“Há muita rede de fibra ótica que tem de ser migrada para condutas”, alerta líder da Fastfiber

Líder da Fastfiber alerta que muitas redes de fibra ótica ainda não cumprem as exigências das grandes tecnológicas internacionais, travando o investimento de hyperscalers em Portugal.

Há grandes empresas tecnológicas internacionais interessadas em investir em Portugal, mas a qualidade das infraestruturas de redes ainda não é suficiente para viabilizar esses projetos, alertou esta quarta-feira o presidente executivo da Fastfiber, Pedro Rocha. Em causa estão os chamados hyperscalers, que têm exigências elevadas do ponto de vista da resiliência das redes de comunicações.

“Portugal é visto como ponto de conectividade de dados, os hyperscalers, como data centers e cabos submarinos”, explicou, que permitem ligar a Europa a continentes como América e África. Dito isto, acrescentou: “As redes são boas, mas ainda não estão preparadas para esse desenvolvimento. Não as redes em si, mas as infraestruturas onde se deslocam, como condutas e traçados aéreos.”

O responsável falava no último dia do congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC). “Há muita rede de fibra ótica assente em traçado aéreo e que tem de ser migrada para condutas. Para esses hyperscalers, se não têm resiliência, não vão investir”, avisou o líder da Fastfiber, uma empresa grossista de fibra ótica que é controlada pela Altice, numa parceria com um fundo do Morgan Stanley Infratructure Partners.

Em linhas gerais, numa rede de fibra ótica, os cabos podem passar em postes – o chamado traçado aéreo – ou em condutas. As condutas são vistas como mais resilientes do que os postes, porque estes últimos estão mais expostos a acidentes ou fenómenos naturais.

Neste contexto, se as redes de fibra continuarem assentes em postes e não em condutas, “uma Amazon ou Facebook que venha para Portugal, porque há uma tempestade, a aplicação pára”, exemplificou o gestor. “O regulador tem um papel muito importante a realizar. Temos muitas dificuldades, porque em muitos sítios há essas infraestruturas [condutas], noutras existem mas não estão abertas como gostaríamos”, defendeu Pedro Rocha.

Segundo o CEO, o país tem a ganhar em atrair esses players, pelo que não há só a necessidade de disponibilizar fibra “para os lares” – “é preciso disponibilizarmos para as empresas e todos os operadores que queiram operar em Portugal”. E, referindo-se aos hyperscalers, rematou: “É um serviço que gostaríamos de oferecer a esses operadores internacionais que querem, efetivamente, vir para Portugal”, concluiu.

A Fastfiber foi uma das empresas que a Anacom considerou este mês terem “poder de mercado significativo” em várias freguesias do país. O regulador anunciou no início do mês que se prepara para impor a um conjunto de empresas do grupo Altice, incluindo a Fastfiber, o lançamento de ofertas grossistas com preços acessíveis em 612 freguesias portuguesas, de forma a incrementar a concorrência no mercado e a permitir que outras operadoras comercializem ofertas nesses locais, além da Meo.

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