-feira, dia em que os CTT CTT 0,00% efetivam a atualização de 6,58% prevista desde o final de janeiro. A subida resulta da inflação e da queda do tráfego do correio.

“Os CTT informam que a atualização dos preços do cabaz de serviços de correspondências, correio editorial e encomendas ocorrerá a partir de 1 de março de 2023, correspondendo a uma variação média anual do preço de 6,58%”, referiu a empresa num comunicado. “Enquadrada na política tarifária da empresa para o ano de 2023, a presente atualização corresponde a uma variação média anual dos preços de 6,24%, refletindo também o efeito da atualização dos preços especiais do correio em quantidade”, acrescentou.

A subida resulta da aplicação de uma fórmula que foi acordada entre os CTT, a Anacom e a Direção-Geral do Consumidor e que pondera diversas variáveis. A mais relevante é a “taxa de variação média dos últimos 12 meses do Índice de Preços do Consumidor a terminar em junho do ano anterior (2022)”, no valor de 4,05%. É ainda ponderada uma queda de 3,61% no tráfego do correio.

Esta atualização insere-se no serviço postal universal, que é concessionado pelo Estado à empresa privada. Segundo o presidente executivo dos CTT, João Bento, o impacto destes aumentos é “absolutamente desprezível” nas empresas e famílias, significando, por exemplo, um peso de 0,013% no orçamento familiar (rondando os três euros por ano, nas contas da companhia).

Em meados de fevereiro, o presidente da Anacom disse no Parlamento ter impedido os CTT de realizarem um aumento ainda maior, de 9,6%, resultante da aplicação errada da fórmula. Segundo João Cadete de Matos, a Anacom notificou os CTT da incorreção, resultando num aumento bastante inferior, de 6,58%.

Nessa ocasião, fonte oficial da empresa reagiu, respondendo ao ECO: “A este propósito, importa fazer notar que o Serviço Público de Correio é financiado exclusivamente pelo preço, ou seja, pelos seus utilizadores, não fazendo uso de quaisquer fundos do Orçamento de Estado, pelo que é muito importante ter sido obtido tão sólido consenso no estabelecimento da fórmula de preço que, como não poderia deixar de ser, tem em conta a queda do correio e a inflação.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

A EDP e a Mota-Engil vão apresentar os resultados anuais. No Parlamento, deputados decidem como vão prosseguir na comissão de inquérito à TAP.

Mais duas empresas do PSI, o índice de referência português, vão apresentar os resultados anuais esta quarta-feira: a EDP e a Mota-Engil. O dia será marcado também pela divulgação de dados sobre a dívida pública e o desemprego em janeiro, enquanto no Parlamento os deputados discutem como vão prosseguir na comissão de inquérito à TAP.

EDP apresenta resultados anuais

Depois da subsidiária EDP Renováveis, que anunciou que os lucros cresceram 2% para 671 milhões de euros em 2022, chega a vez da casa-mãe EDP apresentar ao mercado os resultados do ano passado. Nos primeiros nove meses de 2022, o lucro da aumentou apenas 1% para os 518 milhões de euros.

Mota-Engil presta contas de 2022

Há ainda outra cotada do PSI a apresentar resultados esta quarta-feira: a Mota-Engil. A construtora portuguesa vai revelar as contas do ano passado, depois de ter sinalizado em novembro que estimava um crescimento do volume de negócios de mais de 30% em 2022, nomeadamente tendo em conta as assinaturas de contratos internacionais.

Como evoluiu a dívida pública em janeiro?

O Banco de Portugal divulga esta quarta-feira a nota de informação estatística sobre a evolução da dívida pública em janeiro. Em dezembro de 2022, a dívida pública diminuiu 0,7 mil milhões de euros face ao mês anterior. Já no total do ano de 2022, a dívida pública aumentou 3,3 mil milhões de euros para 272,6 mil milhões de euros.

INE divulga dados do desemprego

O Instituto Nacional de Estatística publica esta quarta-feira as estimativas mensais de Emprego e Desemprego referentes ao mês de janeiro, que permitirão perceber como o mercado laboral está a sentir os impactos da inflação. Serão também revelados dados sobre a produção industrial no primeiro mês do ano.

Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP define caminho

A Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP vai reunir esta quarta-feira após o Plenário. Os deputados que integram esta comissão, que surgiu depois da polémica à volta da indemnização à administradora Alexandra Reis, vão decidir sobre as diligências a efetuar e documentos a solicitar.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Concursos para subdiretor-geral do Orçamento ficaram desertos. CReSAP repete aviso

Primeiros concursos para preencher cargo que supervisiona a elaboração e execução do Orçamento do Estado foram abertos em outubro do ano passado. São repetidos por terem ficado desertos.

Os dois concursos para recrutamento e seleção de um subdiretor-geral do Orçamento ficaram desertos, pelo que a Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) teve de repetir os avisos. O cargo é assumido por cinco anos e tem, entre as competências, a preparação do Orçamento do Estado e o acompanhamento da execução orçamental.

Os primeiros concursos foram abertos a 27 de outubro do ano passado e encerraram a 10 de novembro. No entanto, tiveram de ser reabertos, com o novo aviso publicado na passada quinta-feira, 23 de fevereiro: “A repetição do aviso deve-se ao facto de o procedimento concursal ter sido considerado deserto”, explica ao ECO o presidente da CReSAP, Damasceno Dias.

“O resultado do primeiro concurso não permitiu a elaboração da short list de três nomes. Por esse motivo foi considerado deserto, tendo-se procedido à repetição do aviso, nos termos da lei”, acrescenta.

A Direção-Geral do Orçamento (DGO) é comandada “por um diretor-geral, coadjuvado por quatro subdiretores-gerais, cargos de direção superior dos 1.º e 2.º graus, respetivamente”, segundo a lei orgânica. Assim, estão em causa concursos para dois dos quatro subdiretores.

Segundo a carta de missão disponível no site da CReSAP, o período da comissão de serviço deste cargo era suposto ser de cinco anos, de 2021 a 2026. O cargo contempla funções como “superintender na elaboração e execução do Orçamento do Estado, na contabilidade do Estado, no controlo da legalidade, regularidade e economia da administração financeira do Estado”.

Este segundo concurso, do qual deverá sair uma short list de três candidatos para enviar ao Governo, encerra a 8 de março. Este procedimento é “urgente, de interesse público, não havendo lugar à audiência de interessados e não havendo efeito suspensivo do recurso administrativo interposto do despacho de designação ou de qualquer outro ato praticado no decurso do procedimento concursal”, lê-se no aviso.

Trata-se de um cargo de direção superior de 2.º grau, que tem um vencimento base de 3.212,12 euros, a que acrescem 590,83 euros em despesas de representação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcelo promulga lei das Ordens Profissionais até 20 de março

Após o TC considerar que a lei das Ordens Profissionais é constitucional, o diploma passa para as mãos do PR. Marcelo tem 20 dias, desde o momento que tenha recebido o acórdão, para promulgar.

O Tribunal Constitucional (TC) já deu o seu veredicto e considerou que a lei das Associações Públicas Profissionais é constitucional. Agora o diploma passa para as mãos do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa tem até 20 de março desde que receba o acórdão do TC, para promulgar o diploma, como já garantiu que o faz. Na segunda-feira, logo após a divulgação pública dessa mesma decisão, o Chefe de Estado foi notificado da mesma.

Segundo o artigo 136.º da Constituição da República Portuguesa, “no prazo de vinte dias contados da receção de qualquer decreto da Assembleia da República para ser promulgado como lei, ou da publicação da decisão do Tribunal Constitucional que não se pronuncie pela inconstitucionalidade de norma dele constante, deve o Presidente da República promulgá-lo ou exercer o direito de veto, solicitando nova apreciação do diploma em mensagem fundamentada”.

Certo é que o chefe de Estado vai promulgar o diploma das ordens profissionais, uma vez que já tornou pública a sua decisão e sublinhou que o faria “imediatamente”. Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o seu pedido de fiscalização prévio de constitucionalidade se deveu à mesma razão de sempre: “certeza e segurança”. “Havia 18 ou 19 ordens profissionais que entendiam que o diploma era muito inconstitucional, o Governo entendia o contrário, tal como a maioria da Assembleia da República, nada como o TC clarificar isso”, disse.

Na segunda-feira, dia 27 de fevereiro, o Tribunal Constitucional pronunciou-se pela constitucionalidade sobre a Lei das Ordens Profissionais, que altera o regime jurídico das associações públicas profissionais. Esta decisão foi tomada por unanimidade e por o TC “não considerar desrespeitados” quaisquer princípios ou normas constitucionais. O pedido de fiscalização preventiva tinha sido feito por Marcelo Rebelo de Sousa no dia 1 de fevereiro.

“O Plenário do Tribunal Constitucional pronunciou-se na sessão sobre o pedido de fiscalização preventiva do Presidente da República, que pretende reforçar a salvaguarda do interesse público, a autonomia e a independência da regulação e a promoção do acesso a certas atividades profissionais, introduzindo alterações em diversas normas da Lei n.º 2013, de 10 de janeiro. O Presidente da República fundou o seu pedido na possibilidade de algumas das alterações sofrerem do vício de inconstitucionalidade material, por ofenderem os princípios da igualdade e proporcionalidade, a garantia do exercício de direitos políticos e o princípio da autorregulação das ordens profissionais”, sublinhou o TC em comunicado.

Para o Presidente da República, o decreto da Assembleia da República (AR) suscitava dúvidas relativamente ao “respeito de princípios como os da igualdade e da proporcionalidade, da garantia de exercício de certos direitos, da autorregulação e democraticidade das associações profissionais, todos previstos na Constituição da República Portuguesa”. Desta forma, decidiu pedir a fiscalização ao TC.

A nova lei das Ordens Profissionais vai alterar questões como as condições de acesso às respetivas profissões, introduzir estágios profissionais remunerados e criar uma entidade externa para fiscalizar os profissionais. No texto final foram introduzidas alterações como precisões sobre as taxas cobradas durante o estágio e a possibilidade de serem reduzidas. A duração dos estágios fixou-se em 12 meses, podendo ser maior em casos excecionais. Outra das alterações foi a aprovação da existência de um órgão disciplinar, que não estava previsto na anterior lei-quadro, que prevê a fiscalização sobre a atuação dos membros das ordens profissionais, composto por elementos externos às profissões respetivas. Outra das questões polémicas é a introdução das sociedades multidisciplinares.

Quase todas as Ordens Profissionais se mostraram contra esta proposta que nasceu do PS e do PAN. Segundo dados do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), existem atualmente em Portugal 20 ordens profissionais, tendo as duas últimas sido criadas em 2019, a Ordem dos Fisioterapeutas e a Ordem das Assistentes Sociais. Estas ordens regulam a atividade de mais de 430 mil profissionais.

Ordens começam a reagir

Uma das ordens que já reagiu à decisão do TC foi a Ordem dos Advogados (OA) que discordou da decisão. A OA referiu ainda que irá analisar a decisão e avaliar quais as melhores medidas a adotar.

“A OA não deixa de manifestar desde já a sua discordância em relação ao referido acórdão do Tribunal Constitucional, na medida em que é nosso entendimento que este diploma legal é atentatório do Estado de Direito, da autorregulação das associações públicas profissionais, bem como da defesa do interesse público”, referem numa publicação do Facebook.

bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, defendeu que o CNOP deve encontrar “outras alternativas” para contestar a nova lei das ordens profissionais. “Vamos manter, obviamente, esta união, vamos caminhar juntos nessa situação e vamos ter de encontrar outras alternativas para contestar a legislação” que altera a regulação das ordens profissionais, adiantou à agência Lusa o bastonário Miguel Guimarães.

A Ordem dos Médicos “estará atenta” a esta situação, assegurou Miguel Guimarães, ao adiantar que o presidente do CNOP, António Mendonça, “irá seguramente fazer uma reunião brevemente” para decidir os “passos seguintes” sobre esta matéria. “Não vamos obviamente desistir, independentemente da posição que foi tornada pública pelo Tribunal Constitucional”, assegurou o bastonário dos médicos, para quem com a nova lei, ao nível da autorregulação, as “ordens perdem a essência daquilo para que foram criadas”.

A Ordem dos Notários (ON) também anunciou que vai iniciar o processo interno de alteração dos Estatutos. Jorge Batista da Silva, bastonário da ON, sublinha que quer garantir a “defesa do interesse público, intrínseco à função de notário, cuja natureza pública não deve ser colocada em causa”.

“Conhecida a decisão do TC sobre o pedido de fiscalização da constitucionalidade de algumas normas constantes do decreto da AR que altera a legislação relativa às associações profissionais, os notários portugueses darão início a um processo interno de discussão e aprovação de uma proposta de alteração aos estatutos da Ordem dos Notários que seja conforme às alterações à Lei das Associações Públicas Profissionais”, referiram em comunicado.

A Ordem dos Notários sublinha que estão disponíveis para trabalhar com o Governo e com a AR “num novo diploma regulatório que permita a prestação de mais e melhores serviços a cidadãos e empresas” e que garanta “a defesa do interesse público, intrínseco à função de notário, cuja natureza pública não deve ser colocada em causa”, disse Jorge Batista da Silva.

O pontapé de saída desta lei

O projeto de lei relativo às ordens profissionais foi aprovado em votação final global pelo Parlamento no dia 22 de dezembro de 2022, com votos favoráveis de PS, Iniciativa Liberal e PAN, votos contra de PSD, Chega e PCP e abstenções de BE e Livre. Esta aprovação gerou muitas críticas quer por parte dos partidos políticos, como o PSD e PCP, quer pela Ordem dos Advogados.

Apesar deste diploma ter sido aprovado devido à maioria parlamentar PS de António Costa, esta lei surge na sequência de inúmeros alertas da Comissão Europeia e da OCDE. Estes organismos consideravam que em Portugal existiam demasiadas restrições no acesso às atividades profissionais, prejudiciais à atividade económica do país.

Alertas que se intensificaram com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que trouxe de novo a questão da desregulamentação das ordens profissionais, incluindo a sua fiscalização por entidades exteriores, também em matéria disciplinar, e o fim do acesso reservado da atividade a profissionais inscritos nas mesmas, como médicos, advogados, engenheiros, economistas, psicólogos, contabilistas, nutricionistas ou arquitetos.

Desta forma, Portugal comprometeu-se junto de Bruxelas que a lei relativa às profissões regulamentadas entraria em vigor até ao quarto trimestre de 2023. É um dos marcos que Portugal tem de cumprir para ter acesso ao terceiro cheque do PRR de 2,4 mil milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Famílias já renegociaram quase 400 milhões em crédito à habitação

Pelo menos oito mil famílias já pediram aos bancos para renegociarem as condições dos empréstimos da casa devido a dificuldades financeiras. Reestruturações atingem os 400 milhões, revelou Medina.

Famílias e bancos já renegociaram quase 400 milhões de euros em créditos à habitação no âmbito das novas regras adotadas pelo Governo para aliviar o impacto da subida das taxas de juro na prestação da casa, segundo avançou o ministro das Finanças, Fernando Medina, no Parlamento.

Nos últimos meses, pelo menos oito mil famílias avançaram com pedidos aos bancos para reverem as condições dos empréstimos da casa devido a dificuldades financeiras por conta da subida das taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa, mas só uma pequena parte viu efetivamente os processos concluídos, de acordo com o balanço mais recente dos bancos.

Embora estes pedidos de renegociação dos empréstimos correspondam a menos de 1% do total de 1,3 milhões de contratos da casa com taxa variável em Portugal, as instituições financeiras admitem um agravamento destes números ao longo de 2023, à medida que o aumento acentuado dos juros que teve lugar na segunda metade do ano passado se vai repercutindo progressivamente num número cada vez maior de contratos. Para já o cenário vai sendo de alguma tranquilidade.

Esta segunda-feira, o CEO do BCP admitiu que “há portugueses a passar dificuldades e que têm necessidade de reestruturar créditos”. O banco contactou 250 mil clientes no sentido de perceber se mantinham a capacidade para pagar os empréstimos, e identificou 4.000 situações de maior risco e que podem levar a uma renegociação do contrato. “Até à semana passada, havia 4.000 clientes incluídos no PARI [Plano de Ação para o Risco de Incumprimento]. Não quero dizer se é muita gente ou pouca gente. O que devem é fazer a reestruturação quando é mesmo precisa essa restruturação”, apontou Miguel Maya.

No BPI, o número era inferior. Cerca de 2.000 clientes pediram para renegociar os contratos, dos quais 500 já concluíram reestruturação, segundo avançou o presidente da instituição, João Pedro Oliveira e Costa, no início do mês, garantindo que “não tem interesse nenhum em executar as casas” das famílias.

Também o Santander Totta disse que estava a analisar cerca de 2.000 casos que se enquadram no PARI. “São casos que não foram necessariamente reestruturados, estamos a analisar soluções e os clientes depois pode não querer reestruturar”, ressalvou o CEO Pedro Castro e Almeida, notando que a realidade era a mesma nos outros bancos: “Anda tudo à volta destes números”.

O regime do PARI foi criado há uma década para permitir que os clientes em situação de stress financeiro pudessem encontrar junto dos bancos soluções para evitar o incumprimento. Este regime foi revisitado no final do ano passado pelo Governo tendo em conta a situação da subida repentina das taxas de juro no mercado. Com as alterações, as instituições financeiras ficaram obrigados a apresentar medidas às famílias com maiores dificuldades financeiras, nomeadamente aquelas cuja taxa de esforço superasse os 36%, entre outros critérios, para baixar a prestação da casa que tem vindo a subir de forma expressiva nos últimos meses. As soluções passam geralmente por uma extensão do prazo do contrato ou carência de capital e/ou juros.

Em março, os contratos de empréstimos à habitação cujas condições forem revistas vão sofrer agravamentos entre 65 euros e 300 euros, de acordo com as simulações realizadas pelo ECO.

Amortizações antecipadas aumentam 30%

Esta terça-feira, Fernando Medina anunciou ainda que as famílias amortizaram antecipadamente mais de 600 milhões de euros de crédito à habitação, depois de o Governo ter facilitado as amortizações com a isenção de comissão e imposto de selo.

Ao amortizarem parcialmente o crédito, os clientes conseguem baixar a prestação em função do menor capital que fica em dívida. Este instrumento está a ser aproveitado pelas famílias, confirmam também os bancos.

Temos um aumento de 30% das amortizações de crédito em relação aos últimos meses”, notou o presidente do Santander Totta, que revelou que os clientes estão a tirar depósitos para liquidar a dívida da casa ao banco. “Quando temos a subida rápida das Euribor, naturalmente a tendência é amortizar antecipadamente”, explicou.

Também o BPI os números relativos às amortizações antecipadas no crédito da casa apontam para um aumento de 25% nos últimos três meses.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Cérebro brasileiro para evitar falhas industriais chega a Portugal e quer faturar cinco milhões

Grupo ICRO reforça aposta em Portugal com escritório no Porto e aposta na plataforma tecnológica Neuron, para prevenir falhas das máquinas industriais. Pretende faturar cinco milhões daqui a três anos

Há uma empresa brasileira que garante ter um Neuron a mais para conquistar o mercado português. O grupo ICRO reforça a aposta neste mercado com um novo escritório, na cidade do Porto, e uma nova solução tecnológica. Pretende faturar cinco milhões de euros daqui a três anos e está pronto para aproveitar os efeitos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) na indústria nacional.

O Neuron é o principal trunfo tecnológico do grupo brasileiro. Esta espécie de cérebro artificial permite que máquinas e equipamentos industriais possam operar autonomamente na prevenção de falhas e no pedido de peças e serviços de manutenção.

O cérebro brasileiro é constituído por tecnologias como a blockchain, Internet das Coisas e machine learning. O aumento da produtividade da linha de montagem deve-se à redução em até 30% do tempo de avaria, do gasto de até 40% menos peças e consumíveis e a prevenção de acidentes ambientais.

A tecnologia foi desenvolvida pela ICRO Digital, a startup do Estado brasileiro de Minas Gerais que pertence a este grupo industrial. Em Portugal, a jovem empresa conta com parcerias com a Universidade do Porto e o Instituto Tecnológico de Bragança para o “desenvolvimento de tecnologias de última geração para o atendimento dos conceitos da indústria 4.0”, salienta ao ECO o presidente executivo, Armando Marsarioli. A empresa também está atenta à crescente procura do mercado por estas soluções tecnológicas.

Armando Marsarioli, presidente executivo da ICRO Digital

Portugal serve como porta de entrada do grupo ICRO no continente europeu. Por cá, promove-se o “incremento da pesquisa, desenvolvimento e inovação de tecnologias, acarretando o aumento da internacionalização de profissionais portugueses por intermédio de novos conhecimentos e implantação dessas tecnologias em outros países da União Europeia”, sinaliza o mesmo responsável.

A partir destes desenvolvimentos, Armando Marsarioli vê um “potencial de faturação de cinco milhões de euros a partir do terceiro ano de participação neste mercado”. Além do novo escritório no Porto, o grupo brasileiro também está tem um escritório em Lisboa e ainda conta com operações em Moçambique.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“É um número enorme de regulamentos”

  • Diana Rodrigues
  • 28 Fevereiro 2023

Galamba de Oliveira identificou pressão extra nos negócios de soluções do setor segurador na União Europeia, especialmente em Portugal. Regulamentação continua a avolumar-se e sem fim à vista.

O presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), José Galamba de Oliveira, alertou os presentes na Fintech House, nesta terça-feira, para a crescente complexidade da regulação no setor segurador em Portugal: “é um número enorme de regulamentos”, assinalou. “Está a aumentar e não se prevê uma mudança nos próximos anos”.

O painel que juntou o CEO e Co-Founder da Habit, Domingos Bruges, a CEO e Fundadora da Jove Insurance, Amanda Cai, o CEO e Co-Founder da Uthere, João Pedro Madureira, e contou com a moderação do Presidente da APS, José Galamba de Oliveira, analisou as motivações que impulsionam o crescimento das RegTech.João Miguel Rodrigues

Segundo o líder da APS, a multiplicação de regulamentos representa um “peso extra” nos negócios de soluções do setor segurador na União Europeia, especialmente em Portugal, onde “há mais requisitos“, o que resulta numa pressão acrescida nos negócios. A associação está preocupada com os custos, mas inspirada pelas novas tecnologias reguladoras. “A RegTech está no centro da solução”, assegurou o presidente.

“A maior parte [da regulamentação] vem da Europa, mas não só. Muitas normas são internacionais”, disse. “Temos de ter muito cuidado. As multas são realmente elevadas”. Noutras geografias, como é o caso dos E.U.A. ou do Reino Unido “as regras não são tão estritas”, apontou.

Desafios regulamentares para encontrar novos canais de distribuição de seguros’ foi o tema do painel apresentado no contexto da RegTech Conf 2023, que juntou o presidente da APS – como speaker e moderador -, a CEO e Fundadora da Jove Insurance Amanda Cai, o CEO e Co-Founder da Uthere, João Pedro Madureira e o CEO e Co-Founder da Habit, Domingos Bruges.

Segundo a apresentação elaborada pela APS, o investimento em soluções RegTech é cada vez menos visto pelas empresas como uma “obrigação a fim de obter negócio” e mais como um facilitador das operações, com vista a melhorar a customer experience e, ao mesmo tempo, mitigar riscos e reduzir custos. Mas os desafios são muitos: quadros regulamentares complexos e por vezes inconsistentes, questões de cibersegurança e sistemas herdados e enraizados culturalmente, difíceis de alterar.

A procura de soluções que respondam à complexidade crescente de novos regulamentos deu origem a uma nova área de tecnologia financeira em rápido crescimento: o setor da tecnologia reguladora, ou RegTech. A dimensão do seu mercado global deverá crescer de 5,46 mil milhões de dólares em 2019 para 28,33 mil milhões de dólares até 2027, com despesas estimadas em mais de 50% dos orçamentos globais de conformidade até 2026.

Trazer mais transparência e inovação digital a uma indústria onde as informações eram transmitidas de forma mais vagarosa e, por vezes, com espaço para falhas, é a promessa da RegTech, com o argumento que permite a empresas do setor segurador aceder facilmente a dados de due dilligence e trocar contratos simultaneamente. O sistema, em constante evolução, fornece informações e análises para ajudar seguradoras a tomar decisões importantes e informadas, reduzindo o risco e tornando o setor mais rápido, inteligente e previsível. De acordo com o relatório da Global City 2021 RegTech, quase dois terços das empresas RegTech registaram um crescimento das vendas, isto em 2020.

Os próprios reguladores e supervisores aumentaram a sua participação em vários projetos RegTech. Na sequência de um projeto-piloto de relatórios regulamentares digitais, o Banco de Inglaterra e a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido estão a executar um plano estratégico de Recolha de Dados de Transformação (TDC). A prova de conceito do MRER (Machine Readable and Execution Reporting Requirements) da Comissão Europeia está a levar a recomendações acionáveis às várias Autoridades de Supervisão Europeias. Estes tipos de iniciativas demonstram o impacto das RegTech no mundo real, inspirando a adoção das soluções por parte da indústria.

No painel que teve lugar na Fintech House, abordou-se o assunto da elaboração de relatórios regulamentares, uma área de conformidade complexa e dispendiosa. O Banco de Inglaterra estima que esta custe aos bancos britânicos um mínimo de 2-4,5 mil milhões de libras por ano. As empresas que elaboram relatórios enfrentam uma série de requisitos de dados sobrepostos, muitas vezes ambíguos e em constante mudança entre jurisdições. Para cada regime de apresentação de relatórios, as empresas têm, frequentemente, de examinar centenas de páginas de texto legal, que devem interpretar manualmente e codificar nos seus sistemas informáticos.

Em vez de cada empresa interpretar individualmente as regras, soluções RegTech permitem aos utilizadores colaborar, desenvolver uma interpretação padronizada dos regulamentos e armazená-la num formato abertamente acessível como código legível por pessoas e código executável por computadores. Desta forma, as soluções RegTech ajudam a mitigar qualquer divergência entre jurisdições. A colaboração funciona porque não há vantagem competitiva na elaboração de relatórios diferentes. A utilização de uma interpretação normalizada reduz o risco de incumprimento.

Mas mais de 10% das instituições regulamentadas apontam os “complexos processos de adoção” como um entrave. Fornecedores e instituições financeiras estão focados em encontrar formas de assegurar que as empresas possuem infraestruturas adequadas para integrar a RegTech nos seus sistemas operacionais.

Como Domingos Bruges apontou, “as InsurTech não pretendem substituir os seguros tradicionais. O objetivo [das novas soluções] passa por testar os limites das práticas estabelecidas e ajudar a melhorá-las com o apoio das tecnologias”.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucros da Sporting SAD atingem 47,5 milhões, “o melhor resultado semestral de sempre”

  • ECO
  • 28 Fevereiro 2023

A sociedade indica que também obteve o melhor volume de negócios de sempre, com um valor de 148 milhões de euros.

A SAD do Sporting apresentou um lucro de 47,5 milhões de euros na primeira metade da época desportiva de 2022/23, contra os 9,5 milhões registados no exercício homólogo anterior. Em comunicado ao mercado, a sociedade indica ter sido não só “o melhor resultado semestral de sempre” entre 1 de julho e 31 de dezembro de 2022, como também um volume de negócios recorde, na ordem dos 148 milhões de euros.

Este Resultado Líquido é consequência de uma performance muito positiva dos rendimentos operacionais,
resultante do encaixe financeiro da UEFA Champions League”, indica a nota publicada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

O resultado operacional, sem a transação de jogadores, atingiu “o segundo melhor resultado de sempre”, com 9,4 milhões de euros, um valor superado, ainda assim, pela época de 2021/22. Já o rendimento com as transações de jogadores atingiu os 73,9 milhões, sobretudo com a transferência dos jogadores Matheus Nunes e João Palhinha.

Sem a venda dos direitos de Matheus Nunes, ao Wolverhampton, por 45 milhões de euros, a Sporting SAD “comprometeria o modelo estratégico actualmente em curso, que tem a sustentabilidade económico-financeira como eixo guiador de médio longo prazo”.

O valor do plantel masculino era, no semestre em causa, de 92,8 milhões de euros. A SAD destaca ainda a redução do passivo em 24,1 milhões de euros – um movimento que tinha sido interrompido pela pandemia – e “capitais próprios positivos no valor de 31,2 milhões de euros, sendo o valor mais elevado de sempre alcançado e a primeira vez que regista um valor positivo, desde a época 2016/2017″.

Já na bilheteira o clube da Segunda Circular encaixou 9,2 milhões de euros, “um aumento de cerca de um milhão de euros face ao período homólogo, com destaque para o aumento dos bilhetes de época (Gamebox) que atingiu os 3,1 milhões de euros (com 2021 afectado pelos efeitos da COVID-19)”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.