Savannah Resources, responsável pela exploração da mina do Barroso, escolhe primeiro CEO português

  • Capital Verde
  • 12 Setembro 2023

Emanuel Proença vai liderar a Savannah Resources, empresa que está a desenvolver o projeto de lítio do Barroso, em Portugal. É o primeiro CEO português da empresa britânica.

A promotora do projeto de exploração de lítio da mina do Barroso elegeu, pela primeira vez, um CEO português. Emanuel Proença assume o cargo em substituição de Dale Ferguson, o atual CEO interino da empresa, que regressará à sua anterior função de diretor técnico da Savannah.

“Estou entusiasmado por me juntar à Savannah como CEO, para ajudar a empresa a atingir o seu objetivo de se tornar um produtor responsável de lítio em Portugal e um elemento fundamental da cadeia de valor das baterias de lítio e da mobilidade elétrica, em rápido crescimento na Europa”, cita o comunicado divulgado esta terça-feira as declarações de Emanuel Proença. O gestor português iniciará funções a 18 de setembro.

Emanuel Proença ocupava até agora as funções de CEO dos negócios industriais da Prio, tendo sido, anteriormente, CEO do grupo Piedade, produtor de rolhas de cortiça. A sua carreira arrancou no Boston Consulting Group, onde trabalhou durante sete anos nos escritórios de Portugal e Brasil. É ainda cofundador e presidente da Associação de Bioenergia Avançada (ABA).

A Savanna Resources muda de CEO numa altura em que o projeto de exploração da mina de lítio no Barroso recebeu luz verde por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). De acordo com a Declaração de Impacte Ambiental emitida pela APA, a decisão é “favorável condicionada para a exploração mineira e para a solução dois (a sudeste da zona mineira) de localização da instalação de resíduos”.

Sediada em Londres, a Savannah Resources é uma empresa de desenvolvimento de recursos minerais. O projeto de exploração da mina do Barroso deverá arrancar em 2026, perspetivando-se que tenha capacidade de produzir lítio suficiente para meio milhão de baterias de veículos por ano.

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Comissão Europeia avisa que Apple terá de adotar carregador universal com iPhone 15

  • Lusa
  • 12 Setembro 2023

Executivo comunitário recorda que adoção de carregador universal na União Europeia visa "reduzir os custos para os consumidores" e criar vantagens "para o ambiente".

A Comissão Europeia avisou a Apple, que divulga esta terça-feira o seu novo smartphone iPhone 15, que terá de adotar as novas regras da União Europeia (UE) para carregador universal, devendo implementar a entrada USB-C em vez da Lightning.

“O carregador comum é senso comum e é concretizável. Qualquer empresa que queira vender smartphones e outros dispositivos eletrónicos na UE terá de fornecer uma porta USB-C”, disse o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton.

No dia em que a ‘gigante’ tecnológica divulga o seu modelo de iPhone 15, o responsável comunitário recordou que a adoção deste carregador universal na UE visa “reduzir os custos para os consumidores” e criar vantagens “para o ambiente”.

“Esperamos uma poupança anual de cerca de 250 milhões de euros para os consumidores e uma redução significativa de 11 mil toneladas de resíduos eletrónicos gerados por carregadores descartados e não utilizados”, especificou Thierry Breton, numa posição divulgada pelo seu gabinete à imprensa em Bruxelas, incluindo a Lusa.

O comissário europeu adianta: “O nosso mercado único da UE está aberto, mas nas nossas condições”.

A Apple divulga esta terça-feira o seu iPhone 15 e uma das mudanças deverá assentar numa nova forma de carregar os modelos do iPhone 15 e as gerações futuras, esperando-se que a empresa mude para o padrão de cabo USB-C que já é amplamente utilizado em muitos dispositivos, incluindo seus computadores Mac e muitos de seus iPads.

A ‘gigante’ tecnológica está a ser forçada a começar a eliminar gradualmente os cabos da porta Lightning que lançou em 2012 com o lançamento do iPhone 5 devido às novas regras da UE.

Em outubro passado, o Conselho da UE deu ‘luz verde’ final à diretiva relativa ao carregador universal, prevendo que a porta USB-C se torne obrigatória para todos os dispositivos eletrónicos, como telemóveis, tablets e auscultadores, que estará em vigor em 2024.

A partir do próximo ano, haverá então uma harmonização dos carregadores na UE, tornando-se o USB-C a porta padrão para todos os smartphones, tablets, câmaras fotográficas, auscultadores, altifalantes portáteis e consolas de videojogos portáteis.

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Brasileira Weg troca Maia por nova fábrica em Santo Tirso. Prevê chegar a 850 trabalhadores

Multinacional especializada em motores elétricos e outros componentes deslocaliza unidade da Maia e concentra atividade industrial no Parque Industrial da Ermida, somando uma centena de empregos.

A multinacional brasileira Weg vai avançar para a construção de uma nova unidade industrial em Santo Tirso, com uma área de 26.600 metros quadrados. Esta fábrica vai permitir um “aumento estratégico” da capacidade produtiva de motores elétricos de grande porte, quadros elétricos BT e de drives MT/AT para o mercado europeu e também para o norte de África.

Este novo projeto vai entrar em operação no segundo semestre de 2024 e gerar cerca de uma centena de novos empregos diretos numa primeira fase, a que se juntam os perto de 750 trabalhadores que a multinacional brasileira já tem em Portugal, onde entrou em 2002 através da compra da Efacec Universal Motors, na Maia.

Fábrica da Weg no Parque Industrial da Ermida, em Santo Tirso

Segundo a informação divulgada esta terça-feira pela construtora Garcia Garcia, a nova unidade da multinacional especializada no fabrico e comercialização de motores elétricos e outros componentes está a ser construída num terreno adjacente à fábrica que já possui desde 2016 no Parque Industrial da Ermida. Implica a deslocalização da unidade situada na Maia, “com transferência gradual a partir de 2023”.

Com operações comerciais em 37 países e instalações fabris em 15 países, como Brasil, Argentina, México, EUA, Portugal, Áustria, Alemanha, África do Sul, Índia ou China, num total aproximado de 40 mil funcionários, a Weg ficará em Santo Tirso com uma área total de 45 mil metros quadrados, entre os quais 22 mil dedicados à produção e 3.200 para as funções administrativas.

“O nosso investimento na ampliação do Parque Empresarial da Ermida, que construímos e exploramos, ajuda à implementação deste tipo de projetos, em função da disponibilização de terrenos para utilização industrial, devidamente infraestruturados. É gratificante podermos fazer parte deste plano de expansão da Weg, que anteriormente já tinha confiado em nós, contribuindo assim com o nosso know-how e experiência para que este projeto responda integralmente às suas necessidades”, aponta em comunicado o administrador, Miguel Garcia.

A construtora nacional especializada em edifícios industriais, logísticos, comerciais, residenciais e hoteleiros, está a avançar este ano com um investimento para ampliar em 36 hectares o parque industrial tirsense do qual é proprietária, e que depois destas obras ficará com um total de 110 hectares. Além da Weg, estão ali atualmente sediadas as operações portuguesas da Airbus, a Finieco, a produtora de película flexível Casfil ou o centro logístico do Lidl Portugal.

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Metade dos trabalhadores acreditam que IA vai mudar as suas funções, mas só 13% recebem formação

Mais de metade dos trabalhadores estão otimistas quanto ao impacto da IA no mercado, mas reconhecem que é preciso formação para que haja sucesso. Oportunidades nesse sentido não têm, porém, abundado.

Ainda que mais de metade dos trabalhadores acreditem que a Inteligência Artificial (IA) vai mudar as suas funções e os setores em que exercem a sua atividade, a formação nessa área tecnológica ainda não é expressiva. De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pela Randstad, somente 13% dos trabalhadores receberam formação sobre IA, no último ano.

“O estudo indica que 53% dos colaboradores consideram que a IA tem um impacto nos seus setores e funções. No entanto, existe, segundo a pesquisa, uma lacuna na formação e desenvolvimento desta tecnologia: apenas 13% dos colaboradores receberam formação sobre IA no último ano“, explica a empresa de recursos humanos, na edição mais recente do “Workmonitor Pulse Survey”, uma análise que tem por base informações de anúncios de emprego e respostas de mais de sete mil trabalhadores em todo o mundo.

De acordo com esse estudo, apesar da referida lacuna na formação, cerca de um em cada três trabalhadores já utiliza IA nas funções quotidianas.

Por outro lado, a Randstad nota que 52% dos trabalhadores acreditam que a IA irá melhorar as suas perspetivas de progressão de carreira, o que significa que, neste momento, são mais o que estão otimistas quanto ao impacto dessa tecnologia no mercado do trabalho do que os que receiam esses efeitos.

Ainda assim, para que os piores receios não se concretizem e a IA tenha mesmo um impacto positivo no mundo laboral, a maioria dos inquiridos (55%) mostra-se consciente “de que a aprendizagem e o desenvolvimento serão importantes para garantir o futuro da sua carreira“.

Assim, um quinto dos profissionais gostaria que lhes fosse oferecida formação em IA nos próximos 12 meses, “sendo esta a terceira oportunidade mais desejada, seguida de competências de liderança (24%) e de bem-estar e mindfulness (23%)”.

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Iniciativa Liberal chama Costa Silva ao Parlamento para explicar venda da Efacec

Iniciativa Liberal pede a audição do ministro da Economia e do secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços na comissão parlamentar de Economia para fazerem ponto de situação sobre a Efacec.

A Iniciativa Liberal avançou com um requerimento para chamar o ministro da Economia, bem como o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, à Assembleia da República para explicar a situação da Efacec. A assembleia geral que vai decidir o futuro da empresa industrial está marcada para daqui a um mês.

“O Senhor Ministro da Economia e do Mar garantiu, em sede de Comissão, que o processo de privatização da Efacec ficaria concluído no final de julho e que, por essa altura, informaria a Comissão dos detalhes do processo de privatização. Chegados que estamos a setembro, nenhuma informação foi prestada pelo Senhor Ministro com a pasta da privatização, ou por qualquer outro membro do Governo relativamente à não conclusão do processo dentro do prazo previsto”, apontam os deputados da Iniciativa Liberal, num requerimento que deu entrada no Parlamento esta semana.

O objetivo desta audição, pedida para a Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, é então “clarificar qual é o ponto de situação do processo de privatização, para que o Parlamento e os portugueses possam saber as razões por trás dos constantes adiamentos à conclusão da operação, assim como os custos esperados para os contribuintes“, indicam os liberais.

A assembleia geral de obrigacionistas que estava prevista para esta terça-feira foi reagendada para daqui a um mês, altura em que se vai decidir o futuro da Efacec. Como o ECO avançou em primeira mão, há uma nova proposta relativamente às perdas que os titulares das obrigações vão suportar na venda ao fundo alemão Mutares: em vez de perderem 50% do seu investimento, o haircut é agora de 10%. Esta operação é determinante para que o Governo concretize a venda de 71,73% do capital da Efacec ao fundo alemão, tal como anunciou no início de junho.

Com a nova proposta, em vez de perderem 29 milhões de euros como estava inicialmente previsto, os obrigacionistas vão perder apenas 5,8 milhões como parte do esforço para salvar a empresa que foi nacionalizada em 2020, após rebentar o caso Luanda Leaks. Caso seja aprovado, o haircut só é válido em caso de conclusão da venda da Efacec à Mutares, que deverá ocorrer até ao dia 30 de novembro.

Na semana passada, questionado no Porto sobre o dossiê da reprivatização da Efacec, o ministro da Economia, António Costa Silva, antecipou que as negociações iriam “chegar a bom porto”. “Acho que há uma compreensão generalizada de todos os intervenientes do processo de que todos temos de fazer a nossa parte. Temos conversado com todos os atores e o que posso assegurar é que muito provavelmente poderemos ter um desfecho positivo. Espero sinceramente que isso aconteça, em benefício da economia nacional”, resumiu.

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Seriam necessários 1.030 novos hotéis para acolher os turistas do alojamento local

  • Ana Petronilho
  • 12 Setembro 2023

Em Lisboa teriam de ser construídos 211 novos hotéis e no Porto 168, a que se somaria 169 unidades na região do Algarve, conclui um estudo pedido pela Associação do Alojamento Local (ALEP) à Nova SBE.

Para acolher todos os turistas que dormem em unidades de alojamento local (AL) seria necessário construir 1.030 hotéis em todo o país. Em Lisboa, teriam de ser erguidas 211 unidades hoteleiras e no Porto um total de 168, menos uma do que na região do Algarve.

Os números indicam que seria necessário “aumentar a oferta hoteleira em mais de 50% para que o setor da hotelaria tradicional pudesse albergar todos os turistas que se hospedaram em AL”.

Esta é uma das conclusões do estudo pedido pela Associação do Alojamento Local (ALEP) à Nova SBE, que faz a “Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal” e que é assinado pelos economistas Pedro Brinca, João Bernardo Duarte e João Pedro Ferreira.

“Não há camas”, sublinha Pedro Brinca, que salienta ainda que em 2019 estavam em funcionamento em Portugal 1.923 hotéis (110 no Porto, 224 em Lisboa e 409 no Algarve). E mantendo o rácio de dormidas por hotel, se o alojamento local desaparecesse seriam necessárias 1.030 novas unidades hoteleiras para acolher os turistas.

Com estes números, o estudo refere que “não é possível sustentar o contributo do turismo para a economia portuguesa sem AL”, mesmo através de um “aumento das taxas de ocupação na hotelaria, nem através da construção de novos hotéis”. É que, mesmo subindo a taxa de ocupação para “valores inéditos”, ficaria “sempre limitada a menos de 15 milhões de dormidas”, abaixo dos 38 milhões de dormidas registadas entre 2019 e 2022.

O estudo – que tem como base um inquérito realizado a 1.820 proprietários e gestores – revela ainda que o alojamento local é uma realidade em todo o país, com 74% das novas licenças de AL fora de Lisboa ou Porto. Traçando um perfil do proprietário, o relatório indica que o setor é “muito fragmentado e de perfil de autoemprego” com 80% dos titulares a ter entre uma a três unidades e 46% a ter um rendimento inferior a mil euros mensais. Para 39% dos proprietários, o alojamento local gera 60% do orçamento familiar.

Com as medidas previstas no Mais Habitação, “um número considerável” de proprietários tem a intenção de reduzir os novos investimentos e “a maioria” dos titulares de AL não vai “colocar a propriedade no mercado de arrendamento”, com apenas 13% a considerarem essa possibilidade.

Como solução alternativa, 57% dos proprietários de AL consideram o arrendamento de médio e longo prazo a estrangeiros e cerca de metade vai optar por usar o imóvel como segunda habitação.

Com base em números de 2019, o estudo contabiliza que o setor seja responsável por 306.096 empregos diretos e indiretos (o que representa 6,18% do total nacional). Ou seja, cada alojamento local cria “quase quatro empregos”, especifica.

Já no que respeita ao Produto Interno Bruto (PIB), a contribuição das despesas de turistas que ficaram hospedados em alojamentos locais em 2019 chegou aos 9,9 mil milhões de euros (4,64% do PIB nacional).

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“É fundamental baixar os impostos já”. PSD apresenta cinco propostas fiscais no Parlamento

PSD apresenta cinco propostas para aliviar a carga fiscal dos portugueses, especialmente das famílias da classe média que sofrem uma "emergência de rendimentos", segundo Joaquim Miranda Sarmento.

A “asfixia fiscal” sentida atualmente pelas famílias portuguesas “tem de parar“, entende o PSD, daí que esse partido tenha apresentado esta terça-feira no Parlamento cinco propostas para aliviar os impostos, que serão discutidas a 20 de setembro. Em conferência de imprensa, o deputado António Leitão Amaro sublinhou que as medidas em questão são “fiscal e financeiramente prudentes“, mesmo correspondendo a um desagravamento superior ao que o Governo sinalizou que fará no próximo ano.

“Nos últimos anos, as famílias portuguesas têm tido um forte empobrecimento, que é ainda mais agravado por uma carga fiscal absolutamente recorde, por uma asfixia sobre as famílias, que tem de parar”, começou por defender o deputado social-democrata Joaquim Miranda Sarmento, que precisou que em 2022 o Governo arrecadou só em impostos mais nove mil milhões de euros do que tinha recolhido em 2021.

Além disso, este ano, só até julho, a receita fiscal e contributiva já cresceu em 4,5 mil milhões de euros face ao período homólogo, destacou o mesmo parlamentar. “O IRS é paradigmático. O Governo previa, no Orçamento do Estado para 2023, que a receita do IRS praticamente não aumentaria. Neste momento, até julho, já aumentou mais de 800 milhões de euros”, sublinhou ainda. Joaquim Miranda Sarmento.

É perante este cenário que o PSD entende, disse, que é preciso “baixar os impostos já“, pelo que apresentou esta terça-feira no Parlamento cinco propostas (quatro projetos de lei e um projeto de resolução) nesse sentido.

No que diz respeito ao IRS que é aplicado a todas as famílias portuguesas, o PSD propõe uma diminuição de 1.200 milhões de euros, através da redução das taxas marginais.

Convém explicar que o PSD defende recuos diferentes para os vários escalões de rendimentos, fixando como descida máxima três pontos percentuais. Por exemplo, no escalão dos rendimentos que vão dos 11.284 euros aos 15.992 euros, o partido laranja quer que a taxa marginal de IRS seja de 23,5%, e não de 26,5%.

Em termos práticos, os sociais-democratas avançam que, se esta redução fiscal fosse aprovada, uma família com um rendimento bruto de cada sujeito passivo idêntico ao salário médio mensal (1.411 euros), teria benefício anual de 235 euros.

Essa medida, explica ainda o PSD, seria financiada pelo “excesso” de receita fiscal cobrada pelo Estado ao longo deste ano, face ao previsto no Orçamento do Estado para 2023, o que garantiria que não colocaria em causa o caminho de consolidação orçamental.

Ainda no que diz respeito ao IRS, o PSD quer que a atualização dos escalões desse imposto seja obrigatória, tendo por referência a taxa de inflação.

Por outro lado, no que diz respeito aos jovens, o PSD quer que a taxa de IRS seja de 15% até aos 35 anos de idade, com exceção dos que se encaixem no último escalão de rendimentos. “Com este regime, as taxas marginais de IRS para os jovens são reduzidas para um terço das taxas atuais, com um máximo de 15% no penúltimo escalão”, sublinham os sociais-democratas.

Em contraste, o Governo tem hoje já em vigor o IRS Jovem, que prevê descontos fiscais nos primeiros cinco anos em que os jovens declaram rendimentos, até aos 26 anos de idade. A partir de janeiro, esse regime será reforçado, segundo António Costa, passando os jovens a estar isentos de imposto no primeiro ano no mercado de trabalho.

Outra das propostas apresentadas esta terça-feira pelo PSD passa pela a introdução na lei de um mecanismo para que a Assembleia da República debata o excedente de receita fiscal. “Se há matéria na qual o Parlamento tem de ser soberano é o que é se faz com o dinheiro dos portugueses”, salientou Joaquim Miranda Sarmento, na referida conferência de imprensa.

Além disso, e para aumentar a produtividade das empresas, o maior partido da oposição propõe que todos os rendimentos atribuídos a título de desempenho e produtividade fiquem isentos de qualquer imposto sobre o rendimento, até 6% do rendimento base.

Em declarações aos jornalistas, António Leitão Amaro sublinhou que o debate parlamentar agendado para 20 de setembro será o “teste do algodão” das intenções do Governo para com as famílias portuguesas, já que nesse dia decidirá se apoia ou não esta redução de 1.200 milhões de euros no IRS.

O Orçamento do Estado para 2024 dá entrada a 10 de outubro no Parlamento. O Governo já sinalizou que avançará com uma redução do IRS, mas será só nessa altura que se conhecerá em maior detalhe o que pretende mudar e que dimensão terá esse alívio.

(Notícia atualizada às 12h10)

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INE confirma atualização de 6,94% nas rendas a partir de janeiro

  • Ana Petronilho
  • 12 Setembro 2023

Caso o Governo não adote medidas para travar o aumento das rendas, em 2024 os valores pagos pelos inquilinos vão subir 6,94%. O ECO fez as contas para saber quanto vai pesar no seu bolso.

É oficial. Tal como tinha apontado nos dados provisórios divulgados a 31 de agosto, o INE aponta que a partir de 1 de janeiro de 2024, os senhorios podem aumentar o valor da renda até 6,94%. Caso o Governo decida não aplicar qualquer travão a esta subida – tal como aconteceu este ano em que vigorou um limite de 2% para a atualização das rendas – este será o valor de referência para o aumento da generalidade dos contratos de arrendamento. E será o maio aumento das rendas nos últimos 30 anos. Mas quanto é que isso vai pesar no seu bolso? O ECO fez as contas.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou esta quinta-feira que a variação no índice de preços no consumidor nos últimos 12 meses, excetuando a habitação, se situou em 6,94% em agosto. Este é o valor estabelecido por lei para o cálculo da atualização das rendas, quer seja em imóveis de habitação, de comércio ou serviços, para o ano seguinte.

Mas este valor só será oficial depois de publicado em Diário da República, o que deverá acontecer até 30 de outubro.

Se a atualização de 6,94% for aplicada em 2024, as rendas vão sofrer uma subida mais acentuada face ao aumento de 5,43% que iria vigorar este ano, mas que acabou por ficar em 2% por decisão do Governo oferecendo compensações fiscais aos senhorios.

O coeficiente de 6,94 é igual para todos os contratos abrangidos pela lei, mas a variação em euros vai depender do valor atual da renda. Por exemplo, um contrato de arrendamento com o valor de 100 euros mensais passará a ser de 106,94 euros, verificando-se um aumento de 6,94 euros. Já um contrato de arrendamento com o valor de 500 euros mensais vai registar o aumento de 34,70 euros. Para contratos com valores de 1.000 euros, o novo ano trará um aumento de 69,40 euros nas rendas.

Contratos de 2.000 euros e 2.500 euros vão ter aumentos de 138,80 euros e 173,50 euros, respetivamente.

Confira a tabela elaborada pelo ECO para calcular o impacto deste aumento na sua renda ou faça o seguinte cálculo para saber quanto vai passar a pagar de renda no próximo ano: valor da renda*1,0694.

Esta atualização aplica-se à generalidade dos contratos de arrendamento em vigor para rendas habitacionais, seja no regime de renda livre, renda apoiada (as chamadas rendas sociais) ou renda condicionada. Estão ainda incluídos os contratos de arrendamento comerciais, industriais ou de imóveis para exercício de profissão liberal ou outros fins não habitacionais.

Fora desta atualização anual estão as rendas antigas anteriores a 1990, no caso do arrendamento habitacional, que têm regras diferentes, com a atualização a resultar de um processo de negociação entre senhorio e inquilino.

Também os novos contratos vão ficar fora desta atualização. Isto porque, quando entrar em vigor o pacote Mais Habitação, os novos contratos de arrendamento dos imóveis que estiveram no mercado nos últimos cinco anos, ficam impedidos de subir o valor das rendas mais de 2%. Regra que vai vigorar durante sete anos.

A exceção ao travão nos novos contratos é em casos que não tenham sido aplicados os respetivos coeficientes de atualização. Nessa situação, ao valor podem ser somados os coeficientes dos três anos anteriores, sendo considerado 5,43% em relação a 2023.

Depois de conhecidos os números provisórios do INE, em agosto, a ministra da Habitação disse que “vai agora avaliar” se toma, ou não, medidas e garante que “será uma avaliação o mais breve possível, para dar estabilidade naquela que é a resposta a partir de janeiro” lembrando que o executivo tem “até ao final do ano para tomar a decisão” porque a medida “só tem impacto no mercado de arrendamento em 2024”.

Os senhorios defendem que “não há justificação possível” para travar a atualização das rendas em 2024 e avisam que os proprietários estão “numa grande indefinição” que está a “matar o mercado de arrendamento”.

Em declarações ao ECO, o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), Luís Menezes Leitão, lembra que desde 1985 que o país já registou “inflações mais altas” e que nem por isso “o Governo travou a atualização” das rendas.

No oposto, os inquilinos alertam para uma situação de “calamidade e que não é possível suportar a atualização prevista pelo INE.

Em declarações ao ECO, o secretário-geral da Associação de Inquilinos Lisbonense (AIL), lembra que “a atualização dos salários e pensões em 2023 foi inferior” a 6,94%, não sendo, por isso, “aceitável atualizar as rendas em 7%”. Sobretudo, acrescenta ainda António Machado, numa altura em que existe “uma enorme especulação” no mercado de arrendamento e quando “continuam a verificar-se aumentos significativos” na alimentação ou na energia e quando “a taxa de esforço das rendas, em termos médios, é superior a 40%, mesmo nos contratos antigos”, porque são inquilinos com “rendimentos reduzidos”.

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Putin descarta intervenção do Estado russo sobre a divisa nacional

  • Lusa
  • 12 Setembro 2023

Rússia afasta "movimentos bruscos" do Estado no mercado de divisas para reforçar o rublo, cuja depreciação obrigou o Banco Central da Rússia a aumentar em 12% as taxas de juro.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou esta terça-feira que a apreensão de ativos russos por parte do Ocidente “ultrapassa todos os limites” e descartou qualquer intervenção do Estado sobre a divisa nacional.

Putin afastou o que classificou de “movimentos bruscos” do Estado no mercado de divisas para reforçar o rublo (moeda da Rússia), cuja depreciação obrigou o Banco Central da Rússia a aumentar em 12% as taxas de juro.

“Não haverá movimentos bruscos”, disse o Chefe de Estado no Fórum Económico Oriental que decorre em Vladivostoque, extremo oriental da Rússia, respondendo a uma pergunta sobre a possível intervenção do Estado sobre o mercado de divisas.

Putin disse ainda que o assunto requer uma “análise minuciosa” por parte do Governo e do Banco Central da Rússia que deve rever na próxima sexta-feira as taxas de juro, durante uma reunião que já estava marcada. “Em termos gerais, não creio que sobre isto venham a verificar-se dificuldades e problemas insuperáveis”, disse.

Segundo Putin, a situação do rublo “obedece a vários fatores, entre os quais a distribuição ou não das divisas obtidas pelos maiores exportadores”. O chefe de Estado russo acrescentou que quando o dólar estava a 60 rublos (atualmente o câmbio situa-se nos 96,5 rublos face ao dólar norte-americano) “as cadeias logísticas de importação ainda não estavam em funcionamento pleno”.

“Agora, o nosso mercado atinge um volume cada vez maior no que diz respeito a importações, o que significa que necessita de mais divisas externas”, afirmou Putin frisando que “também há outros fatores” que considerou “manobráveis”.

Em março de 2022, após o início da segunda invasão russa da Ucrânia, as autoridades de Moscovo impuseram restrições à operações de divisas que o Banco Central da Russa prorrogou na passada quinta-feira por um período de mais seis meses: até ao dia 09 de março de 2024. ??

Por outro lado, o chefe de Estado da Rússia voltou a criticar as sanções e intervenções internacionais sobre fundos do país. “A apreensão de fundos, e não apenas os meus, mas aqueles que são obtidos legalmente por parte das nossas empresas, dos nossos empresários, ultrapassa todos os limites admissíveis”, disse o chefe de Estado russo durante o mesmo discurso em Vladivostoque.

“As pessoas que fazem estas coisas (sanções) nem sequer entendem as consequências negativas para elas próprias. Ainda não perceberam”, disse Putin.

A Europa congelou no princípio da invasão da Ucrânia pelas forças russas, em fevereiro de 2022, 19 mil milhões de euros a “oligarcas” russos. A nível internacional, foram bloqueados cerca de 300 mil milhões de dólares em reservas de ouro e divisas do Banco Central da Rússia. Mesmo assim, Putin afirmou que a Rússia “já ganhou mais do dobro do montante bloqueado”.

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Sonae “oficializa” critérios de sustentabilidade nas decisões de investimento e gestão

Nova estratégia de sustentabilidade da Sonae até 2026 formaliza critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), que passam também a guiar os “processos robustos de avaliação dos fornecedores".

Todas as decisões de investimento e de gestão da Sonae vão passar a seguir critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), que a partir da aprovação da nova estratégia de sustentabilidade para o quadriénio 2023-2026 com a qual pretende “liderar através de uma gestão responsável, ética e transparente”, são introduzidos formalmente e “privilegiados” nas deliberações sobre o portefólio atual e futuro do grupo.

Além de adicionar “critérios ESG sistémicos na due dilligence dos investimentos, procurando desta forma investir em negócios com elevados níveis de sustentabilidade”, o grupo liderado por Cláudia Azevedo quer que os vários negócios assegurem cadeias de abastecimento social e ambientalmente responsáveis, “garantindo processos robustos de avaliação dos seus fornecedores e parceiros” com base nesses requisitos, e desenvolver “planos de sensibilização e partilha de boas práticas a fornecedores e prestadores de serviços”.

Vamos procurar tomar decisões cada vez mais ousadas, nomeadamente quando adquirimos novos negócios e tentamos influenciar as cadeias de valor das nossas empresas.

João Günther Amaral

Administrador da Sonae

“Vamos procurar tomar decisões cada vez mais ousadas, nomeadamente quando adquirimos novos negócios e tentamos influenciar as cadeias de valor das nossas empresas. A renovada estratégia de sustentabilidade demonstra a ambição e crença do impacto positivo que podemos ter no planeta e na comunidade, assente na nossa forma de estar nos negócios: fazendo o que está certo”, aponta João Günther Amaral, membro da Comissão Executiva da Sonae, sublinhando que “os atuais desafios da sociedade em matérias ESG são incontornáveis e todos precisamos de agir com urgência”.

João Günther Amaral, membro da Comissão Executiva da Sonae

Fechado o anterior plano de sustentabilidade, com o qual diz ter reduzido as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) em 24% entre 2018 e 2022, aumentado para 80% o nível de embalagens plásticas recicláveis de produtos de marca própria, alcançado a meta de ter 39% dos cargos de liderança ocupados por mulheres e triplicado em quatro anos os apoios sociais concedidos, que superaram 31 milhões de euros no ano passado, a dona do Continente apresentou esta terça-feira a estratégia de sustentabilidade para o novo quadriénio, que serve cada uma das empresas, mas “respeita a sua autonomia e especificidade setorial”.

Além da gestão com critérios ESG, confira os outros quatro pontos principais do plano de sustentabilidade da Sonae, que no primeiro semestre deste ano viu os lucros caírem 42% em termos homólogos, para 69 milhões de euros.

Acelerar a descarbonização

O novo plano reafirma o compromisso da Sonae em alcançar a neutralidade carbónica das operações até 2040 e em “agir proactivamente” para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa na cadeia de valor, notando que as ações de mitigação e adaptação às alterações climáticas definidas serão complementadas pela compensação de emissões inevitáveis. Diz que vai reforçar a aposta na investigação e desenvolvimento para acelerar a transição energética para fontes renováveis, reduzindo a dependência de recursos fósseis e aumentando gradualmente a autonomia energética a partir de fontes renováveis.

Valorizar a biodiversidade e a água

Comprometendo-se a atuar para evitar e reduzir os impactos das suas atividades empresariais nos ecossistemas naturais, ao longo da cadeia de valor, os vários negócios prometem empenhar-se em “[procurar] travar e reverter a perda de biodiversidade até 2030, assegurar zero desflorestação nas operações e na cadeia de abastecimento, e agir na proteção e na eficiência da utilização dos recursos hídricos.

Painéis solares instalados na sede da Sonae, na Maia

Promover a circularidade

Aumentar a circularidade dos negócios, promovendo novos modelos de produção e consumo em que os resíduos e a poluição são progressivamente eliminados, a vida dos produtos, subprodutos e materiais é prolongada, e os sistemas naturais são preservados e regenerados. Este é outro dos elementos centrais na nova estratégia, visando “, assegurar o aumento da circularidade dos produtos e serviços, garantir a valorização dos resíduos e fomentar o ecodesign nas embalagens de produtos de marca própria”.

Potenciar o Desenvolvimento Humano

O grupo nortenho explicita ainda o empenho em garantir um ambiente de igualdade, inclusão, diversidade e bem-estar na organização, assim como “assegurar a transição justa e a valorização dos colaboradores” ao investir no seu desenvolvimento profissional, reskilling e upskilling. No que toca às comunidades locais, além de contribuir para a “eliminação da pobreza nas suas diversas formas”, particulariza a aposta na educação como promotora de igualdade, com a liderança do programa europeu R4E e a aceleração do programa nacional PRO_MOV, focados na requalificação para os empregos do futuro.

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46% das empresas querem contratar mais trabalhadores no próximo trimestre

Quase metade dos empregadores nacionais mostram-se abertos a aumentarem as suas equipas nos últimos três meses do ano. Análise do ManpowerGroup não reflete ainda impacto da paragem na Autoeuropa.

Ainda que o cenário seja de incerteza, que a economia esteja a abrandar e a inflação tenha voltado a acelerar, os empregadores portugueses mostram-se otimistas quanto às perspetivas de contratação para o próximo trimestre. De acordo com a análise do ManpowerGroup divulgada esta terça-feira, 46% das empresas nacionais querem mesmo aumentar as suas equipas, nos três meses do ano que sobram de 2023.

“As intenções de contratação dos empregadores evoluem de forma positiva, com 46% das empresas a prever aumentar as suas equipas no próximo trimestre, face a 11% que antevê reduzir e a 41% que planeia manter o seu número atual de colaboradores“, detalha a empresa de recursos humanos.

Contas feitas, projeta-se uma criação líquida de emprego de 35% para o quarto trimestre do ano, valor que corresponde a uma subida de oito pontos percentuais face ao registado no trimestre anterior e face ao período homólogo de 2022.

Estes valores, sublinha ainda o ManpowerGroup, posicionam Portugal cinco pontos percentuais acima da média global e dez pontos percentuais acima da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África). “O país ocupa, assim, o segundo lugar desta região em termos de perspetivas de criação de emprego, a par dos Países Baixos e da África do Sul, e abaixo da Suíça, que apresenta a projeção mais otimista, com 38%”, é salientado na análise agora conhecida.

Já numa análise por setores, destaque para as intenções de contratação indicadas pelos empregadores dos transportes, logística e automóvel. “É o setor que apresentava as intenções de contratação mais dinâmicas, com uma projeção para a criação líquida de emprego de 49%“, é realçado.

Convém notar, contudo, que as entrevistas que servem de base ao estudo em questão foram feitas em julho, pelo que ainda não traduzem o impacto da interrupção da atividade na fábrica da Autoeuropa, em Palmela.

Em segundo lugar nessa tabela, aparece o setor das tecnologias da informação, com uma projeção de 47%. “Com este valor, os empregadores de tecnologia voltam a reforçar o sentimento de contratação relativamente ao trimestre anterior e ao período homólogo de 2022“, observa o ManpowerGroup.

Em contraste, o setor dos bens e serviços de consumo apresenta uma “projeção sólida de 26%”, mas decresce ligeiramente face ao terceiro trimestre de 2023 e ao quarto trimestre de 2022.

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BEI empresta 60 milhões ao Porto de Leixões para melhorar acessibilidades marítimas

  • Lusa
  • 12 Setembro 2023

Investimento "melhorará a acessibilidade marítima à infraestrutura portuária existente, permitindo que navios de maior dimensão escalem o porto, reduzindo os tempos de espera".

O Banco Europeu de Investimento concedeu um empréstimo de 60 milhões de euros ao porto de Leixões, em Matosinhos, para melhoria das acessibilidades marítimas, através do aprofundamento do canal de acesso e prolongamento do quebra-mar.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) esclarece, em comunicado, que o contrato de empréstimo já foi assinado com a APDL — Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana Do Castelo (APDL), sublinhando que este projeto “contribuirá para o transporte eficiente de pessoas e mercadorias, garantirá o acesso a empregos e serviços e permitirá o comércio e o crescimento económico, de acordo com a Rede Transeuropeia de Transportes da UE (RTE-T)”.

“O custo total do projeto rondará os 190 milhões de euros, sendo o empréstimo do BEI garantido pela República de Portugal”, acrescenta.

Segundo a instituição de financiamento a longo prazo da União Europeia, detida pelos estados-membros, o investimento “melhorará a acessibilidade marítima à infraestrutura portuária existente, permitindo que navios de maior dimensão escalem o porto, reduzindo os tempos de espera e, consequentemente, aliviando as restrições operacionais e de segurança”.

Esta operação “apoia a coesão económica, social e territorial, uma vez que os investimentos terão lugar numa região de convergência em Portugal”, assegura.

A cerimónia de assinatura realizou-se na segunda-feira, no Porto de Leixões, na presença do ministro das Infraestruturas, João Galamba, com a participação do vice-presidente do BEI, Ricardo Mourinho Félix e do presidente da APDL, João Pedro Neves, que sublinharam a importância deste investimento para financiar a modernização e expansão “do mais importante porto do Noroeste da Península Ibérica, em termos de carga e contentores”.

Na ocasião, segundo o comunicado, o presidente da APDL, João Pedro Neves, ressalvou que “este é o investimento mais estruturante para o porto de Leixões realizado nos últimos anos, mas, mais ainda, um dos mais importantes para a região Norte e para Portugal”.

“O potencial de crescimento que este investimento nas acessibilidades vem promover é particularmente crítico para o segmento dos contentores, beneficiando, também, os outros segmentos de mercado, como os granéis sólidos, sobretudo os agroalimentares, de forma a garantir uma resposta eficiente às necessidades das empresas do hinterland do porto de Leixões”, disse, citado no comunicado.

Para garantir a competitividade do Porto de Leixões, os responsáveis consideram que “é crucial responder ao aumento da dimensão média dos navios que procuram o porto, que registaram um crescimento de 77% entre 2006 e 2018″.

O objetivo do projeto do prolongamento do quebra-mar e melhoria das acessibilidades marítimas ao porto de Leixões é melhorar as condições de segurança e a navegabilidade no acesso ao porto e na zona de manobra dos navios, no anteporto.

A melhoria servirá o tráfego marítimo atual, permitindo uma acessibilidade e manobra mais segura e facilitada, e criará condições para acesso e receção de navios de carga de maior dimensão, nomeadamente os da classe de 300 metros de comprimento, 40 metros de boca e 13,7 metros de calado, rondando os 5.000 TEU (unidade equivalente a 20 pés e é um tamanho de contentores padrão) de capacidade.

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