O turismo qual avião A-380: Todas as classes são importantes
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O turismo qual avião A-380: Todas as classes são importantes

Joana Abrantes Gomes,

Proposta da associação portuguesa de marcas de excelência, a Laurel, divide turismo em três segmentos, como num modelo do avião Airbus A380. É preciso apostar na qualidade em vez da quantidade.

A Laurel, Associação Portuguesa das Marcas de Excelência, defende a aposta em destinos secundários e rurais para reduzir a pressão sobre Lisboa e Porto e o controlo do número de alojamentos locais em zonas críticas como medidas para uma estratégia de turismo sustentável a longo prazo. “Portugal pode ser, como um A380, viável e altamente lucrativo se souber gerir bem a ‘composição dos seus passageiros’. O futuro não passa por escolher entre luxo ou multidões: o sucesso está no equilíbrio“, afirma a associação.

Num documento intitulado “Visão para um Turismo de Qualidade em Portugal”, a que o ECO Avenida teve acesso, a associação presidida por Jorge von Bedbur Van Zeller Leitão, da Leitão & Irmão, propõe “segmentar” o turismo no país segundo as classes do Airbus A380:

  • “Turistas de primeira classe” — vinhos, retiros privados, acessos privados e wellness;
  • “Turistas de classe executiva” — roteiros históricos, gastronomia, eventos, congressos, cultura;
  • “Turistas de classe económica” — Algarve, city breaks, surf.

Enquanto o turismo de primeira classe e da classe executiva “financia o valor do país”, caracterizado pela “alta receita e baixa pressão”, a classe económica representa o turismo de massa que, embora traga volume e ocupação, “precisa de gestão de impacto para não comprometer recursos e qualidade de vida”, sustenta a Laurel, assinalando que, “assim como no A380, todas as classes são necessárias, mas o equilíbrio é fundamental para que o ‘avião’ [país] voe bem”.

A proposta da associação assenta em quatro pilares, designadamente descentralização, limitação inteligente, promoção segmentada de mercados e otimização da experiência global do visitante em termos de infraestruturas e conectividade.

No que diz respeito à descentralização do turismo, a Laurel defende a aposta em “destinos secundários e rurais” como Évora, Viseu, Comporta, Açores e Minho, de modo a “reduzir alguma pressão” nas duas maiores cidades do país.

A estratégia passa igualmente por “controlar o número de alojamentos locais em zonas críticas” e as vendas de estabelecimentos ilegais; “introduzir limites de capacidade de carga turística em locais frágeis”, como Alfama, a Baixa Lisboeta, a Rua das Flores no Porto e Sintra”; e “incentivar entidades com controlo aeroportuário a reduzir slots de voos low cost em favor de slots para companhias ‘de bandeira'”.

O segmento de “luxo”, focado em mercados como EUA, Emirados Árabes Unidos, China e países nórdicos, deve apostar na oferta de experiências premium, enquanto o “cultural premium”, para sul-americanos e europeus, deve privilegiar a “história e a autenticidade”, incentivando programas culturais nacionais, artesanato, festas populares e regionais, músicas e danças tradicionais.

Quanto ao turismo de massas, para ser “controlado e sustentável”, a associação presidida por Jorge von Bedbur Van Zeller Leitão, da Leitão & Irmão, sugere city breaks e eventos sazonais, a par com a análise e monitorização dos resultados económicos dos cruzeiros para as cidades destino.

Para otimizar a experiência global dos turistas, a proposta da Laurel passa por “evitar filas intermináveis no controle de passaportes à entrada e evitar filas no processo tax free à saída”; “diferenciar urbanisticamente os locais de excelência”, como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa; e pela “digitalização para gestão de fluxos turísticos em tempo real, com ferramentas digitais (apps, dados, QR Codes em monumentos)”.

 

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