Estado deve ajudar a atrair e reter trabalhadores qualificados com políticas fiscais favoráveis

Estado deve ajudar a atrair e reter trabalhadores qualificados com políticas fiscais favoráveis para alavancar a economia, como em Famalicão onde urge apostar nas infraestruturas.

Atrair e reter trabalhadores qualificados, com políticas fiscais favoráveis da parte do Estado, para contrariar o grave problema demográfico do país face à saída de talento para o estrangeiro. Assim como combater os “estrangulamentos” existentes em Vila Nova de Famalicão, como é o caso da habitação e das infraestruturas, nomeadamente a Estrada Nacional (EN) 14, e criar um “anel ferroviário” entre este concelho, Braga, Barcelos e Guimarães para haver melhores acessibilidades.

Estes são os grandes desafios para Vila Nova de Famalicão, lançados na mesa redonda da conferência conjunta da autarquia com o ECO/Local Online, alinhada na temática “Famalicão.30 – Estratégia de Desenvolvimento de Vila Nova de Famalicão para o período 2022-2030” que o presidente da Câmara, Mário Passos, apresentou.

“Temos de pensar no plano de atratividade e retenção de talento, assim como garantir que a política fiscal e salarial seja atrativa para portugueses e estrangeiros, e dar incentivos fiscais para os reter”, defende o presidente dos Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, durante a conferência, em Vila Nova de Famalicão. Gonçalo Saraiva Matias avisa, contudo, que “é importante que o Estado Central não crie obstáculos ao desenvolvimento”, nomeadamente, denuncia, como sucede com os trabalhadores que esperam mais de ano e meio por um visto para trabalhar.

Temos de pensar no plano de atratividade e retenção de talento, assim como garantir que a política fiscal e salarial seja atrativa para portugueses e estrangeiros, e dar incentivos fiscais para os reter.

Gonçalo Saraiva Matias

Presidente dos Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Neste ponto, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, destaca, por sua vez, que “o principal papel do Governo Central devia ser não criar problemas ao desenvolvimento regional e, sobretudo, permitir que haja uma especificidade regional na concretização dos grandes objetivos que devem ser nacionais“. Mais, sublinha António Cunha, “esse papel é essencial e incontornável”. O responsável realça ainda o “enorme peso da indústria transformadora na região de Famalicão“.

Presidente do Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santo, Gonçalo Saraiva MatiasRicardo Castelo

Gonçalo Saraiva Matias dá conta de que tem “defendido uma agência para as migrações com o objetivo de ter uma política de atração de talento no plano do Estado com o qual as regiões podem colaborar”. Até porque, avisa, “não há muito que Famalicão possa fazer quando alguém que quer vir para aqui e está há um ano e meio à espera de um visto. Ou imaginemos a Mabor quer trazer uma pessoa qualificada e não consegue porque esta à espera do visto”.

O responsável da Fundação Francisco Manuel dos Santos alerta ainda para o facto de, muitas vezes, se colocar a tónica no fator salarial, mas Portugal tem mais motivos de atratividade, como o clima, a segurança para os estrangeiros quererem trabalhar no país. Defende, por isso, a aplicação de “uma política fiscal que não divirja do resto” e que seja atrativa para estrangeiros e portugueses ficaram no país.

Apostar nas escolas e na fixação das pessoas a par da aposta nas infraestruturas em termos de transportes públicos são pilares fundamentais para Famalicão juntamente com espaço para as empresas.

Pedro Carreira

Presidente do Conselho de Administração na Continental Mabor

Também o presidente do Conselho de Administração na Continental Mabor, Pedro Carreira, defende a necessidade de se criarem melhores condições de atratividade e retenção do talento. “Apostar nas escolas e na fixação das pessoas a par da aposta nas infraestruturas em termos de transportes públicos são pilares fundamentais para Famalicão juntamente com espaço para as empresas”, reivindica o administrador da Continental Mabor, em Vila Nova de Famalicão, onde trabalham três mil pessoas.

Numa empresa, em que Pedro Carreira apostou na produção de pneus agrícolas e pneus de estrada, e na instalação de um centro de pesquisa e desenvolvimento desses mesmos pneus agrícolas, as acessibilidades acabam por ser o Calcanhar de Aquiles.

Conferência Estratégia de Desenvolvimento de V. N. Famalicão para 22-30
Pedro Carreira, Presidente do Conselho de Administração na Continental Mabor
Ricardo Castelo

Mas para atrair talento também é necessário que haja infraestruturas para as pessoas se deslocarem. E, no caso de Famalicão, estas são “estrangulamentos” no concelho e entraves ao desenvolvimento económico. E dá o exemplo da EN 14 entre muitas mais infraestruturas que necessitam de intervenção. “Vou buscar pessoas a Braga, Famalicão, Barcelos e Guimarães para trabalharem”, frisa, e estas pessoas precisam de melhores acessibilidades para se deslocarem para as instalações da empresa. Neste ponto, o presidente da CCDR-Norte destaca a criação do “anel ferroviário que vai ligar Famalicão, Braga, Barcelos e Guimarães” em torno desta mancha territorial.

O principal papel do Governo Central devia ser não criar problemas ao desenvolvimento regional e, sobretudo, permitir que haja uma especificidade regional na concretização dos grandes objetivos que devem ser nacionais.

António Cunha

Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N)

Pedro Carreira, cujo “negócio é de pessoas para pessoas”, realça ainda importância de atrair pessoas qualificadas para áreas tecnológicas da Continental Mabor assim como haver uma “aposta nas escolas e na fixação de pessoas, e nas infraestruturas como pilares fundamentais para Famalicão com espaço para as empresas”.

Contratos de fundos comunitários com autarquias fechados em seis meses

O presidente da CCDR-N avançou ainda que prevê fechar os contratos com as autarquias relativos aos fundos comunitários, no âmbito do programa regional Norte 2030, nos próximos seis meses.

Para António Cunha, “o grande desafio é sempre transformar os fundos comunitários em projetos transformadores”, referindo que “o programa Norte 2030 aposta no digital e ambiental e ainda há apoio a empresas de menor dimensão“.

Presidente da CCDR-Norte, António CunhaRicardo Castelo

Segundo o presidente da CCDR-N, “o programa regional Norte 2030, que está aprovado e vai entrar em funcionamento, é melhor e mais flexível e mais adaptado à região” de Famalicão. António Cunha avança que tem reunido com os municípios no âmbito do “contexto dessa contratualização que é feita com a respetiva comunidade intermunicipal”. Está em causa, elucida, “um nível de contratualização que será maior do que no passado, pois no Portugal 2020 Famalicão terá beneficiado em termos de fundos para investimentos municipais na ordem de 30 milhões de euros aplicados na área da sustentabilidade (nove milhões de euros) e educação e cultura (nove milhões) e várias outras medidas”.

Segundo António Cunha, esta negociação com as autarquias tem de estar concluída nos próximos seis meses. “Vão ser seis meses de trabalho intenso a fazer esse processo negocial com os municípios que acredito que vai ser bem-sucedido”, conclui.

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