Mais de metade das empresas não tem resposta para o “Quiet quitting” ou “Great resignation”
A retenção de talento (40%) e a contratação de novos profissionais (40%) são as duas principais prioridades destacadas pelas empresas ao nível dos recursos humanos.
Mais de metade (57%) dos diretores de recursos humanos considera que a sua empresa não está ainda preparada para dar resposta a fenómenos como o “Quiet quitting”, “Loud quitting” ou “Great resignation”. A retenção e captação de talento continuam a ser os eixos que mais preocupam os líderes deste setor, mostram os dados do “Barómetro RH 2023”, realizado pelo Kaizen Institute, em parceria com a Hays Portugal.
“Esta dificuldade em recrutar vai manter-se pelas dinâmicas do mercado de trabalho, pois estamos perante um mercado liderado pelo candidato e onde este tem um poder de negociação cada vez maior. Os candidatos estão mais seletivos, mais exigentes ao nível das condições e dos benefícios que pretendem e mais resistentes à mudança de emprego. De forma transversal, está relacionado com expectativas salariais desalinhadas, o interesse e as próprias condições dos projetos que, muitas vezes, não vão ao encontro do que o profissional procura”, comenta Sandrine Veríssimo, regional director da Hays Portugal.
“Os empregadores devem repensar as suas estratégias de atração e retenção de talento, pacotes de benefícios, envolvimento com os projetos e conhecer bem o mercado… Estas serão estratégias fundamentais”, continua a responsável, citada em comunicado.
De acordo com 80% inquiridos, a retenção e a captação de talento continuam a ser os eixos que mais preocupam os líderes deste setor, ao aumentar a taxa de turnover e afetando negativamente a produtividade das equipas.
Para contornar esta questão, garantir um bom ambiente laboral (18%), aumentar o salário (17%) e proporcionar uma cultura empresarial robusta (16%), são as principais medidas a ser implementadas nas organizações, segundo os diretores de RH inquiridos pelo Kaizen Institute. No âmbito dos aumentos salariais, em particular, 47% dos inquiridos afirma que se procederam a aumentos entre os 2,5% e os 5% em 2023, enquanto apenas 12% fez aumentos acima dos 7,5%.
Esta dificuldade em recrutar vai manter-se pelas dinâmicas do mercado de trabalho, pois estamos perante um mercado liderado pelo candidato e onde este tem um poder de negociação cada vez maior. Os candidatos estão mais seletivos, mais exigentes ao nível das condições e dos benefícios que pretendem e mais resistentes à mudança de emprego. De forma transversal, está relacionado com expectativas salariais desalinhadas, o interesse e as próprias condições dos projetos.
Apesar da evolução tecnológica e da exigência de flexibilidade por parte dos profissionais, mais de metade dos gestores de pessoas (54%) afirmam que as suas empresas continuam a ter um modelo de trabalho totalmente presencial.
E a semana de quatro dias de trabalho não é sequer tema para a grande maioria: 77% dos inquiridos afirma que não vai implementar a semana reduzida de trabalho; 19% afirma ainda não estar a implementar esta medida, embora esteja a equacionar a possibilidade; e 2% confirma estar a testar a implementação deste modelo.
“O contexto atual vive dificuldades potenciadas pela gestão de talento, pressões de redução de custos e a necessidade de proporcionar ao cliente interno uma experiência cada vez melhor. Estas equipas são frequentemente desafiadas a ultrapassar obstáculos importantes na sua jornada para melhorar o desempenho operacional. Nesse sentido, não restam dúvidas que, neste contexto, os recursos humanos desempenham um papel central ao navegar nesta reviravolta e devem garantir que a função deve progredir para um novo nível de adaptabilidade e responsabilidade”, afirma Filipe Fontes, diretor do Kaizen Institute Western Europe.
A motivação dos colaboradores, de forma geral, permanece nos 14 pontos (numa escala de zero a 20 pontos), em linha com o observado na última edição do barómetro.
Abordagem skills-first no recrutamento
No que diz respeito ao processo de recrutamento, a abordagem skills-first — que enfatiza as competências e capacidades de cada pessoa, colocando em segundo plano a sua experiência ou formação académica — parece estar a tornar-se uma tendência importante. Mais de metade dos responsáveis de RH (53%) está familiarizada com esta abordagem e já considera esta componente no processo de recrutamento.
Neste contexto, garantir um processo de onboarding eficaz é uma ferramenta essencial para o sucesso organizacional. Para auxiliar este processo, 41% dos inquiridos apostou na criação de um programa de acolhimento personalizado para tornar a integração mais eficiente. Por outro lado, 25% afirma que designar um mentor para fazer o acompanhamento inicial é outra das estratégias mais usadas.
O “Barómetro RH 2023”, iniciativa promovida pelo Kaizen Institue em parceria com Hays Portugal, inquiriu cerca de 150 diretores de recursos humanos de grandes e médias empresas nacionais, com o objetivo de avaliar a resposta das organizações às principais tendências e desafios atualmente verificados na gestão das pessoas, bem como o grau de motivação e produtividade dos colaboradores.
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