Um ministro para ficar? Agentes setoriais duvidam

Sete dias após ter ficado no Governo, o ministro das Infraestruturas apareceu no congresso das comunicações para anunciar mudanças nas competências do regulador. Mas teme-se estabilidade das decisões.

32º Digital Business Congress APDC - 10MAI23

Foi como uma aparição: sete dias depois de ter ficado no Governo – com a proteção política do primeiro-ministro e a oposição do Presidente – João Galamba regressou à agenda pública. O ministro das Infraestruturas deixou de aparecer apenas dentro do carro oficial, foi ao congresso das comunicações e, logo à entrada, pressionado pelos jornalistas, deixou cair apenas que tem “imensas condições” para se manter no lugar. As associações e agentes que representam estas áreas é que duvidam da presença duradoura de Galamba à mesa do Conselho de Ministros. E há mesmo consenso que o ministro está numa situação fragilizada.

No congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), na quarta-feira, a expectativa era elevada quanto ao teor da intervenção do ministro – a primeira aparição pública de Galamba depois do choque frontal entre Costa e Marcelo. “É o lugar certo para reaparecer”, dizia uma fonte do setor.

Galamba chegou com estrondo ao auditório da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. A tentar fugir aos jornalistas que o abordavam e com as luzes das câmaras a iluminarem a plateia, a situação foi suficientemente ruidosa para interromper momentaneamente o debate entre os líderes das principais empresas de telecomunicações e provocar o burburinho na sala.

Antes do discurso de Galamba, a generalidade das pessoas ouvidas pelo ECO naquele congresso via fragilidade na posição do ministro. Um decisor do setor das telecomunicações destacou a posição “muito complicada”: “Não se pode demitir”, por ter sido segurado pelo primeiro-ministro. Outra fonte notou que as telecomunicações não param com a crise política, mas salientou que o clima de instabilidade “nunca é positivo”.

A sensação é partilhada pelas entidades que lidam com os portos. “Que o ministro está fragilizado, toda a gente reparou nisso”, nota o secretário-geral da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR). António Belmar da Costa sinaliza que, “sempre que houver decisões, pode haver desconfiança de quem está envolvido nas negociações“.

Se qualquer Governo está a prazo, a vida política de João Galamba como ministro parece ter um calendário muito mais curto em comparação com os restantes colegas. “O sentimento geral é que é um ministro a prazo”, observa o presidente da Associação Portuguesa de Operadores Logísticos (APOL), Vítor Figueiredo. Com pastas como o futuro do aeroporto de Lisboa e os investimentos na ferrovia nas mãos, teme-se que “a inércia e a demora nos últimos anos sejam mais agravadas com esta situação” política.

No momento da decisão, “um ministro em situação periclitante é altamente penalizador. Qualquer decisão pode ser facilmente revertida assim que houver um novo ministro, mesmo no próprio Governo”, acrescenta Vítor Figueiredo. O dirigente lembra o caso do despacho de Pedro Nuno Santos (antecessor de Galamba) em relação ao novo aeroporto de Lisboa, que acabou por ser revertido no dia seguinte por ordem do primeiro-ministro.

“Ataque” ao regulador das comunicações

Substituindo o primeiro-ministro, que cancelou a presença no congresso, Galamba aproveitaria o primeiro discurso depois da crise institucional entre Belém e São Bento para insistir na ideia de que a Anacom não deve ter competências administrativas, para satisfação dos players que há muito criticam a atuação do presidente, João Cadete de Matos, que está em fim de mandato. Esta parte do discurso terá caído bem junto das operadoras.

A Anacom não deve ter atividades administrativas. Deve-se cingir às atividades regulatórias, é para isso que os reguladores existem e é esta a condição para a sua independência técnica e funcional. E quando não temos essa realidade, as coisas tornam-se menos transparentes, obviamente, e com problemas para todos”, disse o ministro em alto e bom som. “A regulação independente é essencial, mas deve ser regulação.”

A intervenção do ministro — com um discurso escrito — era aguardada com expectativa, por causa do momento político e por causa do fim do mandato de Cadete de Matos. Pediu diálogo, antecipou mudanças e deixou perceber que não quer deixar prolongar o presidente da Anacom em funções para lá do fim do mandato, em agosto.

Apesar de não ter a aprovação do Presidente da República, João Galamba mantém-se como ministro das Infraestruturas. “Continua a receber o ordenado. Enquanto assim for, tem de encontrar soluções“, considera José Manuel Oliveira, secretário-geral da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans).

Se o papel do ministro para haver acordo com os maquinistas da CP foi destacado por António Costa, João Galamba terá aberto a porta a novos problemas com as outras classes profissionais da empresa pública ferroviária. Para a Fectrans, o que houve foram “soluções parciais que acentuam desigualdades entre trabalhadores e que abrem a porta ao descontentamento e a novos conflitos”.

Também nos portos João Galamba terá de voltar a negociar com os trabalhadores desta área. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias apresentou um pré-aviso de greve para quatro dias em maio e nove dias em junho, depois de não ter sido discutida uma proposta de aumentos salariais, como o ministro tinha prometido em janeiro.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Diana Rodrigues
  • 11 Maio 2023

O Eurostat divulga demografia da Europa 2023 e o INE revela as Estatísticas do Emprego. Audição de Diogo Lacerda Machado. Tribunal de Justiça da UE avalia caso de copiloto.

Nesta quinta-feira, serão divulgados dados detalhados sobre a população europeia. O Eurostat lança o relatório Demografia da Europa, Edição 2023. Também o Instituto Nacional de Estatística (INE) revela as Estatísticas do Emprego, numa pesquisa que informa sobre a remuneração bruta mensal média por trabalhador em Portugal. O Conselho de Ministros define alterações à Lei do Tabaco. “Basicamente deixa de haver locais onde seja possível fumar”, disse a secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares. Diogo Lacerda Machado, antigo administrador não executivo da TAP, será ouvido na CPI. O Tribunal de Justiça da UE avalia as repercussões de cancelamento de voo devido à morte inesperada de piloto da TAP.

Eurostat divulga Demografia da Europa Edição 2023

Nesta quinta-feira, é divulgado o relatório anual Demografia da Europa, edição 2023, pelo Eurostat. Os dados mais recentes demonstravam que, embora o Brexit, a pandemia e o conflito na Ucrânia tenham tido impacto na população europeia, algumas tendências estão já a ser retomadas. Entre os desafios da região encontram-se o envelhecimento e declínio da população e a diminuição da população em idade ativa, bem como o aumento de disparidades territoriais.

INE revela as Estatísticas do Emprego em Portugal

Os últimos meses de 2022 traziam sinais de que o mercado de trabalho poderia estar num momento de mudança. No quarto trimestre a taxa de desemprego subiu para 6,5%, alcançando o nível mais elevado desde o segundo trimestre de 2021. Em 2022, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador foi de 1.411 euros, tendo aumentado 3,6% em termos nominais e diminuído 4,0% em termos reais.

Conselho de Ministros apresenta alterações à Lei do Tabaco

Caso a proposta de lei do Governo seja aprovada pela Assembleia da República, a venda de tabaco em máquinas automáticas será proibida em 2025 e ainda este ano será interdito fumar em espaços ao ar livre junto de edifícios públicos como escolas, faculdades ou hospitais. A proposta impede a venda de tabaco direta ou através de máquinas de venda automática em locais públicos como restaurantes, bares, salas e recintos de espetáculo, casinos, bingos, salas de jogos, feiras, exposições ou mesmo festivais de música. Prevê-se que as regras relativas ao fumo em espaços fechados de acesso ao público, sejam ainda mais apertadas.

Audição de Diogo Lacerda Machado

Diogo Lacerda Machado, antigo administrador não executivo da TAP, considera que os “contribuintes” foram os maiores beneficiários com a compra de 53 aviões, negociada por David Neeleman com a Airbus, já que o Estado recuperou o controlo de uma companhia que, em vez de 10 milhões, valia mil milhões. Nesta quinta-feira, será a audição na Comissão de Inquérito à TAP

Tribunal de Justiça da UE avalia caso de co-piloto da TAP

Advogada-geral do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) defende que a morte súbita de um piloto da TAP não está abrangida pelo conceito de “circunstâncias extraordinárias”, que iliba uma companhia aérea da responsabilidade de indemnizar os passageiros por cancelamento de um voo. Juízes avaliam.

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Portugal ganha dois lugares entre países europeus que mais atraem investidores estrangeiros

  • ECO
  • 11 Maio 2023

Portugal foi o segundo país onde o número de projetos de investimento estrangeiro mais aumentou em 2022 (de 24%). Apenas a Roménia teve um aumento mais significativo.

Portugal foi o sexto país mais atrativo da Europa a captar investimento estrangeiro no ano passado. Em 2022, foram anunciados para o país 248 projetos de investimento, mais 24% do que no ano anterior. Portugal ficou à frente de países como Itália, Polónia, Bélgica e Irlanda no inquérito de atratividade elaborado pela consultora EY e que foi divulgado esta quinta-feira.

Apenas a Roménia teve um maior crescimento (+86%) no número de investimentos captados do estrangeiro. “Portugal, destacando-se pela sua resiliência num contexto económico, social e energético bastante desafiante, conseguiu contrariar a tendência de estagnação do IDE na Europa em 2022. Este estudo ilustra a vantagem competitiva do Leste, Centro e Sul da Europa, o que apresenta um cenário com bastante potencial para Portugal, que assim pode continuar a posicionar-se como um destino cada vez mais atrativo no mapa do investimento direto estrangeiro”, sinaliza Miguel Cardoso Pinto, sócio da EY Portugal.

Ao longo de 2022, as empresas em todo o mundo anunciaram 5.962 projetos de investimento na Europa, um aumento de apenas 1% em comparação com os 5.877 projetos em 2021, ano em que se registou um crescimento de 5%. A tabela foi liderada por França, seguida do Reino Unido e da Alemanha.

O inquérito nota que 67% das empresas pesquisadas têm “planos de estabelecer ou expandir operações na Europa no próximo ano”. Empresas químicas e farmacêuticas e da indústria de serviços são as que mais se destacam na procura, segundo o estudo.

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Combates israelo-palestinianos prosseguem em Gaza após tentativa falhada de cessar-fogo

  • Lusa
  • 10 Maio 2023

O novo ataque aéreo israelita ao território palestiniano causou mais sete mortes, duas delas de crianças, e mais de 20 feridos entre a população civil.

Os combates na Faixa de Gaza prosseguiram esta quarta-feira, após uma tentativa falhada de cessar-fogo entre Israel e fações armadas palestinianas mediada pelo Egito, embora uma estação televisiva estatal egípcia tenha chegado a anunciar um acordo.

Depois de circularem informações de negociações de cessar-fogo bem-sucedidas, fontes palestinianas citadas pela estação televisiva Al-Jazeera e pelo diário israelita Haaretz indicaram que as conversações fracassaram porque Israel se recusou a pôr fim aos assassínios seletivos.

Um novo ataque aéreo israelita àquele território palestiniano causou mais sete mortes, duas delas de crianças, e mais de 20 feridos entre a população civil. O novo bombardeamento israelita ocorreu depois de as milícias palestinianas da Faixa de Gaza terem lançado mais de 270 rockets contra Israel, segundo um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.

O ataque é, até agora, o maior deste ano e segue-se a mais de 24 horas de elevadas tensões na zona, após Israel ter abatido na terça-feira três altos dirigentes do grupo ‘Jihad’ Islâmica Palestina (JIP) em Gaza.

Em reação ao bombardeamento do exército israelita que matou Jalil Bahitini, Tareq Az Aldin e Jahed Ahnam, três dos principais líderes do JIP – grupo considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia (UE) — a Câmara de Operações Militares Conjuntas, que reúne as fações armadas palestinianas da Faixa de Gaza (incluindo o JIP e o movimento islamita Hamas), advertiu de que Israel iria “pagar o preço da agressão”, referindo-se a uma resposta armada.

Os ataques da resistência unificada fazem parte do processo de resposta ao massacre cometido pela ocupação sionista e fazem parte da defesa do nosso povo palestiniano. A resposta da resistência é obrigatória e constante contra qualquer agressão”, disse o porta-voz do Hamas em Gaza, Abd al-Latif al-Qanu, sobre a resposta conjunta, que poderá conduzir a uma nova escalada da guerra.

Os bombardeamentos fizeram até agora 22 mortos do lado palestiniano, incluindo pelo menos 13 civis, muitos dos quais crianças, e mais de 40 feridos. Os postos de passagem fronteiriça de Erez e Kerem Shalom, que permitem a circulação de pessoas e mercadorias entre Israel e a Faixa de Gaza, permanecem encerrados, impossibilitando a retirada de civis daquele território, onde, bloqueados, vivem cerca de 2,5 milhões de palestinianos.

Na terça-feira à noite, a UE e os Estados Unidos instaram ao fim da escalada de violência, expressando “sérias preocupações” com os bombardeamentos da Faixa de Gaza e pedindo a “máxima moderação” às partes envolvidas. Já hoje, juntou-se a esse apelo a Liga Árabe, reunida de emergência no Cairo, criticando o “contínuo e crescente ataque israelita ao povo palestiniano” e exigindo à ONU e à comunidade internacional que exerçam “a pressão necessária” para forçar Israel a suspender a “agressão e o assédio” à Faixa de Gaza.

Ao Conselho de Segurança da ONU, a Liga Árabe pediu para assumir as responsabilidades de manter a paz e a segurança internacionais na região, exigindo à organização liderada pelo ex-primeiro-ministro português António Guterres que “responsabilize também Israel, potência ocupante, pelas consequências da agressão”. Os líderes árabes instaram também o Tribunal Penal Internacional (TPI) a investigar os “crimes de guerra e contra a humanidade” que Israel “cometeu e continua a cometer contra o indefeso povo palestiniano”.

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Putin vai criar corredor de cereais para a China

  • Lusa
  • 10 Maio 2023

O objetivo do acordo, que deve ficar pronto até 1 de outubro, é aumentar a produção de cereais na Sibéria e, principalmente, no Extremo Oriente, cujas regiões fazem fronteira com a China.

O Presidente russo, Vladimir Putin, encarregou o Governo de assinar um acordo com a China para a criação de um corredor de cereais que aumentaria as exportações para o país asiático. O objetivo do acordo, que deve ficar pronto até 1 de outubro, é aumentar a produção de cereais na Sibéria e, principalmente, no Extremo Oriente, cujas regiões fazem fronteira com a China.

Uma das principais ligações no novo corredor terrestre entre Rússia e China seria o terminal ferroviário já existente na região de Zabaikal, que faz fronteira com a China e a Mongólia. Este terminal ferroviário, que ficou operacional em setembro de 2022, é considerado o primeiro do género no mundo e tem capacidade para transportar oito milhões de toneladas por ano.

Além de resolver o problema da diferença de largura das vias entre os dois países, possui um sistema de vigilância do abastecimento de cereais. No âmbito deste projeto, a Rússia lançou um programa de cereais ao longo da ferrovia transiberiana com capacidade de armazenamento de 1,4 milhão de toneladas, um terminal marítimo e vários centros russos de distribuição no Cazaquistão.

Moscovo ameaça retirar-se do acordo de cereais do Mar Negro, cujas partes (Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU) estão reunidas em Istambul, porque, segundo argumenta, não pode exportar os seus fertilizantes devido às sanções ocidentais.

Apesar da guerra em curso na Ucrânia, desencadeada pela Rússia em fevereiro de 2022, as exportações russas aumentaram nos últimos meses. Diante da deterioração das suas relações com o Ocidente, Moscovo procura alternativas para a exportação de cereais, principalmente no continente asiático.

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Exportações de componentes automóveis crescem 36% em março

  • Lusa
  • 10 Maio 2023

A associação realça que 71% das exportações portuguesas de componentes automóveis "continuam a pertencer ao 'top' 5 de países, composto por Espanha, Alemanha, França, Eslováquia e EUA".

As exportações de componentes automóveis aumentaram 35,8% em março face ao mês homólogo, atingindo 1.107 milhões de euros, anunciou esta quarta-feira a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

Segundo a associação, este aumento significa um crescimento maior do que as exportações nacionais e uma subida pelo 11.º mês consecutivo. Em comunicado, a AFIA refere que, no acumulado de janeiro a março, as exportações de componentes automóveis alcançaram os 3.053 milhões de euros, um acréscimo de 22,2% face ao primeiro trimestre de 2022.

A associação realça que 71% das exportações portuguesas de componentes automóveis “continuam a pertencer ao ‘top’ 5 de países, composto por Espanha, Alemanha, França, Eslováquia e Estados Unidos da América, durante o ano de 2023″.

Espanha, com vendas de 891 milhões de euros, continua a ser o principal cliente dos componentes fabricados em Portugal, seguida pela Alemanha com 676 milhões de euros, França com 350 milhões de euros, Eslováquia com 134 milhões e Estados Unidos com 111 milhões de euros.

As exportações para quatro destes cinco países aumentaram relativamente ao ano anterior, registando-se uma subida de 20% para Espanha, de 28,5% para a Alemanha e de 25,4% para França. “A Eslováquia registou um aumento de 29% em relação a 2022, voltando a surpreender com o maior crescimento dos cincos principais mercados”, destaca a AFIA.

Por outro lado, os EUA continuam a registar uma queda nas importações de componentes automóveis provenientes de Portugal, de 16,3% em março, face ao período homólogo de 2022.

A situação mundial e a inflação dos custos relacionadas com os transportes, energia e matérias-primas são fatores que continuam a promover uma incerteza neste e outros setores em termos mundiais, mas é importante destacar que a indústria portuguesa de componentes para automóveis tem conseguido manter uma forte resiliência e criar formas de continuar a competir com as suas congéneres para ganhar quota de mercado”, afirma a AFIA.

Os cálculos da AFIA têm por base as estatísticas do comércio internacional de bens divulgadas esta quarta pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

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TAP regista prejuízo de 57,4 milhões no primeiro trimestre

Depois dos lucros de 2022, a companhia aérea voltou aos resultados negativos nos primeiros três meses deste ano. Receitas aumentaram.

A TAP voltou aos resultados líquidos negativos. A companhia aérea registou um prejuízo de 57,4 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, ainda assim um desempenho melhor do que o conseguido no mesmo período do ano anterior. A atividade da transportadora cresceu, com as receitas a crescerem 70,4%.

A companhia movimentou 3,51 milhões de passageiros no primeiro trimestre, um aumento de 67% face ao período homólogo, com reflexo nas receitas de passagens que cresceram 78,7% para os 737,6 milhões. A Manutenção e a Carga e Correio também tiveram melhorias significativas, contribuindo para o aumento de 70,4% nos rendimentos operacionais para os 835,9 milhões de euros.

“O primeiro trimestre de 2023 mostrou uma continuidade do crescimento da procura, fazendo com que a TAP transportasse, pela primeira vez num trimestre pós-crise, mais passageiros do que em 2019“, afirmou o novo CEO, Luís Rodrigues, citado no comunicado da empresa.

Os gastos operacionais também tiveram um aumento expressivo, para os 852,2 milhões, superando em 54,2% as despesas dos primeiros três meses de 2022. A TAP atribuiu esta evolução sobretudo ao aumento da atividade operacional, com os gastos para combustível a subirem 109,6% e os custos com pessoal 52,6%.

A penalizar esta rubrica está também o aumento nas depreciações, amortizações e perdas por imparidade, que aumentaram 8,4% para 130,3 milhões.

Com os gastos a ultrapassarem as receitas, o resultado operacional foi negativo em 16,3 milhões, ainda assim uma melhoria face aos 62 milhões contabilizados no período homólogo.

O resultado líquido cifrou-se em 57,4 milhões de euros negativos, também uma evolução positiva em relação aos 121,6 milhões do ano anterior.

A TAP apresentou neste trimestre, um forte desempenho operacional e financeiro, apesar do aumento dos custos e dos desafios operacionais. Enfrentar esses desafios às portas do verão é o caminho no qual temos de nos concentrar.

Luís Rodrigues

CEO da TAP

“A TAP apresentou neste trimestre um forte desempenho operacional e financeiro, apesar do aumento dos custos e dos desafios operacionais. Enfrentar esses desafios às portas do verão é o caminho no qual temos de nos concentrar”, disse também Luís Rodrigues.

Retirando os encargos com juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), o resultado foi positivo em 113,8 milhões, uma melhoria de 96% face ao período de janeiro a março de 2022. A margem EBITDA subiu para 13,6%.

A dívida financeira líquida da TAP aumentou 12,1% entre dezembro e o final de março, passando para 787,1 milhões.

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Nasceu primeiro bebé britânico com ADN de três pessoas

  • Lusa
  • 10 Maio 2023

O bebé tem ADN (mais de 99,8%) da mãe e do pai, como sempre, mas também uma pequena quantidade de material genético – cerca de 37 genes – de uma dadora. para evitar doenças incuráveis.

O primeiro bebé britânico com ADN (material genético) de três pessoas nasceu depois de os médicos realizarem um procedimento inovador de fertilização ‘in vitro’ que visa impedir que as crianças herdem doenças incuráveis. O feito, que não é inédito, foi noticiado na terça-feira na edição online do jornal The Guardian e é citado pelas agências noticiosas internacionais.

A técnica, conhecida como tratamento de doação mitocondrial e que permitiu o nascimento em 2016, no México, do primeiro bebé do mundo com este procedimento, usa tecido de óvulos de dadoras saudáveis para criar embriões livres de mutações genéticas nocivas que as mães provavelmente transmitiriam aos filhos.

Segundo o artigo do The Guardian, os embriões assim gerados com esta técnica combinam o material genético do espermatozoide e do óvulo dos pais biológicos com o das mitocôndrias (organelos celulares) saudáveis do óvulo da dadora. Desta forma, o bebé nascido tem ADN (mais de 99,8%) da mãe e do pai, como sempre, mas também uma pequena quantidade de material genético – cerca de 37 genes – de uma dadora.

A autoridade britânica de fertilização e embriologia humana, citada pelo mesmo jornal, indicou, sem precisar, alegando razões de confidencialidade, que o número de bebés nascidos graças à mesma técnica de fertilização ‘in vitro’ foi “menos de cinco”.

A legislação no Reino Unido foi alterada em 2015 para permitir o tratamento de doação mitocondrial, com o Centro de Fertilidade de Newcastle a ser a única unidade no país licenciada para o fazer. De acordo com o The Guardian, o regulador aprovou este tratamento para pelo menos 30 casos.

O procedimento ajuda mulheres com mitocôndrias com mutações genéticas nocivas a terem filhos sem o risco de lhes transmitirem doenças (as mitocôndrias são herdadas das mães por todas as pessoas). O esperma do pai é usado para fertilizar os óvulos da mãe afetada e de uma dadora saudável.

Em seguida, o material genético nuclear do óvulo da dadora é removido e substituído pelo do óvulo fertilizado do casal, que carrega o ADN de ambos os progenitores e as mitocôndrias saudáveis da dadora em vez das mitocôndrias defeituosas da mãe. Este óvulo é depois transplantado no útero da progenitora.

Segundo estudos, a técnica não é isenta de riscos: um pequeno número de mitocôndrias anormais que inevitavelmente são transferidas do óvulo da mãe para o óvulo da dadora pode multiplicar-se quando o bebé está no útero da progenitora, causando doença na criança.

Em 2016, um médico norte-americano anunciou o nascimento, no México, do primeiro bebé gerado com doação mitocondrial. Antes do tratamento feito pelo médico, a mãe do bebé teve quatro abortos espontâneos e dois filhos que morreram com oito meses e seis anos. A mulher tinha mitocôndrias com mutações genéticas que causam a Síndrome de Leigh, uma doença neurodegenerativa hereditária rara que afeta o sistema nervoso central e pode ser fatal.

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Vodafone promete endereçar “preocupações” da AdC com compra da Nowo

CEO da Vodafone garante que a operadora vai dar resposta às "preocupações" da Autoridade da Concorrência (AdC) no que toca à aquisição da concorrente Nowo.

O presidente executivo da Vodafone Portugal, Luís Lopes, que assumiu recentemente a função, prometeu que a operadora vai dar resposta às “preocupações” da Autoridade da Concorrência (AdC) no âmbito da oferta que a Vodafone fez no ano passado para comprar a concorrente Nowo.

“A AdC levantou preocupações no negócio que serão devidamente endereçadas”, disse Luís Lopes no habitual debate dos CEO das três operadoras, Meo, Nos e Vodafone, inserido no congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

A AdC decidiu abrir, em abril, uma “investigação aprofundada” à compra da Nowo pela Vodafone, o que implica que o regulador tem receio de que o negócio ameace a concorrência. A AdC tem poder para chumbar a operação.

O CEO da Vodafone explicou ainda que o “racional estratégico” por detrás da oferta para comprar a Nowo resulta do facto de a Vodafone acreditar que “há uma oportunidade de acelerar os investimentos da Nowo”, que “tem uma rede de cabo já bastante desatualizada”. “Acreditamos que a Vodafone pode trazer aceleração do investimento na fibra e trazer mais e melhores produtos para os clientes da Nowo”, acrescentou.

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APIT: O estado da produção audiovisual em Portugal

A produção independente de televisão cresceu cerca de 15%. Os dados são da Associação de Produtores Independentes de Televisão (APIT), no relatório partilhado com o +M.

As produtoras independentes de televisão registaram em 2021 uma faturação de 112,8 milhões de euros, um crescimento de quase 15 milhões de euros em relação ao ano anterior. É também o maior volume de negócios dos nove anos analisados pela Associação de Produtores Independentes de Televisão (APIT). Os números constam do Anuário do sector de produção audiovisual em Portugal 2022, promovido pela APIT e realizado pelo Centro de Estudos e Comunicação e Cultura, da Universidade Católica, e antecipado ao +M.

Os dados revelados pelo Barómetro são muitíssimo significativos do crescimento do setor, na medida em que exprimem uma subida do volume de negócios dos associados, superando os valores dos últimos 5 anos. Por outro lado, é notório perceber a importância que a produção audiovisual para televisão tem entre a atividade dos associados, quer em termos de desenvolvimento, quer em termos de faturação.

A manutenção do foco na realização de coproduções também deve ser tida como muito relevante, caracterizando, cada vez mais, um setor que procura parcerias e vias de internacionalização”, destaca Susana Gato, presidente executiva da associação, como os dados principais do relatório deste ano.

 

Com 595 trabalhadores em 2021, mais 109 do que no ano anterior à pandemia, a principal atividade dos associados da APIT foi a produção audiovisual para televisão e é também esta a principal fonte de faturação. A produção cinematográfica e para multiplataforma registou um decréscimo, mantendo-se estável a produção para publicidade. O entretenimento e a ficção, de curta e longa duração, são os géneros mais trabalhados pelos associados.

Nos apoios obtidos, a APIT destaca o Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual (+23%) e os concurso do Instituto de Cinema e Audiovisual (+46%). Destaque também para as Autarquias Locais (+44%). “Esta realidade mostra, mais uma vez, a importância do mecanismo de financiamento para a dinamização da produção audiovisual em Portugal”, refere o documento.

A APIT salienta também a coprodução com distribuidoras internacionais como estratégia de produção. A venda direta representa um valor na ordem dos 20%, antecipando-se um aumento desta percentagem na sequência da nova Lei do Cinema e do Audiovisual, na qual se prevê a entrada de conteúdos nacionais nos catálogos das operadoras de streaming.

A maior dependência de um cliente a representar mais de 25% do total da faturação da empresa é a situação mais comum junto dos associados, situação que se agrava face a 2020, prossegue o relatório.

Embora não seja possível uma comparação direta entre 2021 e 2022, com os últimos dados a abrangerem apenas os primeiros 10 meses do ano, a APIT salienta a subida “expressiva” do número de clientes, “questão fulcral para a construção de um setor mais diversificado”. “Quanto à rentabilidade, é notória a redução, muito devido aos impactos da subida da inflação”.

“Os orçamentos decrescem, mas a exigência permanece, por forma a não impactar a qualidade dos conteúdos, o que torna a operação muito desafiante para todos os agentes implicados na cadeia de valor”, lê-se no estudo. A nova Lei do Cinema e do Audiovisual teve, sobretudo, um “impacto neutro” para a maioria dos associados.

“O caminhar para o final da pandemia, com as suas implicações em termos de produção audiovisual, veio trazer alterações significativas nos modos de produção, tendo-se começado a alargar alguns mecanismos de segurança que, no entanto, ainda se mantiveram ao longo de vários meses. Por outro lado, a guerra trouxe maiores problemas e desafios, sendo que a inflação se refletirá, de modo muito significativo e preponderante, em toda a cadeia de produção”, comenta Susana Gato.

Todavia, percebe-se que há uma evolução significativa do setor, na medida em que o conteúdo, independentemente da plataforma onde é visto, continua rei. E esse é o nosso maior ativo”, prossegue, quando questionado sobre as principais evoluções do último ano.

Em termos de tendências, a responsável adianta que “os avanços tecnológicos vêm trazer novos desafios a quem produz, sendo que a tendência para explorar a inteligência artificial e a as suas aplicações está muito marcada também nesta atividade”.

Porém, frisa, “o entretenimento, a ficção e o documentário continuam a ser o que realmente importa quando procuramos saber o que os públicos querem“. “Conhecer o público, perceber o que quer ver e onde quer ver é o desafio que os produtores abraçam todos os dias, apostados em produzir obras mais consistentes, mais robustas, com maior orçamento e que consigam, verdadeiramente, viajar”, são os pontos fundamentais, defende.

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Montenegro acusa PS de vitimização e de prejudicar trabalhos da comissão de inquérito à TAP

  • Lusa
  • 10 Maio 2023

Luís Montenegro acusou o PS de vitimização após a saída de Jorge Seguro Sanches da presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP e de não ajudar ao desenvolvimento dos trabalhos.

O líder do PSD acusou esta quarta-feira, em Leiria, o PS de vitimização após a saída de Jorge Seguro Sanches da presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP e de não ajudar ao desenvolvimento dos trabalhos.

A instabilidade na comissão de inquérito, em particular, vê-se com a alteração, difícil de explicar devo confessar, da presidência da comissão, num processo de vitimização que sinceramente não beneficia nada o andamento dos trabalhos”, declarou Luís Montenegro, antes de se reunir com jovens no Politécnico de Leiria para falar sobre a habitação.

Confrontado com as palavras do socialista Eurico Brilhante Dias, que acusou esta quarta-feira o deputado do PSD Paulo Moniz de ter atacado a honra e o caráter do presidente da comissão de inquérito à TAP, o socialista Jorge Seguro Sanches, o líder social-democrata reafirmou: “é o tal processo de vitimização, que é uma desculpa de mau pagador, na inviabilização do calendário de audições, na obstaculização de acesso a informação, alguma dela que até já tinha sido decidida na própria comissão”.

“Aquilo que me parece cada vez mais certo é que onde o partido socialista entra causa instabilidade. Temos hoje instabilidade dentro do Governo acumulada durante meses e meses. Temos em Portugal instabilidade institucional nas relações entre o Governo e o seu Presidente da República e agora temos também instabilidade no Parlamento, porque o PS cria essa instabilidade”, acrescentou.

Para Luís Montenegro, o PS “está a fazer uma coisa que é o contrário daquilo que diz o secretário-geral do partido”, António Costa, que afirmou que “se deve descobrir e apurar a verdade, doa a quem doer”.

“Parece que quando as dores se aproximam da área do Governo, a procura da verdade tem obstáculos. Tem obstáculos nos documentos que são disponibilizados, nas audições, esta instabilidade e esta nuvem para ver se consegue distrair os portugueses daquilo que se passa na comissão”, afirmou.

O deputado socialista António Lacerda Sales vai assumir a presidência da comissão de inquérito à TAP, após a renúncia de Jorge Seguro Sanches, anunciou esta quarta-feira o Grupo Parlamentar do PS.

Montenegro comentou também declarações do ministro João Galamba, que esta quarta-feira afirmou nada ter a acrescentar às declarações que já tinha feito sobre o processo de demissão do seu adjunto Frederico Pinheiro. “Já tivemos ocasião, eu próprio, de questionar quer o primeiro-ministro quer o ministro João Galamba sobre aquilo que aconteceu na semana passada, porque o ministro em causa apresentou a sua demissão”, salientou.

Luís Montenegro lembrou que João Galamba explicou o seu pedido de demissão “por escrito”, onde “foram aduzidos argumentos como a necessidade de haver tranquilidade institucional, a preservação da dignidade do próprio e até da sua família”.

“Se esses argumentos foram apresentados com verdade, se não foram ficcionados, não vejo por que é que o ministro não deve ser consequente e pedir para sair. Por outro lado, está por explicar o que está por detrás desta postura do primeiro-ministro, não só em não aceitar a demissão como em fazer este braço de ferro com o Presidente da República, quebrando aquilo que foi sempre uma relação de colaboração e cooperação institucional que aconteceu nos últimos anos”, rematou.

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Governo e novo CEO da TAP preparam mudanças na gestão

Ramiro Sequeira, administrador da TAP, afirma que está em curso uma reestruturação da comissão executiva da companhia e que, tanto quanto sabe, vai ficar.

Ramiro Sequeira, administrador da TAP, afirmou na comissão parlamentar de inquérito que está em curso uma reestruturação da comissão executiva por iniciativa do novo CEO. Tanto quanto sabe vai manter-se no cargo.

“Atualmente sou chief operating officer e estou na comissão executiva. É conhecida a entrada do novo CEO, Luís Rodrigues. Foi-nos dada a conhecer a intenção de fazer reestruturação da comissão executiva“, afirmou o administrador, acrescentando que decorrem “conversações com o acionista”.

Questionado sobre se sairia do órgão de gestão, respondeu: “Que eu saiba não”, ao contrário do que chegou a ser noticiado, tendo em conta que Mário Chaves, antigo braço direito de Luís Rodrigues na SATA, lidera a Portugália, podendo ascender à comissão executiva da “casa mãe”. Mário Chaves desempenhava as funções de chief operations officer na companhia aérea regional.

Ramiro Sequeira precisou que as conversações sobre a reestruturação da comissão executiva decorrem com os ministérios das Infraestruturas e das Finanças.

O novo CEO e chairman tomou posse a 14 de abril, sucedendo a Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja, afastados pelo Governo na sequência do processo de saída da antiga Alexandra Reis com uma indemnização bruta de 500 mil euros.

Processo de privatização ainda não começou oficialmente

O administrador executivo foi questionado sobre o plano de privatização da TAP, afirmando que o mesmo “ainda não começou oficialmente”, tanto quanto é do seu conhecimento.

O deputado Bernardo Blanco questionou o antigo CEO interino sobre o trabalho desenvolvido pela Evercore, a consultora americana contratada pela TAP para preparar o processo. Mais uma vez Ramiro Sequeira disse desconhecer o trabalho desenvolvido por esta. “Pode ser que com a mudança de liderança isso mude ou não. Enquanto estava a engenheira Christine o processo estava centralizado nela e no administrador financeiro”, afirmou.

Sobre um grande número de questões o antigo CEO interino da TAP, entre setembro de 2020 e junho de 2021, disse não estar presente nas decisões ou não ter conhecimento delas, como o processo que levou à saída da antiga administradora Alexandra Reis ou do ex-administrador não executivo Diogo Lacerda Machado.

O deputado da IL questionou ainda Ramiro Sequeira sobre se não teve pressões do Governo, como as sofridas pela ex-CEO. “Não senti pressões políticas”, respondeu, mesmo durante o período crítico da pandemia.

O conhecimento do Estatuto do Gestor Público (EGP) também foi tema. Mariana Mortágua, do BE, quis saber se o administrador executivo conhecia o EGP e que o mesmo se aplicava à TAP. A resposta foi afirmativa. “Não me recordo de termos tido uma reunião sobre todos os items que estão englobados no EGP. Julgo ter havido um email que abordava alguns pontos dessa transição. Mas não me recordo de ter sido uma coisa exaustiva”, disse.

O PS confrontou o gestor com uma email do advogado César Sá Esteves, da SRS Sociedade de advogados, datado de 21 de julho de 2021, sobre o tema das remunerações dos gestores no âmbito do EGP. Ramiro Sequeira disse não se recordar, sendo depois referido que não estava entre os destinatários do email.

Ramiro Sequeira foi acompanhado pela diretora jurídica da TAP, Manuela Simões, e por um advogado que revelou ter sido custeado pelo seguro contratado pela companhia área para os administradores.

(notícia em atualizada às 21h58)

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