PAN admite rever acordo com o PSD na Madeira

Inês Sousa Real admite que o partido abre a porta a uma revisão do acordo com o PSD Madeira e defende que "deve haver uma suspensão dos projetos que não foram executados" e estão sob suspeita. 

A porta-voz do PAN recusa traçar “um perfil” do sucessor de Miguel Albuquerque para liderar a Região Autónoma da Madeira e assegura que o partido está disponível “para assegurar a estabilidade governativa” no Funchal. Ainda assim, Inês Sousa Real admite que o partido abre a porta a uma revisão do acordo com o PSD Madeira e defende que “deve haver uma suspensão dos projetos que não foram executados” e estão sob suspeita.

“Estamos disponíveis para assegurar a estabilidade governativa” na Madeira, mas “sem a renúncia” de Miguel Albuquerque — que deverá ser formalizada esta sexta-feira — “não haverá diálogo possível”, afirmou Inês Sousa Real, em declarações transmitidas pela RTP3, a partir da Região Autónoma dos Açores.

A porta-voz do PAN adiantou ainda que a Comissão Política do PAN vai reunir-se este fim de semana com a estrutural regional do partido. “E estaremos disponíveis para repensar aquilo que possa ser não só o acordo, mas também a solução governativa” na região, acrescentou.

Tal como ECO avançou, o PSD Madeira já chegou a um consenso para um novo presidente do governo regional, sendo que Lino Tranquada Gomes, ex-presidente da Assembleia Legislativa, é o nome consensual. Inês Sousa Real escusou-se a confirmar, bem como a “traçar um perfil” do sucessor de Miguel Albuquerque, mas deixou o aviso:

 

Para nós, o mais importante é que se aproximem dos valores que o PAN tem representado e defendido, sobretudo, a nível regional”. Mas, “ao mesmo tempo, que haja um compromisso” por parte do PSD Madeira sobre “os projetos envolvidos” na investigação, e que conduziram à crise política na Madeira. “Os mesmos não devem avançar. Deve haver uma suspensão dos projetos que não foram executados, garantindo assim a prevalência do interesse público e dos dinheiros públicos”, defendeu.

Inês Sousa Real adianta ainda que o PAN vai “analisar quer as moções de censura” apresentadas pelo PS e pelo Chega “quer o compromisso que possa existir do parte do PSD” e lembra o partido foi o “tampão para extrema-direita” na região.

Já o PAN-Madeira assegurou esta sexta-feira que vai manter o acordo de incidência parlamentar com o PSD e classificou de “extremamente perigoso” antecipar as eleições. “A prioridade, neste momento, é garantirmos uma estabilidade parlamentar e governativa”, disse a deputada única do partido, Mónica Freitas, em conferência de imprensa no Funchal.

Mónica Freitas lembrou o “crescimento brutal da extrema-direita” e a “instabilidade política que se vive em todo o país” para justificar a manutenção do atual acordo com os sociais-democratas.

Miguel Albuquerque foi constituído arguido esta semana, na sequência de uma investigação que envolve suspeitas entre o Governo Regional da Madeira e a Câmara do Funchal com empresas da região, sobretudo no que toca à área da contratação pública, essencialmente sobre contratos de empreitada, desde 2015, com o grupo AFA a ser a principal visada da investigação.

Em causa estão suspeitas de crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poder e tráfico de influência.

(Notícia atualizada pela última vez às 21h15)

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Direção-Geral do Consumidor aplicou coimas de 132.750 euros a publicidade para menores

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

Só no setor da publicidade a alimentos dirigida a menores de 16 anos, com elevado valor energético, sal, açúcar, ácidos gordos saturados/transformados, foram aplicadas coimas de mais de 50 mil euros.

A Direção-Geral do Consumidor (DGC) aplicou coimas de 132.750 euros, depois de fiscalizar cerca de duas mil mensagens publicitárias dirigidas a menores, adiantou, num comunicado.

Assim, a DGC, “analisou 1.955 mensagens publicitárias, no âmbito de diversas ações de fiscalização em matéria de publicidade, cujos destinatários incluem menores de idade”, destacou.

Neste âmbito foram “fiscalizados 377 operadores económicos, instaurados 34 processos de contraordenação e aplicados 132.750 euros em coimas“, adiantou a organização.

A DGC destacou que “enquanto autoridade pública de defesa do consumidor, a fiscalização da publicidade dirigida a menores é um eixo prioritário da sua ação fiscalizadora, tendo presente a especial vulnerabilidade dos destinatários”.

Nesta ação, no setor das bebidas alcoólicas “foram fiscalizados 201 operadores económicos e analisadas 857 mensagens publicitárias” e no segmento das viagens de finalistas, destinadas a alunos do ensino secundário, “foram fiscalizados 23 operadores económicos e analisadas 148 mensagens publicitárias”.

Paralelamente, “na área específica da publicidade a alimentos dirigida a menores de 16 anos, que contenham elevado valor energético, teor de sal, açúcar, ácidos gordos saturados e ácidos gordos transformados, a DGC analisou 196 mensagens publicitárias, de 34 operadores económicos, tendo só neste setor aplicado coimas no valor de 50.500 euros“, salientou.

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Abusos nas autobaixas podem levar a perda de dias de férias e até ao despedimento

Desde a primavera que o trabalhador pode declarar a sua própria incapacidade temporária para o trabalho. Baixa dura só três dias, o que inviabiliza fiscalização. Mas abusos podem dar azo a sanções.

Desde maio que, se estiver doente, não precisa de ir ao médico para ficar de baixa. Basta declarar, sob compromisso de honra, a sua incapacidade temporária para o trabalho, e justifica, assim, a ausência por três dias. A fiscalização por parte da Segurança Social é inexistente, mas, atenção, se o empregador encontrar provas de que, afinal, o trabalhador não está doente pode aplicar sanções, como a redução dos dias de férias, a suspensão do trabalho com perda de retribuição e, nos casos mais graves, o despedimento.

Esta foi uma das medidas pensadas pelo Governo de António Costa no âmbito da Agenda do Trabalho Digno: se estiver doente, basta contactar os serviços do SNS2024 (por telefone, online ou através da aplicação móvel) para declarar, sob compromisso de honra, a sua incapacidade temporária, vendo justificada a sua ausência ao trabalho por três dias.

Este mecanismo pode ser ativado até duas vezes por ano e surgiu com vista a aliviar a pressão que os médicos estavam a sentir.

Segundo os Serviços Partilhados pelo Ministério da Saúde, em pouco mais de oito meses, foram ativadas mais de 300 mil destas autobaixas. O Expresso avança que os dias que concentram o maior número são as segundas-feiras e os dias que antecedem ou sucedem os feriados, o que tem gerado constrangimentos nalgumas organizações, de acordo com as denúncias dos empregadores.

O ECO questionou o Ministério do Trabalho sobre a fiscalização das autobaixas. Mas os advogados consideram que, na prática, esse escrutínio é inviável. “Nunca seria viável essa fiscalização, por causa da duração das baixas [três dias]”, entende José Pedro Anacoreta, sócio da PLMJ.

Na mesma linha, Luís Miguel Monteiro, sócio da sócio da Morais Leitão, explica que, uma vez que não é pago subsídio por doença nesses três dias de ausência, a Segurança Social, em princípio, não procede à fiscalização dessas baixas.

Em alternativa, o empregador pode solicitar à Segurança Social que o faça ou até promover ele mesmo a fiscalização através de um médico indicado por ele próprio. Mas a duração da baixa inviabiliza esse caminho, admite o advogado.

Em concreto, a Segurança Social tem 48 horas para convocar o trabalhador. Caso não o faça, o empregador pode, então, designar um médico. “E já se passaram, assim, os três dias da baixa. Na prática, não haverá tempo suficiente para fiscalizar estas baixas“, realça Luís Miguel Monteiro.

Convém destacar, no entanto, que, tendo provas de que o trabalhador não estava doente, o empregador pode agir, através de um procedimento disciplinar, o que pode resultar na aplicação de várias sanções ao empregado, avisam os advogados.

Essas sanções variam consoante a gravidade da situação. “Não há uma matriz, o caso tem de ser avaliado em concreto”, detalha José Pedro Anacoreta. Luís Miguel Monteiro acrescenta que é tido em conta o prejuízo que a ausência do trabalhador causou, mas também a reincidência ou não deste comportamento e até o histórico das decisões do empregador em situações semelhantes.

Havendo lugar a sanção, há seis possíveis caminhos: repreensão (oral); repreensão registada (no ficheiro do trabalhador); sanção pecuniária (uma espécie de multa); perda de dias de férias; suspensão do trabalho com perda de retribuição e de antiguidade; e, nos casos mais graves, despedimento sem indemnização ou compensação.

A dificuldade de o empregador fazer a prova que leva à aplicação dessas sanções depende de caso para caso, indicam os advogados ouvidos pelo ECO.

Por exemplo, se um trabalhador estiver doente, mas publicar nas redes sociais uma fotografia de um momento de lazer, o empregador pode entender isso como indício de um abuso das autobaixas. Mas terá de apurar se a fotografia em causa diz mesmo respeito à data da ausência e se a doença alegada pelo trabalhador impedia ou não essa atividade de lazer.

De qualquer modo, o trabalhador pode sempre contestar em tribunal qualquer sanção aplicada pelo empregador (da repreensão ao despedimento por justa causa). E, nesse caso, caberá ao empregador provar a infração, isto é, fazer prova de que houve falsa informação a servir de justificação para uma ausência ao trabalho.

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PS/Madeira exige eleições na Madeira

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

Paulo Cafôfo exigiu que "se dê a voz ao povo e que se marquem eleições na região", à semelhança do que aconteceu com o Governo nacional.

O PS/Madeira recusou esta sexta-feira aceitar que o atual Governo Regional (PSD/CDS-PP) se mantenha na Madeira caso Miguel Albuquerque deixe de ser presidente, por ter sido constituído arguido num processo por corrupção, e reiterou que devem ser marcadas novas eleições. Numa nota enviada à Lusa, o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, exigiu que “se dê a voz ao povo e que se marquem eleições na região”, à semelhança do que aconteceu com o Governo nacional.

Perante “a iminência da demissão” de Miguel Albuquerque, o líder dos socialistas madeirenses defendeu que não pode tolerar dois pesos e duas medidas, uma para a Madeira e outra para a República. “Não podemos tolerar que haja dois pesos e duas medidas neste país. Quando o primeiro-ministro [António Costa] apresentou a demissão, a Assembleia da República foi dissolvida, tendo sido marcadas eleições legislativas. Por que razão não será assim na Madeira?”, questionou o líder do maior partido da oposição no parlamento madeirense (ocupa 11 dos 47 lugares no hemiciclo).

De acordo com o socialista, são os madeirenses e os porto-santenses quem tem “o direito de poder escolher quem deve liderar os destinos da região”, que “está há quase 50 anos refém de um poder que serve apenas alguns à custa do povo”. A Região Autónoma da Madeira realizou eleições para a Assembleia Legislativa em 24 de setembro, pelo que uma eventual dissolução só poderá ocorrer após 24 de março, segundo a lei, que impede os parlamentos de serem dissolvidos durante seis meses após eleições.

O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido, num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder, prevaricação, atentado ao Estado de direito, entre outros crimes. O processo envolve também dois empresários e o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, os três detidos numa operação policial desencadeada na quarta-feira na Madeira, Açores e em várias cidades do continente.

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Milhares de milhões dos fundos europeus vão ficar por pagar em 2025

Volume de pedidos de pagamento superior ao limite permitido, devido aos atrasos na implementação dos programas, vai atrasar os pagamentos dos fundos de coesão em 2025.

Os atrasos na execução dos fundos de coesão europeus vão concentrar em 2025 um grande volume de pedidos de pagamento, o que deverá resultar num atraso nos pagamentos na ordem dos milhares de milhões, atirando essas somas em atraso para o ano seguinte.

Em 2025 não vamos ter dinheiro para pagar todas as faturas da Política de Coesão“, admite José Manuel Fernandes, realçando que “haverá dezenas de milhares de milhões de euros de pagamentos que não vão ser efetuados“. Num evento dedicado à missão dos fundos de coesão, que decorreu em Braga, o eurodeputado justifica esta situação com o facto de os Estados-membros concentrarem num ano um elevado volume de pedidos, que vai ultrapassar os limites de pagamento permitidos.

“Em 2025, os Estados-membros vão querer dinheiro, vão querer executar [fundos] e haverá um volume de pedidos de pagamento que será superior ao limite de pagamentos do quadro de financiamento plurianual“, explica. Perante esta situação, “os primeiros a mandar as faturas vão receber”, enquanto os outros não vão perder o dinheiro. “Vão receber, mas não vai ser nesse ano. Vai haver atrasos nos pagamentos”.

Esta concentração de pedidos é causada pelos atrasos na implementação dos programas, que deixam para os últimos anos a execução dos mesmos. “Em 2021 não se executa o que estava autorizado, em 2022 e em 2023 não se executa o que estava autorizado, depois começa a apertar e cai tudo ao mesmo tempo”, sintetiza.

Os atrasos na conclusão do programa PT2020 e a concentração de esforços no PRR conduziram a grandes atrasos no arranque do PT2030, cujos primeiros avisos abriram apenas no ano passado. No entanto, o recurso ao mecanismo extraordinário de antecipação, que permite que os projetos sejam pagos pelo PT2020 se tiverem enquadramento financeiro, mas a sua elegibilidade é compatível com o PT2030 permitirá, assim que o PT2020 estiver encerrado, acelerar em muito a execução do PT2030. Um exemplo disto são os 364 milhões de euros já executados no Programa Pessoas 2030.

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“O tempo não é reembolsável. O tempo que perdemos não recuperamos”, alerta CEO da Efacec

Ângelo Ramalho adverte que “concorrência e clientes não esperam” se as empresas forem lentas e aconselha a investir quando está tudo bem, pois “quando está tudo a arder é o ‘salva-se quem puder’”.

O CEO da Efacec advertiu esta sexta-feira que os mercados e as tecnologias com que as indústrias lidam atualmente obrigam a uma “velocidade cada vez mais rápida e [geram] uma competição global”, aconselhando as empresas portuguesas a serem mais velozes na decisão e na “escabilidade” dos negócios, uma vez que “a concorrência e os clientes não esperam”.

“O tempo não é reembolsável. O tempo que perdemos não recuperamos. Somos normalmente lentos na decisão e não há boas decisões tomadas fora de tempo. As decisões certas são tomadas no tempo certo”, avisou Ângelo Ramalho durante um debate sobre a indústria no XXIII Congresso Nacional da Ordem dos Engenheiros.

O líder da empresa de Matosinhos, intervencionada pelo Estado na sequência do caso Luanda Leaks e reprivatizada há poucos meses com a venda ao fundo alemão Mutares, sublinhou que o investimento deve ser feito “quando está tudo bem”, porque “quando estiver tudo mal e a arder é o ‘salva-se quem puder’”.

As empresas têm de investir quando está tudo bem. quando estiver tudo mal e a arder é o ‘salva-se quem puder’. (…) Temos de investir em permanência, evidentemente com retorno.

Ângelo Ramalho

CEO da Efacec

“Não pode ser assim. Temos de investir em permanência, evidentemente com retorno. O primeiro é na aquisição de conhecimento, nas pessoas. É pena que vejamos as nossas pessoas, sempre as últimas e as mais bem formadas de sempre, sair para geografias que oferecem objetivos e qualidade de vida melhores que os nossos. Temos de as reter”, acrescentou.

Ambição, ideias com impacto – “não chegam ideias pequeninas” –, escalabilidade e capacidade mobilizadora. Forem estes os ingredientes que o gestor nortenho apontou como críticos para o sucesso, lembrando na mesma conferência, realizada no Super Bock Arena/Pavilhão Rosa Mota, no Porto, que as empresas não vão conseguir resultados melhores se repetirem “os métodos de sempre” e não inovarem.

É que “as folhas de Excel aguentam tudo”, mas o modelo de negócio a criar para as ideias novas, “robusto e escalável”, precisa de ser diferente do habitual. Desde logo, que possa ser protegido para que “no instante seguinte [não caia] nas mãos da concorrência”, detalhou Ângelo Ramalho, que com os novos donos mantém funções executivas como administrador-delegado. Por outro lado, o país precisa de mais grandes empresas porque “sem dimensão crítica não se cria valor, sobe na cadeia nem chega mais próximo do cliente final”.

Investir numa marca foi outro conselho deixado pelo líder da Efacec, mesmo reconhecendo que nem todas as empresas nacionais tenham condições de o fazer na atual conjuntura. “Mas deve ser aspiracional e muito mais vasto do que o que temos visto na indústria portuguesa. Seja direcionada a consumidores finais ou B2B [business-to-business], é absolutamente diferenciador porque nos marca em termos da posição na cadeia de valor que queremos atacar”, completou.

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Dois pesos, duas medidas? Marcelo lembra que só pode dissolver a Assembleia Regional daqui a dois meses

  • Ana Petronilho
  • 26 Janeiro 2024

Marcelo lembra que ainda corre o prazo de seis meses depois das últimas eleições na Madeira, para poder usar a "bomba atómica" na região autónoma.

O Presidente da República lembrou que ainda não correu o prazo de seis meses desde as últimas eleições, previsto na Constituição, para poder dissolver a Assembleia Legislativa Regional da Madeira, para que a região autónoma fosse novamente convocada para ir às urnas. “Só daqui a dois meses” Marcelo Rebelo de Sousa terá esse poder.

Enquanto decorrem as reuniões políticas no Funchal, que vão resultar na renúncia de Miguel Albuquerque como presidente do governo regional, o chefe de Estado vinca que “não tem o poder de demissão” do executivo nas regiões autónomas, podendo apenas dissolver a assembleia legislativa regional. E isso só poderá acontecer “daqui a dois meses” porque “está a decorrer o prazo de seis meses desde as ultimas eleições”.

Por isso, neste momento, Marcelo Rebelo de Sousa – que recusa antecipar cenários – não tem o poder de dissolução e sublinha que é ao Representante da República na Madeira a quem cabe uma palavra sobre qualquer solução governativa.

Além disso, o chefe de Estado aproveitou para dizer que, até ao momento, “não tinha entrado no Conselho de Estado nenhum pedido de levantamento de imunidade, nem por parte das autoridades judiciais nem do próprio presidente do governo regional”.

Miguel Albuquerque é conselheiro de Estado e foi constituído arguido numa investigação que envolve suspeitas entre o Governo Regional da Madeira e a Câmara do Funchal com empresas da região, sobretudo no que toca à área da contratação pública, essencialmente sobre contratos de empreitada, desde 2015, com o grupo AFA a ser a principal visada da investigação.

Mas para que Miguel Albuquerque seja interrogado pelos procuradores, o Conselho de Estado terá de aprovar o levantamento de imunidade.

Em causa há a suspeita de crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poder e tráfico de influência.

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Portugal junta-se a onze países no apelo à UE por objetivos climáticos ambiciosos para 2040

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

Portugal e 11 países como Alemanha, Dinamarca e Espanha pedem por um documento conjunto para um objetivo climático ambicioso para 2040, assegurando a neutralidade climática até 2050.

Onze países da União Europeia (UE), entre eles Portugal, apelam num documento conjunto para um objetivo climático ambicioso para 2040, assegurando a neutralidade climática até 2050.

No documento, os responsáveis pelas pastas do ambiente começam por afirmar que a necessidade de uma ação climática ambiciosa nunca foi tão evidente, lembram que 2023 foi o ano mais quente, e avisam que o aquecimento global deverá intensificar “uma série de efeitos adversos que põem em risco o bem-estar e a segurança do mundo”.

Os ministros lembram também a última reunião da ONU sobre o clima, a COP28, e as decisões que dela saíram, considerando depois fundamentais ações “concretas e ambiciosas” da UE, que darão um sinal político forte de que “a UE dará o exemplo”, e convencerão outros emissores de gases com efeito de estufa a trabalhar para impedir um aumento das temperaturas acima de 1,5 °C em tempo útil antes da COP30.

“No entanto, só conseguiremos persuadir os outros a darem um passo em frente se conseguirmos fazer o trabalho em casa. Por conseguinte, incentivamos vivamente a Comissão Europeia a recomendar, na sua próxima comunicação, um objetivo climático ambicioso para 2040. Ao mesmo tempo, temos de assegurar uma aplicação correta do pacote legislativo Fit for 55″, dizem os responsáveis.

O documento faz também referência a uma transição justa e equitativa, à necessidade de que a UE esteja “plenamente no bom caminho” para a neutralidade climática até 2050, o mais tardar, e à necessidade também de a UE apresentar contributos (os chamados contributos nacionalmente determinados, NDC na sigla original) ambiciosos para 2030, que contribuam para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.

Aumentar o nível de ambição será uma tarefa considerável. Para liderar o processo, temos de garantir que a ação climática seja uma oportunidade para todos. A transição ecológica deve, por conseguinte, continuar a ser economicamente viável, os custos geríveis e não deixar ninguém para trás, especialmente os cidadãos mais vulneráveis”, dizem os ministros.

Aliando o cumprimento das metas e o crescimento económico, os ministros falam de incentivar o fabrico na UE de tecnologias de emissões nulas, aumento a competitividade e trazendo “múltiplos benefícios” para os cidadãos, e pedem à Comissão que se pronuncie por uma abordagem mais rentável e fiável da política climática da UE, em todos os setores.

Além do ministro português do Ambiente, Duarte Cordeiro, assinam o documento os ministros com a mesma pasta da Áustria, Bulgária, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Luxemburgo e Países Baixos.

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Prazo de execução do PRR poderá ser prolongado além de 2026

Alteração do prazo de execução dos fundos poderá ser aprovada com a mudança de dois regulamentos, que não exigem unanimidade, dando mais tempo aos países para concluir os projetos no âmbito do PRR.

A execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) está atrasada em toda a Europa, o que deverá levar os Estados-membros a aprovar o prolongamento do prazo de implementação destes fundos além de 2026, admite o eurodeputado José Manuel Fernandes, adiantando que o Parlamento Europeu já se manifestou disponível para aprovar o prolongamento de execução do PRR que, segundo o responsável, não precisa de unanimidade.

“Tem havido aí uma mentira — que compreendo ser para salvaguardar o prazo de 2026 — de que é preciso unanimidade do Conselho Europeu [para aprovar o prolongamento da execução do PRR]. Isso não é verdade”, explicou José Manuel Fernandes, à margem de um evento dedicado aos fundos de coesão, que decorreu esta sexta-feira em Braga.

De acordo com o deputado do Parlamento Europeu, apenas seria exigida unanimidade se estivesse em causa pedir mais fundos. “Se quisermos ir buscar mais empréstimos é preciso alterar o que se chama a decisão de recursos próprios, que implica não só unanimidade do Conselho, como ratificação de todos os Estados-membros, o que é quase uma impossibilidade“, adiantou.

Mas, “uma coisa é ir buscar mais dinheiro, outra coisa é permitir que a execução se prolongue”. Para isso é preciso alterar dois regulamentos. O primeiro é só do Conselho Europeu e teria de ser alterado por maioria. O segundo é do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, que é votado em codecisão. “O Parlamento Europeu tem de autorizar e o Conselho também tem de concordar por maioria. Isto depende de uma vontade política. O Parlamento Europeu já disse que está disponível, o Conselho ainda não disse que está disponível e a Comissão passa a ideia que é preciso unanimidade. O que não é verdade”, reforçou.

Neste momento, a pressão que existe em termos de execução vai levar a dificuldades em termos de contratação, aumento de preços e uma pressão sobre a inflação.

José Manuel Fernandes

Eurodeputado

“Percebo a Comissão Europeia, porque se disser que se pode prolongar a data depois de 2026, então é que há um relaxamento e a execução ainda piora”, reconhece. Ainda assim, o eurodeputado coloca o dedo na ferida: “Neste momento, a pressão que existe em termos de execução vai levar a dificuldades em termos de contratação, aumento de preços e uma pressão sobre a inflação”.

Para José Manuel Fernandes, a decisão de prolongar o prazo vai depender muito do Conselho Europeu, mas, na sua opinião, “vai acabar por acontecer”. “Mesmo no próximo Parlamento haverá uma maioria de moderados e os próprios Estados-membros vão ter interesse em prolongar execução do PRR depois de 2026″, conclui.

A Comissão Europeia tem vindo a revelar a sua preocupação em relação à execução do PRR a nível europeu, uma vez que mais de dois anos após a sua aprovação as transferências para os Estados-membros continuam muito aquém dos 750 mil milhões de euros aprovados para investir neste programa, ao mesmo tempo que os custos associados disparam, devido à subida das taxas de juro.

Mais do que acelerar a execução destes fundos, os eurodeputados portugueses defendem uma boa utilização deste dinheiro, procurando tirar o máximo partido deste e de outros programas de fundos de coesão.

“O que era importante era que o PRR coincidisse com a Política de Coesão, para que procurássemos complementaridades que não foram procuradas pelo Governo”, atira José Manuel Fernandes, adiantando que o Executivo optou por apresentar primeiro o PRR e depois o Portugal 2030, mas não fez uma boa interligação entre ambos. “No PRR tinha ações que podiam ser financiadas no Portugal 2030 (PT2030) e tem ações que podiam ser financiadas e não cabem no PRR e podiam lá estar“, justifica

PT2030 ainda sem pedidos de Portugal

Também o eurodeputado Carlos Coelho lamenta os atrasos na implementação do PT2030, revelando-se “preocupadíssimo” com esta situação. “Em termos de pagamentos concretos, o programa começou há dois anos e temos zero” de pedidos de Portugal, destaca o deputado do Parlamento Europeu.

Há uma coisa que se chama pré-financiamento, que são 560 milhões de euros. Recebemos esse dinheiro, que nem se quiséssemos recebíamos. O que foi pedido além desse dinheiro? Zero“, garante José Manuel Fernandes.

Ambos os eurodeputados realçam que a preocupação é ter projetos de qualidade, com bons resultados e planeamento, mas lamentam que nem sempre seja essa a visão na implementação dos projetos.

“Devíamos saber em 2030 onde queríamos estar em termos de educação, de exportações, competitividade. Definíamos os objetivos, também regionais, e depois olhávamos para todos os recursos que temos”, refere José Manuel Fernandes, acrescentando que “o Portugal 2030 está atrasado porque não quisemos perder dinheiro de Portugal 2020”.

Se estamos nos dois ou três primeiros anos do programa sem gastar nada, na reta final vai haver pressão para não deixar dinheiro não utilizado.

Carlos Coelho

Eurodeputado

Se estamos nos dois ou três primeiros anos do programa sem gastar nada, na reta final vai haver pressão para não deixar dinheiro não utilizado“, acrescentou Carlos Coelho, reiterando que a consequência é escolher qualquer projeto que se encaixe no programa, em detrimento de apostar na qualidade.

Outra situação que os eurodeputados consideram preocupante é a elevada dependência do país dos fundos europeus, destacando que 90% do investimento público é financiado por Bruxelas, com o país demasiado preocupado em garantir que é recetor de fundos, em vez de procurar gerar receitas.

Fundos de coesão vão cair 15 a 20% após PRR sem nova receita

Os eurodeputados alertaram ainda para o período pós-PRR. Uma vez esgotado o cheque milionário aprovado pelas autoridades europeias para ajudar as economias europeias a recuperar após a pandemia de Covid-19, este plano milionário terá de ser pago, uma vez que foi financiado com dívida.

Ou arranjamos novas receitas ou vai haver um corte de 15% a 20% dos fundos de coesão“, alerta José Manuel Fernandes, lembrando que o PRR terá de ser pago até 2058.

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Inteligência Artificial nas empresas: impacto na indústria

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  • 26 Janeiro 2024

A utilização da IA nas empresas tem sido cada vez mais valorizada. Filipe Marques, da Siemens, revela a estratégia da empresa com o uso da IA para o setor industrial.

Num mundo onde a inovação é a chave para a eficiência, a Inteligência Artificial destaca-se como um instrumento estratégico que pode delinear o futuro das empresas.

Neste contexto, gigantes empresariais assumem a dianteira e têm vindo a explorar de forma pragmática as inúmeras aplicações da IA para potenciar as suas operações.

E é neste sentido que a Siemens tem desenvolvido projetos com recurso ao uso da Inteligência Artificial, muito antes de o tema se tornar tão conhecido do grande público.

Filipe Marques, responsável pela equipa de Data Management, Analytics and Artificial Intelligence na Siemens Portugal, explica, em entrevista, quando começou a relação da empresa com a IA e os projetos que têm vindo a desenvolver com esta tecnologia.

A Siemens é uma das pioneiras da Inteligência Artificial. O departamento central de investigação e desenvolvimento da empresa – que atualmente tem uma equipa localizada em Portugal a desenvolver projetos também nesta área – já trabalhava no tema na década de 70”, começou por dizer.

O responsável da Siemens afirmou, ainda, que também na década de 70, a empresa estava a trabalhar numa “espécie de avô do ChatGPT”: “Em 1974, os investigadores da Siemens estavam a trabalhar num sistema interativo e automático de perguntas e respostas em linguagem natural”.

Atualmente, a Siemens emprega mais de 1400 especialistas em IA em todo o mundo e conta com mais de 3700 pedidos de patentes nesta área, o que a torna a empresa com mais pedidos da Europa e a 13ª a nível mundial.

Filipe Marques, responsável pela equipa de Data Management, Analytics and Artificial Intelligence na Siemens Portugal

Estratégia e projetos da Siemens com a IA

Na Siemens, a Inteligência Artificial é considerada uma das tecnologias-chave e é utilizada por toda a empresa, interna e externamente. A nossa principal aposta é a Inteligência Artificial Industrial, ou seja, a IA para os setores que formam a espinha dorsal das nossas economias, como a indústria, as infraestruturas, a mobilidade ou a saúde”, explicou Filipe Marques.

Um dos mais recentes projetos desenvolvidos pela Siemens, com recurso à IA, é a parceria global estabelecida com a Microsoft para impulsionar a Inteligência Artificial na indústria, que incluiu o lançamento do Siemens Industrial Copilot, um assistente baseado em IA generativa, concebido para melhorar a colaboração homem-máquina e aumentar a produtividade e a eficiência ao longo de todo o ciclo de vida industrial.

“Desde a década de 70, a IA Industrial tem sido potenciada como parte desta estratégia. A sua aplicação na gestão dinâmica do arrefecimento de data centers, por exemplo, está a melhorar as operações destas infraestruturas e a aumentar a sua eficiência energética. Paralelamente, os edifícios estão a tornar-se ainda mais inteligentes graças a aplicações, plataformas e soluções de conectividade baseadas em IA. Estas estão também a revolucionar o setor dos transportes tornando-o mais flexível, eficiente e inclusivo”, disse.

Filipe Marques deu, ainda, alguns exemplos de como a IA pode melhorar a eficiência em vários setores económicos: “No setor das infraestruturas, a IA ajuda a integrar cada vez mais energias renováveis na rede, sem comprometer a estabilidade. No setor da mobilidade, é utilizada na condução autónoma de elétricos, permitindo aos veículos responder a sinais, parar nas paragens corretas e reagir a perigos. No setor da saúde, apoia os radiologistas na interpretação de imagens ao detetar rapidamente anomalias”.

Neste âmbito, a Siemens está a criar soluções digitais para resolver problemas reais, como os mencionados. Ou seja, a estratégia passa por combinar o mundo real e o mundo digital, o software e o hardware, para ajudar as empresas a aumentar a sua produtividade e a eficiência com que usam os mais variados recursos no decorrer das suas operações, tornando-as mais sustentáveis.

Para isso, a empresa lançou recentemente a Siemens Xcelerator, uma plataforma de negócios aberta e digital, que permite a empresas de todas as dimensões e de todos os setores de atividade, acelerarem a sua transformação digital de forma fácil, rápida e à escala.

Uma década do Lisbon Tech Hub

Em Portugal, a Siemens desenvolveu o Lisbon Tech Hub, um centro de competências internacional de tecnologias de informação (TI). Este conta com mais de 1300 especialistas altamente qualificados e desenvolve projetos para todo o mundo Siemens, em áreas como a IA, big data, desenvolvimento e teste de software, cloud, cibersegurança e serviços de infraestrutura de TI.

“Em abril deste ano vamos celebrar o nosso 10.º aniversário, e com excelentes perspetivas de crescimento. Das cerca de 220 vagas atualmente em aberto para a Siemens Portugal, mais de 40% são para o Lisbon Tech Hub”, partilhou.

As equipas do Lisbon Tech Hub participam no desenvolvimento de vários projetos, entre eles o projeto que a Siemens está a implementar para a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL), que inclui a instalação de um centro de controlo de água, energia e monitorização de emissões de gases com efeito de estufa, único no país, e a implementação de soluções avançadas de telemetria.

Tiveram também um papel relevante no projeto implementado pela Siemens no edifício Infinity, o novo empreendimento da Vanguard Properties, em Lisboa. Este incluiu o fornecimento e a instalação de 200 carregadores para veículos elétricos e um sistema de gestão inteligente da infraestrutura de carregamento, que permite monitorizar e gerir os consumos de energia e otimizar a performance energética do edifício.

Estes projetos são, para Filipe Marques, a prova de que “o mundo precisa das tecnologias que as equipas do Lisbon Tech Hub desenvolvem diariamente e nas quais têm competências únicas”.

A tecnologia é fundamental para que a humanidade consiga adaptar-se rapidamente a eventos mais ou menos inesperados e extremos, para aumentar a eficiência e a produtividade, e para abrir caminho para um futuro mais digital, resiliente e sustentável”, concluiu.

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A “dobradinha”, Sócrates vai ser julgado duas vezes na Operação Marquês

A decisão do Tribunal da Relação leva a que Sócrates seja julgado duas vezes, por diferentes crimes, no âmbito da Operação Marquês. Mas não será o único.

Na quinta-feira, o Tribunal da Relação de Lisboa reverteu a decisão do juiz Ivo Rosa e decidiu levar a julgamento José Sócrates por mais 22 crimes. O antigo primeiro-ministro estava até então apenas pronunciado por seis crimes e até está prestes a iniciar julgamento por esses crimes.

Isto quer dizer que José Sócrates vai ser julgado duas vezes, por diferentes crimes, no âmbito da Operação Marquês. Uma vez pelos seis crimes pronunciados pelo juiz Ivo Rosa – três de branqueamento e três de falsificação de documento –, e a outra pelos 22 crimes adicionados pelo coletivo de juízas do TRL – três de corrupção, 12 de branqueamento e seis de fraude fiscal.

À Advocatus, Paulo Saragoça da Matta confirmou que os processos seguem “cada um a sua vida”. “Claro que inicialmente é que foi errado separar para julgar uma parte. Aliás, o juiz de julgamento à primeira vez recusou aceitar a separação que lhe foi enviada”, referiu o advogado.

Assim, os julgamentos vão ser separados em dois, uma vez que o TRL não tomou nenhuma posição sobre os crimes pelos quais o antigo primeiro-ministro já tinha sido pronunciado. Desta forma, os dois processos decorrem em paralelo.

“A ideia que tenho é que o TRL diz expressamente que não olha para os factos dos processos que foram separados e isso vai dar raia. Leia-se: haver factos repetidos num lado e noutro, com diferente enquadramento e isso não pode ser“, referiu fonte oficial à Advocatus.

Um dos julgamentos de Sócrates, o de seis crimes, está breve a começar. Segundo avançou no início do ano a Sic Notícias, o antigo primeiro-ministro poderá começar a ser julgado no primeiro semestre deste ano, uma vez que a juíza de instrução acelerou a Operação Marquês e recusou decidir sobre as alterações do Ivo Rosa à acusação.

Salgado e Vara também fazem dobradinha

Sócrates não é o único que vai a julgamento duas vez no mesmo caso. Também Armando Vara e Ricardo Salgado vão fazer “dobradinha”, uma vez que ambos já foram condenados pelos crimes pronunciados pelo juiz Ivo Rosa.

Armando Vara é ouvido perante a II COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO À RECAPITALIZAÇÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS E À GESTÃO DO BANCO
Armando VaraHugo Amaral/ECO

Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, foi o primeiro a saber o desfecho no processo. No dia 13 de julho de 2021, o antigo ministro foi condenado a dois anos de prisão efetiva pelo crime de branqueamento de capitais. O juiz Rui Coelho afirmou que o tribunal “deu como provado quase todos os factos” da acusação do Ministério Público e que ficou “demonstrado objetivamente o circuito de dinheiro” relacionado com os dois milhões de euros que Vara colocou em contas na Suíça e que depois trouxe para Portugal.

No âmbito da Operação Marquês, Armando Vara cumpriu a obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica, de 9 de julho a 16 de outubro de 2015, totalizando três meses e sete dias o período em que esteve com medida de coação privativa da liberdade.

Mas agora, o TRL volta a pronunciar Vara neste processo por um crime de corrupção e um de branqueamento de capitais.

Ricardo SalgadoANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Já Ricardo Salgado foi condenado a 7 de março de 2022 a uma pena total de prisão de seis anos pelos três crimes de abuso de confiança de que estava acusado. Decisão que a defesa de Salgado tentou recorrer com o argumento da doença de Alzheimer do ex-líder do BES.

O tribunal considerou como provados “quase todos os factos constantes da acusação”, segundo explicou o juiz Francisco Henriques. Mas o magistrado diz que “não ficou provado a questão da gestão centralizada do BES”. Quanto à doença de Alzheimer, o magistrado diz que ficou provada essa condição física de Ricardo Salgado, bem como as condições socioeconómicas do arguido.

O tribunal decidiu condenar Ricardo Salgado pela prática de um crime de abuso de confiança relativamente à transferência de 4.000.000 de euros, com origem em conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para conta da “Credit Suisse”, titulada pela sociedade em offshore “Savoices, Corp”; um crime de abuso de confiança relativamente à transferência de 2.750.000 euros, quantia proveniente de transferências da conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para conta titulada pela sociedade “Green Emerald Investments, Ltd.”, controlada por Hélder José Bataglia dos Santos – da conta da “Green Emerald Investments, Ltd.” para conta da “Crédit Suisse“, titulada pela sociedade em offshore “Savoices, Corp“, controlada pelo arguido.

O terceiro crime de abuso de confiança a que Salgado foi condenado é relativo à transferência CHF 3.900.000,00 (3.967.611 euros) – quantia proveniente de transferências da conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para a conta da “Pictet & Cie, S.A.” titulada por Henrique Manuel Fusco Granadeiro – da conta da “Pictet & Cie, S.A.” e com destino a conta da “Lombard Odier Daries Hentsch and Cie” titulada pela sociedade em offshore “Begolino, S.A.”, controlada pelo arguido.

Agora, Salgado vê-se de novo de braços dado com a justiça, ao ver acrescentados os crimes de corrupção e de branqueamento de capitais. O coletivo de juízas decidiu pronunciar o antigo presidente do BES por um crime de corrupção ativa de titular de cargo político, para atos ilícitos, relativo a negócios entre o grupo Portugal Telecom (PT) e o Grupo Espírito Santo (GES) “no que concerne aos pagamentos efetuados ao arguido José Sócrates”.

A decisão pronuncia também Salgado por outros dois crimes de corrupção ativa, para atos ilícitos, relativos a negócios entre a PT e o GES, por pagamentos efetuados aos antigos administradores da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro.

“A prova indiciária de que Ricardo Salgado terá corrompido Henrique Granadeiro (ex-chairman da PT) e Zeinal Bava (ex-CEO da PT) com cerca de 50 milhões de euros, para favorecer a compra de títulos de dívida do GES, é suficientemente forte”, referiram as juízas.

Quem vai a julgamento?

Na quinta-feira, a acusação do Ministério Público foi quase toda reposta na íntegra pelas juízas desembargadoras do Tribunal da Relação de Lisboa. Do total de 189 crimes que estavam na acusação do DCIAP, agora são 118 crimes que levam os arguidos a julgamento, ao invés dos 17 decididos pelo juiz de instrução Ivo Rosa.

“Atento aos indícios existentes relativamente à prática, dos factos, pelos arguidos, parece-nos que, pese embora a acusação não ser uma peça sem mácula, os factos alegados, ainda que alguns sejam factos instrumentais, cujo relevo não decorre diretamente, permitem um enquadramento dos ilícitos. Deste modo, entendemos que os factos expurgados devem regressar à acusação e, consequentemente, à pronúncia”, disse o coletivo de juízas.

As juízas acabam por voltar a pronunciar quase todos os arguidos de um dos processos mais mediáticos da justiça portuguesa: José Sócrates, Armando Vara, Ricardo Salgado, Zeinal Bava, Henrique Granadeiro, Carlos Santos Silva, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Luís da Silva Marques, Diogo Gaspar Ferreira, Rui Horta e Costa, José Paulo Pinto de Sousa, Rui Mão de Ferro, João Perna, Sofia Fava, Gonçalo Trindade Ferreira e Inês do Rosário.

Do lado das pessoas coletivas, voltam também ao estatuto de arguidas pronunciadas as duas empresas do Grupo Lena e a RMF. De fora ficou Bárbara Vara, pelos crimes de branqueamento, e a sociedade Pepelan.

Na decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, em abril de 2021, não foi validada grande parte da acusação da Operação Marquês e decidiu pelo arquivamento na decisão instrutória de 172 dos 189 crimes que constavam da acusação original, restando apenas 17 crimes, e com a acusação mais grave, de corrupção, a cair com a decisão do juiz Ivo Rosa.

O juiz decidiu pela não pronúncia de José Sócrates no que toca aos crimes de corrupção de que estava acusado. José Sócrates, Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro, Carlos Santos Silva, Zeinal Bava, Armando Vara — e mais 20 arguidos — conheceram em abril de 2021 a decisão do debate instrutório.

No recurso, os procuradores pediam à Relação de Lisboa que reponha a acusação original da Operação Marquês, de outubro de 2017, e pediam o julgamento de José Sócrates três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 13 crimes de branqueamento de capitais e três crimes de fraude fiscal. Os seis crimes de falsificação de documento imputados na acusação que estarão sob perigo de prescrição.

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Pedro Nuno Santos recebido por Pedro Sánchez na terça-feira

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

 O encontro será o primeiro de caráter internacional desde que Pedro Nuno Santos foi eleito secretário-geral no passado dia 16 de dezembro.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, vai ser recebido na terça-feira, em Madrid, pelo líder do PSOE e presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, seguindo depois, na quarta-feira, para uma série de reuniões em Bruxelas. Este encontro com o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), segundo fonte oficial do PS, será o primeiro de caráter internacional desde que Pedro Nuno Santos foi eleito secretário-geral no passado dia 16 de dezembro, sucedendo nesse cargo ao primeiro-ministro, António Costa.

No início de janeiro, Pedro Sánchez enviou ao último congresso do PS uma mensagem em que felicitou Pedro Nuno Santos pela sua eleição e em que defendeu que os socialistas portugueses provaram na Europa que “se pode crescer com justiça social”. “Contam com o projeto, com a equipa e, agora, com uma liderança que une juventude, força e experiência na figura de Pedro Nuno Santos”, disse Pedro Sánchez.

Dirigindo-se ao novo secretário-geral do PS, o primeiro-ministro espanhol mostrou-se convicto de que irão ambos continuar “a implementar políticas de progresso na Península Ibérica”, a “defender uma Europa mais verde, mais justa, mais solidária, mais digna para os trabalhadores e trabalhadoras” e a dar “continuidade ao esforço de uma referência” do PS como é António Costa.

Na mesma mensagem, Pedro Sánchez considerou ainda que foi uma “honra imensa travar e ganhar”, com António Costa, batalhas como “os fundos Next Generation, a resposta europeia à pandemia ou a solução ibérica”.

Depois, de Madrid, na quarta-feira, o secretário-geral do PS terá em Bruxelas uma série de encontros e reuniões com responsáveis do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia. “Será uma ocasião para reforçar o compromisso do PS com a Europa e com os ideais europeus. Aproveitará também para partilhar as linhas gerais do programa político que apresentará às eleições legislativas de 10 de março”, referiu fonte do PS.

Na quarta-feira, Pedro Nuno Santos terá também uma reunião com os deputados do PS do Parlamento Europeu.

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