MNE russo acusa Ocidente de querer impor “solução final” à Rússia

  • Lusa
  • 18 Janeiro 2023

O chefe da diplomacia russa acusou o Ocidente em geral, e os EUA em particular, de pretenderem impor uma "solução final" à Rússia, comparável à imposta pelo regime nazi para exterminar os judeus.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou esta quarta-feira o Ocidente em geral e os Estados Unidos em particular de pretenderem impor uma “solução final” à Rússia, comparável à imposta pelo regime nazi para exterminar os judeus.

À semelhança de Napoleão que mobilizou quase toda a Europa contra o Império russo, como Hitler mobilizou e conquistou a maioria dos países europeus para os lançar contra a União Soviética, hoje os Estados Unidos promoveram uma coligação” contra Moscovo, declarou Lavrov no decurso da sua conferência de início do ano, onde efetuou um balanço do ano findo e assinalou os objetivos para 2023.

Para o ministro russo, cujo país invadiu a Ucrânia há cerca de um ano depois de ter anexado a península da Crimeia em 2014, o objetivo ocidental é semelhante: “A mesma ‘solução final’ para a questão russa. Tal como Hitler pretendia resolver a questão judia, agora os dirigentes ocidentais (…) dizem sem ambiguidade que a Rússia deve registar uma derrota estratégica“, acrescentou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo insistiu que a coligação “fomentada pelos norte-americanos com praticamente todos os países europeus, que formam parte da NATO e da União Europeia, promove uma guerra” contra a Rússia “com o mesmo objetivo, a solução definitiva da questão russa”.

Assegurou ainda que “esta guerra vai terminar algum dia” e que a Rússia “defenderá a sua verdade”, para assinalar que os futuros desenvolvimentos dependerão “das conclusões que a Europa extrair”. Neste contexto, Lavrov também reafirmou que Moscovo está disposto a analisar qualquer “proposta séria” de negociações proveniente do ocidente para resolver o conflito ucraniano.

“Ainda não vimos uma proposta séria, mas estaremos prontos a estudá-las e tomar decisões”, prosseguiu, apesar de excluir qualquer diálogo com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Entendemos o pensamento nas capitais ocidentais segundo o qual ‘não podemos falar da Ucrânia sem a Ucrânia’ (…) mas de qualquer forma é o ocidente quem decide”, sublinhou.

Em paralelo, Lavrov considerou “absurdo” o plano de paz de dez pontos apresentado pelo Presidente ucraniano na cimeira do G20 em novembro passado, que também exige a retirada das tropas russas e a recuperação da integridade territorial da Ucrânia. “Eles [os ocidentais] proibiram Zelensky de chegar a um acordo com a Rússia em finais de março quando o acordo estava quase preparado. O Ocidente decidiu que ainda não era o momento e agora também dizem que é necessário entregar mais armas, esgotar mais a Federação russa”, disse.

“Assim, esse palavreado do ocidente de que estão dispostos [a negociar] não é mais que mentiras”, considerou. A Rússia, afirmou ainda, marcou presença com a Ucrânia em Istambul em março de 2022 e estava disposta a chegar a um acordo sobre garantias de segurança para a Ucrânia através do respeito do seu estatuto neutral, a renúncia do país è sua aspiração expressa na Constituição de se converter num membro da NATO.

A Ucrânia recebeu instruções de que era demasiado cedo para o fazer”, alegou Lavrov. “A nossa posição é bem conhecida, mas falar com ocidente apenas sobre a Ucrânia não teria sentido. O Ocidente utiliza a Ucrânia para destruir o sistema de segurança euro-atlântico que se baseava no princípio do consenso, a segurança indivisível e a resolução dos problemas mediante a cooperação e o diálogo”, frisou.

E reafirmou que a Rússia tem “objetivos concretos e não imaginários” na guerra da Ucrânia, determinados por “interesses fundamentais da segurança do país”. “Na Ucrânia, à semelhança de qualquer outro território fronteiriço com a Rússia, não devem existir infraestruturas militares que representem uma ameaça direta”, reiterou.

Desta forma, o responsável pela diplomacia russa voltou ainda a exigir a retirada de toda a “infraestrutura militar” existente na Ucrânia e os países fronteiriços e que “ameaçam diretamente” Moscovo, e ainda o fim das “discriminações” contra as populações russófonas da Ucrânia.

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