Carmo Wood “abre alas” para o Papa na Jornada Mundial da Juventude
Com fábricas em Oliveira de Frades, Pegões e Almeirim, empresa que fatura 97,5 milhões e emprega 400 pessoas está a construir os passadiços para o polémico altar-palco da JMJ, uma obra de 3,3 milhões.
A portuguesa Carmo Wood, fundada há 43 anos e composta por um conjunto de dez empresas, assume-se como líder europeia em madeira tratada e fatura quase 100 milhões de euros por ano. Entre os grandes projetos em carteira, destacam-se os passadiços para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e um empreendimento da Amorim Luxury na Comporta. No próximo ano vai abrir uma nova loja em Oliveira de Frades, que será a terceira loja do grupo.
Por estes dias, a Carmo Wood está a construir os passadiços que serão usados na JMJ , uma obra de 3,3 milhões de euros adjudicada pelo município de Loures. “Estamos a acabar o passadiço pedonal, que leva as pessoas à área do afamado palco”, relata ao ECO o presidente executivo da empresa, Jorge Milne e Carmo. O polémico palco que há algumas semanas tanta tinta fez correr devido ao elevado investimento envolvido, ficará situado no Parque Tejo-Trancão e contará com uma área de 3.250 metros quadrados.
Estamos a acabar o passadiço pedonal que vai levar as pessoas à área do afamado palco da Jornada Mundial da Juventude.
Quanto ao “projeto turístico muito grande” da Amorim Luxury na Comporta, está a fazer “variadíssimos equipamentos, como o restaurante junto à praia do Pego (Carvalhal), os bares ou os passadiços”. “É uma construção imensa para receber os clientes na zona, onde irão construir um hotel e casas de super luxo”, detalha. Jorge Carmo não quer revelar o investimento envolvido, mas realça que é uma obra para estar concluída em junho deste ano.
Com quatro fábricas em Oliveira de Frades, Pegões, Almeirim, emprega mais de 400 colaboradores e tem clientes nos setores da agricultura, construção, turismo, lazer, segurança, equitação ou telecomunicações, exportando para mais de 40 países. No ano passado, a Iberis Capital — gestora de fundos de private equity e venture capital — passou a deter, em conjunto com um coinvestidor, 20% do capital da Carmo Wood.
Nova loja e “obras emblemáticas”
A Carmo Wood vai também abrir uma nova loja em Oliveira de Frades, num investimento de 1,5 milhões de euros. “É um edifício com uma arquitetura muito sui generis. Vai contar com um showroom, loja e escritórios”, revela o presidente da empresa, que já tem duas lojas: em Pegões, aberta em 2020, e em Oliveira de Frades, inaugurada no ano seguinte.
A médio e longo prazo, planeia ter mais lojas em Portugal, mas também em Espanha e França, que são os principais mercados. Em Espanha, a Carmo Wood construiu recentemente quatro pontes no Parque Natural “Estuário Rio Odiel”, um passadiço de acesso à praia de Almadraba, em Nueva Umbria, e ainda uma escadaria de acesso com mais de 15 metros de altura na conexão Fuente Vieja.
A Carmo Wood tem escritórios em Espanha e França. O escritório de Bordéus tem a particularidade de ser flutuante e foi inaugurado o ano passado. Chama-se Bureaux Flottants e é a nova sede das empresas do grupo naquele país. De acordo com a empresa, o edifício construído em madeira é a primeira estrutura flutuante existente em França.
No portefólio conta com obras emblemáticas, como os Passadiços de Paiva, Mondego, Nisa, Foz Côa e Alvor, o Observatório de Aves em Vila Franca de Xira ou a Ponte Calçada de Carriche, tendo também participado na reabilitação do Mercado do Bolhão, no Porto.
A Leroy Merlin (em Portugal, Espanha e França) está na lista dos principais clientes da Carmo Wood. Na ferrovia são fornecedores de empresas como a Conduril e a ACA. Sogrape, Aveleda, Portugal Ramos, na área dos vinhos, fazem igualmente parte do grupo de clientes.
Com o curso de Gestão na mão e quando tinha apenas 23 anos, Jorge Carmo juntou-se ao pai Alfredo Milne e Carmos para fundar a empresa que gera atualmente um volume de negócios de 97,5 milhões de euros. “Convidei o meu pai para construirmos uma empresa”, recorda. Depois de mais de quatro décadas à frente da empresa, este será o último mandato de Jorge Milne e Carmo como presidente executivo — o próximo não será da família –, passando a chairman da companhia.
Ao nível de inovação, a empresa diz que está a apostar na construção de prédios em altura em CLT – Cross Laminated Timber (madeira laminada cruzada). “A construção em madeira explodiu. O aço foi o material de construção do século XIX, o betão armado do século XX e a madeira está a ser o material de construção do século XXI pela sua sustentabilidade. Temos muitas obras no segmento de luxo, como o projeto da Amorim Luxury e casas particulares — e as casas de luxo dos estrangeiros na Costa Vicentina são quase todas em madeira, pela sua sustentabilidade e por serem melhores pela qualidade”, realça o gestor, de 67 anos.
A construção em madeira explodiu. O aço foi o material de construção do século XIX, o betão armado do século XX e a madeira está a ser o material de construção do século XXI pela sua sustentabilidade.
Está também a investir na construção de casas particulares em bloco. “Não são casas modulares, são casas em bloco. Vêm feitas e são colocadas no local. É só ligar à eletricidade”, conta o gestor. Um T2 poderá custar cerca de 60 mil euros. Este tipo de construção é feito com base em CLT e tem a particularidade de ser mobile. Além das casas particulares, neste campo do CLT, está a trabalhar “bastante” numa vertente de casas low cost para estudantes.
E de forma a criar uma maior proximidade com o cliente, a Carmo Wood acaba de inaugurar a loja online onde disponibiliza, numa primeira fase, mais de 150 produtos com venda direta ao público. “Temos cada vez mais pedidos de clientes particulares que solicitam a venda direta. Esta nova loja online é uma aposta de permite satisfazer esta necessidade. A partir de agora, o consumidor pode agendar com comodidade a entrega e montagem de um grande número de artigos em casa”, refere o gestor.
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