Empresas não financeiras do Estado perderam 3,1 mil milhões em 2021. Um terço estava em falência técnica

No final de 2021 mais de um terço das empresas não financeiras do Estado "continuava a apresentar capitais próprios negativos, ou seja, encontrava-se em situação de falência técnica".

As empresas não financeiras do Estado, onde se inclui a TAP, registaram prejuízos de 3,1 mil milhões de euros em 2021, pelo que continuam a mostrar um “significativo desequilíbrio económico”, sinaliza o Conselho das Finanças Públicas (CFP) num relatório sobre as entidades que compõem o setor empresarial do Estado.

“Para evitar a deterioração da situação financeira e patrimonial das 87 entidades não financeiras do SEE [setor empresarial do Estado] que decorreria dos resultados líquidos negativos, o acionista público efetuou um reforço de capital de quatro mil milhões de euros, através do aumento do capital subscrito (2,8 mil milhões de euros) e da conversão de empréstimos em capital social, este último na TAP SA”, adianta o CFP, no relatório publicado esta quinta-feira.

Estas ações fizeram elevar o capital próprio para 5,8 mil milhões de euros, sendo que face a 2020 “assistiu-se a uma evolução positiva dos indicadores de autonomia financeira para 9,6% (+6,5 p.p.)”. No entanto, “apesar da melhoria registada, no final de 2021 mais de um terço destas empresas (32) continuava a apresentar capitais próprios negativos, ou seja, encontrava-se em situação de falência técnica”.

Já o volume de negócios agregado das empresas não financeiras do SEE ascendeu a 10,1 mil milhões, sendo que as empresas contam no total com mais cerca de 780 trabalhadores que em 2020. Foi o aumento dos profissionais da área da saúde (+1.951), que “mais do que compensou a redução de pessoal na TAP SA (-1.480), no âmbito do plano de reestruturação em curso”.

É de sinalizar que os setores da saúde e dos transportes e armazenagem são os mais representativos das empresas não financeiras do setor empresarial do Estado.

Passando para o setor das empresas financeiras (sete entidades), este “registou um desempenho positivo, com um resultado líquido de 637 milhões em 2021 (+50,3 M€ que em 2020)“. Este número não inclui, no entanto, a participação da Parpública na Efacec, cujas contas de 2021 não foram publicitadas.

Foi o Grupo Caixa Geral de Depósitos, que é o maior do SEE, que impulsionou este resultado “tanto em número de trabalhadores como de volume de negócios”, nota o CFP.

Quanto ao universo total, composto pelas empresas financeiras e não financeiras “a função de acionista exercida pelo Estado direta ou indiretamente através de empresas por si participadas abrangia um capital social total de 33,5 mil milhões de euros”, o que representa 15,6% do PIB nacional. Registou um crescimento de 2,8 mil milhões face a 2020.

No que diz respeito ao emprego, “no final de 2021, o SEE em análise empregava 156 293 trabalhadores (+0,1% que em 2020), representando 3,2% do emprego nacional e 19,9% do emprego público, tal como reportado pela DGAEP”.

Neste relatório, o CFP identifica ainda as empresas com mais capital próprio negativo e positivo. Enquanto no verde se destaca a Infraestruturas de Portugal, com um capital próprio de mais de dez mil milhões de euros, seguindo-se as Águas de Portugal e o Metropolitano de Lisboa. A fechar o top fica a Parque Escolar e a Estamo, imobiliária do Estado.

Identificação das cinco empresas com mais capital próprio negativo e positivo, 2021 (em milhões de euros)

Fonte: CFP

Já no vermelho, a empresa com mais capital negativo é a Parvalorem, seguindo-se o Metro Porto e a CP. A TAP contava em 2021 com um capital próprio negativo de 1.202 milhões de euros e a Parups com 905 milhões.

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