Crise no Médio Oriente faz soar alarme nas bolsas. Ouro a caminho de novo máximo e dólar volta a ser “refúgio”
Ataques israelitas a alvos no Irão estão a provocar um sell-off nas ações e uma corrida a ativos considerados de refúgio, com os investidores a anteciparem uma escalada do conflito na região
Os ataques israelitas a instalações nucleares e militares no Irão estão a provocar uma nova onda de receios nos investidores mundiais. Depois de meses marcados pela incerteza em torno da imposição de novas tarifas, a ameaça de um conflito de larga escala no Médio Oriente está a afundar as ações mundiais e a acelerar a procura por ativos mais seguros, como o ouro, ou o dólar.
Israel lançou esta sexta-feira o pior ataque dos últimos 40 anos contra o Irão, ataques que Teerão considerou “uma declaração de guerra”, adiantando que estes ataques não ficariam sem resposta. Já Donald Trump garantiu que “os Estados Unidos estão preparados para se defender e defender Israel caso o Irão responda”, ainda que tenha entretanto afirmado que o Irão ainda pode fazer um acordo nuclear.
Estes acontecimentos estão a suscitar uma onda de receio entre os investidores, que temem que o conflito se estenda a outros países na região, assumindo uma escala maior. As ações estão a ser o rosto do medo, com os principais índices acionistas, dos EUA, à Europa, passando pelos emergentes, a perderem terreno.
Na Europa, o índice Stoxx 600 recuou 0,9%, enquanto o alemãos Dax perdeu mais de 1% e o britânico Footsie, que ontem bateu um novo recorde, sucumbiu às quedas, ao ceder 0,4%. Já o americano Dow Jones caía 0,9%, enquanto o S&P 500 cedia 0,34%. Na Ásia, a maioria dos índices terminou a sessão com perdas superiores a 1%.
As quedas não foram tão “pesadas” devido às subidas das petrolíferas, que estiveram a beneficiar com a escalada de quase 7% dos preços do petróleo, e das empresas do setor da defesa, na Europa e nos EUA.
Os preços do petróleo estão a viver a melhor sessão desde 2022, quando os preços da matéria-prima escalaram devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, com o Brent a negociar próximo dos 74 dólares por barril.
Segundo os analistas do ING, uma escalada do conflito, ameaçando a produção iraniana — Teerão produz 3,3 milhões de barris de petróleo por dia e exporta 1,7 milhões de barris por dia — poderia suportar a subida das cotações do Brent para cerca de 80 dólares por barril.
No entanto, num cenário mais grave, que afete o fornecimento pelo Estreito de Ormuz, com impacto no petróleo do Golfo Pérsico — quase um terço do comércio marítimo global de petróleo passa por essa região — “uma interrupção significativa nesses fluxos seria suficiente para elevar os preços para 120 dólares por barril”, estima o ING.
Ouro e Dólar sobem

O conflito no Médio Oriente está a intensificar a procura por ativos de refúgio. O ouro seguia a valorizar 1,1% para 3.422 dólares por onça, aproximando-se do máximo histórico de 3.500,05 dólares registado em abril.
Já o dólar, que tem sido pressionado pela política comercial dos EUA e pelos ataques de Donald Trump ao presidente da Reserva Federal dos EUA — ainda esta sexta voltou a chamar “imbecil” a Jerome Powell, o responsável máximo da política monetária norte-americana — , esteve a valorizar, com os investidores a voltarem a confiar na nota verde como um ativo de refúgio.
A divisa dos EUA segue a ganhar 0,46% face ao iene e a subir 0,23% face ao franco suíço. “O dólar está a voltar ao papel tradicional de ativo de refúgio, algo que não víamos há meses”, comentou a estratega Fiona Cincotta à Reuters.
Apesar da subida desta sexta, o índice do dólar, que inclui o desempenho da moeda contra seis divisas, desce cerca de 10% desde o dia 2 de abril, o chamado Dia da Libertação.
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