Bancos afundam e ouro brilha: 5 gráficos que mostram o caos da queda do SVB

Arranque de semana frenético nos mercados financeiros mundiais após a queda do SVB. Fuga ao risco levou banca a afundar 6% e ações europeias ao pior dia de 2023. Nem todos perderam: o ouro brilhou.

Foi um arranque de semana frenético nos mercados financeiros mundiais, após a queda do Silicon Valley Bank no final da semana passada ter reacendido vibrações de uma nova crise financeira global. A fuga ao risco levou os bancos europeus a afundarem 6%, com algumas instituições a registarem quedas de mais de 10%. As ações tiveram o pior dia de 2023.

Nem tudo foram más notícias. A perspetiva de que vamos ter bancos centrais menos agressivas nas subidas dos juros levou a uma descida das taxas de juro da dívida pública. O euro recuperou terreno face ao dólar. E o ouro foi o porto de abrigo dos investidores num dia de tempestade.

Banca em queda livre com espanhóis em foco

Se houve setor na Europa que reagiu muito mal às falências dos dois bancos americanos foi o dos… bancos, com algumas instituições a registarem quedas acima dos 10%, como foram os casos do alemão Commerzbank (-12,71%) e do espanhol Sabadell (-11,81%).

Os bancos espanhóis foram particularmente castigados: o BBVA e o Bankinter cederam mais de 8% e o Santander recuou mais de 7%. Por cá, o BCP foi arrastado e perdeu 7,39% para os 20,56 cêntimos. O índice que acompanha o setor financeiro europeu foi arrasado por causa dos receios de contágio: tombou quase 6%.

Existe uma preocupação de que o que aconteceu com o SVB se possa espalhar para outros bancos. E, quando há uma incerteza como essa, os investidores ficam com medo e, quando ficam com medo, a reação natural tende a ser apertar o botão ‘vender’”, adiantou Randy Frederick, da Charles Schwab, citado pela agência Reuters.

Espanhóis tombam

Fonte: Reuters

Sell off na banca afunda bolsas

Por causa da pressão vendedora no setor da banca, os principais índices europeus tiveram uma segunda-feira para esquecer. O Stoxx 600 caiu perto de 2,42%, na pior sessão em quatro meses. Outras importantes praças como Frankfurt e Paris registaram perdas acima dos 2%, enquanto o benchmark espanhol IBEX tombou 3,4%.

O PSI perdeu 2,15% para 5.896,08 pontos, a maior queda desde julho do ano passado. Apenas a EDP Renováveis teve motivos para sorrir, somando 0,30%. O BCP registou a maior queda num dia negativo para o seu setor. A Galp tombou mais de 4% e acentuou as perdas em Lisboa.

“As bolsas europeias viveram uma sessão de grande volatilidade e terminaram com quedas expressivas. O colapso do Silicon Valley Bank (SVB) continuou a gerar pressão sobre a banca, levando o setor a recuar mais de 5%, perante recuos superiores a 10% de Commerzbank e Sabadell, bem como acima dos 5% da maioria dos bancos espanhóis”, comentaram os analistas da sala de mercados do BCP.

“Isto apesar dos congéneres de Wall Street estarem já em território positivo, após as medidas extraordinárias por parte da Administração Biden para reforçar a confiança no sistema financeiro, prometendo a cobertura da totalidade dos depósitos”, acrescentaram.

Ações europeias têm pior sessão do ano

Fonte: Reuters

Juros da Zona Euro recuam

Em relação os juros da dívida da Zona Euro, estão em queda acentuada, com os investidores a anteciparam uma subida mais leve das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) já na próxima quinta-feira. As preocupações com o setor financeiro irão sobrepor-se ao tema da inflação, consideram os investidores, que apostam agora como cenário mais provável uma subida de 25 pontos base daqui a três dias – contra o aumento de 50 pontos que parecia consensual até à semana passada.

A yield das obrigações portuguesas a dez ano recua 17 pontos base para os 3,218%, o valor mais baixo do último mês. A taxa espanhola no mesmo prazo cede quase 18 pontos base para os 3,367%. Mais acentuada era a queda dos juros das obrigações alemãs: a taxa das bunds recua 24 pontos base para 2,257% — o que significa que o prémio de risco de Portugal e Espanha se deteriorou um pouco neste ajustamento.

Nos EUA, o Goldman Sachs prevê agora que a Fed não mexa nos juros este mês. A taxa dos títulos americanos também segue assim a mesma tendência de queda que se verifica na Europa.

Juros em queda

Fonte: Reuters

Dólar cai com Fed menos agressiva

A perspetiva de a Fed ser menos agressiva no aperto monetário está a ter também repercussões no mercado cambial, onde o rei dólar perde terreno contra as principais moedas. A divisa americana via o euro apreciar 0,85% para 1,0728 dólares. A libra britânica avança 1,1% para 1,2161 dólares.

Divisas consideradas seguras como o iene japonês e o franco suíço também saem reforçadas: o iene soma 1,5% para 132,98 por dólar e franco suíço aprecia mais de 1%.

“Houve uma mudança radical nas expectativas de taxa de juro e nesse cenário o dólar perdeu força”, explicou Niles Christensen, analista-chefe do Nordea, adiantando que, se os receios em relação ao sistema bancário americano forem contidos, “as expectativas para subidas dos juros serão reavivadas rapidamente”, dando novamente força ao dólar.

Euro avança

Fonte: Reuters

Ouro brilha na fuga para o refúgio

Como é habitual em momentos de tempestade nos mercados, os investidores procuram refúgio nos ativos mais seguros. É o caso do ouro, que dispara para máximos de mais de um mês. A onça do metal amarelo supera os 1.900 dólares, registando uma valorização de mais de 2% esta sessão.

Outros metais preciosos acompanham a apreciação do ouro, até com subidas mais expressivas: a prata soma mais de 6% para 21,78 dólares por onça, com a platina e o paládio a valorizarem 4% e 6,6%, respetivamente.

Brilha porquê? Por causa do SVB

Fonte: Reuters

“O ouro parece estar a cumprir o seu mandato como um porto seguro. (…) Muitos investidores estão a olhar para o mercado de metais preciosos como um porto de abrigo contra a volatilidade e o risco, num ambiente de taxas de juro muito mais baixas e de um dólar a cair”, explicou o analista da TD Securities Bart Melek.

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