Novobanco vende resort de luxo em Cabo Verde que devia 90 milhões ao BES
Novobanco põe de novo à venda os imóveis e o malparado associados ao Vila Verde Resort, na Ilha do Sal, que foi desenvolvido pela Tecnisil, um dos grandes devedores do banco.
O Novobanco colocou de novo à venda um conjunto de imóveis e terrenos que integram o resort de luxo Vila Verde Resort, localizado na Ilha do Sal, em Cabo Verde, com o valor de cerca de 90 milhões de euros, segundo as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes do mercado.
Os ativos integram o empreendimento que foi desenvolvido na cidade de Santa Maria pela Tecnisil. Esta promotora imobiliária arrancou com o projeto em 2006, mas foi arrastada pelas crises financeiras de 2007 e 2011, deixando as obras por completar e uma dívida de cerca de 93 milhões ao BES.
Os ativos e o malparado associados à Tecnisil acabaram por ser herdados pelo Novobanco quando o Banco de Portugal decidiu avançar com uma medida de resolução ao banco de Ricardo Salgado, em agosto de 2014.
Esta não é a primeira vez que o Novobanco – que não faz comentários sobre a operação — tenta desfazer-se da exposição à Tecnisil. Em 2019, foi incluída na carteira de grandes devedores Nata II (vendido ao fundo Davidson Kempner), acabando por ser retirada devido à baixa oferta do comprador por aqueles ativos. E voltou a colocar o portefólio ligado à Tecnisil no mercado há três anos, mas de forma individualizada, como adiantou o ECO na altura. Mas também não foi bem-sucedido em desfazer-se da exposição.
Na lista dos grandes devedores
Foi já nas mãos da Lone Star — que acabou de anunciar a venda do banco aos franceses do Groupe BPCE por 6,4 mil milhões de euros — que o Novobanco acelerou a venda de ativos problemáticos herdados do BES.
Entre 2016 e 2024, o rácio de malparado do Novobanco caiu dos 33,6% para os 4,1%, refletindo o esforço de limpeza do balanço aproveitando o mecanismo de capitalização contingente, criado em 2017 com o valor de 3,89 mil milhões de euros, concebido para cobrir as perdas relacionadas com malparado e outros despojos do antigo BES.
Entre os ativos problemáticos que ainda estão no balanço do banco encontram-se estes associados à Tecnisil. A promotora imobiliária surgia na lista dos grandes devedores da instituição em 2016, com uma dívida de 92 milhões e com banco a registar imparidades de 20% desse crédito, de acordo com o Correio da Manhã.
Atualmente, o resort está a ser gerido por outro grupo hoteleiro português, a Agua Hotels, que assumiu o controlo da operação em 2015, depois de a Tecnicil ter avançado com um plano de saneamento da imobiliária para resolver o problema da elevada dívida bancária.
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