Fed sobe juros em 25 pontos e vê ciclo de subidas perto do fim

Face à instabilidade financeira e à necessidade de continuar a luta contra a inflação, a Fed optou por uma solução de meio compromisso (esperada) com um aumento das taxas em 25 pontos base.

A Reserva Federal norte-americana voltou a subir os juros, mas diminuiu a dose. O banco central norte-americano aumentou as taxas em apenas 25 pontos base, aquém das últimas subidas de 50 pontos, num esforço para não perder a face no combate à escalada da inflação, mas, ao mesmo tempo, para responder à instabilidade recente na banca com o colapso de algumas instituições mais pequenas. O ciclo de subidas está mais perto do fim.

Com esta decisão, considerada uma das mais difíceis, mas amplamente esperada pelo mercado no rescaldo das falências de vários bancos americanos, incluindo o Silicon Valley Bank, Jerome Powell coloca a taxa das Fed funds no intervalo entre 4,75% e 5%.

Há uma semana, perante um mesmo cenário de incerteza financeira, agravada até pela crise no Credit Suisse, o Banco Central Europeu (BCE) foi em frente com uma subida de 50 pontos base para baixar a inflação, embora houvesse quem apostasse num aumento menor.

Há mudanças relevantes no discurso da Fed. Deixou de identificar a necessidade de “aumentos contínuos” das taxas, mensagem que vinha repetindo reunião após reunião desde que há um ano deu início ao ciclo de subida dos juros. Em vez disso, o comité de governadores aponta agora que “alguma política adicional de firmeza pode ser apropriada”, como abordou o presidente da Fed em conferência de imprensa.

Após nove subidas das taxas, os membros do banco central veem as taxas nos 5,10% no final do ano, sugerindo que poderá a promover mais um aumento na próxima reunião de maio e ficar por aí, antes de avançar com cortes em 2024.

Fed considerou fazer pausa agora

Powell revelou que os membros da Fed consideraram fazer uma pausa na subida dos juros nos dias que antecederam a reunião devido à instabilidade em torno do setor financeiro. Segundo explicou, os últimos acontecimentos relacionados com a falência de bancos “deverão resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas” e afetar “a atividade económica, as contratações e a inflação”.

Ou seja, de alguma forma “este aperto nas condições financeiras funcionaria na mesma direção que o aperto nas taxas”, prosseguiu o presidente da Fed. “Podemos pensar nisso como sendo o equivalente a um aumento de taxas, ou talvez mais do que isso”, explicou ainda.

Contudo, “não é possível fazer essa avaliação com precisão” sobre o impacto da turbulência na banca, acrescentou, pelo que a decisão final – e consensual – foi de dosear a subida de juros enquanto vai monitorizar de perto a evolução do crédito à economia.

No comunicado desta quarta-feira, o banco central reiterou que “permanece altamente atento aos riscos de inflação” e “altamente comprometido em fazer regressar a inflação para o seu objetivo de 2%”. “Continuaremos a tomar nossas decisões reunião a reunião com base na totalidade dos dados recebidos e nas implicações para as perspetivas de atividade económica e inflação”, referiu Jerome Powell.

No início da sua intervenção, Powell tentou tranquilizar os depositantes ao assegurar que as suas poupanças estavam seguras nos bancos, como provaram as ações tomadas pelas autoridades nas falências do SVB, Silvergate e Signature Bank. As autoridades estão preparadas para usar todas as ferramentas conforme o necessário para manter o sistema bancário são e salvo“, assegurou.

De acordo com as novas projeções da Fed, a taxa de desemprego deverá atingir os 4,5% no final do ano, ligeiramente abaixo dos 4,6% do que era projetado em dezembro. As perspetivas económicas foram revistas em baixa, com o PIB a avançar 0,4% em vez de 0,5% previstos anteriormente. A taxa de inflação deverá terminar o ano nos 3,3%, acima da anterior projeção de 3,1%.

(Notícia atualizada às 19h50)

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